Por que será que quando tudo está indo bem algo ruim precisa acontecer?

''Esse destino gostava mesmo de brincar comigo ou eu era a desviada da história.''

Aquela voz não era nada estranha, eu sei disso porque a conheço tanto que a reconheceria a quilômetros de distância, convivi minha vida toda escutando o choro e a voz irritante daquele loiro oxigenado.

Só não entendia porque ele estava sempre atrás de mim, essa história de vigia já estava me enchendo.

Olhei para trás e pude ver a fuinha me encarando com olhar típico de um Malfoy, parecia querer fuzilar o James por estar perto de mim. Suspirei tentando me acalmar, me aproximei do Scorpius com cautela, ele estava furioso sem motivo nenhum.

– É melhor você ir embora James. Depois conversamos.

O James era calmo quando eu estava com ele, mas quando se tratava do Scorpius ele virava um animal. O Scorpius se parecia bastante com o James nesses pontos, se eu pensar bem, os dois eram exatamente iguais no sentido de humor.

Me aproximei do James, o abracei enquanto fechava os olhos, o vento frio batia na minha pele, começamos um beijo calmo, acariciava a nuca do meu namorado e ele percorria a mão pelas minhas costas, nossas linguas dançavam o mesmo ritmo, escutei alguém pigarrear atrás de mim, parei o beijo com um selinho, me virei olhando o Scorpius furiosamente, dei um beijo na bochecha do meu James e me despedi dele.

Senti o Scorpius me cutucar com um dedo em meu ombro, olhei para ele, ele precisava me despertar dos meus pensamentos? Aff.

Estava frio, minha coluna começava a doer por causa do tempo, eu sempre esqueço meu casaco em casa, o Scorpius é quase um irmão mais velho para mim, esse anjo de pessoa me deu o agasalho dele. O Scorpius estava colocando o casaco dele em mim, olhava para ele tentando imaginar por que estava sendo tão bom para mim.

– Então, Saritah, queria saber uma coisa...

Escutei ele começar a falar, estava demorando para ele começar a me encher de perguntas.

– Saber o que Scorpius?

Nossos olhos se encontraram sem querer, desviei rapidamente meu olhar do dele e tentei manter minha conduta, tinha que ficar calma.

– O que você viu no James?

Ele parou na minha frente, novamente nossos olhos se encontraram, o fuinha gostava mesmo de me atentar. Não podia dar bandeira agora, não que eu tenha algum motivo para isso, eu gosto do James... E mesmo se fosse para namorar alguém não poderia ser com um primo. Seria estranho demais e ninguém aceitaria, seria mais um confronto com a minha família.

– Ah, ele é bonito, simpático, carinhoso, sedutor...

Talvez eu estivesse falando alguma qualidade que o James não tem, já que ele não é nada sedutor, mas era necessário para calar a boca do meu priminho que gostava de me interrogar.

– Certo. E você nunca se interessou por um carinha loiro, de olhos acinzentados...

Nessa hora eu fui obrigada a interrompe-lo. ''Ele está se insinuando? Que fuinha!''

– Olha só, Scorpius, se você está falando de você eu preciso te lembrar que nós somos primos, então nunca vai dar certo entendeu?

Ele pareceu magoado com o que eu disse, eu sei que fui dura demais com ele, mas ele tinha que entender.

– Ok, Sarah. Eu só quis dar um exemplo que seria muito melhor namorar comigo do que namorar o James. Precisa escolher melhor a pessoa que você quer para sempre na sua vida.

Cara! Será que ele é burro ou o que? Eu não vou deixar o James! Podem me proibir de vê-lo, podem me deixar de castigo, podem me colocar em Azkaban, pode o Merlim me lançar um Avada Kedavra, desde que eu possa estar com quem eu amo para mim já está ótimo!

– Scorpius, é melhor a gente se afastar por um tempo.

Ele me olhou com cara de cachorro sem dono, senti sua mão me segurar pelo braço, aquele movimento fez meu coração acelerar, a brisa batia e me arrepiava, sua pele na minha, ele aproximou seu rosto para bem perto do meu, agora já sentia sua respiração, logo nossos lábios se encontraram nos envolvendo em um beijo intenso e calmo, era diferente do beijo do James, muito diferente, parecia que nossa alma havia se tornado uma só.

Aquele beijo com o Scorpius eu nunca irei esquecer, nunca senti nada desse tipo, é como se várias borboletas saíssem de dentro do meu peito e voassem para o coração dele. É algo inexplicável.

Uma vez numa escola trouxa, estudava filosofia e meu professor me disse que enquanto se sente o amor ele não é abstrato pois ele passa a ser concreto a partir do momento em que você ama alguém. O amor só é um sentimento abstrato quando você começa a pensar no conceito dele. Você não pode dar uma definição concreta ao amor. É uma abstração quando você separa mentalmente o conceito. Agora eu sei o que ele queria me dizer com isso.

O Scorpius continuava me beijando, eu acariciava seu cabelo loiro com uma mão e com a outra acariciava seu peito. Ele descia a mão pelas minhas costas até a minha cintura e subia bem devagar, aquilo já estava me deixando arrepiada.

Alguém apareceu ali e a situação ficou constrangedora. Uma voz grave e rouca masculina. Só podia ser...

– SARAH LESTRANGE SNAPE!

Meu pai!

Agora sim eu podia dar adeus a minha ida para Hogsmead e muitos outros lugares que pretendia ir nas horas vagas quando eu estivesse em Hogwarts.

Me separei do Scorpius rapidamente, ele envolveu minha cintura com um braço, me abraçando, aproximou seus lábios quentes perto da minha orelha e sussurrou.

– Deixa que eu explico, minha linda.

Apenas assenti com a cabeça, o meu pai nunca escutaria a mim, era melhor deixar que o Scorpius o fizesse. Vi o loiro fazer um sinal para o meu pai, fomos para minha casa, lá o meu pai me mandou subir para o meu quarto.

– Suba imediatamente!

Olhava para ele, é claro que eu não queria ir, não dava para deixar os dois sozinhos ali.

– Eu não vou!

Cruzei os braços e continuei parada onde estava, meu pai não gostou nada, me puxou pelo braço direito com força estava doendo muito, senti a lágrimas caírem e percorrer pelo meu rosto, sequei-as com a minha mão livre.

– Vai agora!

Ele falou entre dentes serrados, me soltei do Snape e corri até o Scorpius, ele me abraçou e me deu um beijo. Me sentia segura perto dele, sentia que podia enfrentar o mundo todo.

– Vai minha linda, não se preocupe comigo. Só quero que você esteja bem.

Suspirei, não era necessário que ele pedisse de novo, embora eu quisesse estar na sala para poder me defender, sabia que não poderia, assenti com a cabeça, passei pelo meu pai o fuzilando com os olhos e subi para o meu quarto.

Escutava os dois brigando, falavam sobre o meu relacionamento com o James, meu pai disse que preferia mil vezes me ver com o James do que com o Scorpius, agora eu não tinha saída, estava apaixonada pelos dois, ao mesmo tempo.

Escutei algumas batidas na porta do meu quarto, abri a porta para ver quem era, dei de cara com o James ali. Fiquei surpresa, como foi que ele entrou ali?

– James?

Ele me deu um sorriso de canto, me pegou pela cintura, pressionou meu corpo contra a parede do meu quarto, ele estava excitado, me beijava loucamente, empurrei ele devagar, ele estranhou.

– Qual é Sarah? Por que fez isso? Não me ama mais?

Eu não acreditava que ele estava duvidando do que eu sinto por ele, mas estava confusa em relação aos meus sentimentos.

– É claro que te amo, mas vamos com calma. Para começar, quem permitiu a sua entrada?

Ele voltou a sorrir, esse sorriso do James já estava me incomodando, ele me olhava de uma maneira diferente.

– Seu pai, e ele me pediu para que eu te chamasse, ele quer falar com você.

Franzi a testa, confusa. Acho que eu bati a cabeça em algum lugar, primeiro o meu pai chamou o James para entrar ali e agora queria falar comigo? O que estava acontecendo nessa casa?

Desci as escadas, o James desceu logo atrás de mim, quando cheguei a sala, sentia alguns olhos me encarando. ''Que ótimo! Virei o centro das atenções!''

– Mandou me chamar?

Meu pai me segurou pela mão e me puxou para que eu me sentasse ao seu lado.

– Filha, eu preciso que você me diga com quem você quer namorar.

Arregalei os olhos. ''Como assim? Ele vai permitir que eu namore o James?''

– Sarah, você sabe quem deve escolher, não escolha o mau caráter do James.

Olhei para o Scorpius, ele parecia confiante, mas não podia desapontar o James, eu tinha prometido para ele que a gente namoraria escondido se o meu pai não nos desse outra escolha.

– Eu já decidi. - Abaixei minha cabeça, não sabia se estava fazendo o certo, mas não podia namorar com um primo. - James eu te quero. - Olhei para ele que me deu um sorriso malicioso, tentei dar um sorriso, meu pai esperava que eu não escolhesse nenhum dos dois, mas claro que se fosse da escolha dele, preferia o James do que o Scorpius, não conseguia olhar para o Scorpius, escutei a porta da sala bater com força o que me fez estremecer.

– Agora, a minha filha irá dormir pois terá que acordar cedo amanhã para pegar o trem, ta na hora das despedidas.

O James se aproximou de mim e me beijou, retribui o beijo dele e me afastei.

– Boa noite.

Subi para o meu quarto e me deitei na cama, só queria dormir e esquecer que eu fiz a burrada de escolher o James.