Marvels New Avengers - Next Generation escrita por Joke


Capítulo 35
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Não era pra eu postar esse capítulo hoje... Mas eu quis, então, aqui está.
Espero que gostem
PS: O Luke ta parecendo um Pug no banner, mas ignorem.



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Capítulo 33 - Erika Foster

- Eu to quebrado. – É tudo o que Thomas diz enquanto toma seu lugar em uma das poucas camas vazias da enfermaria. Todos os deuses que se envolveram na briga de ontem à noite estão aqui agora, rindo com os amigos e comentando com o peito estufado dos socos que haviam distribuído e recebi.

- Não sinto minha cabeça. – Howard resmunga, logo se sentando na cama para vomitar numa bacia pela terceira vez em menos de meia hora. – Nem meu esôfago.

- Erika, será que poderia me dar aquele saco de gelo? – James me pede com o tom de voz abafado, e logo solta uma enorme bufada de alívio quando coloca o objeto gelado entre as pernas.

Os únicos que não reclamam são Eldred e Luke, que aguardam pacientemente algumas elfas limparem seus machucados no rosto, como o olho roxo de Luke e, no caso de Eldred, um enorme corte no ombro.

- Até que foi divertido. – O asgardiano comenta, retraindo um breve sorriso. – A festa foi animada.

- Nem me fale. – James responde ao seu comentário de forma irônica, apertando ainda mais o saco de gelo contra seu membro ferido. – Isso vai me deixar uma marca de guerra permanente.

Luke revira os olhos.

- Quer parar de reclamar, Rogers? Você não vai precisar do seu colega tão cedo.

- Eu vou ao banheiro com ele, Barton.

- Não foi isso o que eu quis dizer.

- Querem parar vocês dois? – Eu os interrompo, pegando mais gelo para colocar na cabeça de Howard e no abdômen de Thomas. – Vocês parecem velhos resmungões.

- É porque você não apanhou ontem. – James me corta.

- Ou bebeu além da conta. – Eldred completa, dando um olhar rápido a Thomas e Howard.

Os dois sorriem e batem os punhos. Reviro meus olhos, tentando ignorar a falta de maturidade de ambos.

- Onde está a Mayday? – Luke me pergunta, uma vez que ela é a única de nós seis que não está presente.

Solto um longo suspiro, eu realmente não sei direito o que houve com Mayday na noite anterior. Eu a vi sair chorando do baile e assim que fui a seu encontro, ela se recusou a me contar o que a magoara e ficou encolhida na cama, choramingando a noite inteira.

- Deve estar no quarto... Ainda chorando.

Percebo que Luke retrai os lábios quando digo a palavra “chorando”, e imediatamente eu noto que ele sabe algo que eu não. Vou para perto dele e o deito a força na cama, fazendo-o soltar um gemido de dor.

- O que foi que você disse a ela ontem?! – Esbravejo. Como eu disse uma vez, Luke não é um exemplo de pessoa delicada e tenho cem por cento de certeza que a mágoa de May está envolvida com ele.

- E-eu não sei! – Luke começa, posso ver uma confusão sincera se formar em suas feições. – Estávamos conversando sobre o Eldred e...

- Ótimo saber que sou assunto entre brigas de romances mal entendidos. – Eldred comenta dando um rápido sorriso a James, que desvia os olhos rapidamente para fazer uma careta de nojo.

- Enfim, e ela perguntou se eu confiava nela e... – Ele arregala os olhos. – Eu disse não.

Eu me afasto de Luke com minha boca tapada pelas mãos.

- Você não disse isso.

James, Thomas, Luke, Howard e Eldred se entreolham, obviamente não entendendo a gravidade da situação.

- Eu não confio no Eldred, e ele sabe disso. – James diz, fazendo Eldred rolar seus olhos. – E nem por isso ele sai chorando pelos corredores e...

- Ok, James, entendemos. – Eldred o corta, retraindo-se quando a enfermeira toca em seu arranhão no ombro direito.

- Vocês são mesmo insensíveis! – Falo irada. – Como você pôde dizer isso justamente pra Mayday?! A garota mais insegura do planeta!

- Mayday é insegura? – Howard questiona surpreso. – Não é o que me pareceu durante todos esses anos.

- Cale a boca, Howard. – Interrompo-o secamente. – Nunca deveríamos ter feito aquela aposta idiota...

- Opa, opa. – Thomas corta meus lamentos, seus olhos me fitam com curiosidade. – Que aposta?

Droga, falei demais. Eu e minha língua grande! Agora não tem nem mesmo como disfarçar, eu terei que contar sobre a aposta, o que me deixar envergonhada só de pensar.

- É uma história engraçada se você captar o nosso ponto. – E começo a contar, derrotada e envergonhada, sobre tudo o que Mayday e eu falamos e apostamos antes do jantar.

Se a situação não estivesse tão séria, especialmente pro meu lado, eu teria rido das caras dos cinco meninos.

Thomas, Eldred e Howard me encaram com um olhar perdido, como se não vissem sentindo algum no que digo. Às vezes, os três riem, mesmo eu percebendo claramente que não haviam entendido uma palavra sequer do meu relato.

Mas o riso não passou nem perto das feições de James e Luke. Tudo o que recebo dos dois são olhares assustados e de reprovação.

- Vocês duas me assustam. – É tudo o que Luke comenta depois que termino minhas explicações.

Escondo meu rosto com minhas mãos.

- Eu não sabia que iria terminar desse jeito e a culpa é inteiramente minha. – Suspiro. – Não deveria ter falado que ela era grosseira.

- É, nem ter feito essa aposta imbecil. – Luke complementa, ainda com cara de atordoado.

- Eu não sabia que você seria tão insensível! – Rebato, tentando me defender.

- Eu sou insensível! – Luke berra de volta. – Fui criado desde pequeno para ser assim e...

- Querem parar com a gritaria?! – Howard grita com ambas as mãos cobrindo as orelhas, fazendo Luke e eu nos silenciarmos. – Minha cabeça vai explodir! – Percebo que seu rosto está vermelho. – Sim, Erika, você e Mayday agiram como duas crianças e Luke, você foi insensível. Agora podemos refletir sobre isso em silêncio?!

- Eu concordo. – Thomas levanta a mão e logo retrai a cara de dor, pousando a mão novamente ao seu lado.

Luke solta uma longa bufada e se joga de volta na cama, matutando silenciosamente sobre, provavelmente, o que acabei de lhe contar. Desvio meus olhos e distraidamente os pouso em James, que me encara com um sorriso torto no rosto, o que me faz corar de vergonha.

Não aguentando ficar mais na enfermaria, eu saio do lugar para tomar um ar fora do palácio. Ando a passos largos para longe da construção, não sabendo exatamente para onde ir, apenas querendo me afastar da vergonha e das caras de James e Luke.

O quê está acontecendo com você, Erika? Isso não é um comportamento seu! Controle-se!

Sento-me na borda de uma enorme fonte onde as estátuas de Odin e Thor estão esculpidas, sendo cobertas pela água cristalina que sai da lança do primeiro e do martelo do segundo.

Embora eu não quisesse admitir, minha consciência está certa. Por que eu ando com tanto ódio? Com  mágoas tanto do meu pai quanto dos meus amigos? Eu nunca me senti desse jeito em toda a minha vida e não estou gostando nem um pouco da sensação.

E sem contar que estou sentindo um enorme arrependimento por ter feito a aposta com May. Isso foi apenas uma maneira de afastá-la de nós, quando na verdade precisamos uns dos outros.

- O que está acontecendo comigo? – Eu choramingo, apoiando meu rosto sobre minhas mãos. Posso sentir lágrimas saindo dos meus olhos e não tento impedi-las de rolarem pelas minhas bochechas.

Não sei quanto tempo se passou, mas foi uma voz que me fez parar de chorar e erguer a cabeça.

- Ser herdeira do deus dos trovões não é nada fácil, não é mesmo, Erika? – É obviamente de uma mulher, e assim que elevo meus olhos, encontro uma mulher vestida com armaduras de guerra, seus olhos são amarelos e sua pele clara demais, quase pálida, dando-lhe um aspecto amedrontador de um fantasma. – Não tenha medo criança. – Ela me diz, lendo meus pensamentos. – Não estou aqui para machucá-la. – E se aproxima, eu não recuou e permito que ela fique perto o suficiente para me tocar e me observar com seus olhos amarelos vivos.

- Quem é você? – Pergunto-lhe, querendo na verdade mandá-la embora. No entanto, algo dentro de mim não me permitiu fazer tal coisa.

- Eu sou Hildr. – Ela se apresenta cordialmente. – Sou uma das muitas Valquírias guerreiras de Odin.

Encaro a figura da Valquíria perplexa.

- Isso significa que vou morrer? – Questiono com um enorme nó na garganta. – Pois as Valquírias só aparecem para as pessoas que estão marcadas para morrer.

Hildr me esboça um sorriso, fazendo-me notar que sorrir não é exatamente uma coisa que faz com muita frequência.

- Não, Erika, esse não é o meu trabalho, mas sim de minhas outras irmãs, como Hayla, Duran, Geirahod...

Estreito meus olhos, desconfiada.

- O que quer comigo, então?

- Você é a única que pode retirar Torden do local onde está confinada. – Hildr ignora minha pergunta e apenas me entrega mais informações. Que por acaso aumentam minhas perguntas.

- Como é que é? Quem é Torden?

Antes que eu pudesse me mexer, Hildr coloca uma das mãos sobre minha cabeça e de pronto sinto-me tonta, tudo começa a rodar e de repente me encontro num lugar diferente de onde estava, uma caverna, escura, fria e úmida.

- Onde estamos? – Pergunto a Hildr enquanto observo ao redor. Não há nada além de pedras gigantescas e cobertas de musgos. – Por que estamos aqui?

- Eu já lhe disse, você precisa recuperar Torden. Ela será essencial para a sua sobrevivência durante a batalha. – Disse-me, deixando claro de que além de Torden ser algum utensílio de guerra, a própria irá acontecer.

Toda a explicação me faz querer chorar, porém, respiro fundo. Preciso parar de tentar fugir da realidade, isso é coisa de criança.

- Se você está me dizendo isso, então quer dizer que...

- A guerra está mais próxima do que imagina, jovem. – Hildr me diz sem nenhum entusiasmo. Ela aponta para o lugar escuro a nossa frente e uma luz, tão amarela quanto seus olhos, sai de seu dedo e começa a avançar pela escuridão. – Siga-a, ela vai levá-la até Torden.

- Você não vem comigo?

Hildr nega.

- Tem que fazer isso sozinha. – E antes que eu avançasse ainda mais às cegas, Hildr me chama. – Tome cuidado, filha de Thor, há um perigo que a separa de Torden. Apenas siga seus instintos e boa sorte. – Desaparecendo logo em seguida.

“E ela nem me falou como eu irei sair daqui”, penso, mas sem alternativa, começo a seguir a luz amarela, infiltrando-me nas entranhas da escura e assustadora caverna.

[x]

Meus pés começam a latejar quando a luz finalmente mostra uma nova vista diferente da pura escuridão. O cheiro da caverna é salgado, eu posso facilmente sentir o cheiro de água marinha enquanto caminho pelas rochas úmidas e escorregadias. Eu me sinto completamente perdida e sozinha, porém, não é isso o que me preocupa.

O que realmente me faz querer gritar é o sentimento de estar presa, confinada na escuridão, de não conseguir respirar direito. De saber que há oxigênio o bastante para encher os meus pulmões, mas que eu não consigo sugá-lo para dentro de mim.

Assim que chego a um local sem saída e que o forte cheiro de mofo e sangue substitui o do sal marinho, a luz começa a brilhar cada vez mais forte, revelando as dezenas de esqueletos e corpos destroçados e mutilados embaixo dos meus pés. Solto um grito e recuou para as pedras mais próximas das paredes, respirando fundo várias vezes e me imaginando num lugar melhor, onde as únicas coisas que estou pisando são meras margaridas.

Mas é difícil sustentar tal fantasia quando o cheiro enjoativo dos cadáveres é mais forte que sua força de vontade.

Observo o enorme brilho da luz, ela está no alto, mostrando-me que o lugar onde estou é bem maior do que imaginava. E revelando-me não apenas dezenas, mas centenas de corpos caídos e ensanguentados no chão. Assim que a luz chega a seu auge, noto que algo brilha juntamente com a mesma do outro lado do lugar onde me encontro, cerro meus olhos, tentando ver melhor e imediatamente reconheço a forma da arma que estou procurando.

- Torden. – Sussurro. – Então é uma espada.

Rapidamente, e tentando sucessivamente não pensar em todos os cadáveres aos meus pés, eu avanço para seu encontro, derrapando e sempre torcendo para não cair de cara no mar de mortos logo abaixo. Quando chego perto o suficiente da espada, percebo que esta é diferente de qualquer espada que eu já vi em toda a minha vida. Ela tem um tamanho respeitavelmente grande, sua lâmina é brilhante e fina, mas com uma aparência mortal que parece lhe cortar só de encarar. Já o cabo é de um dourado polido, suas pontas são dois dragões e na extremidade superior, há uma joia tão azul quanto o céu e tão brilhante quanto todas as estrelas. Nunca vi arma tão bela e mortífera.

- Asgardianos tolos. – Escuto um sussurro agudo em meio à escuridão, fazendo-me virar bruscamente para trás. Nada encontro além dos meus companheiros defuntos. – Sempre em busca do poder.

Eu tremo, tremo como nunca tremi ante. Meu corpo parece até mesmo que vai ceder tamanho o meu temor.

- Q-quem está aqui?! – Arquejo, arrependendo-me no momento em que recebo a resposta.

- Olhai para cima.

No mesmo instante que ergo a cabeça, eu solto um grito tão alto que o monstro que paira sobre mim cobre suas orelhas, ou pelo menos as duas crateras em sua cabeça deformada. Ele sai de seu esconderijo por entre as pedras escuras e pousa nos cadáveres, lançando seus corpos para os lados com seu peso. Assim que me olha, eu desejo que fosse cega para não ter de ver tão horrível criatura.

Ele é inteiramente deformado. Sua cabeça é amassada, seus olhos, um maior que o outro, ostentam uma coloração vermelha, seu nariz é quebrado e sua boca toda rasgada. O corpo não é diferente, seus braços e pernas são desproporcionais, suas mãos e pés são grandes demais para o corpo fino e retalhado.

Desvio meus olhos quando a criatura se aproxima de mim e me retraio quando ela me toca no rosto, tentando virá-lo para si.

- Tão arrogante a ponto de não me olhares nos olhos. – O monstro comenta, seu tom de voz indica que está se divertindo com meu medo. – Exatamente como os outros da tua espécie.  – Ele aponta meu rosto para os cadáveres em seus pés. – Olhai onde estão agora. Tudo por causa da ambição pelo poder da espada.

Tiro meu rosto de suas garras e me atrevo a olhar para suas feições deformadas. O monstro apenas ri da minha atitude enquanto pega um dos corpos e começa a comer-lhe as vísceras, mastigando de boca aberta para me fazer ver todo o sangue e órgãos dentro dela. Prendo a respiração de nojo e horror, fazendo-o rir ainda mais.

- O que é você? – Questiono, atraindo-o para ainda mais perto de mim.

- Nunca ouvistes falar do lendário Grendel?

Meu coração para. Não, não é possível... Grendel? O monstro que foi derrotado pelo herói nórdico Beowulf depois de matar dezenas de pessoas num ataque repentino ao salão de festas do rei Hrothgar? Ele não o lendário, mas sim o detestável monstro nórdico, Grendel.

- Sim, tu conheces-me. – Grendel mostra os dentes podres e grandes. – Posso ver em teus olhos o medo só por ouvires meu nome.

- Você é o guardião de Torden?

Grendel nega.

- A espada não precisa de um guardião uma vez que somente seu legítimo dono pode movê-la de onde esta. – Ele ergue os braços e pega mais dois cadáveres para devorá-los. – Vim aqui como um oportunista.

- Matando todos aqueles que não conseguem retirá-la. – Completo, e ele assente.

- E ela continuará onde está até que o primogênito de Thor, o Torunn, apareça para reclamá-la. – Grendel avança para mim, fazendo-me recuar cada vez mais rápido. – Basta de delongas, adoraria comer o teu coração nesse instante.

Mordo meus lábios, eu preciso enfrentá-lo. É a minha única saída daqui.

- Acho que você deu azar hoje, Grendel. – Digo-lhe enquanto retiro a espada para apontá-la para o monstro, que me olha agora com pavor. – Pois eu sou a Torunn. – E avanço para sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

É isso, agora vocês já sabem qual a arminha da Erika, uhules!
Muitas pessoas me perguntaram qual o meu personagem favorito da minha fic. Bem, não se escolhe qual o melhor filho, então apenas direi que é mais fácil escrever com o Luke e com a Mayday.
Notei que nunca fiz essa pergunta antes, então farei agora. Qual o seu personagem favorito?
Spiderkisses e nos vemos em breve