Inevitável escrita por Kori Hime


Capítulo 1
O caminho inevitável para Alec


Notas iniciais do capítulo

Para a Nyuu_d que compatilhou momentos emocionantes enquanto eu lia o livro e surtava com Magnus, rs.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/221663/chapter/1

Alec estava sozinho na sala de estar da mansão dos Penhallows, todos já haviam ido se deitar após o jantar ter sido estendido até mais tarde devido às conversas. Já fazia uma semana desde a Guerra, a aliança e todas aquelas mudanças que estavam acontecendo. Mudanças essas que refletiam diretamente em sua vida.

Eles voltariam para o instituto dali dois dias, Alec não sabia como iria ser, aquele lugar sem seu irmão mais novo... Era melhor nem pensar nisso.

Maryse chamou Alec da escada, ela passou no quarto que ele dividia com Jace, e não encontrou o filho, por isso o procurou pela casa. Alec continuou sentado no sofá, a sala estava iluminada apenas por uma luz amarelada de vela. A mulher se aproximou mais para ter certeza de que era seu filho sentado ali.

– O que faz aqui sozinho? – Ela fechou o casaco que vestia, sentando-se ao lado de Alec. Estava fazendo frio, e chovia também.

– Apenas pensando. – Ele jogou a cabeça para trás, fechando os olhos. Maryse queria mandar o filho ir dormir de uma vez por todas, mas ao invés disso, passou a mão na perna dele, dando uns tapinhas de leve.

– E você quer compartilhar seus pensamentos com sua mãe? É sobre o seu novo namorado... Maryse tropeçou nas palavras, mas elas saíram.

– Mãe...

– Certo. Eu acho que você não queria conversar sobre isso comigo. Nós, seu pai e eu, já falamos muito sobre o assunto, mas...

– Mãe, sério, não vamos voltar ao assunto.

– Alexander, eu preciso fazer isso. Sou sua mãe. Estou assustada e preocupada com você.

– Não precisa, eu já sou um adulto.

– Não, você não é. Pode ser um adulto para batalhas aos olhos da Clave. Mas aos meus olhos de mãe, você ainda é meu menino. Um menino que não tem experiência na vida.

– Me proibir de algo, não vai ajudar.

– Eu não quero te proibir de nada. – ela apertou os dedos sobre suas pernas. – Eu só quero ter certeza de que você está fazendo a coisa certa.

– Como vou saber, mãe? Eu nunca fiz isso antes. Não sei o que vai acontecer. Mas eu sei o que eu quero.

– Bane. Ele fez algo...

– Mãe! – Alec virou-se para sua mãe com os olhos azuis arregalados, como se mandando ela não completar a frase.

– Ele deve ter uns trezentos anos a mais que você. – Maryse se levantou, gesticulando com as mãos. – O que pode se esperar de um homem que brilha mais do que uma luz de bruxa?

– Não é justo falar assim do homem que salvou minha vida incontáveis vezes.

– Eu sou grata a ele por cuidar de você, mas você pode estar confundindo esse sentimento de gratidão com outra coisa.

Alec se levantou irritado.

– É amor! Isso que eu sinto é amor. E eu não estou confundindo nada mãe. Eu amo Magnus Bane. Brilhando ou não. Conviva com isso.

Ele saiu da sala a passos pesados, ele sentia-se como naquela vez que usou a runa que Clary criou. Mas agora não precisava dela para enfrentar sua mãe. Maryse ainda caminhou rápido até a porta, mandando Alec não sair na chuva, mas não foi ouvida.

Chovia desde a noite passada. Alec estava caminhando pelas ruas sem exatamente um caminho certo seguir. Mas Alec sabia exatamente para onde aquele caminho iria dar, e deixou seu corpo ser levado pela atração.

Já ensopado pela chuva, ele alcançou o destino. Lá estava uma pequena casa de pedra com um telhado triangular, fumaça saindo da chaminé ao encontro da chuva. A casa estava iluminada pelo fogo da lareira, concluiu ele. Alec ficou alguns minutos parado em frente à porta sem coragem de bater, mas quando o fez, rapidamente a porta se abriu. E dela saiu um homem alto, com os cabelos amarrados para trás, ou pelo menos alguns que conseguiu captar, e outros fios soltos. Os olhos pintados com um delineador preto e um brilho que Alec não identificou. Ele vestia um yukata oriental, o moreno reconheceu porque Isabelle tinha um muito parecido, com vários desenhos espalhados pelo tecido de seda.

Alec tremia os lábios, e as gotículas de água pingavam de seu rosto e cílios cada vez que ele piscava. Sua boca estava perdendo a cor e ele arrepiou-se com a ventania que começou. 

– O que aconteceu? – Magnus perguntou, preocupado. – Entre logo ou você vai ficar doente.

Magnus acolheu Alec em seus braços, não se importando em molhar-se com as roupas molhadas do caçador.

Ele estava morando provisoriamente na casa de Ragnor Fell, pelo menos até seus serviços não serem mais necessários. E claro, ao final disso tudo, Luke lhe prometeu que ele seria pago. Mas Magnus pouco acreditava nessa história. Mas com o livro branco em suas mãos, ele não estava necessariamente preocupado com a promessa de Luke. E, é claro, Alec era muito mais valioso para ele no momento que qualquer página daquele livro. A constatação disso deixava o bruxo estremecido.

– Tire esse casaco, e a camisa, pode tirar a calça também. – Ordenou o bruxo, e Alec o fez, estava tremendo de frio. – Tem chá pronto, você precisa beber algo quente. – Antes de pegar o chá, Magnus jogou sobre as costas de Alec um cobertor de retalhos coloridos e o fez sentar numa cama. Alec duvidava que aquela cama existisse ali antes, se não foi uma obra de Magnus trazê-la com o seu estalar de dedos. Além da cama, ainda havia algumas outras coisas que lhe chamou a atenção, objetos parecidos com os que viu no apartamento do bruxo. O lugar estava mais com a cara do Alto Bruxo do Brooklyn. 

O moreno se enrolou, ainda tremendo de frio. – Eu não queria chegar aqui de surpresa. Devia ter avisado antes.

Magnus voltou com uma caneca fumegante e entregou a Alec.

– Marcar um horário para ver seu namorado bruxo, é isso?

– Como?

Ele sentou-se ao lado de Alec. A velha cama de solteiro de Ragnor foi substituída por uma mais clássica, com dossel e um colchão confortável, daqueles que te abraça quando você deita e não consegue mais se levantar pela manhã. Alexander estava tendo essa sensação, de querer deitar ali e dormir.

– Francamente, depois de me beijar na frente de todos, e assumir de uma vez que estamos tendo um relacionamento para seus pais, você ainda acha que precisa avisar quando vai aparecer?

– Eu não queria incomodar.

– O que faz você pensar que me incomodaria?

– Bem, eu sei que anda trabalhando muito...

– Sim. Mas eu também descanso, preciso repor as energias. Lembra-se quando você ofereceu sua energia para mim?

– Lembro. – Alec já se sentia um pouco melhor, depois de beber o chá.

– Pois bem. – Magnus tirou a caneca das mãos dele. – Estou precisando dela novamente. – Alec encolheu os ombros, sentando-se um pouco mais para o lado, fugindo instintivamente de Bane, que riu. – Eu quero dizer que desde aquela noite que vimos os fogos de artifício, a noite estrelada, tudo muito romântico... Desde então nós não nos vimos. Achei que tinha desistido de mim.

– Não. – Ele sobressaltou na cama, e depois tentou fingir qualquer coisa.

– Eu sei que não deve ter sido fácil falar com seus pais.

– Achei que seria mais difícil, mas eu consegui e eles me aceitaram, a você também. Você viu que sim.

– Alec, foi um choque para eles. E não me admira que tenham sido compreensivos depois de tantas coisas ruins terem acontecido. Ter um filho gay, apaixonado por um bruxo, não era nem de longe o maior problema passado nos últimos anos.

– Minha mãe, ela está preocupada.

Magnus suspirou. Ele amava Alec, era verdade. Como há muito não amou alguém. Mas ele era apenas um jovem, um jovem confuso e complicado. – Não me diga, a sua mãe acha que eu estou apenas me aproveitando de você?

– Ela disse que eu não tenho experiência de vida. – Alec relaxou os ombros, e soltou a respiração que até então parecia ter sido travada. – E eu não tenho. Você é muito mais velho, o que viu em mim? Que interesse você tem em mim? Eu nem sou tão excêntrico ou chamo a atenção como é você. Somos diferentes.

– Dizem... – Magnus tirou a colcha de retalhos do corpo de Alec, e entregou a ele suas roupas seca. – Que os opostos se atraem. Eu conheci muitas pessoas opostas a mim, mas nenhuma delas me fez lutar em uma Guerra contra demônios ou esgotar até a última gota de minha energia, com feitiços de proteção, e muito menos criar portais, curas e tantas outras coisas, tudo …

– De graça. Eu sei. – Alec já conhecia aquela história. Ele vestiu a camisa seca e a calça.

Magnus sorriu e acariciou os cabelos molhados de Alec, que grudavam em sua testa.

– Eu não costumo brincar com sentimentos, Alec querido. Ainda mais com os meus sentimentos. Fui sincero em tudo o que eu disse até agora. E não pense você que eu vou ficar repetindo o mesmo discurso todas as vezes que tivermos discutindo a relação.

– Acho que não precisa mais repetir. – Ele tombou a cabeça para o lado, onde a mão de Magnus estava tocando suas bochechas. O moreno fechou os olhos, apertando os lábios e segurando a respiração que acelerou no instante que sentiu a aproximação do bruxo.

Magnus brincou com o toque de seus dedos na pele corada de Alec. Ele o beijou na testa e depois no nariz, até roçar os lábios levemente nos de Alec, que o abraçou imediatamente, com suas mãos ao redor do pescoço de Magnus. 

O último beijo, embaixo do céu estrelado naquela noite de festas, foi calmo. Bane tinha total comando sobre o abraço e o beijo, comprimindo o desejo dentro de si. Alec também, experimentava aquela confusão de sensações que explodiam dentro de seu peito, mas continha-se. Diferente de agora, que ambos não pareciam ter qualquer necessidade de manter a situação controlada.

Magnus abraçou Alec, apertado. Beijaram-se por longos minutos, entre um ou outro curto espaço de tempo para respirarem. Quando descolaram os lábios, os corações disparados no peito. Alec sentia todo seu corpo pegar fogo, sem qualquer recordação do frio que sentia quando chegou ali.

As maçãs coradas, e os olhos azuis vidrados e cheios de brilhos. Magnus deu uma boa olhada no rapaz ofegante a sua frente. Ele se achava um bruxo de muita sorte, porque Alec era bonito. Não somente isso, era leal, corajoso e um monte de outras qualidades que se encaixavam no perfil. Mas principalmente, ficava lindo quando envergonhado.

– Você está sorrindo. – Alec questionou o porquê de Magnus rir. Ficou com medo de ter feito algo errado. Beijado errado, ou abraçado errado, e até mesmo tinha desfeito os cabelos de Magnus que estava amarrado.

– Eu sorri, porque estou feliz.

– Ah.

– Você está?

– Sim, eu estou feliz. – Alec disse a frase com um pesar na voz. Magnus afagou os cabelos dele e o trouxe para mais perto de seu corpo, envolvendo-o num abraço possessivo. Beijando-o nos cabelos ainda molhados. – Eu me sinto mal por estar feliz, sendo que... que...

– O que houve foi uma triste injustiça. Mas você não pode se culpar de tudo.

– Eu sei, eu sei. Cresci me preparando para coisas assim acontecerem. Mas Max era só uma criança.

– Todos nós estamos sujeitos a morte desde que nascemos, querido. – Magnus o beijou nos lábios, levemente. – Você está vivo, matar sua felicidade, não vai trazê-lo de volta.

Alec agarrou-se a Magnus e chorou. Ele desabafou toda a dor que estava presa em seu peito, derramando as lágrimas e molhando a yukata do bruxo, que o protegia em seus braços.

O sol estava nascendo e a chuva tinha finalmente parado. Alec coçou os olhos com a ponta dos dedos. Sentia-se confortável e quentinho, uma combinação perigosa, porque não tinha a menor vontade de se levantar. Magnus estava deitado ao lado, com o braço sobre o seu peito, a mão em forma de garra, pronta para atacá-lo caso ele tentasse sair. Foi o que Alec imaginou.

Nada de grave aconteceu naquela noite, ele pensou, recordou-se do que aconteceu depois de chorar nos braços do bruxo, sentiu o rosto esquentar com algumas cenas mais picantes que vieram a sua mente, mas nada que ainda o fizesse enfiar a cabeça dentro de um buraco.

Magnus era intimidador com sua aparência, mas na real, ele era uma pessoa carinhosa e muito paciente. O que deixou Alec mais relaxado para passar aquela noite ali, naquela cama maravilhosa. Era tão fofinha a espuma, e o travesseiro, que ele se aconchegou novamente e voltou a dormir. Acordou com um barulho, alguém batia na porta. Alec sentou-se na cama rapidamente e Magnus já estava de pé, vestindo uma calça de couro e uma bata indiana com uns colares. Os cabelos coloridos com verde, amarelo e púrpura. Além do brilho.

– Quem deve ser?

– Talvez é sua mãe, procurando por você. – O bruxo deu uma risadinha e abriu a porta, mas não muito, somente uma frestinha. – Ah! É você?

– Sim! Quem mais seria? A inquisição caçando bruxas? – Magnus saiu de perto da porta e deixou Jace entrar. Alec poderia caçar aquele buraco agora para se enfiar. Jace ajeitou a jaqueta no corpo e olhou para o irmão ainda na cama. – Acordei com os gritos de Maryse nos meus ouvidos, dizendo que você não passou a noite em casa. Tive que levantar e vir até aqui para constatar que você está melhor que todos nós.

– Jace, não é o que você esta pensando...

– Eu não estou pensando em nada. – Jace deu alguns passos até a cama. – Você estar na cama de um bruxo, quase sem roupa, não me dá o direito de pensar em alguma coisa. Eu não te julgo.

– Não aconteceu nada. – Alec completou.

– Assim você queima a minha reputação. – Magnus virou-se para Jace. – Eu sou um cavalheiro viu? Por isso não aconteceu nada.

– Magnus!

– Mas é verdade. Se bem que... a oportunidade bateu na porta, se é que me entende.

– Jace, por favor, ele está só brincando.

– Está ferindo os meus sentimentos. O que combinamos ontem à noite? Que não íamos mais fazer isso.

Apesar de Jace estar se divertindo muito com aquela situação constrangedora para Alec, ele tinha um motivo de aparecer ali.

– Eu não sei se estou pronto para presenciar uma briga de casal, ainda mais sendo um bruxo e um caçador de sombras.

– Não se preocupe, eu vi o que Clarissa é capaz. – Magnus deu um sorriso iluminado, até Alec riu. – Você não esta em bons lençóis caso pise na bola.

Jace fez uma careta, ele não precisava ser lembrado disso, era muito recente a última briga que tiveram. Aquela manhã mesmo, quer dizer, antes dele voltar para a casa sorrateiramente, e em minutos Maryse apareceu.

– Enfim, eu vim aqui porque Maryse disse que vamos retornar hoje, e precisamos estar prontos.

– Hoje? – Alec saiu da cama, vestindo sua camisa, agora toda amassada. Magnus até poderia dar um jeito, mas ele não iria pedir. – Pensei que seria ainda na outra semana.

– O instituto não pode ficar abandonado. Precisamos voltar.

– Certo, então, Magnus você também vai?

– Sinto informar querido, mas não vou. – Magnus não parecia surpreso com a notícia de Jace, ele até sabia porque recebeu uma mensagem um pouco antes de Alec bater a sua porta. – Mas não fique deprimido, eu vou voltar em breve.

– Jace, pode esperar lá fora um minuto? Eu já vou indo.

O loiro acenou para Magnus, e saiu, mandando Alec fechar o zíper da calça. O rapaz rapidamente fez o que foi sugerido.

– Isso aqui não é uma despedida, certo? – O bruxo moveu as mãos no ar. – Eu odeio despedidas.

– Não, nós vamos nos ver não é? Então é só um até mais. Eu só queria que o Jace saísse para ficar mais a vontade em poder dizer que essa noite... eu gostei muito. – é claro que ele estava envergonhado.

– Vão haver outras noites, ainda melhores que essa, querido. Eu prometo. – Magnus o abraçou até tirá-lo do chão, e depois um beijo que só foi interrompido porque Jace estava impaciente chamando pelo irmão. – Agora vá, antes que eu desista desse meu lado cavalheiro e petrifique ele para não nos atrapalhar.

Magnus soltou Alec, e apontou o dedo na direção da porta, ordenando a saída do rapaz.

– Como sabia que eu estava aqui?

– Onde mais estaria? – Jace sorriu.

– É. Mas não aconteceu nada mesmo.

– Sei. Então estamos empatados, porque comigo não anda acontecendo nada também.

Jace caminhou mais a frente e Alec pensou no que ele estava falando, até cair a ficha. Claro que era de Clary que ele falava.

– Bem, nesse caso, acho que posso contar um pouco de vantagem então.

Jace virou-se para encarar Alec. – Ah é? Isso foi antes ou depois do bruxo te transformar em algum bicho estranho?

– Ele não fez isso comigo.

– Então a coisa rola normal?

– O que é normal para você?

– Não sei, eu não estou muito ambientado a essas novidades, acho que uma meia irmã de criação metade anjo é o meu auge de esquisitice.

– Eu não sou esquisito, e nem o Magnus.

– Claro que não são, vocês são o casal do ano. Todos estão comentando.

– Você e Clary que são.

– Talvez. Mas você e Magnus são muito mais interessantes.

Alec parou e Jace o acompanhou. – Você está com ciúmes de mim?

– Não!

– Está sim. – Alec segurou o sorriso por um tempo até desabrochar em seus lábios.

– Eu não sinto ciúmes de você com aquele bruxo.

– Sente sim. Esta com ciúmes de não ser o centro das atenções.

Jace nada disse, ele continuou andando. Alec sorriu, não era bem isso que ele queria dizer, queria falar que Jace estava com ciúmes de não ser mais o centro das atenções dele, de Alec, já que agora ele tinha Magnus. E ele era de Magnus. Como era que o bruxo disse? O feitiço foi lançado...




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!