A primeira coisa que eu fiz foi sair correndo. Não consegui ficar sentada. O pior é que eu não queria falar com ninguém, meu único desejo era enfiar a cabeça da Natasha dentro de uma privada. Desde pequenas ela tinha ciúmes de mim, ela queria que Celine fosse sua melhor amiga e queria o meu namorado, eu sei coisa de criança, mas parece que ela não tinha superado. Eu ouvi Harry correr atrás de mim e gritar meu nome. Fiquei com vontade de voltar e gritar com ele, mas não o fiz. Apenas sai correndo, agora ele provavelmente já deve ter ligado os fatos. Ai você me pergunta, aonde você foi? Eu também não sei. Ainda totalmente sem direção e quando percebi estava na frente de meu antigo colégio. Dei algumas voltas pelo gramado verde enquanto algumas lagrimas caiam. Por uns instantes consegui esquecer o que tinha acontecido, mas logo eu voltava para a realidade. Se saber o que fazer fui até um telefone público. Fiquei ali parada com o telefone na mão sem saber para quem ligar, até que me decidi.

– Michael? – falei assim que ele atendeu.

– Lynn? Eai, como você ta? – ele disse animado.

– Na verdade eu não to muito bem... – falei baixinho.

– O que foi que aconteceu? Você sempre diz que Holmes Chapel nunca acontece nada!- ele exclamou e se calou para eu explicar.

– Lembra do namorado que eu te contei? – falei devagar, eu tinha contado a historia, mas não seu nome.

– Lembro...

– Então ele ta aqui. – sussurrei e ele deu um suspiro.

– O que tem, Lynn? Você não tinha superado ele? – pensei ter sentido dor em sua voz, mas não consegui pensar direito.

– Eu achava que tinha... – então eu expliquei toda a historia desde quando tinha chegado até ali.Então me surpreendendo ele perguntou:

– Porque você me ligou? – fiquei sem palavras, como assim?

– Eu, eu.... queria conversar com alguém que eu confio. – disse com lagrimas nos olhos.

– Só que você ta com a Tracy a Celine....

– Michael, você é meu melhor amigo. Eu preciso de você. Não me de as costas agora.

– Eu não poderia fazer isso. – ele disse dando uma risadinha.

– Me ajuda. De qualquer jeito. – falei agoniada.

– Eu vou, estou ai em algumas horas. – pera, para tudo. Ele ia vim pra cá?

– Como é que é? – eu disse sem acreditar.

–Estou indo para ai cuidar de você. Te ligo quando chegar. – então ele desligou assim sem mas. Eu desabei no chão. Pensei que todas as vezes que Harry tinha sorrido para mim ou relembrado algo de nosso passado eram dicas que ele queria voltar, mas parecia que não. Ele continua sendo uma criança. Não estamos prontos para um relacionamento, não agora. Me levantei e ergui a cabeça, não seria fraca, não dessa vez. Senti meu celular vibrar, mas não queria usa-lo, não queria tocar nele. Sabia que era Harry, Amber ou Tracy. Depois de várias chamadas perdidas resolvi checar. Só que não era nenhum dos três e sim Josh. Minha primeira reação foi ler de novo, mas depois o celular começou a tocar de novo e seu nome apareceu na tela.

–Josh? – eu indaguei.

– AMBER, FINALMENTE!- ele disse desesperado.

– Aconteceu algo ou é a Celine que esta me procurando?

– Celine? Ah... não. – ele disse. Então eu percebi que eles ainda não tinham se acertado. – Eu to sabendo que você viu a foto... só que deixa o Harry te explicar! Eu tava na hora e não foi do jeito que parece.

– Ah é ? Foi de que jeito então? Eu não sou idiota, Josh. Obrigada pela sua preocupação comigo. – eu falei irritada, estava indo desligar o telefone quando ele disse:

– Foi a Natasha! – ele deu uma pausa para ver se eu ainda estava na ligação.

– O que? – perguntei impaciente.

– Pelo jeito eu que vou ter que te explicar... Harry depois que deixou vocês em casa levou ela também. Como ela tava muito bêbada ele a acompanhou até a porta de casa e quando foi se despedir ela o beijou. – eu não sabia se acreditava ou não, mas uma coisa Celine sempre me dizia... Josh era tudo menos desonesto, então decidi dar ele uma chance.

– Pode ser que isso tenha acontecido, mas na foto ele estava quase a abraçando. – eu disse me lembrando da mensagem, estremeci e segurei para não chorar de novo.

– NÃO! Ele tava tentando sair, tirar seus braços dele! – Josh parecia desesperado. – Olha você pode acreditar em mim ou não, mas eu quero que vocês sejam felizes. Meu relacionamento com a Celine não esta indo bem e esta me fazendo pensar em outras possibilidades. Acho que fiquei bitolado, não explorei. Harry passou dois anos na estrada e ainda voltou, ele sabe que quem ele quer é você. Eu não tive essa oportunidade então quero que valorize. Ele voltou. – eu comecei a chorar, só que bem baixinho para ele não ouvir.

– Josh... eu vou desligar. Depois falo com você. – então finalizei a ligação e comecei a chorar no meio da rua. Continuei em direção a minha casa, mas parei em uma livraria. Fiquei lá por um bom tempo, quem sabe horas. Perdida em meio de tantos livros. Olhei para o relógio e percebi que logo Michael estaria chegando então voltei para casa. Com minha chave abri a porta de casa. Esperei ouvir minha mãe gritar meu nome desesperada, mas ninguém estava em casa. Subi para meu quarto e quando abri a porta Harry estava sentado em minha cama.

– Sabia que você ainda tinha as fotos. – ele disse com a caixa com tudo que ele tinha me dado em mãos.

– Ei, quem te deu a permissão de mexer ai ? Quem te deu a permissão de entrar em minha casa? – eu gritei entrando com tudo no quarto.

– Nunca precisei de permissão. – ele falou dando de ombros.

– Como você entrou? – eu disse arrancando algumas da fotos de suas mãos.

– Como sempre, amor.- ele disse se virando para a janela aberta. Ali era por onde ele sempre entrava quando eu não podia sair de casa.

– Sério, Harry. Porque você esta aqui? – aquilo parecia ter deixado ele com vergonha, pois respondeu:

– Eu queria te pedir desculpas e te explicar.

– Não precisa, Josh já me falou. –ele deu um sorriso e baixou a cabeça.

– Então desculpa. – ele disse suspirando. Eu apenas assenti e apontei para a caixa que ele estava em mãos. – Eu precisava saber se você ainda tinha... As fotos. –ele disse mexendo mais um pouco na caixa. – Lembra quando eu te dei esse colar? – ele mostrou a corrente com um pingente de ouro que era um “H”. Eu apenas assenti, pois me lembrava como se fosse ontem.

– Eu tenho o seu também. – ele disse colocando a mão dentro da camisa. – Todo mundo pensa que é “A” de Anne, mas não é. – calma para tudo, ele ainda usa o nosso colar? Lembrei de ontem no bar, ele estava usando esse colar! Como eu não tinha percebido? Tudo teria sido diferente.

– Harry, sinceramente, porque ainda usa isso? – digo me sentando ao seu lado na cama.

– Acho que ele me lembra de quem eu sou, sabe? Toda vez que o vejo lembro de onde vim. – ele disse olhando o colar.

– O que eu mais quero esquecer é de onde eu vim. – confessei dando uma olhada na caixa.

– Esquecer de Holmes Chapel? Porque? – ele falou me encarnado com aqueles olhos verdes.

– Tudo aqui me lembra a você. – eu falei o encarando de volta.

– Quer dizer que você quer me esquecer? – eu assinto com a cabeça.

– É o que eu mais quero. – eu disse pegando em seus cachos. Mesmo sabendo que ele seria impossível de superar tinha feito minha escolha. Não estávamos prontos para ficar juntos.

– Se é isso que você quer... Eu quero o melhor para você. Eu realmente te amei. Eu realmente te amo. – ele disse pegando em minha mão.

– Eu sei, mas eu não fui o suficiente. – eu disse deslocando minha mão para seu rosto.

– Eu era criança...- então eu coloco meu dedo em seus lábios.

– Você é criança, nós somos crianças. Não estamos prontos para isso. Não estamos prontos para nós.

– Eu era uma pessoa melhor com você. –ele diz chegando mais perto.

– Era. Só que eu sou uma pessoa melhor sem você.

– Então eu vou embora, nunca mais volto. – ele diz sem se afastar.

–Seria o melhor para todos. Quem sabe em alguns anos?O certo seria você ir...Só que não é o que eu quero. – o que? Como assim eu não quero? É o que eu mais quero! Me peguei olhando para sua boca tentada, merda. Sou muito fraca.

–Nem eu. – ele diz e nossos lábios se tocam. Estamos em perfeita harmonia, exatamente como há quatro anos. Suas mãos acariciam minhas costas enquanto as minhas estão em volta de sua nuca. Nosso beijo foi doce, como se estivéssemos nos despedindo, mas ao mesmo tempo dizendo “eu senti sua falta”. Aquele gesto representou mais do que qualquer palavra conseguiria. Ouvi um som de carro estacionando e porta se batendo, Michael– Harry, você precisa ir. – eu digo recuperando o fôlego e olhando pela janela. Vejo meu amigo pegando uma mochila no porta malas.

– Eu sei disso – ele disse enquanto se dirigia a janela. – Me desculpa. – então ele desapareceu.