Eu andava pelo parquinho deserto. Certamente se meus pais me vissem andando sozinha por ai, principalmente as 23:00h, iria levar uma bela bronca. Mas de nada adiantava, pois eu sempre sumia, e eles já estavam cansados de todas as noites me procurarem. Eu não sabia o que fazer, minha vida já não fazia mais sentido sem Ele. Ele... A única pessoa que se importava comigo, que me ajudava nas mais difíceis horas, aquele que sempre esteve ao meu lado... Até o dia em que Ele partiu. Como? Como eu não havia percebido antes? No dia em que ele me salvou do carro desgovernado, ele disse... Disse que me amava. Eu nunca havia percebido isso antes. O porquê? Por causa que eu só tinha olhos para o Cebola. Havia construído uma cela em meu coração, em que meus sentimentos ficavam presos, sendo impossibilitado de sentir isto por outras pessoas.

O Amor. Há muito tempo senti isso por Cebola, porém descobri que tudo era apenas uma falsidade, e que ele não
sentia o mesmo por mim... Como eu sei disso? Simples! Eu o vi com a Carmem, prefiro não contar os detalhes, pois só de lembrar, me sinto uma verdadeira idiota, que não viu a verdade bem a frente, e não partiu para a próxima enquanto tinha tempo.

Pensei um pouco sobre o que eu poderia ter feito. Podia ir procurar outra pessoa, ou talvez esquecer. Mas não, a tonta aqui decidiu ficar esperando, por causa daquela desculpa esfarrapada do Cebola. Mas agora não tem mais jeito. Não há nada que eu possa fazer, pois já me sinto uma derrotada.

Ainda lembro-me, quando o médico deu a notícia. A Notícia em que Ele estava morto. Queria ter tido um pouco mais de tempo com Ele, pois acima de tudo, Ele era um bom Amigo. Aquele que me fez rir das suas piadas sem-graça, que me ensinou a assumir os próprios erros... E que também me amava com todos os meus defeitos. Ele não se importava nem um pouco se eu bagunçasse o seu cabelo, ou se o empurrasse para dentro de uma poça d'água. Ele sempre levantou meu Astral nas horas mais difíceis, e sempre me apoiou na horas complicadas. Mas Ele ter ido embora, não me impediu de visitá-lo todas as noites. Havia apenas uma coisa que me separava dele. Uma barreira entre a Vida e a Morte. Já havia pensado várias vezes em me suicidar, porque quem sabe, talvez isso fizesse com que eu estivesse junto dele novamente. Mas apesar dessas ideias, não tive forças o suficiente para realizá-las. Porque... Era isso o que ele queria? Que eu morresse? Certamente não, senão havia deixado o carro me atropelar, e estaria vivo agora. Se eu fizesse isso, todo o seu sacrifício seria em vão, é a pura Verdade. 
  

Sai do Campinho com lágrimas nos olhos, desde aquele dia eu apenas sofria, não sabia mais o que era viver. Não prestei atenção em nada em minha volta, e por essa causa, a barreira que nos separava, não existirá mais. Pois neste exato momento duas luzes amarelas se aproximaram, causando um grande impacto no meu Corpo. E minhas últimas palavras foram "Agora... Estarei com você novamente... Do Contra". Depois disso, só escutei algumas vozes, e depois tudo se apagou em minha volta...

                                             Fim