Laços Fraternos: Megera escrita por MyKanon


Capítulo 11
XI - Mudança de hábito




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Uma garota sardenta e com cabelos vermelhos correu em sua direção. Era Fabiana. Uma garota que sempre sonhou entrar para o grupo de amigos de Lorrayne, mas que nunca deixaram, por ser muito fofoqueira. Aquela era sua única chance de saber de todos na classe sem ter que se reaproximar deles novamente. Sentia-se muito envergonhada e rancorosa com sua situação para confraternizar com seus amigos novamente. Perguntou:

_ O que aconteceu? Por que está aqui sozinha? Cadê o resto do pessoal?

_ Estão todos no clube. Comemorando.

_ Comemorando? O quê?

_ É aniversário da Maria.

_ E por que você não está lá?

_ Não pode entrar sem convite.

_ Como está a Maria? Voltou a falar com a Eliana?

_ Voltou. Mas a Eliane se mudou para outro estado.

_ E a Adriane? Já ficou com o Edinho?

_ Ficou. Mas já está namorando outro.

_ Ah, é? Quem?

_ ... O Júnior...

_ O meu namorado?

_ Ex-namorado.

_ Ela está me saindo uma bela amiga... Da onça! E a Amanda, como fica nessa história?

_ Está com o Edinho...

_ Que horror! Sorte minha ter saído dessa escola!

_ Mas me conta, por que você saiu? Onde você está estudando?

Lorrayne levantou-se e montou na bicicleta. Disse:

_ Fabi, só queria saber como o pessoal estava, agora não se meta na minha vida.

A garota que continuou sentada no banco exclamou algumas pragas e foi embora. Lorrayne continuou a andar pelo bairro, e só voltou para casa no fim da tarde. Logo o dia terminou.

No domingo, Catharina desmarcou o horário com a psicanalista, alegando ter solucionado o problema. Ainda perguntou a Lorrayne se gostaria de ajudá-la com um bolo, já sabendo a resposta que receberia. Passaram o resto do domingo sem se falarem, quando, a noite, Catharina sentou-se ao lado de Lorrayne e começou:

_ Lorrayne, querida, sei que está muito abalada... Mas de que adianta continuarmos nesse clima? Você tem raiva de mim por eu ter te criado como uma filha e te dado todo apoio e carinho?

_ Por favor, não começa com essa chantagem emocional barata...

_ Não, Lorrayne, não é nenhuma chantagem! Você sempre foi a melhor filha que uma pessoa poderia ter, até descobrir a verdade... Por que deveria mudar? Mesmo sem saber que eu não era sua mãe verdadeira, eu a tratava como uma, e agora que você sabe, deveria continuar como antes...

_ Para você é simples, não, Catharina? Eu passei os quinze anos da minha vida sem saber quem eu realmente era, ou a que família pertencia, agora que eu descubro tão abruptamente, você esperava que eu aceitasse com um sorriso nos lábios?

_ Está me dizendo que isso vai passar? Está me dizendo que não terei que passar os próximos anos tentando falar com você?

_ Não. Não é isso que estou dizendo. Estou dizendo que o que você fez durante esses quinze anos, foi muito feio.

Lorrayne levantou-se e foi para seu quarto. Abriu seu diário e escreveu:

Diário, tanta coisa aconteceu...

Sabe, eu fui até a casa da Layane, e conheci minha mãe. Dá para acreditar? Eu conheci minha mãe! Foi muito difícil não abraçá-la como eu gostaria. Sim, Martha Albuquerque é minha verdadeira mãe. Contei para Catharina tudo o que eu sabia e ela me contou toda a verdade. Suzana e Martha são a mesma pessoa, que paga o colégio onde eu estudo. Ela esperava que eu e Layane nos aproximássemos. Ela queria conquistar meu amor. Apesar de eu saber tudo que ela fez comigo, ou melhor, depois de saber que ela me entregou para a Catharina, eu não consigo sentir raiva dela. Só tenho vontade de abraçá-la e chamá-la de “mãe”. Agora a única coisa que me atormenta, é ela não me contar a verdade e me levar com ela! É isso... Estarei aqui para o que der e vier...

Lorrayne fechou o diário e foi dormir. No outro dia havia de descobrir com Layane, se Martha falara alguma coisa.

No outro dia já estava acordada quando Catharina a chamou. Rapidamente se trocou e tomou café. Catharina estava tensa. Entre todos os momentos que tomou fôlego para falar com Lorrayne, só conseguiu quando terminou sua xícara de café. Perguntou:

_ Você vai falar com Layane?

_ Sobre o quê? – Lorrayne folheava seu livro de química.

_ Sobre o que conversamos sexta-feira.

_ Você não lembra que eu disse que não?

_ Você disse que não falaria com Martha.

_ Vale o mesmo para a filha dela.

_ Certo. Se é assim que quer... Se você quiser, eu mesma posso falar com ela...

Lorrayne fechou o livro bruscamente e disse:

_ Não se atreva a fazer isso! Eu não quero! Não vou correr atrás dela! Se ela quiser, que venha falar comigo!

Catharina levantou-se e tirou a mesa. Disse:

_ Lorrayne, eu só queria te ajudar...

_ Não quero ajuda.

A garota também se levantou e foi para o carro. Logo chegaram à escola.

Lorrayne entrou logo na sala e sentou-se, queria estudar um pouco mais antes da prova. Tentava decorar algumas fórmulas, quando Yshara e Marco entraram. Yshara sentou ao seu lado e perguntou:

_ Precisa de ajuda?

Sem desviar o olhar, respondeu:

_ Não. Posso me virar sozinha.

Marco pegou uma folha sua que estava ao lado do livro, e disse:

_ Parece que não. Suas contas estão erradas...

Lorrayne tirou a folha da mão de Marco e esbravejou:

_ Isso é apenas um rascunho! E eu já teria conseguido resolvê-las se vocês não houvessem vindo me atrapalhar!

Yshara suspirou e disse:

_ Lorrayne, já sabemos que você é muito orgulhosa, mas mesmo assim, não me importo, e continuo a me oferecer para te ajudar, mas é melhor aceitar logo. Faltam só quinze minutos para a aula começar...

Lorrayne largou o caneta sobre o livro, cedendo à pressão. Yshara entendendo o movimento sentou-se ao seu lado, e explicou tudo que sabia. Ás vezes recebia uma forcinha de Marco, quando não lembrava algo.

A sala foi enchendo ao passar os minutos. Lorrayne fazia sua última pergunta, quando Paula se aproximou do grupo. Rindo disse:

_ Lorrayne, por que se esforça tanto? Você já está marcada na lista da professora...

_ Ah, jura? Que pena! Sabe, Paula, sinceramente, acho que em vez de me encher a paciência, você devia era cuidar dessa sua pinta repugnante, antes que fique igualzinha à da professora...

_ Como você é mal-educada! Eu pelo menos não falo mal dos defeitos físicos dos outros! – disse a menina com ar ofendido, cobrindo a pinta.

_ Não estou falado mal do seu defeito, só estou dizendo que você devia se tratar...

_ Como você é estúpida!

Logo, juntou-se ao grupo, Laís, que perguntou:

_ Paula, o que aconteceu? Por que está falando com essa aí?

_ Acredita que essa talzinha teve a coragem de falar mal do meu rosto?- reclamou a garota.

Lorrayne foi mais específica:

_ Só disse para ela tratar essa coisa antes que fique igual à da professora...

Olhando de cima abaixo para Lorrayne, Laís respondeu:

_ Paula, olhe só para a figura! Você está preocupada com o que ela diz? Ela é somente uma pobretona que tem inveja das beldades que somos. Grava uma coisa Lorrayne, não importa o que você fale, nunca será como a gente.

_ Que bom. – finalizou Lorrayne.

Antes que alguma das duas pudesse revidar, a professora Carmem entrou na sala acompanhada de Caroline e Ariane. Conversavam muito alegremente, e nem perceberam o que ocorria na mesa de Lorrayne. Paula e Laís juntaram-se às três. E também deram algumas risadinhas. Desapontada, Lorrayne olhou de Marco para Yshara, e disse:

_ Talvez a professora tenha dito que já estou com zero...

Tentando ser simpática, Yshara falou:

_ Acontece que todas são farinhas do mesmo saco, se entendem perfeitamente bem.

Lorrayne fechou o livro, e sem olhar para nenhum dos dois, agradeceu:

_ Valeu pela força, mas já entendi, podem ir.

_ Quando precisar, vê se chama! – disse Marco, colocando uma mini tabela periódica em seu estojo antes de sair.

Lorrayne ficou agradecida, seria de grande ajuda, embora arriscado. Quando saíram, Lorrayne olhou em seu estojo, pra conferir sua mini tabela periódica. Cada um sentou-se em sua mesa, inclusive as garotas que conversavam alegremente com a professora, que anunciou a prova, e começou a distribuição. Chegando na mesa de Lorrayne, a garota estendeu a mão para pegar a prova, mas a professora a ignorou e passou para a mesa de trás. Lorrayne ainda estava com a mão estendida no ar, tentando entender o que aquilo significava. Virou-se para trás, a fim de indagar a professora, mas ouviu seu berro:

_ Lorrayne Santiny! Vire-se imediatamente!

Lorrayne virou-se rapidamente. E agora? Pensava. Estava realmente encrencada. Ficou a esperar. Se a professora sentasse sem lhe entregar a prova, teria de falar com ela. Depois de entregar todas as provas, a professora aproximou-se da mesa de Lorrayne e pediu:

_ Me acompanhe, por favor.

Continua


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