Déjà Vu escrita por R Brandeville


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Viva o começo do começo do clímax! o/' Marvel se encontra no túnel da Morte, e agora?! Ele vai sobreviver? (Sim, pois você já leu a sinopse da fic, certo?) Marcas são firmadas,



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O chão não existia para os olhos de Marvel, porém, nunca parecera tão real para seus pés. A luz que vinha do fundo e se aproximava cada vez mais ofuscava sua visão, ele colocou os pequenos bracinhos sobre os olhos, mas logo a luz tomou conta de todo o túnel.

Pouco sabia ele sobre a morte, mas os desenhos animados sempre diziam "Se você ver um túnel, fique longe da luz!". Estaria ele morrendo? Ou melhor, estaria ele morto? Era evidente que já se tornara impossível fugir da luz. Ele queria sentar, naquela luz, e chorar por toda a eternidade. Por quê? Era a pergunta que invadia sua cabeça... Ele podia ter feito muito mais. Que imbecil! Uma criança de 5 anos, ingênua. Até parece! 

Uma imagem tremeluziu em sua frente, e ele viu sua mãe, mais velha, com os olhos tão escuros que mal podia saber se ela ainda tinha os globos oculares, ou se era apenas um vazio. Talvez fossem ambos: olhos vazios, expressão vazia, uma alma vazia... Estava com os cabelos emaranhados e grisalhos, um manto branco cobria seu corpo, estava cercada por pessoas parecidas, com o mesmo manto e o mesmo olhar vazio, embora alguns parecessem ter um olhar cheio até demais. 

A visão era medonha demais. Mas não iria melhorar, nem um pouco. Muriel estava numa fila com aquelas pessoas, na frente, tinha uma mulher (parecia a Mulher Maravilha com roupas de médico) e ao lado dela, dois policiais, com um olhar quase tão vazio como o dos vestidos com mantos brancos. Chegou a vez de sua mãe. A médica-Maravilha pegou um copo de água e entregou junto de um remédio para ela, mas Muriel não pegou o remédio. Investiu contra um dos policiais, puxou sua arma e a colocou em sua boca.

Marvel fechou os olhos e colocou a mão sobre os ouvidos, enquanto chorava e gritava. Mesmo assim, a imagem passou por suas pálpebras e o som por suas mãos. Um barulho de tiro e uma mãe caída no chão, com um buraco ainda fumegando na cabeça, sobre uma poça de sangue.

O garoto gritou tanto. Não podia suportar aquilo. Por que a Morte era tão terrível com ele?

Um arrepio percorreu seu corpo, especialmente no peito, onde ficava seu coração. Outro arrepio... E mais um... Era impressão dele, ou a luz estava se esvaindo?

Sim, estava... Enquanto isso acontecia, a felicidade voltava ao seu peito e a visão que ele tivera parecia ter sido somente um sonho. Ele ficou sonolento, pensou ter dormido por algumas horas, e então abriu os olhos. Branco. Ainda na luz?! Não é possível, ela já tinha se esvaído. E não era aquela luz... Ele estava de volta ao hospital. Sua mãe chorando, de felicidade talvez, ao seu lado.

Um médico entrou no quarto e conversou com Muriel.

- É uma situação complicada. Ele teve uma experiência de quase-morte, o que é raro. Mais raro ainda é deixar sequelas, mas precisamos ficar observando.

- Mas não é nada mais sério, como a... - ela engoliu em seco.

- Não sabemos se pode afetar na leucemia, tampouco se a experiência e a leucemia podem dar uma sequela mais séria. Deixe-o em observação por alguns meses.

Ela começou a chorar.

- No hospital? Mais meses no hospital?

O médico colocou a mão sobre o ombro dela, tentando acalmá-la.

- Eu sei que você não gosta de hospitais, não precisa ficar aqui. Pode fazer visitar diárias e eu cuido dele.

- Você faria isso?

- Já faço. - ele riu.

Marvel não entendia nada do que eles estavam falando, estava zonzo. Um pássaro escuro pousou na árvore do lado de fora da janela e cantou uma melodia suave e tristonha. Rapidamente, o garoto adormeceu.

Primeiro, tudo era escuridão. Até achou que estivesse morto novamente, mas então ele estava num quarto de hotel, um homem voava pelo quarto com suas grandes, douradas e brilhantes asas. O luar lá fora era lindo, as estrelas caíam do céu, deixando rastros coloridos atrás delas. Verde, azul, vermelho, amarelo... Um arco-íris de estrelas cadentes. O homem com asas pousou na varanda. Seus cabelos eram tão graciosos quanto as asas. Grandes, lisos e de um tom de verde, que, a luz daquele luar perfeito e do efeito arco-íris-cadente, soava irrealmente perfeito. 

Estava de costas, encarando o luar, mas, mesmo assim, Marvel conseguiu ver as lágrimas caindo do rosto do anjo e se transformando em diamantes, antes de tocar o chão. O anjo saltou da sacada e saiu voando pelos arredores, livremente. Dava giros no ar, e, por um momento, parou, abriu as asas e começou a brilhar, até uma explosão dourada ocorrer, e aparecer um dragão verde. O dragão soltava rajadas de pedras preciosas para o céu, e elas caíam. Daí, o efeito arco-íris de estrela-cadente que Marvel vira.

O hotel explodiu-se em flores e então o dragão olhou diretamente para Marvel, pela primeira vez. Estava fugindo dele, espantado. Marvel correu atrás do dragão, mas era muito lento e o dragão, apavorado, voava, cada vez mais veloz.

De súbito, tudo escureceu novamente. Sono... Marvel passou mais umas horas, novamente, na escuridão, e acordou. Era manhã. Tomou seu café, e sua mãe o colocou numa cadeira de rodas, e saiu pelo hospital, para dar uma volta com seu filho. Eles passaram por um quarto de paredes verdes e molduras douradas, onde um homem de, talvez, 35 ou 36 anos, com a aparência e o couro cabeludo destruídos em decorrência de algum acidente, sorria e comentava, em voz alta, um sonho, com a enfermeira que cuidava dele:

- Eu era um anjo, um anjo lindo! Meus cabelos estavam grandes novamente, e eram verdes. Chovia arco-íris! Então eu virei um dragão e... - ele abaixou a cabeça, e falou baixo o bastante para que quem estivesse perto de seu quarto escutasse. - aquela coisa apareceu. Era uma aura escura, eu sentia a morte ali. A morte não, ela é definitiva e simples. A ausência de vida... E acordei. Mas você tinha que ver, aquelas asas douradas!

Marvel ficou pasmo. A mãe terminara de conversar com algumas pessoas e o levara até a lanchonete. No caminho, ele, como criança, só pensava: eu vi um dragão verde e ele também me viu!!


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Notas finais do capítulo

Eu queria por mais clima, mas ele só tem 5 anos. '-' Nem parece... Eu sei.



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