Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 23
XXIII - Torta de morango




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Passaram a tarde esperando a volta de Layane e Renan, mas Martha acabou chegando antes. Lorrayne a recebeu e estranhou:

_ A senhora chegou mais cedo hoje...

_ É... Acontece que me senti mal pelo que fiz à Layane. Não que eu vá pedir desculpas, mas não quero dar motivos para que ela pense que só penso em trabalho. Você acha que só penso em trabalho?

_ Não, mãe! A senhora sempre esteve bastante presente. Pelo menos pra mim.

_ Obrigada, meu amor! E, onde ela está?

_ A Layane?

_ É. Onde?

Lorrayne se viu perdida. O que fazer?

_ Bom... Ela saiu com o Renan. Acho que foi esfriar a cabeça, ela estava muito nervosa.

_ Eu a tinha mandado ir para o quarto.

_ Ela foi! Mas depois saiu.

_ Tudo bem. Ela também tem o direito de aliviar o estresse, né?

_ É... O estresse...

Martha subiu para tomar um banho relaxante, e Lorrayne seguiu o exemplo. Enquanto se trocava, ouviu Layane e Renan no corredor. Abriu a porta rapidamente e perguntou:

_ Mas onde vocês se meteram?

_ Isso não é assunto seu. Não seja indiscreta. – disse Layane.

_ Pois fique sabendo que a mãe já chegou e quis saber onde você estava!

_ E com certeza você já nos dedurou! – acusou Renan.

_ Não sou como vocês. E também, ela está disposta a desculpar vocês. – disse Lorrayne fechando a porta.

Permaneceu trancada em seu quarto até ser chamada para o jantar. Ao terminar o refeição, Layane se desculpou:

_ Mãe, a senhora me desculpa? Eu fiquei nervosa, com ciúmes... A senhora sabe, né?

_ Claro, meu amor!

_ E você Lorrayne? Me desculpa? Eu prometo que vou fazer o máximo para não ser agressiva novamente por causa de um ciúme bobo. Você me desculpa?

Lorrayne conhecia muito bem aquele jogo, e entrou na onda de Layane:

_ Claro, Layane. Sei que você perdeu o controle. É normal.

_ Que ótimo! Ah! Mãe, enquanto eu dava uma volta, comprei uma coisa bem gostosa para comermos!

_ Sério? E o que a minha bonequinha comprou?

_ Renan, pega lá! Mãe, como eu sei que você gosta de torta, comprei mini-tortas de morango pra todo mundo!

Nesse momento Renan voltava com um embrulho de padaria nas mãos. Colocou em frente a Layane. A garota abriu o pacote e pediu a Renan que iniciasse a distribuição. E o garoto atendeu:

_ Tia... Layane... Eduardo... Lorrayne... E o meu! – e pegando seu doce, voltou a sentar-se.

_ É uma bela sobremesa, não? – perguntou Layane.

_ Claro, filha! – Martha mordeu o doce – E está uma delícia! Comam!

Lorrayne olhou desconfiada para seu doce, assim como Eduardo. Desculpou-se:

_ Ah... Parece realmente muito bom, mas... Eu estou tão cheia! Vou deixar para comer mais tarde...

Fazendo-se de magoada, Layane concordou:

_ Tudo bem... Eu só queria encontrar uma forma de mostrar meu afeto... Mas não tem problema! Você come mais tarde.

Comovida, Martha pediu:

_ Lorrayne, só experimenta! Só pra mostrar que você não guarda nenhum tipo de rancor... Está tão gostosa!

_ Mas mãe... Não guardo nenhum tipo de rancor...

_ Então prova! – sugeriu Renan. – Você também Eduardo! Não está envenenado, tá!

Eduardo provou o doce. Lorrayne aflita, ainda o observava. Relutante mordeu um pedaço. Forçou um sorriso e disse:

_ Está realmente gostoso... – Lorrayne deixou o doce no prato e disse – Bom, estou satisfeita. E cansada. Vou para o meu quarto.

E correu para seu quarto. Sentou-se na cama. Ficou esperando fazer efeito. Mas nada acontecia. Sentia-se perfeita.

Vendo a porta do quarto de Lorrayne aberta, Eduardo entrou. Lorrayne estava sentada em sua cama, com as mãos sobre os joelhos, e com o olhar fixo na parede. Perguntou:

_ Lorrayne? Está passando mal?

_ Não. – respondeu sem se mover.

_ Então qual o problema?

_ Estou esperando fazer efeito.

_ Hã?

_ Efeito. Tenho que ficar atenta, qualquer coisa fora do normal e eu tenho que avisar a mãe.

Eduardo suspirou. Concluiu:

_ Layane não fez nada com os doces.

Lorrayne virou-se abruptamente perguntando:

_ Como você sabe?

_ Você sentiu algum gosto diferente?

_ Não...

_ O doce estava furado, cortado ou mexido?

_ Parecia que não...

_ E você está sentindo alguma coisa?

_ Ainda não...

_ Se estivesse envenenado, já teria feito efeito. Ela só queria ficar bem na fita para a tia Martha.

_ Você acha?

_ Não. Tenho certeza. Agora esquece isso.

Eduardo deixou o quarto de Lorrayne. E garota fechou a porta, e ouviu uma discussão entre Layane e Renan. Ficou feliz, talvez assim aquela sociedade macabra acabasse. Resolveu deitar-se.

Acordou assustada com Layane sentada ao seu lado. Pulou da cama e perguntou:

_ O que você fez?

_ Nada. Só vim te acordar...

_ O que você fez comigo enquanto eu dormia?

_ Nada! Só vim te acordar, você estava se atrasando e mamãe pediu para eu te chamar.

Lorrayne olhou para o relógio. Correu para o banheiro a se arrumar. Ainda vestia a camiseta da escola, enquanto perguntava:

_ E o doce de ontem? Heim?

_ Ah... Quer dizer que você não acredita em mim?

_ Sem essa Layane! – exclamou Lorrayne enquanto amarrava o tênis.

_ Você por acaso passou mal ontem?

_ Você envenenou ou não o doce?

_ Então... Ninguém passou mal ontem, porque esse remedinho leva um tempinho para fazer efeito. Acontece que é daqueles difíceis de detectar, sabe?

_ Então logo, logo vou cair morta, é isso?

_ Não sei se a dose que usei chega a matar...

_ Vou falar agora com a mãe!

_ E vai dizer o que?

_ Que estou passando mal.

_ E por que estaria passando mal?

_ Não sei. Quando o médico me examinar, vou falar a verdade para ele, e ele vai descobrir que você me envenenou.

_ Mas eu não te envenenei. Você ouviu uma discussão minha com o Renan ontem?

_ Isso não é assunto meu.

_ É que ele é um idiota... Mas toda equipe vencedora, sempre tem um idiota no meio, né?

Lorrayne continuou encarando Layane. A garota levantou-se e se dirigiu a porta. Suspirou:

_ O idiota do Renan trocou seu doce com o do Dudu... Mas pra mim não faz diferença.

_ Você é nojenta!

Lorrayne empurrou a irmã e correu para o quarto do primo. Antes de entrar, ouviu Layane:

_ Cuidado com o que você diz pra mãe, ela tomou o remédio hoje!

Sem dar atenção, Lorrayne entrou no quarto. Eduardo ainda estava na cama. Lorrayne aproximou-se e o sacudiu:

_ Eduardo! Acorda! Acorda!!! Eu falei! Eu disse! Por favor! Acorda!

Com esforço, o garoto abriu os olhos e disse:

_ Como eu ia saber o que ela usaria...?

_ Tudo bem, vou falar com a mãe! Fica acordado! Não dorme! MÃE! MANHÊ!

Lorrayne saiu no corredor e deu de cara com Martha que subira preocupada. A mulher perguntou:

_ Mas o que está acontecendo? Você está atrasada!

_ Mãe! O Eduardo! Está muito mal!

_ Lorrayne, vá já para o carro!

_ Não mãe! O Eduardo está doente! Envenenado!

_ O quê?!

_ Envenenado! Layane o envenenou! Era pra ser eu, mas o Renan trocou os doces!

_ Chega Lorrayne! Vá para o carro!

_ Mãe! Ele pode morrer!

_ O que esse moleque está aprontando dessa vez?

Martha seguiu Lorrayne até Eduardo. A mulher colocou a mão na testa do sobrinho. Disse:

_ Ele está com um pouco de febre.

_ Mãe! Ele está envenenado! Layane o envenenou!

_ Chega Lorrayne! Pare imediatamente com isso! Que brincadeira de mal gosto!

_ Mas mãe, é verdade!

_ Cala a boca agora!

Martha pegou o telefone e disse para Lorrayne:

_ Você e os outros podem ir para a escola a pé, podem entrar na segunda aula. Vou chamar o doutor Samuel.

_ Não, mãe. Vou ficar e explicar tudo para o doutor!

_ Lorrayne, não vou permitir que você diga esse monte de loucuras para o doutor! Suma já daqui!

_ Mãe...

_ Agora!

Martha levou Lorrayne até Layane e Renan e mandou:

_ Vão os três, agora! Senão vão perder a segunda aula também! Vão!

Lorrayne resistiu um pouco, mas Layane e Renan a carregaram.

Chegando a escola, a professora Camila que dava as duas primeiras aulas de Lorrayne permitiu sua entrada sem problemas.

Marco percebendo a lividez no rosto de Lorrayne, passou o seguinte bilhete:

Oq aconteceu? Pq vc está tão pálida?

Lorrayne leu o bilhete, e quando teve oportunidade, respondeu no verso do papel:

Layane passou dos limites. Depois eu conto.

Marco entendeu e voltaram a participar da aula. Na aula seguinte, de biologia, o professor também se aproximou da carteira de Lorrayne e perguntou se estava tudo bem com a garota. Depois de dizer que sim, teve uma idéia: talvez o professor de biologia pudesse lhe arranjar um antídoto.

Quando soou o sinal e a turma se retirou, Lorrayne, acompanhada de Marco e Yshara foram até o professor. Logo Marco teve que se retirar, para falar com Caroline. O professor Marcos perguntou:

_ Algum problema Lorrayne?

_ Muitos, professor.

_ Posso ajudá-la?

_ Pode. Acontece que eu e a Yshara estamos participando de um projeto de biologia na... No bairro da Yshara...

Yshara arregalou os olhos para Lorrayne. O professor se alegrou:

_ Fico feliz que estejam participando do projeto. E o que querem de mim?

_ Então professor... A gente ficou com uma parte problema... Venenos...

_ Venenos? Vocês duas têm que falar sobre venenos?

_ Pois é professor! O senhor saberia nos passar um antídoto... Digamos... Geral? Nosso primeiro passo no caso de envenenamento?

_ Hum... É difícil dizer. Os tóxicos agem de formas diferentes no organismo... Muitas pessoas acham que a indução ao vômito é eficaz, o que é uma besteira, pois no caso de substâncias ácidas, ou vítimas inconscientes...

_ Então o que o senhor indicaria? – Lorrayne cortou em tom urgente.

O professor a encarou curioso. Yshara interveio:

_ Ela é mesmo dedicada... – E riu nervosamente.

O professor continuou:

_ Eu indicaria carvão ativado. Absorve tudo no organismo.

_ E o senhor teria uma amostra?

_ Bom... Para isso preciso pegar no laboratório, e precisaria da permissão dos professores de química.

_ Incluindo a Carmem?! – assustou-se Yshara.

_ Incluindo a Carmem. – respondeu o professor.

Lorrayne pensou um pouco e pediu:

_ Por favor, professor, o senhor podia falar pra ela que é para o senhor...

_ Mas...

_ Professor, é um caso de vida ou morte, literalmente! – implorou Lorrayne.

_ Mas você disse que é para um projeto...

_ E é! Mas acontece que é para ser entregue amanhã, e se eu não entrego, minha mãe me mata...

O professor suspirou e disse:

_ Tudo bem. Se possível o entrego ainda hoje.

_ Muito obrigada, professor! Prometo que farei tudo que o senhor quiser!

_ Agora vamos, que eu tenho muito que fazer!

Rapidamente, Lorrayne deixou a sala do professor com Yshara. Enquanto caminhavam, Yshara perguntava:

_ Lorrayne, mas o que está acontecendo? Que história é essa de venenos e antídotos?

_ Acredite se quiser, mas Layane tentou me envenenar!

_ E o que aconteceu?

_ Meu primo Eduardo acabou levando no meu lugar! Ele está muito mal, e minha mãe chamou o médico, mas ele não vai encontrar nada de errado!

_ E por que você não conta? Eles podem examiná-lo mais precisamente!

_ Eu falei para a minha mãe, e ela quase me bateu! Por isso, a vida do Eduardo está nas mãos do professor Marcos!

_ Puxa, Lorrayne...

_ Yshara, preciso urgentemente falar com a minha mãe.

_ Mas você já disse que ela não acredita em você...

_ Não estou falando da Martha. Estou falando da Catharina.

_ O que você vai fazer?

_ Vou pedir para Martha me levar até ela. Resta saber se ela vai levar.

_ Vou torcer por você.

Continua


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