O Arco Perdido escrita por Jubilee, Adrielli de Almeida


Capítulo 4
MARINA - Todos nós precisamos de uma adaga


Notas iniciais do capítulo

o título original era: Todos nós precisamos de uma adaga escondida no tênis (mas, não coube, hehe)



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— Ok. Ok. — grito, puxando minha adaga, Tolmirós, que em grego significa atrevida, eu a ganhei no meu décimo segundo aniversário, do meu pai — Apareça!

— Mari, não é melhor correr?— Kath pergunta

— Não, seja lá o que for não deve ser tão perigoso. Cão que ladra não morde. E esse cara, faz muito, muito barulho.

— Er, Mari... Acho que... Ãnh... Alguém quer falar com você.

— Como assim?— digo, virando-me para a floresta.

E vejo um autômato. Um autômato dos grandes: parece uma vespa, mas é 1000 vezes maior e anda nas patas traseiras.

— Santo Hermes!— exclamo

A vespa me escolhe como alvo e pula em cima de mim.

Eu corro antes que ela possa me machucar.

Há uma coisa sobre mim: posso correr mais rápido que qualquer um e pular de lugares altos. Quíron diz que apesar de incomum, ele já viu alguns outros campistas do chalé 11 com estas habilidades.

Mas a maioria morreu, de forma extremamente dolorosa, antes de poder me dar dicas de como lidar com isso.

Eu pulo em cima do autômato e tento abrir sua caixa de força: emperrada. O bicho me joga para trás e caio de costas.

Olho para Kath e a vejo imóvel, hipnotizada pela ameaça que a vespa exala.

Filhos de Poseidon...

— AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!— rosno para a vespa.

Subo nela novamente e dessa vez consigo abrir a caixa. Um embrenhado de fios azuis e vermelhos que me deixam nervosa se encontra ali. Se eu cortar um fio errado eu explodirei o acampamento, ou deixarei a vespa ainda mais puta.

Por isso, tomo a decisão mais idiota da minha vida: pego Tolmirós e corto todos eles.

A última coisa que escuto é o grito agudo de Kath.

Minha cabeça dói, meu peito dói, meus olhos doem, minha perna esquerda dói, a perna direita, também, minhas costas doem: meu corpo inteiro pede cuidados.

Abro os olhos e vejo que estou no chalé sete deitada em uma das camas e que Will costura uma ferida em meu ombro com delicadeza. Mas dói. Dói muito.

Gemo de dor.

— Calma aí. Já vai passar. — ele sussurra

Sei que é mentira, pois agora de olhos abertos posso ver os cortes e feridas por todo meu corpo.

Mas, sua voz me tranquiliza.

Ele termina e corta a linha, mas continua com a agulha na mão, pronto para fechar uma ferida na minha barriga.

O corte queima e tenho a leve impressão de que é enorme.

Ele pega minha camiseta e começa a puxá-la, mas logo para e me olha interrogativamente.

— Ér. Eu posso?

A dor é tão ruim que só consigo dar um leve aceno com a cabeça.

Ele puxa camiseta e começa a trabalhar.

— Pronto, Mari. Já acabou. Você não precisa mais de pontos. O resto a ambrosia vai consertar...

Ele me puxa para cima e me deixa sentada. Dói.

Olho o chalé e vejo alguns campistas: Kath, que deve ter me trazido até aqui, Travis e Connor (que adoram me flagrar machucada), uma garota do chalé de Apolo, que eu não sei o nome, Thalia e Rachel.

— Eu disse que ela se machucaria, Thalia. — sussurra Rachel

— Ela não é surda. E a missão ainda não começou.

Minha cabeça dói tanto que não consigo focar em nada. Uma lágrima desce por meu rosto sujo e Will a seca.

— Ainda dói? — ele pergunta, franzindo as sobrancelhas.

— Muito— choramingo.

Connor solta uma risadinha que só foi discreta no mundo dele.

Mais uma lágrima me escapa antes que eu o xingue.

Will ri e tira o cabelo do meu rosto.

— Pare de infernizar ela, Connor.

E meu coração incha, ele está realmente me defendendo do meu irmão pentelho!

Connor ri.

— Então é só você se machucar que ele já fica apaixonadinho?! Espere só até as filhas de Afrodite descobrirem... Ou talvez seja só você, né Mari.

Eu fico da cor de uma das vacas sagradas de Apolo.

— Verdade, Connor, enfia cereal nos olhos, então.

Por incrível que pareça, é Will que solta essa.

Katie fica tão vermelha quanto eu.

—Parem os dois!— ela grita

Connor ri e se vira pra ela:

— Ah, vai. Só mais um pouquinho.

— Connor!— ela diz severamente.

Devo admitir que sempre achei Katie parecida demais com Deméter, mas hoje isso é bom demais: Connor a obedece como um cachorrinho.

Rio, ou ao menos tento, já que dói demais.

Will também sorri, mas percebo que Travis e Kath não estão prestando atenção.

Estão discutindo alguma coisa séria, ele está com cenho franzido e ela gesticula muito.

Estranho.

Agora Travis toca o ombro dela.


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