Insurreição escrita por DiegoNL


Capítulo 3
Flor Solitária


Notas iniciais do capítulo

- Estamos nos aproximando do final da fanfic! Boa leitura a todos! =)



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Já fazia vinte minutos que Lucy caminhava pelos corredores escuros de Hogwarts, sentindo-se desnorteada. Regularmente precisava mudar de rota, pois alguns professores vasculhavam o castelo em busca de pistas sobre onde James Potter poderia estar. Exasperada, ela percebeu que estava nervosa demais e por isso até se esquecera de algo básico: definir por onde começaria a investigação. Escorando-se em uma coluna de pedra, checou o Mapa do Maroto. Como não havia ninguém por perto, ela começou a recapitular as escassas informações que tinha sobre tudo aquilo.

Vamos ver... James andava sondando Megan Harvey há algumas semanas. Hoje, pela primeira vez eles se encontrariam atrás da cabana de Hagrid... Mas chegando lá, sumiram.

Ela fixou os olhos em um filete de luar que adentrava pela veneziana de uma grande janela.

A última pessoa a falar com James fui eu, e com Megan foi sua amiga Nicole Wood do sétimo ano.

Nicole, acompanhada pelo diretor de sua casa Filius Flitwick, foi ao escritório de McGonagall quando Lucy estava lá. A moça, alta e com cabelos louros e crespos, estava extremamente perturbada. Com a face enrubescida, chorava desesperadamente e levou muito tempo para se acalmar e conseguir dizer algo.

A ruiva não compreendeu o porquê de tanto nervosismo, mas acabou supondo que ser convocada pela diretora Minerva no meio da madrugada era o bastante para angustiar uma pessoa mais fraca. Com os olhos castanhos inquietos correndo de Lucy para McGonagall, a jovem resumiu tudo que tinha acontecido nos momentos que passara com Megan durante aquele dia.

Aparentemente, nenhuma das informações dadas pela estudante era relevante, com exceção talvez da última: meia hora antes do encontro, as duas amigas tinham se visto pela última vez. Animadíssima, Megan lhe contara o quanto estava ansiosa para beijar James, e foi sozinha ao banheiro feminino do segundo andar para se produzir. Sendo o banheiro da Murta-Que-Geme, era um ótimo lugar para uma moça se arrumar com privacidade, visto que só teria a companhia do fantasma.

Lucy enrugou o cenho, pensativa. Certamente os professores já tinham vasculhado completamente o banheiro, mas ela não tinha outra pista além dessa. Com tal pensamento em mente, no mais completo silêncio ela avançou pelos corredores escuros até o segundo andar.

Uma vez perante a porta de madeira, checou novamente o Mapa do Maroto. Vendo que não havia ninguém por perto, levou a mão à maçaneta de latão e adentrou o banheiro. O lugar era escuro e depressivo, fracamente iluminado por algumas velas e com as portas dos boxes particularmente mal-conservadas. No centro dele havia um conjunto de pias dispostas em forma circular, e já era de conhecimento geral que ali se encontrava a passagem para a Câmara Secreta.

A ruiva caminhou pelo banheiro úmido, ouvindo apenas o barulho dos próprios passos. Seus olhos verdes corriam em todas as direções, vasculhando atentamente cada azulejo trincado e cada canto do aposento. Ao terminar de investigar o segundo box, ouviu uma voz fina e chorosa às suas costas.

– Eu queria saber o que uma aluna faz aqui no meio da madrugada...

Lucy virou-se e encarou o fantasma de uma jovem que estava parado ao lado das pias. Atarracada e com uma expressão contínua de melancolia, sua face branco-pérola estava um pouco encoberta pelos finos cabelos negros que quase atingiam o par de óculos que se destacava em seu rosto. A Murta-Que-Geme deslizou até ela, com o cenho enrugado e aparentando desconfiança.

– Suponho que não veio aqui a essa hora só pra me ver, né? Ninguém nunca vem aqui pra me ver...

A moça engoliu em seco. Sabia que falar com aquela sem chateá-la era um desafio.

– Ah, oi, Murta... Como vai? – Cumprimentou-a, receosa.

No mesmo instante percebeu que tinha escolhido as palavras erradas. A Murta pareceu profundamente entristecida com tal questionamento.

– Como vou? Você está perguntando isso de propósito, né? É claro que ando como sempre... Sozinha, sem ninguém, com todos falando mal de mim pelas costas!

Lucy abriu a boca para se desculpar, mas a outra continuou tagarelando e parecendo prestes a chorar.

– Já faz mais de cinqüenta anos que ninguém liga para a Murta...! Quem se importaria com uma fantasma chorona e feia que vive em um banheiro, né?! Quando aparecem aqui, é pra caçoar de mim! Veio aqui para isso também?!

– Murta... Eu não vim aqui por sua causa.

O fantasma soltou um uivo de tristeza.

– Eu falei! Ninguém quer saber como estou, se ando solitária, se...

A ruiva suspirou exasperada. Estava perdendo tempo ali. Preocupada, tirou de dentro das vestes o Mapa do Maroto e checou-o mais uma vez, mas felizmente não havia ninguém naquela área do castelo. Murta agora estava chorando, enquanto continuava com seu discurso.

– ...Hoje a tarde mesmo, aquela outra veio aqui só pra se arrumar com privacidade! E mais tarde os professores vieram fazer perguntas sobre ela! Não que eu esperasse que alguém viesse só pra me visitar, mas...!

A moça ergueu as sobrancelhas. Para sua sorte, enfim tinham chegado ao ponto que ela queria tratar. Ansiosa, interrompeu a fala do fantasma.

– Murta...

– Hum? O que foi?

– Hoje à tarde, Megan Harvey veio sozinha ao banheiro?

Murta fez uma expressão de desespero e apontou-lhe o dedo, acusando-a tragicamente.

– Eu falei...! EU FALEI! Quando me procuram, só querem me usar...! Cansei, eu não vou dizer nada!

Com tal declaração e com as lágrimas escorrendo pelo rosto, ela deu as costas e cruzou os braços. Lucy suspirou impaciente. Além de dramática, parece que a outra ainda era birrenta. Por alguns segundos tudo ficou em silêncio, exceto pelos soluços de Murta, até que a ruiva pensou em um modo de convencê-la a responder.

– Murta... Se me contar tudo que aconteceu quando Megan Harvey veio se arrumar aqui hoje à tarde, eu lhe dou algo em troca.

O fantasma encarou-a com uma expressão de desconfiança.

– E o que seria esse algo?

– Faço James Potter sair com você por um dia quando ele for encontrado.

Murta abriu um sorrisinho de cobiça e malícia. Tinha ciência de que Lucy era a melhor amiga do famoso James, então não estava mentindo para ela. As duas se encararam, até que o fantasma pôs-se a falar.

– Sim, Megan veio sozinha. Nós não conversamos muito, sabe... Quando eu percebi que ela tinha vindo ao meu banheiro apenas para se arrumar, fiquei triste e me tranquei no meu box...

A ruiva a observava, enquanto mentalmente processava aquelas informações.

– Entendo... E o que exatamente vocês conversaram? Destaca algo em especial, como a expressão dela ou alguma reação inesperada?

Murta enrugou o cenho, pensativa.

– Hum... Ela parecia realmente feliz e ansiosa. Sabe, até estava com o rosto... Hum...

– Corado? – Arriscou Lucy, querendo ajudar.

Para sua surpresa, mais uma vez o fantasma começou a chorar.

– V-Você faz de propósito...! Fala em rosto corado só porque eu não tenho mais sangue para ficar assim...!

A ruiva desviou o olhar para o alto.

– Você que falou isso... – Sussurrou exasperada.

Murta nada respondeu, apenas continuou fungando. Ansiosa, Lucy insistiu nos questionamentos.

– Mas o que vocês conversaram?

Embora estivesse um pouco relutante, o fantasma lembrou-se da recompensa que teria e decidiu continuar respondendo.

– Nada importante, eu acho... Ela me contou que sairia com James Potter, que se encontrariam atrás da cabana de Hagrid...

– Não falou nada sobre irem a Hogsmeade ou à Floresta Proibida? Ou a outro lugar?

– Não, não falou nada assim...

Lucy sentiu-se um pouco frustrada. Achou que conseguiria alguma informação relevante com Murta... Por fim, partiu para os dois questionamentos finais.

– E como a Megan estava?

O fantasma incomodou-se.

– Já falei, feliz... Não acredita em mim?

– Não é isso... Tirando a felicidade, ela estava normal? Não parecia nervosa, ou preocupada, ou com medo? Não teve alguma reação estranha aqui no banheiro?

Murta refletiu brevemente antes de responder.

– Não... Na verdade ela parecia nervosa, mas suponho que era por causa do encontro, né?

Lucy assentiu, mas anotou aquela informação mentalmente.

– Certo... E por fim, vocês duas ficaram sozinhas o tempo todo? Mais ninguém entrou no banheiro enquanto ela estava aqui? Nenhuma coruja ou coisa assim?

– Nadinha.

A ruiva ergueu as sobrancelhas.

– Então me diga como sabe se estava trancada no seu box...

Murta soltou um soluço desesperado e começou a gaguejar.

– E-Eu tenho uma boa audição...! Por mais que minha visão seja ruim, eu posso ouvir muito bem, sabia?! Por isso sei que os outros falam mal de mim pelas costas...!

Lucy continuou encarando-a com uma expressão de desconfiança, e decidiu questionar mais.

– Mas você não pode afirmar com absoluta certeza que ninguém entrou, né? Se usassem o Abaffiato no seu box, por exemplo...

Irritada, a outra assentiu derrotada.

– Sim, você está certa...

A ruiva sorriu.

– Ótimo... Obrigada pelas informações, Murta.

Murta enrugou o cenho, desconfiada.

– Não quero só um agradecimento fingido, se não cumprir sua promessa eu juro que vou assombrá-la!

Lucy riu.

– Tá bem... Mas minha gratidão sincera não é o bastante?

– Não!

– Certo, não vou esquecer a promessa que fiz...

Pensando no que James diria sobre tudo aquilo, ela pegou o Mapa do Maroto para checar se não havia ninguém no corredor. De repente, Murta se manifestou usando um tom de voz baixo.

– Eu posso fazer uma pergunta...?

Lucy encarou-a surpresa.

– Pode...

O fantasma a analisava de alto a baixo, parecendo sentir uma leve incomodação.

– Por que está investigando isso sozinha?

A moça se surpreendeu, não esperava uma pergunta daquelas.

– Por mais que eu queira, acredito a diretora McGonagall não deixaria que eu investigasse com os professores. Faz sentido, mesmo sendo a pessoa que melhor conhece o James, eu ainda sou só uma aluna...

Murta deu um muxoxo de impaciência.

– Não estou falando dos professores... E os seus amigos?

Lucy ficou encarando-a e demorou alguns segundos para compreender o que ela queria dizer. Ao entender, sentiu-se perplexa. Aquele questionamento fazia total sentido! Por que ela não pedira a ajuda de ninguém até então? Abriu a boca para responder, mas em seguida fechou-a novamente. Não sabia explicar por que estava agindo sozinha, mas tinha a sensação de que assim tudo correria melhor. Sentia que a pessoa que devia encontrar James era ela, e mais ninguém. Percebendo a hesitação da ruiva, Murta riu.

– Sabe que você até é parecida comigo? Eu também prefiro ficar sozinha comigo mesma na maior parte do tempo...

A moça não soube o que dizer, e apenas deu as costas novamente. Sentindo-se confusa, começou a correr os olhos pelo Mapa do Maroto, fingindo estar concentrada. Subitamente, algo chamou sua atenção: dois pontinhos tinham acabado de sair da sala comunal da Grifinória e caminhavam lentamente pelo corredor do sétimo andar. As legendas indicavam que eram Albus Potter e Rose Weasley. Alarmada, Lucy estudou o segundo andar. Continuava deserto. Sem dizer uma única palavra a Murta, jogou a capa de invisibilidade sobre o corpo e saiu do banheiro apressada.

Com os olhos fixos no pergaminho, a moça refletia sobre aquilo. Provavelmente a dupla tinha percebido sua ausência e decidiram procurá-la para oferecer ajuda, mesmo sem a capa e sem o mapa. Preocupada, a ruiva acelerou o passo.

Não acho que a diretora McGonagall vá castigá-los por isso... Espero que não...

Passados vários minutos, ela percebeu que os dois iam esbarrar no professor de Aritmância, Morpheus Miller. Lucy, ainda no quinto andar e sabendo que não os alcançaria a tempo, ficou um pouco aliviada. Embora nunca tivesse assistido a uma aula de Morpheus, ela já o tinha visto algumas vezes e ele não parecia ser má pessoa.

Como a moça previra, Al e Rose foram de encontro ao professor e em pouco tempo os três estavam reunidos. Ela se desapontou um pouco. Quando os pequenos apareceram mapa, tinha pensado em convidá-los para ajudar na investigação. As palavras de Murta tinham mexido bastante com ela... Tentando esquecer aquilo, continuou avançando.

Pouco tempo depois, enfim estava no corredor do sétimo andar, onde todos se encontravam. Avistando-os ao longe, se aproximou sorrateiramente para ouvir o que conversavam. Tinha a esperança de conseguir alguma informação nova.

Morpheus Miller era um senhor alto, corpulento e careca. Trajava vestes simples de bruxo, e em sua face de feições duras se destacava um denso cavanhaque loiro que delineava os lábios grossos. Seus olhos cinzentos estavam fixos em Al e Rose, que estavam muito assustados, e eram repreendidos pela voz grave do homem.

– Entendam que eu não posso dar informações sobre a investigação, mesmo para os familiares da vítima. Ordens da diretora.

Rose adiantou-se um passo.

– Deixe-nos vê-la, então!

O professor suspirou frustrado.

– Minerva está ocupada demais para falar com vocês. Acabaram de admitir que não têm nenhuma informação nova para dar, portanto, voltem aos dormitórios de suas casas... E fiquem satisfeitos por eu não lhes dar uma detenção.

A garota parecia revoltada com o autoritarismo de Morpheus, enquanto Al estava com os olhos fixos no chão, muito nervoso. Vendo que eles não tinham feito menção de obedecer, o careca mostrou-se realmente irritado.

– Cinco pontos a menos para Grifinória. Vou repetir: Por favor, voltem aos seus dormitórios. Pela manhã, procurem a diretora McGonagall...

O jovem fez menção de ceder, mas a amiga segurou-o pelas vestes de bruxo. Teimosa, cruzou os braços e ficou encarando o professor com uma expressão de desafio. Percebendo que Morpheus começava a se exasperar e que com isso as coisas piorariam, Lucy aproximou-se lentamente deles. Receosa, parou ao lado de Rose. Agora estava a menos de um metro do professor. Falando o mais baixo que conseguia, pediu algo com um sussurro quase inaudível.

– Rose, obedeça...

A garota sobressaltou-se e correu os olhos para onde ela estava, mas nada disse. Contudo, o professor percebeu aquela reação suspeita e enrugou o cenho. Um segundo depois, com um salto, avançou em direção a Lucy. Foi tão rápido que ela não teve tempo de desviar. No instante seguinte, sentiu que a mão fria de Morpheus arrancava a capa de seu corpo e a deixava completamente exposta. Ele encarou-a com as sobrancelhas erguidas.

– Suponho que tenha ouvido tudo que eu disse a eles, não é, senhorita Lucy Powell? Vale para você também... Cinco pontos a menos para Grifinória.

Ele atirou-lhe a capa de volta, e a ruiva sentiu o rosto enrubescer de raiva e constrangimento. Encarou o homem, irritada, e percebeu que os olhos dele estavam fixos no pergaminho que estava em sua mão.

– Que é isso? – Perguntou surpreso.

Lucy apertou o Mapa do Maroto com mais força, receosa. Quando foi responder que era apenas um pergaminho, Morpheus respondeu a própria pergunta.

– Ah, sim... Suponho que, se está com a capa de invisibilidade dos Potter, esse deve ser o famoso Mapa do Maroto, certo?

Ela encarou o homem, sentindo-se incomodada. Era inútil negar, ela se esquecera de ocultar o que estava escrito no mapa, e graças a isso o professor já percebera do que se tratava. Vacilante, ela assentiu. Morpheus sorriu.

– Interessante, eis um item que eu sempre quis ver de perto... – Declarou, estendendo a mão.

Lucy mirou a mão estendida, apreensiva, enquanto Al e Rose observavam a cena aparentando nervosismo. Na mente da ruiva, pairava um pedido feito pelo próprio James quando conseguira o mapa há alguns anos:

Pode-se dizer que ele é nosso, mas não deixa ninguém que não seja da família pegá-lo! Um tesouro desses deve ser bem cobiçado...

Fixou os olhos verdes nos cinzentos do homem, que se mostrava impaciente.

– Vamos, deixe-me vê-lo!

A moça balançou negativamente a cabeça.

– Não.

Morpheus enrugou o cenho, incomodado.

– Como professor desta escola, ordeno que me deixe ver esse mapa.

– Me desculpe, professor Morpheus... Mas essa ordem eu não posso acatar.

Exasperado, com um movimento rápido ele sacou a varinha, o que surpreendeu a todos.

Accio.

O Mapa do Maroto escapou da mão de Lucy e se projetou em direção a ele. Pegando-o no ar, deu um sorrisinho vitorioso.

– Confiscado. E fique feliz por não pegar uma detenção, senhorita Powell... Agora voltem aos seus quartos.

Ordenando isso, deu as costas e se afastou a passos largos. Todos ficaram parados por uns poucos segundos, atônitos, até que a ruiva decidiu que não deixaria por isso mesmo. Tinha prometido a James que não deixaria ninguém além de si própria usar o mapa, e com tal pensamento em mente sacou a varinha e apontou-a para as costas do professor.

Expelliarmus!

Morpheus, que parecia já aguardar aquilo, parou de avançar e apontou-lhe a varinha por cima do ombro.

Protego.

O feitiço vermelho de Lucy ricocheteou no ar e atingiu-a em cheio. A moça soltou uma exclamação de dor ao ser arremessada para trás e cair de costas sobre o chão frio, enquanto sua varinha caiu ao seu lado com um ruído característico.

– Lucy! Você está bem...? – Al e Rose adiantaram-se até ela, preocupados.

O professor girou sobre os calcanhares e encarou a aluna, com o ódio estampado na face.

– Entendo que esteja nervosa devido ao rapto, mas como ousa atacar um professor assim? Coloque-se em seu devido lugar, senhorita Lucy Powell. Vinte pontos a menos para Grifinória, e compareça amanhã ao meu escritório para combinarmos a data da sua detenção.

A ruiva, levemente trêmula, pegou a varinha que estava ao seu lado e levantou-se. Olhou para os dois amigos, que estavam receosos ao seu lado. Fitou novamente Morpheus.

– Professor... Eu não sou a dona desse mapa, e prometi a quem me emprestou que não deixaria outras pessoas o usarem...

O careca ergueu as sobrancelhas, e questionou algo em um tom de deboche.

– Acha mesmo que uma promessa feita a James Potter é mais importante que a ordem de um professor?

Lucy hesitou por um segundo, mas então abriu um sorrisinho decidido.

– Com toda a certeza. Accio!

O pergaminho escapou da mão de Morpheus, disparando em direção à garota. Com raiva, ele apontou-lhe a varinha.

– Basta! Estupefaça!

Protego!

O feitiço protetor da ruiva foi tão poderoso quanto o do homem, e por pouco ele não foi atingido pelo ricochete. A face dele enrubesceu, e pela primeira vez ele aparentou surpresa.

– Nada mal. É sangue-puro?

Lucy ergueu as sobrancelhas, irritada.

– Isso importa?

O professor posicionou-se novamente, com um sorriso estranho estampado na face.

– É tudo uma questão de ponto de vista. Incarcerous!

Grossas cordas negras foram em direção à moça, prontas para prendê-la.

Incendio!

Vivas chamas vermelhas saíram da varinha de Lucy e desintegraram as cordas. Os dois combatentes encaravam um ao outro, ambos com as faces muito coradas. O homem a analisava calculista, enquanto ela sentia o coração bater mais forte. Nunca tinha duelado pra valer na vida. Al e Rose assistiam ao duelo, um pouco afastados, sentindo-se aterrorizados. Queriam ajudar Lucy, mas o que meros alunos do primeiro ano poderiam fazer contra um professor?

Oppugno!

O feitiço inesperado fez as cinzas fumegantes que estavam aos pés de Lucy saltarem em direção ao rosto dela. Surpreendida, só teve tempo de soltar a varinha e proteger a face com os braços. Soltou um grito de dor ao sentir as cinzas quentes grudarem neles, e então Morpheus riu cinicamente.

– Acabou, moçinha. Estupo...

PETRIFICUS TOTALUS!

O professor até fez menção de bloquear o feitiço duplo lançado por Al e Rose, mas não teve tempo. Sentindo o corpo todo enrijecer-se, juntou braços e pernas e tombou no chão. Os dois pequenos, arfantes, olharam para o que tinham feito. Al choramingou arrependido. Atônitos, mal podiam acreditar naquilo, mas foram despertados do devaneio por uma exclamação de dor de Lucy. Adiantaram-se até ela, que sacara a varinha e usando magia absorvera as cinzas que a queimavam.

– Hum... Vai levar um tempo para essas marcas sumirem... – Murmurou, sentindo uma insistente ardência nos braços, que estavam muito vermelhos.

Os três caminharam até o professor, cujos olhos estavam fixos neles aparentando terror. Neste momento, ouviram passos apressados: a confusão causada fora ouvida por outras pessoas. Horace Slughorn e Filius Flitwick surgiram no final do corredor, e todos não puderam deixar de notar o quanto a aparência dos dois eram contrastantes.

O primeiro era um homem gordo e um pouco careca, cujos cabelos restantes eram grisalhos. O segundo era um senhor de idade, baixinho e mirrado, e usava um par de óculos. Ambos ostentavam expressões de surpresa e até incredulidade perante aquela cena.

– Morpheus? Pelas barbas de Merlin... O que significa isso?! – Bradou Slughorn, ofegante, olhando para o professor desfalecido.

Lucy sentiu o rosto esquentar e mordeu o lábio, nervosa. Desejou intimamente que Al baixasse a varinha, que ainda estava apontada para Morpheus, mas seu desejo demorou alguns segundos para ser atendido. Sentindo a boca dormente, ela começou a se explicar com murmúrios.

– Fomos atacados por ele, professor...

Slughorn olhou para os três, boquiaberto, e em seguida observou Morpheus. Flitwick adiantou-se com as sobrancelhas erguidas.

– Para começar, o que estão fazendo fora de seus dormitórios há essa hora? E... Atacados? Isso é uma acusação muito séria, sabia?

Lucy, Al e Rose puseram-se a explicar tudo que tinha acontecido, todos falando ao mesmo tempo, o que confundiu um pouco os dois professores. Após terminarem a narração, ambos se mostravam um pouco incrédulos. Horace parecia particularmente nervoso: sua testa mostrava-se muito úmida por suor. Com os olhos fixos em uma janela, ele começou a murmurar algo, aparentemente pensando alto.

– A diretora McGonagall nos disse que alguém sabotou as defesas do castelo para que James Potter e Megan Harvey fossem seqüestrados...

A ruiva sentiu um aperto no coração.

– Seqüestrados?! – Exclamou perplexa, juntamente a Al.

O professor enrugou o cenho, percebendo que tinha falado demais. Flitwick pegou a varinha de Morpheus que estava no chão e a guardou dentro das vestes, em seguida declarando algo com sua vozinha fininha.

– Muito bem... Já os ouvimos, então agora vamos ouvir a versão de Morpheus sobre isso tudo.

Apontando a própria varinha para o outro, libertou-o.

Finite incantatem.

Assim que recuperou os movimentos, Morpheus levantou-se ofegante e parecendo enfurecido. Virando-se para Lucy, fez menção de saltar em cima dela.

– Sua...! – Sussurrou, mas foi contido pelos outros dois, que apontaram as varinhas para sua cabeça.

Slughorn encarou-o com desgosto.

– Não é nada pessoal... Mas alguém aqui de dentro facilitou o trabalho dos seqüestradores, e agora você ataca alunos simplesmente porque estavam fora da cama à noite. Isso é suspeito, professor Morpheus.

– Sem falar que você é o professor mais novo de Hogwarts, não o conhecemos muito... – Acrescentou Flitwick.

O careca enrugou o cenho, mas conseguiu conter a raiva e esboçou um sorriso.

– Vão mesmo acreditar nessa historinha, caros colegas? Eu simplesmente dei-lhes uma detenção por andarem fora da cama tão tarde, e então eles decidiram me atacar! Estas marcas nos braços da senhorita Powell foram feitas por ela mesma, para...

Lucy interrompeu a mentira, adiantando-se um passo.

– Tem um jeito de provar a nossa versão.

Nervoso, Morpheus a encarou com as sobrancelhas erguidas.

– E que jeito seria esse? – Sussurrou com desprezo.

– Prior Incantato...

Os três adultos a encararam um pouco surpresos, afinal, aquela era uma magia de alto nível.

– Eu nunca experimentei usar esse feitiço, mas sei pra que serve... Acredito que para os senhores deve ser bastante simples executá-lo. – Apressou-se a dizer, olhando para os professores.

Flitwick sorriu orgulhoso.

– Cinco pontos para Grifinória. Prior Incantato, o feitiço que mostra a última conjuração feita por uma varinha... Muito bem, senhorita Powell.

Sacando a varinha de Morpheus, tocou-a com a ponta da sua própria.

Prior incantato.

Das pontas unidas das duas varinhas brotou uma sombra do último feitiço realizado pelo careca: cinzas flamejantes flutuavam ameaçadoramente.

Deletrius.

A sombra se dissolveu no ar, e todos encararam Morpheus com o cenho enrugado. Lucy sorria vitoriosa, e o homem sentiu uma vontade intensa de agarrá-la pelo pescoço.

– Parece que a versão deles é a verdadeira, professor Morpheus. – Declarou Slughorn, estreitando os olhos.

Morpheus estava pálido e começara a gaguejar.

– N-Não...! Eu não sei o que signi...!

Incarcerous!

Grossas cordas saíram da varinha de Flitwick e amarraram o homem, que tombou no chão com violência.

– Vejamos o que tem a dizer após tomar algumas doses de Veritaserum, certo, professor Slughorn?

O outro assentiu nervoso.

– Sim, claro... Vamos levá-lo ao meu escritório.

Olhou para o Mapa do Maroto, que estava bem preso à mão de Lucy.

– Pode procurar nesse mapa pela professora Minerva? Ela disse que tinha algo a fazer e não está no escritório...

A ruiva assentiu e sacou o objeto. Começou a correr os olhos pelo pergaminho, atenta, até que passados alguns segundos Rose cutucou seu ombro. Virou-se para a garota, e surpreendeu-se ao ver que ela estava boquiaberta.

– O que foi? – Murmurou surpresa, e todos encararam a pequena.

Ela nada disse. Simplesmente indicou com o dedo um pedaço do mapa, e todos correram os olhos para lá. À orla da Floresta Proibida, perto da cabana de Hagrid, estava um pontinho cuja legenda indicava ser Megan Harvey. Todos se encararam por um breve segundo, aturdidos, até que Filius se recuperou e começou a falar energicamente.

– Muito bem... Professor Horace, senhor Potter, senhorita Weasley, procurem pela professora McGonagall sem tirar os olhos do professor Morpheus.

Al e Rose imediatamente assentiram.

– Sim!

Slughorn fitou o homem amarrado, receoso, mas também concordou. Flitwick voltou-se então para Lucy.

– Senhorita Powell, vamos.

Sem pensar duas vezes ela pôs-se a correr, dando passos tão largos que o bruxinho miúdo teve imensa dificuldade para acompanhá-la. Com os olhos fixos no mapa, a dupla atravessou os corredores e desceu as escadas, alheios aos quadros que resmungavam por ter sido acordados no meio da madrugada.

Ao virar na esquina do corredor que conduzia ao saguão de entrada, Lucy tomou um susto que fez seu coração disparar no peito. Ali, com os olhos negros estreitados se destacando da pele macilenta, um velho corcunda a encarava. Tinha respiração asmática, expressão carrancuda, e era completamente calvo no topo da cabeça. Os cabelos grisalhos dos lados caíam sobre seus ombros, e trajava um casaco marrom que cheirava a mofo. Argus Filch sorriu vitorioso ao vê-la.

– Parece que temos alunos fora da cam...

– Ela está comigo, Argus. – Filius, arfando, alcançou a moça e parou pra recuperar o ar.

O zelador enrugou o cenho, decepcionado.

– Ah... O que fazem a essa hora, professor?

Lucy, impaciente, adiantou-se.

– Por favor, zelador Filch, abra as portas que conduzem aos terrenos da escola!

O velho encarou-a desconfiado. Impaciente, ela espiou o mapa mais uma vez. Megan Harvey continuava parada no mesmo lugar.

– É uma emergência...! – Exclamou, olhando novamente para Filch.

Argus encarou Flitwick, que assentiu. Arrastando os pés ao caminhar e resmungando coisas inaudíveis, o zelador foi até a grande porta do castelo e em alguns minutos ela abria-se para eles. Apressados, Lucy e Flitwick saíram para o exterior ignorando a brisa gelada que lhes recepcionara. O céu estava um pouco encoberto, e por isso a ruiva tropeçou na grama e por pouco não caiu.

– Cuidado... Lumos Maxima.

Os terrenos da escola iluminaram-se com a intensa luz branca que saiu da ponta da varinha do professor, e acompanhados por Filch eles avançaram em direção à cabana de Hagrid. Quando a avistaram ao longe, perceberam que as luzes estavam apagadas. Obviamente o meio-gigante estava dormindo, visto que estavam no meio da madrugada.

Receosa, Lucy parou de avançar e fixou os olhos na Floresta Proibida, cujas copas das árvores se agitavam pela brisa uivante. O farfalhar das folhas era semelhante a sussurros, e isso se somou ao medo que ela sentia por razões confusas. No fundo, temia o que a aguardava atrás da cabana de Hagrid. Por que Megan estaria parada lá? Nervosa, correu os olhos para o mapa mais uma vez. A outra continuava exatamente no mesmo ponto, sozinha. Flitwick e Filch a alcançaram, e eles lentamente começaram a caminhar até lá. Quando estavam perante a casinha do guarda-caça, o bruxo fez um chamado com sua vozinha fina.

– Senhorita Harvey?

Por longos segundos o sussurro das árvores foi a resposta. Lucy engoliu em seco antes de tentar chamá-la.

– Megan Harvey?

Novamente, tudo permaneceu em silêncio. A ruiva mordeu o lábio, nervosa, e mais uma vez olhou para o mapa. Megan continuava imóvel e só. Apreensivos, os três começaram a contornar a cabana, sentindo seus cabelos serem agitados pela brisa leve. Flitwick fez menção de ir a frente de todos, mas Lucy acelerou o passo. Sentindo suas pegadas marcarem a grama e com o torturante farfalhar das árvores penetrando sua mente, ela engoliu em seco e saltou para trás da casinha, com a varinha em punho. Precisou se segurar para não gritar.

Megan Harvey estava parada ali, pálida como um cadáver, e com uma expressão de pânico estampada no rosto. Suas vestes de bruxo estavam rasgadas em diversos pontos, e nas partes expostas da pele havia inúmeros arranhões. Seu belo e encaracolado cabelo castanho, outrora cuidadosamente penteado, agora estava cheio de nós e com folhas secas presas em diversos pontos. Os olhos cor de mel da moça, levemente desfocados, fixaram-se por um segundo em Lucy, e então ela saltou em cima da ruiva balbuciando palavras quase ininteligíveis.

– Lucy... LUCY...! James, lá...! O JAMES!

Flitwick adiantou-se em direção à moça, seguido por um Filch atônito. Pendurada no pescoço da outra, ela parecia estar tendo uma crise de pânico: seus olhos corriam para cada um dos presentes e aparentava estar aterrorizada.

– O James! Na floresta... Professor Morpheus!

Subitamente, ela se calou e ficou imóvel. Lucy ficou encarando sua face pálida, apreensiva, enquanto Filius ergueu as sobrancelhas. Filch adiantou-se, boquiaberto.

– O que significa isso, professor? É sobre o tal James Potter que sumiu?

Flitwick abriu a boca para responder, mas foi interrompido. Afastando-se de Lucy, Megan abriu um sorriso enorme e começou a falar em um tom animado.

– James Potter? Eu vou me encontrar com ele aqui, hoje! Mal posso esperar para beijá-lo!

Dessa vez a ruiva ficou boquiaberta. Será que a outra estava louca? Pigarreando, o professor se adiantou.

– Senhorita Powell, não tire os olhos do mapa. Talvez tenhamos mais inimigos por perto...

A moça assentiu, confusa, enquanto Megan continuava falando com aparente lucidez.

– Eu gosto muito dele! E não gosto daquela Lucy que anda grudada nele o tempo todo. Parece chiclete...

Sentindo o rosto esquentar, Lucy observou o mapa. Continuavam sozinhos. Flitwick analisou o semblante de Megan por longos segundos, até que olhou sombriamente para os outros dois.

– Maldição Imperius, não tenho dúvidas... Parece que logo antes do encontro, o professor Morpheus lançou-a na moça. Aliás, não é mais adequado chamá-lo de professor. É um traidor, e tão somente isso.

Subitamente, a ruiva percebeu algo.

– Se a Megan ainda está aqui... Então provavelmente James também está?

Flitwick assentiu.

– Com certeza. As defesas da escola não foram furadas, afinal, bem como a diretora McGonagall desconfiou. Acredito que o senhor Potter está neste momento vagando pela Floresta Proibida, possivelmente sob efeito da Imperius também.

Lucy alarmou-se.

– Então temos que encontrá-lo, a floresta é perigosa! – Exclamou, já fazendo menção de caminhar até a orla.

O professor segurou-a, balançando a cabeça negativamente.

– Não seja tão impulsiva, senhorita Powell... Temos um problema ainda maior aqui.

Ela encarou-o sem entender.

– Que problema?

– Harry Potter foi atraído para uma emboscada. Foi enviada a ele uma foto do filho amarrado, e uma mensagem exigindo a libertação de um prisioneiro capturado há algum tempo, caso contrário James Potter seria morto.

Lucy compreendeu.

– O James da foto não é o verdadeiro? Usaram Poção Polissuco?

Flitwick assentiu.

– Exato. Filch, vá chamar Hagrid.

– Certo.

Com passos apressados o zelador contornou a cabana, enquanto o bruxo continuou falando.

– Teremos que acordar todos os professores e nos dividir em dois grupos... Um procura por James na floresta, enquanto o outro vai em auxilio de Harry Potter na mansão dos Nogwell.

Lucy olhou para a Floresta Proibida, nervosa. Então James estava realmente naquele lugar? No fundo, desejou mais que tudo que ele estivesse bem, e encarou novamente o professor.

– Eu vou em que grupo, professor Flitwick?

Filius se sobressaltou.

– Como assim, em que grupo?! Você é só uma aluna do terceiro ano, senhorita Pow...!

– Eu sei!

Ele ergueu as sobrancelhas diante daquela exclamação. Ela hesitou.

– Eu... Eu sei que sou só uma aluna do terceiro ano, mas... Não quero ficar parada! Eu quero ajudar...!

Por longos segundos os dois se encararam, ouvindo o farfalhar das árvores e Megan murmurando palavras desconexas novamente. Por fim, o bruxinho miúdo suspirou e desviou o olhar.

– Sinto muito, senhorita Powell. Não posso deixar que uma aluna se arrisque assim.

ooo ooo ooo

Parados diante dos portões de ferro da escola estavam Filius Flitwick, Horace Slughorn e Neville Longbottom.

– Já avisaram Ginny e todos os outros? – Perguntou Neville, olhando para os colegas.

Filius assentiu.

– Enviei patronos para todos eles, já devem estar aparatando para a mansão a essa hora.

Slughorn suava frio, parecendo preferir estar em qualquer lugar menos ali.

– E onde está a Minerva? – Questionou angustiado.

Os outros dois deram de ombros.

– Ela disse que tinha algo a fazer há algumas horas e sumiu... Não sei o que é, mas quando ela aparecer será informada de tudo.

Os portões da escola se abriram e os três lentamente saíram da propriedade. Uma vez fora dos terrenos de Hogwarts, fecharam-nos e os bruxos se encararam.

– Prontos? – Perguntou Flitwick.

Ambos assentiram, e um intenso crack foi ouvido na escuridão. O baixinho teve a estranha sensação de ter sentido um peso em seu braço logo antes de aparatar, mas acreditou que era apenas impressão. Sentindo tudo girar e com um incômodo puxão no umbigo, os três subitamente se viram em uma ruazinha de um bairro nobre, perante o portão de uma grande mansão fracamente iluminada pelo luar.

Contudo, não estavam sozinhos. Boquiaberto, Filius compreendeu o que significava o peso que sentira no braço direito há poucos segundos: Caída ao seu lado, massageando a cabeça e com a capa de invisibilidade no colo, estava Lucy.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e deixem comments para alegrar o autor. =}
Att,
Diego N.L.



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