Sangue Winchester escrita por N Baptista


Capítulo 11
Em baixo d'agua




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Diário da Natale

Já no fim da tarde, Dean estava me explicando como se carrega os cartuchos de sal e eu estava quase entendendo tudo, mas sinceramente das aulas que eles me deram essa semana, esta estava sendo a mais chata. Estamos em um casarão velho que não tem nada de interessante e fica perto de lugar nenhum, eles acham que eu não estou preparada pra realmente cair na estrada (e eu concordo) então estão me ensinando uma porção de coisas sobre monstros e criaturas no geral, mas ficar lendo o diário do John todas as noites está me dando vontade de ter mais ação (claro que quando lembro daquele fantasma do hospital minha valentia vai toda em bora).

* * *

Uma agitação pôde ser notada no rio que passava próximo a casa em que eles estavam:

- Aconteceu alguma coisa. – Disse Natale pulando da cadeira em que estava.

- Bom ver que está prestando atenção. – Dean foi sarcástico.

Sam saiu do casarão com pressa dizendo:

- Guarda tudo Dean. Tá vindo gente.

- No meio do mato? – Dean guardava as armas confuso – Achei que o  lugar tava abandonado.

- E estava. – Respondeu Sam mostrando que também estava surpreso.

Depois de alguns instantes, surgiu por de trás da casa um grupo com seis pessoas que estavam encharcadas. Eles pediram desculpas pela invasão e disseram que achavam que não havia ninguém ali, um dos homens tomou a frente e contou que estavam em um passeio quando o barco foi bruscamente virado, as águas do rio não são calmas então tiveram dificuldade para chegar à margem. O grupo era composto por um casal (Lisa e Greg), duas irmãs e uma amiga (Loren, Cristal e Mary), e o guia (Tomás). Sam inventou uma história de que ele, o irmão e a sobrinha estavam fazendo um retiro na floresta e por isso estavam abrigados naquele casarão.

- Acho que ele podia ter pensado em algo melhor. – Sussurrou Natale para Dean enquanto ele apenas concordava com a cabeça.

Pelo resto do dia, Sam e o guia ficaram discutindo sobre o que poderia ter causado o incidente, enquanto Dean confortava as gêmeas e a amiga, e o casal ficava enchendo os ouvidos de Natale com histórias de viagens que fizeram (para não ter que prestar atenção, a garota passou o fio do Ipod por de baixo da camisa subindo pela nuca, enroscava por trás da orelha e ainda era coberto pelo cabelo).

Como os Winchesters não contavam com aquele número de pessoas, e praticamente nada foi recuperado do barco, o jantar na verdade foi uma mistura de sobras com o que encontraram pela floresta, e depois de comer todos começaram as andar pela casa. Os celulares não pegavam, mas Tomás achou um rádio amador, meio defeituoso, no sótão e se dedicou à concerta-lo.

Horas se passaram e Dean estava encostado na parede, observando Sam e Tomás tentarem consertar o rádio, enquanto as irmãs e Mary dormiam e o casal conversava na varanda. Natale estava jogada sobre a sua mochila, ela estava sonolenta, mas se mantinha acordada por causa de uma música irritante que não saía de sua cabeça:

- Socorro!

Um grito desesperado fez todos correrem para trás da casa, um homem de boa aparência, roupas molhadas e um chapéu meio torto surgiu no meio do mato, ele se arrastou até o grupo dizendo:

- Graças a Deus eu encontrei vocês. Meu barco virou de repente... Graças a Deus.

Loren e Cristal se apressaram em ajuda-lo a se levantar enquanto os outros abriam caminho até o casarão. Chegando, todas as mulheres se sentaram ao redor do belo estranho enquanto os homens voltavam as suas atenções para o rádio, Natale também sentia vontade de se sentar para ouvir a história de como aquele Homem de tão boa aparência tinha se tornado um náufrago como eles, mas a vontade de ler o diário do avô era muito mais forte e a menina saiu escondida pela noite e se sentou em um tronco caído por ali.

* * *

Diário da Natale

Não sei quanto tempo fiquei lendo, eu só quis aproveitar o silêncio para me maravilhar com as histórias viciantes das caçadas do John, tenho certeza de que quando o Sam me entregou o diário esse não era o objetivo, mas fazer o que? E por falar em silêncio, que coisa mais estranha, eu não estou ouvindo nada, não há sapos, insetos ou qualquer outro animal por aqui.

* * *

Desviando por um instante o olhar do rádio, Dean percebeu que Natale não estava na sala, então correu a casa toda a procura da filha:

- A Natale sumiu. – Ele disse finalmente voltando à cozinha.

Todos se dividiram em grupos para procurar a menina (sendo que Lisa e Greg ficavam juntos, assim como Sam e Dean, Tomás ia com Cristal e Loren, e Mary ia com Igor):

- Estamos todos juntos nessa – Disse Lisa – Temos que defender uns aos outros.

O casal trocou um beijo meloso e todos partiram mata adentro.

* * *

Fechei o diário e pus por debaixo do casaco, fui me aproximando da margem do rio devagar, não havia nenhum peixe. Fiquei pensando por um tempo no que poderia ter virado os barcos, talvez um jacaré, mas não haviam animais ali, talvez o rio estivesse ficando raso, medi a profundidade com uma vara que encontrei e também descartei essa hipótese, mas então o que seria? Fiquei quebrando a minha cabeça com esse enigma por um tempo, mas depois de uns instantes eu já não aguentava mais, então resolvi voltar. Já deviam ser umas três da manhã.

Quando eu estava quase chegando, passei por Mary que perecia desesperada:

- Você viu o Igor? – Ela me perguntou quase chorando e eu respondi que não.

Quando cheguei à varanda, Dean me puxou pelo braço até a sala de estar:

- O que você tem na cabeça? – Ele estava gritando.

Congelei diante daquele sermão sobre não sair escondida a noite no meio do mato (no fundo confesso que ele tinha razão, mas...), não precisei fingir o desinteresse, e fui salva pelas gêmeas que me perguntaram se eu tinha visto a amiga delas, eu respondi que sim:

- Ela se perdeu de vocês? – Perguntei.

- Não – Respondeu Cristal – Ela foi com o Igor procurar por você.

- Quando eu a encontrei, não era a mim que ela estava procurando não.

Todos riram e de alguma forma entenderam que não tinham que se preocupar com os dois.

* * *

O dia amanheceu sem que Mary ou Igor voltassem ao casarão, agora sim as gêmeas pareciam se preocupar, mas não com a amiga. Greg e Tomás foram pescar o café da manhã, mas quando chegaram ao rio, a cena que viram resultou em gritos. Todos os outros correram para ver de que se tratava, e encontraram o corpo de Mary boiando próximo à margem. Natale gelou ao ver aquilo, principalmente por que o único cadáver que ela tinha visto antes (tirando as garotas do 4) tinha sido o esqueleto do hospital. As irmãs se abraçaram aos prantos enquanto Lisa reagia em um pulo:

- Temos que achar o Igor para saber o que aconteceu. – Ela tentou parecer democrática,

Todos adentraram a mata, exceto Natale que tinha paralisado, ela foi recuperando os movimentos aos poucos e quando deu por si estava bem perto da morta, foi quando ela ouviu chamarem o seu nome:

- Natale. – Era Sam que havia voltado, mas a garota tomou um susto e quase caiu dentro d’agua.

Ele a puxou para longe da margem e perguntou o que tinha acontecido:

- Ela não está ferida – Respondeu Natale – Morreu afogada, mas nenhum animal faria isso e a deixaria assim, vocês estavam falando de um jacaré, mas um jacaré a teria deixado com os membros quebrados e a teria enterrado para comer a carne depois.

- Chega de Animal Planet – Sam riu e depois ficou sério – E chega do diário também.

Aquilo atingiu a garota como se fosse uma facada, mas Sam continuou falando:

- Eu sei que você estava lendo ontem a noite quando sumiu, e agora tá achando que tudo é um caso...

- Mas e se eu estiver certa e for um caso de verdade, o que você vai fazer?

- Eu vou falar com o Dean e nós vamos decidir...

- Não – A garota pulou na direção dele – Não fala pro Dean, ele provavelmente vai dar um jeito de me tirar daqui pra investigar depois só com você. Não pode contar.

- E você pretende caçar essa coisa sozinha?

- Não – Ela gaguejou – Eu não conseguiria fazer isso, mas mesmo assim você não pode deixar o Dean tomar o meu distintivo e me por pra fora do caso.

Sam pôs as mãos na cintura e olhou ao redor suspirando:

- Não se meta em confusão. – Ele disse se afastando.


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