Era sexta-feira, 15 horas. Seria o primeiro dia de Ryan sem Brendon por perto. Seus amigos faziam de tudo para Ryan não pensar na ida do amado. Spencer o convidou para passearem, só os dois, já que faziam tempos que eles não passeavam sozinhos. 

Para os amigos, Ryan parecia feliz, mas o que eles não sabiam era que o garoto chorava todos os dias

- Vamos?

- Vamos. Mas onde estamos indo exatamente?

- Numa loja de CD's. Inaugurou há pouco tempo. Ela é gigante e tem todos os estilos de música e todos os tipos de bandas que você possa imaginar. Você vai gostar, e não se preocupe, não é longe.

- Ok

- Vamos lá, Ryro, animação!

- Eu estou animado...

- Não é o que parece. Escute, eu sei que é difícil, ainda mais para você do que para mim, o Jon e o Alex, mas tente deletar isso da sua mente

- Ok, vou tentar.

- Estou feliz que estejamos passeando a sós, estava com saudades

- É, eu também!

- Lembra como éramos unidos?

- Sim, eu lembro muito bem. Desculpe, Spenny, acho que depois de conhecer o Brendon eu meio que... Me esqueci de você

- Sim, eu percebi, mas não tem problema. O importante é que ainda somos grandes amigos, agora estou aqui com você novamente. Chegamos

- Nossa, é gigante mesmo! Essa loja é um sonho

- É, eu sei, um sonho realizado. Então, procure o que você quer

- Vai demorar

- Temos todo o tempo do mundo

- Ok

- Ryan, quando sua mãe chega?

- Acredito que amanhã. M-mas não conte a ela, você sabe o que

- Ela vai estranhar o Brendon não estar na sua casa

- Eu falo pra ela então

- Fala mesmo?

- Falo...

- Então ok, vou confiar em você. Agora vá procurar o ou os CD's, e se precisar de ajuda, me chame

- Tudo bem

Algum tempo depois, Spencer e Ryan saíram da loja e tiveram uma surpresa desagradável

- O que houve com o Brendon? Por que ele faltou aula ontem e hoje?

- Capeta... Quero dizer Sarah, o Brendon se mudou.

- O que? Para onde? Quando? Por que?

- Ele não disse para onde, ontem e porque a prima dele perdeu os pais. Mas é por um mês, apenas - Ryan por pouco conseguiu segurar as lágrimas

- Por que ele não me disse?

- Boa pergunta. Ele te ama tanto que nem avisou-a de que ia se mudar. Venha, Spencer, vamos logo

- Ok

Enquanto os dois caminhavam em direção à casa de Ryan, Sarah ficou para trás, desesperada, chorando

- Foi bom passear com você, Spenny

- Igualmente. Você vai ficar bem?

- Vou

- Verdade?

- Verdade

- Verdade verdadeira?

- Verdade verdadeira

- Tem certeza?

- Tenho

- Ok, qualquer coisa, me ligue

- Ok, obrigado. Tchau

- Tchau

Não era verdade, nem verdade verdadeira que Ryan ficaria bem. Após Spencer ir embora, lágrimas caíram dos olhos brilhantes do jovem. Brendon tentou ligar para o garoto novamente, mas Ryan não quis atender

POV do Brendon

Minha prima está péssima. Ela chora o tempo todo, não consegue esquecer por um segundo sequer. Mas quem sou eu para julgá-la? Nunca perdi meus pais e não sei como é. E prefiro não saber. Sinto falta de Ryan. Eu estava quase o beijando, quando minha mãe me telefonou. Eu queria matá-la. Ligeui para ele umas trinta vezes, em apenas três dias, mas Ryan não atendeu. Decidi ir até sua casa, mas ele mandou eu ir embora. Não sei o que fiz para Ryan. Ele disse que não fiz nada, mas não acreditei. Se eu não fiz nada, por que ele estava chorando? Espero poder falar com ele logo, e eu mal posso esperar para sair dessa cidade. É horrível estar longe da escola que eu era acostumado a ficar, perto da minha casa( minha mãe já me matriculou em outra escola aqui na cidade), longe dos meus amigos, longe de tudo que eu conheço. Esse mês vai ser o mais longo e chato de todos. Eu só quero meu Ryan. Sim,meu Ryan. Só meu. Somente ele pode me fazer feliz nesse momento

POV do Ryan

Hoje é só o primeiro dia desse mês. Estou sentindo muita falta de Brendon, mas ainda assim não quero falar com ele e muito menos vê-lo, só iria piorar minha situação: eu sentiria ainda mais saudades dele. Não aguento mais isso, não aguento. Aposto que está sendo mais duro para mim do que para ele. Eu choro várias vezes ao dia por causa de um menino por quem estou apaixonado. Isso é possível? Eu não devia sofrer tanto assim por uma bobagem dessas, mas é inevitável. Eu odeio sofrer pelo Brendon! Ele nem sequer gosta de mim do mesmo jeito! E parece que ele faz questão te me incomodar. E o pior de tudo é que perto do Spencer, do Jon e do Alex eu tenho que fingir estar feliz,sempre eu tenho que dar um sorriso. Eu até já chorei na frente do Alex, pareci um bobão. Não pareci, um sou um. Não quero que eles fiquem preocupados, e por isso vou ter que continuar fingindo

Fim do POV do Ryan

Ryan não estava se sentindo bem. Estava quente, com frio e com dor de cabeça, e então resolveu deitar

Já no dia seguinte, o garoto acordou com sua mãe olhando-o

- Mãe?

- Oi, Ryan! - A mãe de Ryan abraçou-o - Tudo bem?

- Não como eu esperava. E você? Como foi a viagem?

- Falamos da viagem depois. O que houve com você, querido?

- Mãe, nós sempre falamos de mim, sempre eu em primeiro lugar. Vamos falar de você! 

- Filho, o que está havendo?

- Ok - Ryan cedeu - O Brendon... Se mudou por um mês

- Por que?

- A prima dele perdeu os pais, depois eles vão trazê-la para cá

- Oh, querido, eu sinto muito! Sei que você gosta bastante dele

- E não é só isso, eu acho que estou doente. Estou quente e com frio

- Vou preparar um chá para você e trazer um cobertor, ok?

- Ok, obrigado.

- Descanse, Ryan, talvez passe

- Ok

Depois de tomar seu chá, Ryan voltou a dormir, mas não adiantou: ele continuava doente, e parecia que havia piorado

- Acho melhor eu te levar no médico

- Não precisa, mãe, amanhã eu já estarei melhor

- Amanhã? Não vou esperar até amanhã para você ficar bem!

- Mãe, por favor. Se eu não estiver melhor amanhã, você me leva no médico, ok?

- Ok... Espero que você fique bem mesmo, George Ryan Ross!

- Eu vou, relaxa, mãe.

- Você está com fome?

- Estou

- Quer comer o que?

- Eu não sei

- Faz assim: eu faço um sanduíche e um chocolate quente e nós dois lanchamos juntos, que tal?

- Seria ótimo

- Ok, então eu já volto

- Tudo bem

Pouco tempo depois, a mãe de Ryan voltou para a sala com o prometido

- Obrigado

- De nada, meu amor. E então, você gostou?

- Está maravilhoso, voc~e sempre cozinhou bem

- Obrigada, querido. Você quer ver um filme?

- Claro

- Ok, vou pegá-lo

- Sentia saudades de nós dois fazendo algo juntos

- Eu também. Sou muito ausente, eu devia passar mais tempo com você, eu sei disso. Me desculpe, Ryan

- Não tem problema, mãe. De verdade

- Eu sei que tem

- Não, não tem

- Mesmo?

- Claro! 

- Então ta, vou acreditar em você - A mãe de Ryan sorriu - Agora deite. Eu vou apagar as luzes

- Ok

Pouco tempo depois, Ryan adormeceu e acordou somente no dia seguinte. Ele estava ainda pior. E no domingo, nenhum médico atendia. Ryan tossia sem parar, espirrava, sentia frio e estava mais quente que fogo

- Oh, Ryan, o que eu posso fazer?

- Nada, mãe. Sério, eu vou ficar bem

- Sempre adorei esse seu jeito otimista. Eu vou na farmácia comprar um remédio, então

- Ok

- Eu volto já

Depois de vinte minutos, a mãe de Ryan voltou com o remédio em mãos

- Aqui estão o comprimido e a água

- Obrigado

Mas Ryan não melhorou. Passaram-se duas horas, e o garoto continuava do mesmo jeito que estava antes. Tomou mais comprimidos, tomou chá, se cobriu, dormiu, e nada adiantou. A cada segundo, Ryan ficava pior. Sua mãe não sabia mais o que fazer.

No dia seguinte, a mãe de Ryan levou-o no médico, que receitou um remédio um pouco mais forte. Não adiantou. Nada mais adiantava. Sua mãe começava a ficar cada vez mais preocupada