– Estou ouvindo – eu disse arrogante

– Quero falar com você, em particular – disse ele com voz de choro

– Tudo bem. Vamos para o jardim – falei apontando para o jardim

Sai da porta e andei ao lado dele, olhando fixamente para ele, para observar todos os detalhes do perfeito rosto que estava em minha frente. Eu o olhei friamente, e ele retribuiu o olhar. Um olhar de vazio, medo e molhado sobre lágrimas salgadas que escapara de seus olhos. Ele estava com uma blusa preta que eu amava quando ele usava, mas que estava molhada, com o nariz vermelho e com os olhos cansados de chorar. Se eu não o conhecesse, e estivesse passando na rua, acharia que ele estava em estado depressivo. Não sabia o motivo de estar chorando tanto, talvez ele quisesse dizer que estava arrependido de ser arrogante comigo, e disse-se que me amava. Ou talvez... talvez ele tenha ouvido a conversa que tivera com minha mãe. Era exatamente isso. Ele havia escutado a conversa que eu tive com minha mãe minutos antes. Comecei a ficar vermelha de raiva, e ele percebeu.

– Ouvir conversas de outras pessoas através da porta é errado – falei nervosa

– Esconder os seus sentimentos para a pessoa que te ama, me parece errado. Mas não te impediu de fazê-lo – disse ele derramando uma lágrima

Uma onda de sensações subiu sobre mim, e senti as lágrimas querendo escorrer. Tentei segurar as lágrimas, mas não consegui. Comecei a chorar sem consolo e sem cessar.

– Você ouviu a conversa toda, não é? – perguntei inconsolada

– Ouvi – disse ele olhando para baixo

– Está sabendo de tudo, de toda minha confusão? – perguntei

– Sim. Eu sei de tudo. – respondeu ele – Eu sei que você me ama e que não consegue dizer não para Leonardo. Mas se o seu amor fosse intenso conseguiria dizer não para ele.

– O que você está dizendo? Que eu não te amo intensamente? Como você pode dizer isto? Está duvidando do meu amor? Eu te amo te amo como nunca amei ninguém. – disse inconformada

– Mary, me entenda. Não estou dizendo que você não me ame verdadeiramente. Talvez você ame o Leonardo.

– Eu não amo ele – resmunguei

– Talvez ame – disse ele

– Porque você está fazendo isso? – perguntei

– Fazendo exatamente o quê? – perguntou ele

– Você duvida do meu amor por você. Diz que eu amo Leonardo. Você não sabe nem uma parcela do que sofro sem você. Mas você não deve sofrer comigo. Você está sendo cruel. Cruel e frio – eu disse – Eu odeio essa parte em você.

Sebastian se virou e ficou de costas para mim. Ele se segurou com se pudesse cair. E começou a sussurrar para mim.

– Mary, eu não duvido do seu amor. E eu sei que você chora todas as noites por minha causa. E que você me ama.

– Então por que está fazendo essas perguntas e acusações ?

– Por que eu tinha medo de estar amando você . Eu estava procurando uma maneira de te odiar . Mesmo quando você beijou Leonardo , eu sabia que seu coração pertencia a mim. Como eu sempre pertenci a você . Eu não sei se você me ama com tanta intensidade como eu te amo. Mas eu queria falar isso para você . Que eu te amo.

– Sebastian, meu coração pertenceu sempre a você . E eu te amo como nunca amei ninguém. Eu te amo Sebastian – disse abraçando ele fortemente

– Eu te amo Mary – sussurou ele em meu ouvido

Ao contrário de Leonardo, Sebastian era carinhoso e eu o amava . Amava o fortemente. O meu amor . Ele retribuiu o meu abraço e tocou seus lábios nos meus . Eu não estava sendo forçada á nada. Ao contrário, era como se tivéssemos a sintonia perfeita. Nossos lábios se moviam juntos, e os lábios dele eram delicados e gentis , ao contrário dos de Leonardo.

Enquanto eu estava em um momento perfeito. Na escuridão da noite o amor reinava. Mas este momento não foi tão duradouro. Ouvi a voz de Leonardo. E abri os olhos para vê-lo.

– Leonardo ? – perguntei assustada

– Mary , eu não acredito ! – disse ele vendo eu e Sebastian juntos

– Leonardo , espere – disse correndo atrás dele

– Eu te odeio Sebastian , e Mary ... eu não acredito no que vi – disse ele correndo para seu carro

– Me desculpe – sussurrei parando e olhando para ele