*Ashley POV*

Acordei com a música A Billion Hits da série Austin and Ally tocando.

Me lembrava de Lucy.

Não acredito que ela se matou.

O sol se levantava atrás das árvores e se infiltrava lentamente no meu quarto pela parede de vidro. Apenas a janela que fica ao lado do lugar onde eu deito a cabeça estava com as cortinas abertas. As outras partes estavam cobertas pelas persianas.

Olhei para a mesinha da cabeçeira e tive um aperto no meu coração, que à 3 anos não batia. 

Ali, estava uma foto minha e de Lucy, numa campina. Eu tinha 12 anos, e ela 9. 

Ainda éramos humanas naquela época.

Desliguei a música e me levantei lentamente. Peguei uma roupa e a vesti.

Meu DEUS!, que cheiro era AQUELE?

Era adocicado e enjoativo. Cheiro de humanos.

Me lembrei daquele garoto que esteve aqui ontem. O cheiro dele estava impregnado.

Torci o nariz. Abri as janelas e as persianas, e o cheiro saiu pela janela.

Desci para a cozinha. Meus pais não estavam acordados, como sempre. 

Sobre a lareira, uma foto da família. Meus pais, parados no tempo, eu aos 15 (ano passado) e Lucy com 12 anos. Ela era muito parecida com a mamãe. Tinha os cabelos dela e os olhos de papai.

Involuntariamente, uma lágrima caiu do meu olho, e eu a enxuguei.

Amarrei meu cabelo para cima e peguei meu carro para ir para a escola.

Estava pensando no bilhete que ela deixou antes de se matar.

Escrevera que não queria ser um monstro. Que não queria ter que beber sangue de outras pessoas que teria que assassinar para viver. Que queria envelhecer.

Eu não considero a gente monstros. Nem assassinamos pessoas, mamãe pega bolsas de sangue do hospital. 

Quanto a parte de envelhecer... Eu concordo.

Mas não há uma cura.

Ao ser transformado, você fica desse jeito para sempre.

Cheguei ao colégio. San Francisco High School. (N/A: coloquei em inglês porque não soou bem em português ^~^)

As líderes de torcida loiras e com suas sainhas de puta estavam no estacionamento, conversando com os jogadores do time de futebol.

E lá estava ele.

Josh Carruthers.

Desviando toda a atenção da loira oxigenada e com um bronzeado perfeito - provavelmente a pessoa designada pra lhe mostrar o colégio - para olhar para mim.

Acho que encarar é uma palavra mais apropriada.

Minhas entranhas reviraram. Peguei meu material rapidamente e entrei no colégio.

Assim que abri as portas, fui atingida em cheio pelo cheiro de humanos.

Doce e enjoativo.

Mas havia algumas pontadas do cheiro característico dos vampiros, muito mais apreciativo.

Era um cheiro meio acre, levemente adocicado.

Loren parou ao meu lado e sorriu. Ela continuava bela.

Cabelos ruivos, olhos cor de lápis lazuli e uma pele pálida.

Minha melhor amiga, que como eu é imortal.

Ela me deu um abraço que pode quebrar costelas. Eu retribui, mas mais fraco.

Ela começou a tagarelar sobre seu verão, e eu falei do meu. Fomos desse jeito até a sala de aula.

- Nhé... Que chato... - disse ela, com os ombros murchando - Vamos ficar longe uma da outra... - ela deu de ombros e se dirigiu ao seu lugar, na primeira fileira.

E eu estava colocada na última.

O professor entrou na sala. 

Eu não lembrava que os sr. Downson era tão narigudo assim.

Me abaixei para pegar meus materiais e senti o cheiro adocicado ao meu lado.

Quando olhei para cima, reconheci meu companheiro de mesa.

Parecia que eu teria que passar o ano sentada ao lado de Josh Carruthers.