F R A G I L E escrita por Scorpion


Capítulo 16
16. Passado.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, e atrasadamente(?) preciso dizer que a Ana tinha acertado a idade do Gerard x_x Desculpa pela demora Ana! q
Hello! Obrigada para quem apareceu depois da minha loucura de ontem x_x IUAHSDIUSHDUS
Mas eu realmente não gosto de pedir pra deixarem um review, mas é que tô carente. Reviews me tira a carencia çç q
Enfim... De quem será o review numero 100!? TCHARÃ! q
LEIAM! E se sintam em uma mantanha russa de emoções. ♥



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16. Passado.

Voltamos ao apartamento carregando sacolas cheias de comida Chinesa. O trajeto foi silencioso e nossas mãos estavam unidas todas as vezes em que Frank queria.

-Irei tomar banho. –Disse meu locutor e só nesse momento me recordei do estado de minhas roupas manchadas de sangue.

-Sim. –Sussurrei tirando o casaco jeans. Meu suéter preto também estava manchado, e até a calça estava um pouco.

-Devíamos comprar alguma roupa nova para você. –Levantei meu rosto olhando-o com surpresa. Comprar roupa pra mim? Como se nadasse em dinheiro!

-Esta bem... É só que... Não quero causar uma má impressão para seus convidados. –E era verdade. Afinal de contas conheceria o homem que fez em pedaços o coração de Frank, o deixando eternas sequelas.

-Você se olhou em um espelho? –Me sorriu. –Nunca causaria uma má impressão.

E o sorriso quente continuou em seu perfeito rosto, manchado de uma cor escura pelo soco de Ray sobre sua bochecha. Cada vez que via essa mancha sentia vontade de segurar meu melhor amigo pelo pescoço e aperta-lo até deixar de um lindo tom púrpura, porque afinal de contas ele havia arruinado a perfeição.

Senti o calor se amontoando sobre minhas bochechas e depois entendi que estava corado pelo elogio.

Imprevisível, assim era Frank. Imprevisivelmente segurou novamente minha mão machucada com sutileza e corremos pela escada com rapidez.

-O que aconteceu? Aonde vamos? –Perguntei agitado pela velocidade que Frankie ia.

-Temos uma hora antes que cheguem. Tempo perfeito para irmos as compras. –Sorriu e eu também o fiz pois seu sorriso iluminava o mundo e fazia meu coração acelerar sem medidas. Maravilhosa sensação...

Com rapidez pegamos o carro. Com rapidez chegamos a loja, e com rapidez Frank começou a pegar roupas com o que se assemelhava muito ao desespero depois que eu lhe indiquei meu numero de manequim de calça e camisas.

Desapareceu em frente a mim em questão de segundos e uma vez que o encontrava o identifiquei em frente a uma linda garota de cabelos castanhos que sustentava uma montanha de roupa, a qual começava a marcar com uma pistola a laser.

-Frank...

Ele não respondeu. Nem sequer teve a delicadeza de me olhar nos olhos, simplesmente continuava sorrindo para a jovem caixa. Cruzei então meus braços contra meu peito e pacientemente esperei que a mulher terminasse de ensacar o monte de roupa que Frankie se fez dono. Pegou cerca de quatro sacolas e saiu sem sequer me olhar. Logicamente tive que correr atrás dele.

Apenas me sentei ao seu lado, o motor arrancou e nossa pratica se fez inexistente até que chegamos em frente ao prédio.

Frank pegou as sacolas enquanto jogava a chave do carro ao porteiro para que estacionasse o luxuoso carro no estacionamento subterrâneo. Subi as escadas e me segurei em seu braço com meu braço machucado, como um gesto que já havia me acostumado minutos antes quando ele segurava minha mão.

Ao entrar no apartamento as sacolas foram dispensadas quando a roupa caiu sobre o sofá Italiano. O locutor começou a combinar peças e por fim me ofereceu um vulto formado por varias peças difíceis de diferenciar.

-Vamos tomar banho e depois você veste isso.

Peguei a roupa e caminhei sendo puxado pelo braço com suavidade escutando um suave riso.

Momentos como este me faziam cair em um abismo de confusão e de sentimentos encontrados perante o estranho comportamento de meu Frank. Confuso me deixei guiar até o banheiro e confuso escutei a água do chuveiro cair.

Queria aproveitar o tempo que teria a sós com ele, mas ao mesmo tempo me perguntava porque ele se comportava desse jeito.

Típica conduta humana ao procurar sempre um “porquê”, não?

Levantei o olhar ao ver seu corpo nu e molhado, deixei o “porquê” de lado e depressa comecei a tirar a roupa. Conseguindo apenas um suspiro perante seu cinismo e frieza não podia me colocar a questionar sobre a vida e o ciclos lunares enquanto seu corpo se molha com a água do chuveiro.

Entrei no cubículos transparente e seus lábios receberam calorosamente os meus. Suas mãos se encarregaram de cobrir com sabonete minhas costas e meu peito, sem desfazer o contato entre nossas línguas. Travessa senti quando deslizava até minha coxa para voltar a subir até minha barriga.

-Não... –Parou de me beijar. –Não vão demorar a chegar.

Assenti me convencendo de que aquele homem que em alguns minutos cruzaria a porta era de verdade uma figura importante para meu amado locutor, de outra forma porque motivo recusaria uma sessão de sexo em baixo da água?

* * *

A roupa que Frank havia escolhido me parecia cara e de tecido delicado, apesar de meu pouco conhecimento no mundo da moda. Enquanto via meu amado colocar seu casaco de couro preto eu lutava para colocar corretamente o colete escuro com pequenos botões que dificultavam tudo. Em uma tentativa de abotoa-los senti uma dor pulsante em meu pulso e entendi que havia me machucado. Lancei um pequeno gemido de dor que não foi ignorado por meu companheiro de quarto.

-Está bem? –Parou de arrumar uma longa mecha de cabelo preto para se colocar em frente a mim.

-Os botões são pequenos e eu machuquei minha mão. –Explico um pouco triste e levantando um pouco minha mão machucada.

-Você é um bebê... –Murmura divertido fechando os botões restantes. –Sabe fazer nó de gravata?

Nego com a cabeça. De fato nunca havia usado uma. O mais formal que estive em minha vida havia sido a calça preta com o suéter da mesma cor para o funeral de minha avó.

Frank sorriu e colocou a gravata cor de vinho ao redor de seu pescoço. Fazendo giros e passes estranhos conseguiu fazer um nó perfeito, a tirando com rapidez colocou em mim e arrumou escondendo a ponta dentro do colete preto.

-Causarei uma boa impressão? –Virei mostrando meu vestuário e sorrindo orgulhoso como um garotinho mostrando ao seu pai um jogo novo.

-Definitivamente. –Respondeu e beijou meus lábios colocando suas mãos sobre minha cintura.

Usava essa noite uma calça de delicado tecido preto, uma camisa de manga longa de seda suave em um tom branco e o colete cobria meu peito combinando perfeitamente com a calça, a gravata vinho terminava meu elegante vestuário. Frank havia me emprestado uns sapatos pretos que brilhavam muito, meu cabelo foi arrumando com um creme que cheirava a laranja.

Frank em troca estava completamente de preto. Calças jeans que apertavam precisamente sobre seus estreitos quadris, uma jaqueta de couro justa até o começo do pescoço e um cachecol preto ao redor deste que se sobressaia. Suas mãos estavam abrigadas por luvas que deixavam seus dedos saírem, usava tênis e um adorável gorro preto.

O insuportável som fez sua aparição, o intimo abraço que estávamos dividindo se perdeu naquele instante.

-Devem ser eles. –Sussurrou Frank se aproximando da porta, mas antes de tentar abrir se virou para me ver. –Está pronto?

Pronto? Para que?

Para conhecer o homem que destruiu o coração do homem que amo?

Pronto para me apresentar perante um homem frio e sem escrúpulos?

Pronto para encontrar a ocasião perfeita para enterrar um palito de dente no olho dele?

-Pronto. –Sorri simplesmente.

* * *

Que alguém me censure por julgar antes de conhecer!

Que alguém me dê uma bofetada por adiantar os fatos e criar em minha mente uma imagem de um homem abominável.

Que alguém me diga que esse homem de olhar terno não quebrou o coração de Frank.

Erroneamente imaginei um olhar frio e cínico, mas só vi calor e doçura.

Erroneamente imaginei um sorriso zombeteiro, mas só o vi terno e sincero.

Erroneamente... Tudo havia sido um erro, porque aquele garoto de cabelos castanhos se mostrou ser uma pessoa realmente agradável, deixando-se ver com obviedade o intenso amor que dava ao homem de cabelos negros que lhe acompanhava.

-Frank, você sabe que não gosto de comida chinesa! –Exclama o homem uma vez que chegamos a sala de jantar.

-Oh, certamente o esqueci. –Disse o locutor sustentando sua cabeça com uma mão.

Durante a permanência Frank havia evitado começar uma verdadeira conversa com o casal recém chegado. Depois das apresentações fomos comer.

-Mas, bom, isso não importa, Brendon adora. –Disse entusiasmado e dando para o seu namorado comer um frango empanado.

-Fico feliz. –Respondeu Frankie com sarcasmo.

-Posso preparar algo para você, Ryan. –Disse eu me colocando de pé.

Ainda que seja difícil de acreditar sou um bom cozinheiro, e, bom, será minha tentativa de impressiona-los.

-Não é preciso Gerard. –Falou Ryan com um sorriso. –Muito obrigado.

-Desde quando estão juntos? –Perguntou Brendon segurando a mão de seu namorado sobre a mesa. –Vivem juntos?

-Nós... –Comecei a falar mas fui interrompido.

-A dois meses. –Declarou Frank me segurando pela mão e me obrigando a sentar.

Vi o sorriso que o casal recém-comprometido me lançava e corei ao máximo sentindo a mão de Frank acariciando minha mão não machucada.

Depois de alguns momentos de olhares incômodos lançados por Frank passamos a beber algo. O anfitrião tirou uma garrafa de uísque e pouco a pouco as piadas começaram.

Ryan Ross é o de cabelos castanhos que incrivelmente havia quebrado o coração de meu amado. Trabalhava como cantor em um bar, e Brendon Urie era seu namorado que trabalhava como fotografo. Comecei a rir quando me contaram a forma que se conheceram em New York, Ryan havia atravessado algumas fotografias do Central Park.

-E a partir daí foi acaso. –Disse sorrindo o de cabelos pretos. Eu também sorri porque os ver abraçados e em vez de me causar nojo pelo que alguma vez tenha feito a Frank só podia sentir carinho entre esses dois.

-E quando se casam? –Perguntei sorvendo um pouco mais de minha bebida.

-Em agosto. –Respondeu Brendon. –Comemoraremos o aniversario de Ryan com uma festa.

-Será um maravilhoso presente, amor. –E com carinho o de cabelos castanhos beijou a bochecha de seu noivo segurando-o com suavidade pelo queixo.

Sorri sentindo em meu interior uma ligeira revolta e uma pequena angustia no peito.

Ciúmes. Tinha ciúmes do casal meloso e de olhar de eterna devoção que possuíam ambos ao olhar para o outro. Estava com ciúmes de seu amor correspondido.

Desviei o olhar e olhei para o locutor sentando naquele sofá individual, tomando seu uísque e olhando o de cabelos castanhos fixamente.

“Ainda o ama, não é?”

A despedida se fez presente e fundidos em um abraço disse adeus aos noivos.

-Logo enviaremos os convites. Será uma grande honra ter você lá, Gerard. –Me disse Ryan. Assenti com a cabeça entusiasmado, afinal de contas quantos casamentos gays você pode assistir em vida? –Nos vemos por ai, Frank. –Se aproximou e beijou sua bochecha. –Foi maravilhoso te ver de novo.

-O mesmo eu digo Ry, e meus pêsames. Outro membro que cai nas teias do casamento. –Suspira dramaticamente e coloca uma mão sobre sua testa.

-Nos vemos em seu casamento então, Frank. –Respondeu o cantor. Me olhou e depois segurou meu rosto com suas mãos. –Espero que não seja tão estúpido para deixar alguém como ele ir embora. –Falou olhando para Frank, mas com suas mãos sobre minhas bochechas. –Cuide-se.

Ao fechar a porta foi como se meu ser flutuasse em uma nuvem rosa de felicidade.

Mas se cortou pelo som de algo se quebrando.

Abaixei o olhar e ao lado de Frank estava o copo de vidro feito em caquinhos.

-Desculpe. –Murmurou. –Estou muito bêbado.

Senti a tensão de Frank durante toda a noite e me surpreendi com seu estranho comportamento, como dizer que éramos um casal só para fazer Ryan se irritar, ou ao menos isso foi o que me pareceu. Só fui seu joguinho e troféu para me mostrar. Como sempre, e com resignação, o aceito. Como sempre.

-Vamos descansar. –Disse segurando-o o pelo braço até chegar na cama. Ambos nos sentamos braço contra braço. Suspiramos ao mesmo tempo.

-Eu tinha vinte anos. –Começou a falar com o olhar no estranho mundo de seus tênis. O gorro havia caído e seu cabelo despenteado me impossibilitava de ver seu olhar no iluminado quarto. –Ryan é dois anos mais novo. Nosso primeiro encontro foi como o de uma comedia romântica qualquer, eu saia da biblioteca distraído e apressado, mas não vi que um garoto de 18 anos carregava uma guitarra em seu ombro e o empurrei acidentalmente me fazendo cair e levar meus livros junto. Ambos os pegamos, trocamos olhares e foi... Mágico... –sua voz se apagou pouco a pouco ate se tronar apenas um leve sussurro.

Tentei lhe dar coragem segurando sua mão com a minha machucada. Ao sentir o contato, e contra todos os prognósticos, Frank apertou mais o entrelace e continuou.

-A partir daí fomos amigos durante vários meses, mas eu não podia me calar por mais tempo sobre o que sentia por ele e por seus olhos castanhos. Sempre me sorria com aquele olhar tão terno... Pensei que não havia mais ninguém no mundo que realmente me importasse. Só Ryan. –Suspirou. Sua cabeça se ergueu e seus olhos procuraram os meus em um eletrizante encontro entre olhares esmeraldas. –Lhe disse... Que o amava. Lhe disse “Te amo” sem pensar nas possíveis consequências, simplesmente queria liberar meu ser e poder respirar sem dificuldades cada vez que nos afastávamos. Queria estar ao seu lado para sempre. Segurei suas mãos entre as minhas e tentei lhe roubar um beijo. Mas ele se separou de mim com grosseria e virou seu rosto. Me disse que ele não era um maldito doente como eu, e que nunca voltaria a me tocar. Me disse... –Desviou o olhar com pesar. Seus olhos brilhavam pelas lagrimas contidas e sua mão se apertava com força contra a minha tentando sugar um pouco de força. Eu só tentava transmitir algo que não possuo de sobra.

“Me disse que lhe dava nojo. Que... Era um gay maldito, e que deveria morrer de AIDS, que se arrependia de ter me conhecido... E muitas outras coisas. Chorei em frente a ele como não havia feito na frente de ninguém. Tentei pedir desculpas, tentei dizer que meu amor era sincero, que não podia ir contra meu coração. Que minha alma havia se apaixonado pela sua. Tentei... Implorei como não havia implorado durante dias, durante semanas, e no final... O entendi. O amor não é mais que um produto bem anunciado com mensagens subliminares. É suicídio, autodestruição, sofrimento desnecessário.”

Soltou minha mão, a cabeça também desceu e suas mãos puxaram as mechas escuras de seu cabelo.

-E agora vai se casa, com um homem! Maldito hipócrita. Se desculpou alguns meses depois, mas eu cortei qualquer contato com ele. E olha-lo feliz, com seu noivo. Profundamente apaixonado. Maldito, maldito. Maldito hipócrita! Mentiroso... Todos mentem... Todos mentem pra mim, todos me ferem... Por isso prometi que nunca mentiria, eu... Nunca seria um hipócrita. Seria como queria ser. Quero ser invencível. Inquebrável e imune a tudo...

Vejo sue corpo vibrar em pequenos soluços, sei que está chorando, mas não é um detalhe que deva deixar passar. Procuro sua mão entre o cabelo preto, a beijo com devoção e entrelaço nossos dedos em uma símbolo de minha união com ele.

Encosto minha cabeça em seu ombro e pouco a pouco o sinto se erguer.

-Já passou.  –Sussurro beijando seu ombro sobre o tecido fino. –Tudo vai ficar bem. Eu estou com você. –A força aumentava nossa união. –Não tenha medo...

E em silencio ficamos escutando o suave respirar do outro. Meus sentidos se enchem do perfume com aroma de madeira de Frank.

O melhor que já me aconteceu
Foi te ver pela primeira vez
E estar assim de mãos dadas
É o que sempre sonhei. (*)

Se colocou de pé imediatamente. O dorso de sua mão se encarrega de limpar o rosto úmido com rapidez e vergonha.

-Vou a Black Rose. –Me olha. –Você vem?

“Linda forma de arruinar o romantismo”

Nego com a cabeça chateado me deixando cair sobre o colchão.

-Bem, então... Eu vou.

Não falo. Não ajo. Só escuto a porta se fechar atrás dele.

“Se você sabe como me sinto, porque me faz mal?”

Sabe o que faz.

É vingança?

É diversão?

Meu peito dói e minha respiração corta.

Espessas lagrimas aparecem enquanto aperta mais o travesseiro debaixo de minha cabeça.

...É suicido, autodestruição, sofrimento desnecessário.

(*)Hasta mi Final - Il Divo 


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Notas finais do capítulo

Querem ninar o Frankie ou mata-lo? HM
Até. ♥