Quando A Caça Vira O Caçador escrita por Padalecki, Samuel Sobral
Notas iniciais do capítulo
Esperamos que gostem.
Estava frio.
Uma figura sombria estava sentada em uma pedra no centro de uma clareira. Suas vestes não passavam de panos negros e rasgados, como se feitos de sombras. Sua pele alva era vista apenas em seu rosto seus braços, refletindo a forte luz do luar. Seus olhos estavam fechados, apreciando a melodia proveniente da flauta que tocava.
De repente, outros sons irromperam na noite, abafando o belo som do instrumento. Galhos se quebrando, ganidos, piados e um resfolegar sinistro. Segundos depois, várias criaturas saíram das sombras projetadas das árvores.
Um lobo cinzento de tamanho avantajado, um homem extremamente pálido, uma águia gigante pousada sobre o galho de um carvalho, uma forma escura, quase translúcida, pairava acima do chão segurando uma pequena foice. E esses foram só os primeiros.
Alguns segundos depois, outros seres, talvez ainda mais assustadores, surgiram – sombras vivas, um homem com cabeça de touro, e vários outros mais, indescritíveis sob as sombras. Foi nessa hora em que o homem parou de tocar. Seus olhos se abriram, revendo as belas íris verdes.
– Criaturas da noite! – Ele bradou, se levantando sobre rocha. – Peço-lhes um pouco de atenção!
Todas as criaturas se viraram para ele, como que apreciando um espetáculo. O lobo cinzento deu alguns passos à frente, sendo seguido pelo home pálido. Havia alguma intriga entre os dois.
– Não pude deixar de perceber, durante todo tempo em que aqui fiquei, o quão acuadas vocês são. Por que não conquistam de volta terra que lhes pertence?
O lobo deu mais um passo, se transformando em um homem moreno logo depois. Ninguém pareceu se importar com o fato dele estar desnudo.
– Não temos escolha. – O homem recém-transformado disse. – Os caçadores nos aprisionaram.
A águia pousou no chão, revelando-se uma mulher de longos cabelos dourados.
– O lobo tem razão. – Ela disse, como se concordar com aquele homem fosse um castigo. – Já faz trezentos anos. Eles nos sitiaram aqui. Não há mais tentativas a se fazer.
– Tentativas? – O homem sentado sobre a pedra parecia curioso.
– Os lobisomens tentaram. Os vampiros tentaram. Até mesmo os ghouls tentaram. – A mulher-águia olhou para a forma translúcida, e ela acenou sua foice em resposta. – Até mesmo nós, os transmofos tentamos. Mas é impossível. Os cinco clãs ainda estão firmes lá fora.
– Não. – O flautista disse, sombriamente. – Não estão mais. Houve uma guerra. Só dois restaram.
Boa parte das criaturas se entreolhou, mas os quatro primeiros, o homem pálido, o lobisomem, a transmorfa e o ghoul, se contiveram rígidos. A tensão aumentava cada vez mais, como se uma decisão precipitada pudesse causa o caos. Novamente.
– Mesmo que isso fosse verdade – O homem pálido disse, exibindo presas longas enquanto o fazia. – Estamos quase extintos. Não existe força maior agora. Nenhum de nós tem poder suficiente.
– Talvez. – O músico tinha um sorriso brilhante. – Mas, juntos, seremos imbatíveis.
Um mar de conversas paralelas inundou toda a clareira, enquanto o homem se preocupava em limpar sua flauta. Finalmente, a conversa cessou, com o levantar da foice da forma translúcida.
– Juntos? – O ghoul disse, sua voz rouca era perturbadora como o som de aço raspando. – Mesmo que essa união seja um caminho a se tomar, e que suas informações estejam certas, o quê você tem a oferecer?
– Oh, claro. – O flautista sorriu. – Eu sei como derrotá-los. Não existe tempo mais vulnerável para um caçador do que a Transição. Devemos destruí-los agora. Eu sei todos os pontos fracos deles. E vocês podem usá-los. – Ele esperou, até que todos os murmúrios cessassem. – Além do mais, eu quero ajudá-los. A Era das Trevas foi a melhor que já existiu, quando vocês dominavam os humanos. Caos controlado. – Seu sorriso se iluminou ainda mais. – Só precisamos destruir os únicos que possam nos deter, ou seja, os caçadores. Traremos as Trevas de volta, o que me dizem?
Por um momento, o silêncio se fez presente. Depois, uma horda de vivas ecoou por toda a floresta. Naquele momento, os Quatro Grandes – o vampiro, o lobisomem, a transmorfa e o ghoul – se curvaram perante o flautista depois de uma rápida troca de olhares.
– Nos guie para a vitória. – Todos os Quatro disseram, quase em oníssono. – Nosso novo rei.
– Vocês terão sua vitória. – O homem respondeu.
E, enquanto os aplausos monopolizavam toda a clareira, ninguém pôde ouvir quando ele continuou, silenciosamente, enquanto acariciava a branca cicatriz que lhe decia da testa até o queixo:
– E eu terei minha vingança.
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