- Jeremy, quer dar uma volta comigo? - Jeremy estava sentado de qualquer jeito no sofá, assistindo um jogo de basquete.

Fiz o convite esperançosa de que ele pudesse aceitar o passeio.

O dia estava lindo lá fora e era a oportunidade perfeita para que eu e ele pudéssemos conversar abertamente e amigavelmente.

- Porque não chama seus amigos sobrenaturais? Aposto que eles são mais legais do que o seu irmão humano inútil que não sabe de nada. - E toda a minha esperança de passeio e conversa amigável se esvairam no mesmo instante.

Abaixei os ombros, cansada de tantas discussões.

Eu amava meu irmão mais novo. Mesmo que eu tenha agido de forma errada para com ele, eu ainda o amava.

- Porque você é meu irmão mais novo e eu sinto sua falta. - Ele olhou-me pelo canto do olho e pude perceber que a minha afirmação o pegou de surpresa.

Ele suspirou alto, de um jeito cansado, como se também afirmasse que estava sentindo a minha falta.

Aproveitei a deixa para me desculpar mais uma vez:

- Jeremy... eu sei que errei, de verdade, se eu estivesse no seu lugar, também me sentiria como está se sentindo agora. Eu tive meus motivos para não te contar e...

- Você não pretendia me contar nada, Elena. Estava tão ocupada com seus afazeres de imortal que esqueceu que seu irmão mais novo existia. Você sabia que eu parei de usar drogas? - Jeremy levantou-se do sofá, encarando-me com aquela famosa postura arredia, irredutível. Os ombros largos e o peito estufado mostravam que ele estava em guerra comigo e não iria ceder tão cedo.

Se é que ele cederia algum dia.

Mas a afirmação me pegou com tanta surpresa, que tudo o que ele me disse antes foi temporariamente esquecido, mas a voz dele ainda ficava ecoando na minha cabeça a pergunta que ele me fez, sobre ele ter parado de usar drogas.

Eu sempre quis que isso acontecesse, insisti tanto para que ele parasse com isso que quando ele parou, eu nem estava presente.

- Você... Isso é sério? - Perguntei, com a voz comedida, tentando ignorar o nó que se formava em minha garganta.

- Viu como você não é mais aquela irmã presente que costumava ser? - Ele deu um sorriso torto, enquanto cruzava os braços ao mesmo tempo, me olhando com um ar de ironia que eu nunca havia visto em meu irmão mais novo.

- Faz... quanto tempo? - Perguntei baixinho.

- Fazem 4 semanas que eu parei e quase voltei quando soube de tudo. - Jeremy não parecia abalado com suas confissões enquanto eu, estava estática, quase sem conseguir acreditar no que acontecia a minha volta.

- Jeremy eu... sinto muito. - Balancei a cabeça a fim de que isso afugentasse as lágrimas.

- Eu tenho certeza de que você não sente. - O último olhar lançado por Jeremy me fez tremer e eu não pude mais conter as lágrimas.

Ele saiu porta afora, deixando-me com aquela sensação horrível instalada no meu peito. 

Tudo doía dentro de mim, uma dor que não aliviava, só ficava mais forte.

E tudo era culpa do Klaus, só dele e era por isso que eu iria falar com ele hoje.Seja lá o que ele disse para o meu irmão, ele vai tratar de desmentir, nem que para isso eu tenha que ameaçá-lo.

Não sou mais a Elena fraca de antes, não mesmo.

Damon narrando:

Eu estava andando pela casa entediado quando vi um papel embaixo da porta da frente.

Peguei o papel onde tinha um comunicado, pedindo-me para ir a mansão do Klaus. Achei estranho o convite mas como eu estava curioso para saber o que era, resolvi que eu iria.

- Onde você vai, Damon? - Stefan perguntou, surgindo na sala rapidamente.

- Recebi um comunicado para ir a mansão dos Mikaelson. - Meu irmãozinho olhou desconfiado para o papel que eu tinha em mãos.

- Tome cuidado, Damon. Pode ser algum tipo de armadilha. - Stefan lançou-me um olhar cauteloso.

- Ou não. Pare de ser medroso irmãozinho. - Ele revirou os olhos.

- Eu vou indo, quanto mais cedo eu chegar lá, mais rápido eu volto. - Abri a porta saindo como um foguete, querendo saber o que é que os Mikaelson queriam falar comigo.

Elena narrando:

- Por favor Caroline, vamos! - Eu falava com Caroline no telefone, estava chamando-a para ir comigo a mansão do Klaus mas ela não queria ir de jeito nenhum.

- Porque você não chama a Bonnie? - Pude ouvi-la bufar do outro lado da linha.

- Porque ela saiu com a avó! Eu não quero ir sozinha...

- Mas eu não posso pisar lá! Vai ser humilhante para mim se Klaus me ver na casa dele.

- É por uma boa causa!

- Boa ou suicida?

- Caroline! Por favor, eu preciso que você vá comigo. 

- Chama o Damon!

- Não, ele nunca deixaria eu ir, diria que é perda de tempo.

- Sinceramente? Eu também acho!

- Tudo bem então eu vou sozinha.

- Não amiga espera eu vou com você.

-Sério?

- Não vou deixar você ir sozinha para aquela mansão cheia de monstros sem coração.

- Obrigada amiga!

- Daqui a 10 minutos estou chegando aí.

- Tudo bem, tchau.

Agora só me resta esperar.

Eu não saio da casa daquele híbrido sem antes falar com ele!

Damon narrando:

Cheguei na mansão e quem me recebeu foi o Kol. Ele tinha um sorriso malandro no rosto.

- Que bom que veio, Damon. Ela te aguarda na segunda sala a direita. - Franzi o cenho, sem entender direito o que ele quis dizer.

- Ela?

- Vá logo! - Ele respondeu impaciente e meio confuso, fui assim mesmo.

Entrei na sala e me deparei com a Rebekah, que usava um vestido provocante e tinha um sorriso malicioso em seus lábios.

- Olá Damon... - Ela caminhou em minha direção, olhando-me sedutora, mas eu não tinha nenhum interesse por ela.

- O que você quer, Rebekah? - Perguntei, arrogante mas ela nem se afetou.

- Você! É tão difícil entender isso? - Ela passou as mãos pelo meu peito mas eu segurei suas mãos rapidamente.

- Eu amo a Elena, é tão difícil pra você entender isso? - A empurrei e ela sorriu.

- Você não a ama! O que sente por ela é fraco e idiota.

- Como pode ter tanta certeza?

- Porque nos amamos antes.

- Assim como você também amou o meu irmão?

- Aquilo foi a muito tempo e você sabe disso! - Ela aumentou o tom de voz mas logo diminuiu. 

- Vamos relembrar os velhos tempos... - Ela aproximou-se de mim novamente mas eu me afastei.

- Quem vive de passado é museu Rebekah.

- Então nós somos um museu. - Ela se moveu rapidamente e não deu tempo para reagir. Quando eu vi, ela estava me beijando.

Ouvi a porta sendo aberta e a empurrei com força e a cena que eu vi me fez ficar desesperado:

Elena estava chorando, enquanto se escorava na porta recém aberta.

Elena narrando:

Assim que chegamos na mansão, nem havíamos visto Klaus mas Kol tinha dito que ele poderia estar na segunda sala a direita então fomos até lá com uma Caroline relutante.

- Eu podia esperar lá fora!

- Não podia não. - Ficamos de frente para a sala que Kol havia nos indicado mas a porta estava fechada.

Encostei a mão na maçaneta e Caroline me olhou receosa.

- E se estivermos interrompendo Klaus? - Caroline estava aflita.

- Que se dane, eu preciso falar com ele. - Abri a porta de uma vez só e fiquei horrorizada, totalmente despedaçada com o que eu vi:

Damon e Rebekah estavam se beijando e no segundo seguinte, ele a empurrou.

Ele olhou pra mim assustado e quando eu vi, já estava chorando.

O amor da minha vida tinha acabado de me trair e isso me doía demais.

Saí correndo sem dar chances de ele me explicar e Caroline veio atrás de mim.

Foi quando trombei com alguém, mais precisamente Klaus.

- Já se cansou do Damon Elena? Não precisava se jogar nos meus braços dessa forma. - Ele deu um sorriso malicioso e eu me afastei dele no mesmo instante ainda chorosa.

 Foi aí que ele petrificou em seu lugar, quando viu Caroline olhando-o de um jeito que me deu medo.

Mas ele se recuperou facilmente, olhando para nós com raiva.

- Posso saber que baderna é essa na minha casa?

- Eu também queria saber porque mandou a Rebekah me seduzir! - Disse Damon e eu o olhei irritada e decepcionada.

- Seduzir? Você se deixou ser seduzido! - Eu falei, aumentando o tom de voz

- Não deixei Elena! Vamos para casa e eu vou lhe explicar.

 - Eu não quero saber Damon! - Fiz que não com a cabeça, abalada demais para olhar em seus olhos.

- Eu vim aqui para falar com você, para desmentir tudo o que disse para o meu irmão. Ele me odeia e a culpa é sua!

- A culpa é minha? HAHAHA. Faça-me rir! Eu não vou desmentir nada, você sabe que tudo o que ele disse é verdade, Elena.

- Vamos embora daqui, Elena. Deixe esses idiotas pra lá. - Caroline puxou-me pela mão, vendo o estado lastimável em que eu me encontrava.

Minha vida estava se tornando um caos.

Primeiro o Jeremy me odeia e agora o Damon faz isso comigo? Logo ele, que eu tinha certeza que me amava de verdade.

Era tudo uma mentira, uma completa mentira!

Quando estávamos quase passando pela porta, William e os outros bruxos da noite do ritual aparecem, bloqueando a nossa passagem.

- Não tão rápido, garotas. - E eu quis sumir.

O dia de hoje estava se tornando cada vez pior!

Klaus narrando:

Assim que eu vi Caroline em minha frente, toda aquela minha rigidez e maldade queriam desaparecer.

Ela estava linda como sempre, mesmo que estivesse decepcionada com os últimos acontecimentos em sua vida.

Eu ainda não sabia ao certo o que eu sentia pela Caroline mas era algo tão forte, que eu sentia vontade de renunciar a tudo o que eu sou e um dia já fui, só para fazê-la feliz.

Só que eu não sabia se estava disposto a isso.

Mudanças demoram a acontecer, principalmente quando se trata de alguém como eu, que nunca vivi de emoções e sempre fui frio.

Ela sofreria no processo e se decepcionaria e isso me dava raiva.

Me dava raiva de me importar tanto com alguém.

Quando eu estava com Caroline, eu tinha vontade de ser quem eu era de verdade, meu verdadeiro eu não descoberto.

Mas eu não queria, não queria que isso acontecesse de forma alguma.

Não queria viver de emoções.

Então, eu logo me recompus, vendo a confusão em minha casa.

E Caroline ficou furiosa comigo mais uma vez, pelas coisas que eu disse a Elena.

Eu era um idiota e mais cedo ou mais tarde, Caroline entenderia isso.

Elena narrando:

Voltamos para a sala, onde todos ainda se encontravam e quando Klaus viu William acompanhado de seus amiguinhos, olhou raivoso para eles.

- O que vocês fazem em minha casa? - Ele perguntou, os olhos flamejantes de ódio.

- Viemos pegar os cordões, Klaus. - William disse na maior cara de pau.

- Vão sonhando! - Klaus revirou os olhos.

- Se você não nos entregar os cordões até o dia 05 do próximo mês, vocês todos e a cidade, sofrerão com as consequências. Ninguém, absolutamente ninguém, sairá ileso. - Disse um dos bruxos.

E eu pensei em Jeremy, em Jenna, em Alaric e em meus amigos.

Tínhamos que arranjar uma saída para isso.

Os cordões pertenciam aos imortais e não ao Klaus e muito menos ao William.

E eu tinha a impressão de que ainda nos meteríamos em muitas enrrascadas por causa desses cordões.

- Pensem bem! - Ele deu um sorriso vitorioso enquanto saía tranquilamente junto com os bruxos. Estávamos imóveis e estáticos.

- Que se dane a cidade! - Disse Klaus de forma fria.

- Ficou maluco? Não pode dar as costas a Mystic Falls dessa maneira! Eles conhecem todas as nossas fraquezas absolutamente todas, Klaus! - Caroline explodiu, enfrentando Klaus de uma maneira que ninguém havia conseguido.

- E o que eu vou fazer? Entregar os cordões a eles? - Ele perguntou, gesticulando com a mão.

- Entregue os cordões aos imortais! Esses cordões pertencem a eles! - Damon entrou na discussão e só de ouvir sua voz, lembrei-me do porque de meu coração estar doendo.

- Não vou entregar cordão nenhum para ninguém!

- Então aguente as consequências. - Elijah entrou na sala com os imortais ao seu encalço.

- Quando foi que isso se tornou uma reunião? - Klaus perguntou cético.

- Desde agora. E se quiser continuar vivo, é melhor começarmos a trabalharmos juntos. Eles são perigosos e se não tomarmos cuidado, todos nós saíremos perdendo nessa. - Disse Lexi, altiva, como se fosse a líder.

Eu amava o jeito dela não sei porque, mas eu queria ter um pouco da sua autoconfiança.

- Tudo bem então. Só para destruirmos esses loucos. - Klaus concordou relutante. Todos ficaram impressionados mas resolvemos não demonstrar para que ele não mudasse de idéia.

(...)

Caroline narrando:

Depois de Klaus ter concordado, cada um foi para a sua casa. Elijah disse que nos reuniríamos mais vezes.

Eu não via outra saída a não ser matá-los mas eu não queria que tivéssemos que chegar até esse ponto.

Eu estava triste pela Elena, mesmo acreditando que Damon falava a verdade, pois ele tinha me contado o que aconteceu depois que a mesma foi embora.

Eu só esperava que ela acreditasse também.

Eu tinha tanta raiva da Rebekah que estava esperando que ela me provocasse só para poder brigar com ela e colocá-la no seu devido lugar.

Algo estava mudado dentro de mim e eu sabia que era tudo culpa do Klaus. 

Hoje, quando o vi, mesmo que eu esteja com raiva dele, eu não posso mais negar algo que nem meu coração consegue mais negar.

Eu estou apaixonada pelo Klaus e isso é inegável.

Agora como eu consegui me apaixonar por alguém como ele, é fácil de responder:

Eu me apaixonei pelo Klaus que conversou comigo sobre cavalos, eu me apaixonei pelo Klaus que me ensinou a cavalgar e me deu sorrisos sinceros, eu me apaixonei pelo Klaus que dançou comigo naquele dia fatídico, eu me apaixonei pelo Klaus sedutor e irritante.

Mas o problema, era todo o sofrimento que eu passaria amando-o e esse era um dos motivos para eu querer distância dele.

Afinal, nunca daríamos certo, nunca. 

Elena narrando:

Sentada em minha cama, a cena da Rebekah com o Damon não saía da minha cabeça de jeito nenhum.

Eu custava a acreditar que o meu Damon, aquele que me amava tanto, teve coragem de fazer isso comigo.

Olhando para o anel que ele me deu quando me pediu em namoro, as lágrimas rolavam como numa melodia ensaiada.

Ouvi um barulho em minha janela e vi Damon parado em minha frente.

- Temos que conversar. - Seu semblante mostrava dor.

- Não, não temos não. - Falei duramente.

- Eu recebi isso hoje de manhã. - Ele estendeu um papel e relutante, o abri. Era um comunicado para que ele comparecesse a mansão.

- Quando eu cheguei lá, pensei que fosse o Klaus querendo falar algo mas depois vi a Rebekah. Eu dei um fora nela mas ela me beijou bem na hora em que você abriu a porta. Você não vê que foi tudo uma armação Elena? - Tudo o que ele dizia fazia sentido, mas eu tinha medo de acreditar, tinha medo dele estar mentindo.

- E porque você ficou lá então? Porque não foi embora? Porque deixou que ela o beijasse? - Ele sentou em minha cama e olhou no fundo de meus olhos.

- Eu não tive como reagir! Eu sei que agi de forma errada ficando lá, mas ela me pegou desprevinido. Você tem que acreditar em mim Elena! - Ele respondeu.

- Eu realmente não sei em que acreditar, Damon. Estou chateada com tudo o que tem acontecido. Principalmente com o Jeremy. Preciso de um tempo para pensar nessa história, você se importa? - Ele deu um mínimo sorriso para mim, enquanto assentia levemente.

- Não, Elena não me importo. Saiba que eu vou esperar o tempo que for por você e pela sua decisão. Não tenha pressa, eu sempre estarei aqui. Eu amo você, Elena. - Eu sorri com a forma com que ele lidava com isso e me senti tranquila por ele ter concordado com a minha decisão.

Ficar longe dele iria doer muito, mas eu precisava pensar, precisava de um tempo para mim.

Damon beijou a minha testa demoradamente e eu fechei os olhos sentindo a explosão de sentimentos dentro de mim.

Ele se afastou e saiu pela janela e eu fiquei lá, com a sensação de vazio dentro de mim e me pus a chorar novamente.

Eu não conseguia mais viver sem o Damon e eu sabia que o perdoaria mesmo que ele estivesse dizendo a verdade.

Mas agora, eu precisava de um tempo meu, só meu.