Insurreição escrita por DiegoNL


Capítulo 5
Conflito Sangrento


Notas iniciais do capítulo

Depois de algum tempo, finalmente pude atualizar a história. Espero que gostem deste penúltimo capítulo!



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Já fazia alguns minutos que Harry Potter estava parado diante daquela porta de madeira, completamente imóvel. Com a varinha empunhada e suando frio, ele observava a feia maçaneta de metal, fracamente iluminada pelas poucas velas que havia no saguão. Engoliu em seco. Tinha acabado de adentrar a mansão dos Nogwell, e temia muito o que lhe aguardava do outro lado do portal. Em sua mão esquerda, firmemente apertado, estava um pergaminho: a ordem de soltura de Edward Nogwell. Hesitante, pela segunda vez levou a mão à maçaneta, e novamente percebeu o quanto ela estava úmida. Cada segundo de espera aumentava o tempo que James estava com os sequestradores, e ao perceber isso abandonou o receio.


A porta rangeu bastante enquanto ele a abriu. Aos poucos se tornou visível um amplo salão, bem mais bonito e espaçoso que o saguão de entrada. Tinha paredes brancas e piso negro, e todos os bonitos lustres de cristal presos ao teto estavam apagados. Quase não havia móveis no aposento, e do outro lado dele havia uma pequena escadaria que conduzia a uma espécie de altar. As únicas fontes de iluminação vinham de lá: pequenas velas com chamas azuladas exalavam uma luz fantasmagórica, circundando uma comprida mesa de metal sobre a qual estava o corpo de uma pessoa. James Potter repousava completamente imóvel, alheio à chegada de Harry no aposento.


Não... – O homem ficou sem reação ao ver aquilo, e sentiu seu estômago afundar.


Olhou novamente para os lados. Agora percebia que aquele salão tinha sido modificado propositalmente, e por isso tinha aquela aparência fúnebre e perturbante. Sobressaltando-se, olhou novamente em direção ao altar. Tudo fazia parecer que o corpo estava sendo velado. Dominado pelo choque, Harry disparou correndo em direção à escadaria.


– Não... NÃO! JAMES!


Tropeçou nos degraus e quase caiu, mas não ligou para isso. Não podia ser verdade... Seu filho, morto? O chão tinha desaparecido sob seus pés. Após alguns segundos que para ele pareceram horas, chegou à mesa de metal e imediatamente abraçou o filho. Como estava pálido e gelado... Contudo, respirava. Uma respiração lenta e pausada que mal gerava ruídos.


– James... Acorde, James...! – Sussurrou Harry, olhando para o rosto do filho.


Nesse momento, ouviu passos. Passos lentos e pausados que ecoaram pelo salão vazio, e foram o bastante para fazê-lo se sobressaltar mais uma vez. Erguendo a cabeça, viu um vulto baixo e esguio emergir das sombras de um canto do saguão, lentamente caminhando em direção a ele. Apertou a varinha com mais força, muito tenso.


Aos poucos a luz iluminou a pessoa que se aproximava, e com isso foi possível ver mais detalhes de seu rosto: traços finos e uma maquiagem pesada se destacavam na face da jovem mulher, que era branca como papel e tinha cabelos longos, castanho-escuros e encaracolados. Contornando seus olhos verdes estava uma forte sombra azul, e sua boca fina estava coberta por batom preto. Trajava um vestido longo e cheio de babados, completamente negro, que arrastava pelo chão. Contudo, nada disso se destacava mais que sua expressão. Parecia sentir um ressentimento incalculável por aquele que encarava.


– Harry Potter... Finalmente nos encontramos.


Lançando um último olhar para James, sentiu-se aliviado. Ele estava vivo, afinal, e agora só precisava ser tirado dali. Dando as costas para o corpo desfalecido, encarou a mulher desconhecida.


– Quem é você? – Perguntou, fixando os olhos nos dela.


Ela demorou um instante para responder. Em seguida, com um sorrisinho, falou muito lentamente cada palavra.


– Alexandra Prince Nogwell. Sou filha do homem que prendeu há quase oitenta dias, Harry Potter... Resolvi lhe dar o gostinho de experimentar como é ser afastado de alguém que ama.


Harry nada disse. Simplesmente ficou encarando os olhos estreitados da anfitriã, sentindo seu sangue fervilhar de ódio, mas manteve o controle. Estava em território inimigo, e seria arriscado atacá-la ali. De repente, Alexandra estendeu-lhe a mão, que estava coberta por uma bonita luva branca de seda.


– Solte a varinha no chão e me dê o pergaminho. – Ordenou, em tom autoritário.


O homem receou por um instante. Os dois ficaram se encarando por mais um momento, em silêncio, até que ele obedeceu. Soltando a varinha no chão, estendeu o pergaminho em direção à mulher, que lhe apontou a varinha. O objeto começou então a flutuar no ar, atravessando o salão e aterrissando na palma da mão esquerda de Alexandra. Ainda apontando a varinha para Harry, ela correu os olhos pelo texto, esboçando um sorrisinho ao terminar. Por fim, dobrou-o cuidadosamente e ergueu a mão esquerda.


– Amália...!


No momento em que chamou por esse nome, Harry ouviu um farfalhar de asas e uma grande coruja desceu do teto, onde estava empoleirada. Suas penas eram cinza-escuras, quase negras, e por isso ela tinha passado despercebida até então. Aterrissando no braço de sua dona, contemplou o visitante com seus assustadores olhos amarelados, e permaneceu em silêncio enquanto o pergaminho era amarrado em sua perna. Demorou um pouco, pois Alexandra não tirava os olhos de Harry, mas enfim ela terminou e Amália saiu voando pela porta aberta do salão. Sentindo-se extremamente mal com aquilo, o homem quebrou o silêncio.


– Posso ir embora com meu filho, agora?


Alexandra ergueu as sobrancelhas.


– Por que a pressa? Sabe... Eu já acertei minhas contas com você, mas há outra pessoa que também quer isso.


Assim que terminou tal declaração, Harry mais uma vez ouviu passos. Hesitou em virar-se para ver quem era, pois teria que ficar de costas para a mulher, mas não teve escolha.


– Também estava ansioso para vê-lo, Harry Potter. Muito ansioso.


Ao se virar, a boca de Harry caiu. Lucius Malfoy o encarava, a poucos metros de distância, com o sorrisinho zombeteiro de sempre. Seu cabelo liso e comprido estava muito bem penteado, e trajava vestes negras de bruxo.


– Você...? Você, aqui?! – Harry deixou escapar, perplexo.

– Eu. Surpreso?


O moreno ficou sem palavras. Então é por isso que Draco tinha sido incumbido de entregar a carta... Mas Lucius tinha feito tudo em segredo! Tudo fazia sentido agora. Sem dar mais tempo para Harry pensar naquilo, o outro voltou a se manifestar.


– Pegue sua varinha, Potter. Vamos duelar, de uma vez por todas...


Harry não respondeu de imediato. Estava atônito... Sabia que Lucius não gostava dele, afinal, havia coisas do passado que nunca poderiam ser esquecidas. Contudo, por que estava chegando àquele ponto tão repentinamente?


– Vamos, Potter... A não ser que queira ser amaldiçoado sem lutar.


Dizendo isso, o senhor sacou a varinha. Percebendo que não teria tempo para pensar, Harry abaixou-se e pegou a sua própria. Contudo, não conseguia parar de refletir sobre tudo aquilo... Lucius estava muito estranho. Alexandra sentara-se no topo da escadaria, com a varinha em mãos, e simplesmente assistia. Parecia estar se divertindo bastante com aquilo.


Os dois homens caminharam até o centro do salão, sem parar de se encarar. Em seguida, parando a alguns metros de distância um do outro, fizeram uma breve reverência. E ergueram as varinhas. Lucius começou a contagem.


– Um... Dois... Três! Estupore!


Harry saltou para o lado para desviar do jato de luz vermelha, e apontou a varinha para o adversário.


Expelliarmus! – Pensou, e o feitiço voou em direção a Lucius.

Protego! – Bradou o senhor.


A barreira protetora bloqueou o ataque de Harry, e Lucius riu.


– Expelliarmus? Nem mesmo tentará me estuporar, Potter?


Harry não respondeu. Suava frio, e sua mente trabalhava sem parar tentando entender o que estava acontecendo. Os dois começaram a se rodear em círculos, com os olhos fixos um no outro, como feras prestes a dar o bote.


Avada Kedavra!


Assim que o clarão verde chegou aos seus olhos, Harry mais uma vez saltou para o lado. O poderoso feitiço causou uma forte corrente de ar ao passar, e por pouco não acertou o auror. Lucius ergueu as sobrancelhas.


– Você deve ter um motivo para não me atacar... Seria por causa de Draco?


Harry não respondeu. Continuou observando os olhos cinzentos do senhor no mais completo silêncio, perturbado. Lucius deu um muxoxo de impaciência.


– Pelo que vejo, não tem intenção de lutar a sério contra mim... Potter, eu não esperei todo esse tempo para vê-lo recear. Se não duelar a sério, serei obrigado a tomar medidas desagradáveis...


Dizendo isso, apontou a varinha para algum ponto à direita da cabeça de Harry.


Sectumsempra!


O moreno só percebeu no último segundo: Lucius estava apontando a varinha diretamente para o desacordado James. Quando o feitiço estava prestes a passar por ele, conjurou uma grande barreira protetora que o fez ricochetar contra seu conjurador, que desviou com dificuldade. O ódio de Harry ficou visível em sua face, e Lucius esboçou um sorrisinho zombeteiro.


– Ah, finalmente... Finalmente vamos duelar a sério, Potter...!


Harry apontou-lhe a varinha, e um jato de luz vermelha novamente saiu dela. Lucius saltou para o lado e conseguiu se defender, mas no instante seguinte Harry soltou uma nova rajada vermelha que o atingiu em cheio. O homem foi projetado para trás, rolando por vários metros e tombando estatelado no chão. Zonzo, tentou se levantar rapidamente, e viu que Harry já estava diante dele. Aterrorizou-se.


– Acabou, Lucius.

Estupore! - A voz aguda de Alexandra preencheu o salão.


Harry, que já esperava por aquilo, imediatamente conjurou um feitiço protetor. Contudo, para sua surpresa, o da mulher foi tão poderoso que atravessou sua barreira e o atingiu em cheio. Soltando uma exclamação mínima de dor, o moreno tombou desacordado aos pés de Lucius. O loiro ergueu os olhos, e viu Alexandra correndo em sua direção.


– Marcus! Marcus, você está bem...?! – Gritou ela, preocupada.

SECTUMSEMPRA!


A mulher não esperava por aquilo. Soltou um ruído rascante com a garganta, enquanto seu vestido negro e sua pele pálida sofriam cortes profundos, através dos quais o sangue começou a jorrar. Seus olhos verdes e espantados encararam o agressor, como se não acreditasse no que via. Em seguida, tombou no chão, tremendo e com uma respiração ruidosa. O homem levantou-se e a encarou do alto, com uma expressão de ódio.


– Eu falei para não se intrometer, Alexandra... – Sussurrou.


Apontou a varinha para Harry.


Ennervate!


Harry despertou e imediatamente se pôs em pé, cambaleante e com o coração batendo rápido no peito. Após piscar para clarear as ideias, seu olhar recaiu sobre o corpo estrebuchante de Alexandra, que estava deitada a alguns metros dos dois. Assim que seus olhos correram pelos profundos cortes que sangravam sem parar, veio à sua mente a lembrança de algo que tinha acontecido há décadas, dentro de um banheiro de Hogwarts. Lembrou-se daquela ocasião em que ele quase tinha matado uma pessoa usando o Sectumsempra. A respiração rascante de Alexandra chegou aos seus ouvidos, e sem hesitar ele se adiantou até a mulher. Ajoelhando-se ao lado dela, começou a murmurar o contrafeitiço, tremendo.


– Esqueceu que estou aqui, Potter? – A voz fria de Lúcio chegou aos seus ouvidos, fazendo-o se sobressaltar.

– Não... Não esqueci. – Respondeu Harry, erguendo os olhos para encarar o adversário.


O outro riu.


– Está mesmo ajudando a mulher que sequestrou o seu filho? Não consigo entendê-lo...


Terminados os primeiros socorros, Harry se levantou, sequer percebendo que Alexandra estava com os olhos fixos nele, apesar de ainda respirar pesadamente. Segurando a varinha com força, o moreno a apontou para Lucius.


– Eu não esperava que entendesse.


Terminada tal declaração, soltou um Estupore não-verbal, o que surpreendeu o loiro.


Protego! – Bradou ele.


A força do feitiço de Harry foi tão grande que por pouco não furou a barreira criada pelo homem. Sem dar tempo para ele se recompor, o auror lançou um Rictusempra, que atingiu Lucius em cheio. O homem foi arremessado para trás, contra uma parede, e tombou no chão bastante zonzo. Enquanto tentava se levantar, ouviu a voz de Harry, que apontava a varinha para o seu peito.


– Bem que eu achei estranho Lucius estar envolvido nisso... Você não é Lucius Malfoy. O Lucius que eu conheço só trairia seus companheiros se fosse para proteger a própria família. E ele também não precisa pronunciar verbalmente cada feitiço que vai lançar...


A principio, o homem não respondeu. Passados uns poucos segundos, porém, adotou uma expressão maníaca e começou a rir.


– Muito bem, Potter. Eu realmente não sou Lucius Malfoy...


Declarando isso, riu ainda mais.


Harry ergueu as sobrancelhas.


– E qual é a graça?

– Olhe para trás...


Harry hesitou, mas virou-se por um segundo. No instante em que fez isso, sentiu-se mais uma vez sem chão: meia dúzia de pessoas estavam em volta do corpo desacordado de James, e lhe apontavam suas varinhas. O mais a frente de todos, um senhor idoso e com olhos cinzentos, foi o único a se manifestar.


– Entregue a varinha para ele, Potter...


Ele não obedeceu de imediato. Simplesmente virou-se para encarar o falso Lucius, que tinha se posto em pé e também lhe apontava a varinha.


– Vamos...


Sem escolha, Harry atendeu a ordem.


– Muito bom... Agora, Marcus, traga Potter até aqui. Vamos permitir que ele se despeça do filho antes de morrer...


Nesse momento, todos ouviram estrondos fora do grande salão. Em algum ponto do saguão ou mesmo fora da residência, pessoas lutavam barbaramente. Ouviram também gritos. Harry hesitou em avançar, mas Marcus o impeliu com um empurrão.


– Se parar, seu filho será morto na sua frente...


O mesmo velho de antes sorriu.


– É hora de dizer adeus ao seu amado filho, Potter... Não se preocupe, vamos libertá-lo em Hogwarts quando isso tudo terminar.


Harry engoliu em seco e continuou. Quando se aproximou da escadaria, porém, um estrondo fez todos se sobressaltarem: a porta que conduzia ao saguão foi violentamente derrubada, e adentraram o aposento Lucy e Flitwick. Demoraram um segundo para absorver a cena, e então a garota gritou em desespero.


– ELE NÃO É O JAMES!


Aquilo soou como um baque para Harry. Abismado, virou-se em direção ao altar para observar o desacordado James, mas ele não estava mais desacordado. Estava em pé, e sorria vitorioso. Apontou-lhe a varinha, e Harry só pôde ver um lampejo verde que gradativamente aumentou, preenchendo todo o salão com a luz da morte.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e deixem reviews. =}
Att,
Diego N.L.



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