POV Nico

Acordei com um pouco de sol batendo no meu rosto. Bocejei e fiquei observando Thalia dormir. Ela roncava baixinho e seus lábios se formavam em um pequeno biquinho cada vez que suspirava em seu ronco. Fazia um barulho um tanto engraçado. Dei um beijo em sua testa e me levantei, hoje eu planejei passar o dia com Thalia, tinha preparado uma surpresa em agradecimento por tudo que ela preparara em meu aniversário.

Assim que terminei de me arrumar vi Thalia se espreguiçando na cama, ela me viu e deu um sorriso radiante.

– Bom dia Sra. dorminhoca. - eu disse indo em sua direção. - Sabia que você é perfeita até quando acorda? - lhe dei um beijo e ela riu.

– Bom dia Sr. meloso. - ela disse.

– Então, vá logo se arrumar, tenho uma surpresa pra você.

– Hum, uma surpresa? O quê é?

– Você não conhece o significado da palavra "surpresa"? - disse com um sorriso de canto.

– Ha, muito engraçado Di Ângelo. - ela se levantou e entrou no banheiro com sua mochila.

– Te encontro no pavilhão? - ela disse antes de fechar a porta do banheiro.

– Sim, nos vemos lá. - respondi e Thalia fechou a porta.

Assim que ela entrou no banheiro peguei tudo o que tinha separado e sai do chalé.

POV Thalia.

Me troquei e pude ouvir a porta bater. Sai do chalé também, no meio do caminho, vi alguma coisa se mexer no meio da floresta, ia atrás mas de repente alguém apareceu na minha frente.

– Hey Thalia. - era Annabeth. Oh deuses, eu me sentia tão culpada por ontem... eu fui tão.. hipócrita e grossa com ela.

– Olá Annabeth.. - forcei um sorriso.

– Você pode vir comigo? Quer dizer, eu trouxe um lanche para nós. - ela disse apertando as próprias mãos, percebi que Annabeth estava tentando disfarçar, mas ela também sentia um certo desconforto, ansiedade ou nervosismo. E provavelmente é sobre o que aconteceu ontem.

– Claro, Anne. - ela sorriu.

– Trouxe suco de morango.

– Nem me fale de suco de morango depois do que aconteceu ontem. - nós duas rimos e seguimos em direção do lado sudoeste do Acampamento.

Assim que chegamos, sentamos na grama como sempre fazíamos e Anne revirou sua mochila e me alcançou uma pequena embalagem de suco de morango. Sorri em agradecimento

– Então, por quê me chamou? - disse colocando a caixinha de lado.

– É que, bom... Ontem.. Ontem à noite. Me desculpe se fiz alguma coisa que estragou a festa.

– Você não fez nada Anne. Eu que tenho que me desculpar. Fui uma idiota.. e, também fui hipócrita. - soltei tudo em um suspiro profundo, eu não sou lá muito boa com essas coisas de assumir meus erros. Afinal, sou Thalia Grace, não importa o que aconteça, sempre tentarei passar uma imagem confiante e forte.

– Não tem o quê se desculpar. - ela sorriu mas depois sua expressão se tornou pensativa. - Espere um pouco, você disse.. "E também fui hipócrita" Thalia, você sabe o que significa hipócrita não é? Quer dizer que você tem um erro semelhante ou parecido e julgou uma pessoa que também o come.. - interrompi Annabeth.

– Sim, eu sei. Sei que não sou gênia que nem você, mas, por favor, eu sei o significado de palavras ok?

– Então..DEUSES! COMO ASSIM? VOCÊ? MAS VOCÊ E NICO NÃO ESTÃO NEM UM ANO NAMORANDO E VOCÊS JÁ.... - também interrompi Annabeth de novo, só que agora com um tapa na boca.

– Cale a boca! Você está gritando, surtou? Gênia paranóica, escute bem, isso fica entre nós.

– Ok. - ela disse com uma cara de cachorro com a patinha torcida enquanto massageava a boca com os dedos. - E isso doeu Cara-de-Pinheiro.

– Desculpe sabidinha.

De repente, só vi alguém derrubando Annabeth com tudo.

– Heeeeeeeeeeeeeeey, pequena. - era Cabeça de Alga, agora em cima de Annabeth. Já sabia o que viria depois desse abraço e decidi desviar o olhar.

– Hey pinherinho, Nico pediu eu te entregar isto. - ele tirou um bilhete do bolso e me entregou. Nico... Tinha esquecido totalmente que nós iriamos nos ver no pavilhão, mas provavelmente a surpresa que ele tinha preparado não aconteceu lá, então estava um pouco aliviada.

– Ok, nos vemos depois. - acenei pra Annabeth. - E.. até, espero, não tão logo Alga podre. - como sempre Percy torceu a cara pra mim, aquele idiota, aquele idiota cujo é meu melhor amigo.

Fui andando até que abri o papel e fui lê-lo.

"Me encontre na floresta

– Mr. Zumbi."

Guardei o bilhete em meu bolso e fui em direção à floresta. Adentrei e vi uma barraca prata. Espera..Barraca..Prata? Não podia ser. Comecei a apertar meus passos, até que senti uma mão no meu ombro, e não era a de Nico.

– Olá Thalia. - uma voz familiar soou como vento atrás de mim. Me virei.

– Ártemis.. - eu disse torcendo para não estar com uma expressão muito surpresa. O quê raios ela fazia aqui? - Olá. - apertei sua mão.

– Então, você está bem?

– Eu.. estou.. mas..o quê.. - não conseguia falar, então engoli em seco.

– O quê eu faço aqui? Bom, eu estava em uma missão e decidi vir aqui te ver.

– Eu.. - ela levantou um dos dedos em pedido que eu parasse de falar.

– Thalia, - ela suspirou - Você era minha caçadora predileta. Sempre foi leal, forte, e ao mesmo tempo, mesmo você não querendo admitir, você tem sentimentos. Sentimentos muito fortes. Tudo o que você passou, demonstrou sua força e coragem. Porém você tem seus próprios sentimentos. E eu apostava muito em você.

– Mas eu a decepcionei. - disse finalmente, as palavras que estavam intaladas em minha garganta. - Sinto muito, Lady Ártemis. Sinto muito por não ter superado suas expectativas. - senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto mas a limpei rapidamente.

– Não. Você não decepcionou. Eu sinto orgulho de você, Thalia. E você fez certo, você seguiu o quê realmente te faz feliz. Eu não acredito em amor, por que acho que é uma coisa desnecessária e que desgasta muito do seu eu. O amor é um sentimento insignificante pra mim. Digo, o amor como a paixão. Acho que o único amor que eu sinto e pra mim é importante, é o amor fraternal. O que eu aplico com minhas caçadoras. E com você também Thalia, todo esse orgulho que eu sinto de você e da sua força, é o amor fraternal. Mas de qualquer modo, Di Ângelo é um bom garoto, e também já passou por muitos momentos dificultosos. Vejo quando seus olhares se encontram o quanto vocês se conectam e se alinham perfeitamente, nunca tinha visto algo do tipo. Parabéns Thalia Grace. Eu, Lady Ártemis, apoio a causa de você se retirar da caçada e ir em busca da própria felicidade. Seja feliz, minha querida Grace. - ela acenou gentilmente e entendi o que ela queria, fechei meus olhos e quando os abri de novo, ela e a barraca tinham desaparecido. Desabei ao chão.

POV. Nico.

Já estava a algum tempo gritando o nome de Thalia e a procurando pela floresta inteira. Até que ouvi um barulho... e com um tempo, um barulho de choro. Segui até onde ouvi o barulho. E lá estava Thalia, caída no chão, com as mãos no rosto, séries de lágrimas corriam a seu rosto e logo que caiam Thalia as enxugava. Corri em sua direção. Assim que me viu, ela se levantou.

– Thalia! - corri e a abracei. - Você está bem?

– Sim..eu.. acho. Sim.. - ela me abraçava com mais força.

– Venha comigo! Preparei uma barraca para nós. - Apoiei-a em meus ombros e fui até onde a barraca estava.

Chegamos no local e avisei-a que suas roupas estavam dentro da barraca, ela entrou para se trocar. Assim que saiu ela sorriu e sentou-se perto da barraca.

– Vou fazer alguns hambúrguers. Tem uma jarra de refrugerante aí no frigobar. - Sim, eu pensei em tudo pra essa surpresa, até um frigobar. Me virei e comecei a fazer os hambúrguers.

– Ártemis veio me ver. - deixei um dos bifes cairem no chão. - Ah, droga! Sou muito lerdo! Por Hades! - ouvi Thalia rir, ela se abaixou e pegou o bife.

– Você está bem? - perguntei.

– Sim. Estou bem Sr.Di Ângelo.

– Ok. Quer me ajudar com os bifes?

– Claro.

Nós começamos a fazer os hambúrguers e fizemos aquela bagunça de sempre. E depois, lavamos os pratos.

Deitamos para ver o céu estrelado. Confortei Thalia nos meus braços e admiramos o céu.

– Olhe - Thalia apontou para o parte em que tinha mais estrelas. - A Constelação da Zöe. - Doce-Amarga, uma das caçadoras de Ártemis. Morreu no mesmo ano que minha irmã, Bianca.

– É linda. - afirmei com os olhos ainda fixados na Constelação.

– Me promete uma coisa?

– Fale.

– Promete que nunca vai ser um idiota, e ir embora?

– Irei te abandonar só se eu morrer.

– Então você não pode prome..

– Promete nunca deixar surrarem alguma coisa na minha cabeça?

– Claro que prometo.

– Então, como eu sou um zumbi, com essa sua promessa, não posso morrer. E como não posso morrer, nunca vou te deixar.

(N/A: Uma pequena surpresa pra vocês cupcakes..)

POV Thalia.

"Nunca vou te deixar"

E sim, aquele zumbi idiota e imortal cumpriu essa promessa. Mas eu acho que estou num momento meio ocupado pra narrar o que está..

– Thalia! Pare de se mexer! Sally vai acabar afinetando sua perna!

– Acalme-se Annabeth, o vestido está quase pronto! Só não se mexa muito, Thalia, pode acabar machucando.

– Sally, realmente admiro sua paciência, ainda mais comigo. - Sally riu.

– Prontinho! - Sally deu um pulinho para trás com os alfinetes em mão.

– Cara-de-Pinheiro.. Você está... - Annabeth disse boquiaberta.

– Uma verdadeira princessa. - Sally continuou.

– Uma princesa gótica, mas linda. - todos rimos.

– Quer ver? - Sally perguntou.

– Claro. - eu estava de costas ao espelho. Não sabia como estava.

– Ok. - Sally disse olhando para Annabeth.

– 1, 2, 3! - elas falaram em uníssono e me viraram.

Eu nunca fui de ser muito auto-confiante, porém, eu admito, eu realmente estava magnifíca. Meu vestido era branco, e tinha uma abertura de renda preta ao final da minha perna. Na maquiagem, meus olhos eram o que mais chamava atenção. Cílios longos, pretos e alinhados, uma sombra preta na pupila no lugar de um deliniador. Os meus lábios não eram chamativos, apenas um gloss cor pessêgo. Eu deixei meu cabelo crescer a partir desses anos, metade dele estava solto e outra em um coque maravilhoso que Sally fez , com algumas medeixas caindo na lateral de meu rosto. Pelos Deuses eu estou falando igual uma garotinha!

– Oito e quinze! É hora dos padrinhos e madrinhas se posicionarem Sally!

– É mesmo, Annabeth, vamos. Thalia, não se esqueça, você entra as Oito e vinte e cinco ok?

– Ok, obrigada.

– Boa sorte. - Sally sorriu e saiu com Annabeth da sala.

Foi bom ouvir uma palavra de confiança, quase o Olimpo inteiro estava lá fora. Meu pai, Hera e a maioria dos meus tios. Estou quase explodindo. Não sei se meu pai vai entrar comigo ou se vai ser Quíron.. "Pare Thalia! Hoje é seu dia sua idiota, você não pode estragar tudo! Seja firme e confiante. Á partir de hoje você terá a sua vida inteira dividida com a pessoa que você ama. Vamos! Anime-se! Não se preocupe. E, sua idiota, pare de falar sozinha! Ei! Oh deuses. " Sim, essa sou eu exatamente agora, brigando comigo mesma, é isso aí. Prazer, Thalia Grace. Olhei para o relógio. Oito e vinte quatro. 1 minuto.

"E agora, a tão esperada entrada da noiva."

Era a voz de Quíron, pude ouvir dentro da sala. Então isso quer dizer que Quíron está dirigindo a cerimônia? Então isso quer dizer que.. eu vou entrar com meu pai. Oh céus! Não acredito. Ok. Sem drama Thalia. Olhei para o relógio. Oito e vinte cinco. Avancei até a porta, e lá estava meu pai, à frente dela, esperando eu sair.

Tyson e mais alguns filhos de Hefesto estavam cuidando da iluminação e da música. A música da minha entrada ia ser "The Messenger" do Linkin Park. (N/A: se alguém quiser ouvir junto e ver a tradução, aqui o link: http://letras.mus.br/linkin-park/1743236/#traducao)

Enganchei o braço no meu pai e segui vagarosamente com ele. E a música soava.

When you feel you're alone

Cut off from this cruel world

Your instincts telling you to run

Listen to your heart

Those angel voices

They'll sing to you / they'll be your guide back home

A música terminou e eu já havia chegado ao lado de Nico. Seus olhos brilhavam. Sorrimos ao mesmo tempo. Olhei para Quíron, ele fez uma reverência com a cabeça.

– E deuses do Olimpo que aqui estão presentes, todos de acordo? - Quíron perguntou olhando para a fileira de cadeiras maiores onde os deuses se encontravam. Todos se levantaram e repetiam umas palavras que não dava pra se entender. Quíron pareceu entender minha expressão e sussurou:

– Eles estão dando a benção deles.

– Engraçado, por que parece mais uma praga. - sussurei de volta e Quíron riu.

Finalmente os deuses esquisitões que pronunciam bençãos que mais parecem pragas se sentaram e ficaram quietos.

Quíron olhou para nós.

– Que o deuses os abençõe! Já podem se beijar.

Eu e Nico nos olhamos no mesmo segundo, é, era mesmo verdade "Vejo quando seus olhares se encontram o quanto vocês se conectam e se alinham perfeitamente, nunca tinha visto algo do tipo" Ártemis estava certa, e agora eu não estava mais arrependida por ir atrás do que me faz feliz. Fiquei surpresa por não vê-la hoje.

Nico me deu um beijo tão delicado e suas mãos se encaixaram tão perfeitamente na minha cintura que eu não queria nunca mais largá-lo. Nossos lábios se separaram e nós seguramos as mãos. Quando dei conta de mim, Apolo foi atrás de mim e de Nico e levantou nossas mãos juntas, igual a um juíz erguendo a mão dos vencedores da luta. Achei isso muito legal da parte dele. Todos no acampamento sorriam e levantaram os braços.

Olhei atrás de todas fileiras de cadeiras.. e não acreditei.. lá estava Ártemis, com um dos braços levantados e ela moveu os lábios sem emitir nenhum som, mas consegui entender "Parabéns, querida Thalia Grace, você encontrou a felicidade, parabéns." Depois disso a imagem dela transluziu e ela desapareceu.

E aqui estou eu, 21 anos, casada com a pessoa que eu mais amo e amarei até minha morte zumbizástica.

O mais incrível, é que parece que foi ontem o "Nico Di Ângelo é o zumbi mais sexy e lindo do mundo. Eu amo ele. Pra sempre."