Frank POV

Acordei e me espreguicei na cama, olhando para a cama ao lado e vendo que Ray ainda dormia. Olhei o relógio em cima do criado-mudo e o mesmo marcava 6hrs48min em um azul neon. Me levantei e segui para o banheiro, levando o lindo uniforme escolar azul com amarelo que eles nos obrigavam a usar.
Saí do banheiro já vestido e arrumado para a escola, e Ray ainda dormia. Peguei seu celular e coloquei a musica mais barulhenta que havia lá para despertar daqui cinco minutos.
- Te vejo lá em baixo bonitão.
Desci as escadas com a minha mochila nas costas e fui para a cozinha, encontrando os pais do Ray lá em baixo. O tio Toro tomava café lendo o jornal e sua esposa bebia um suco de laranja, enquanto fazia as palavras cruzadas. Me encostei no batente da porta e sorri.
- Bom dia tio. Bom dia tia.
- Bom dia querido! – A tia respondeu.
- Bom dia Frank. Sente-se conosco. – O tio falou, largando o jornal.
- Err... Será que eu podia ligar para a minha mãe? É rapidinho. – Perguntei abaixando a cabeça.
- Claro querido, fique à vontade. – A tia me respondeu sorrindo.
- Obrigado. – Falei saindo da cozinha e indo para a sala.
Sentei no sofá e peguei o telefone, discando o numero da minha casa. Após alguns minutos minha mãe atendeu, com a voz sonolenta.
- Alô?
- Bom dia mãe! Te acordei?
- Na verdade sim, mas tudo bem? Por que está ligando a essa hora?
- Porque eu fiquei preocupado com a senhora. – Comecei a enrolar o fio do telefone no dedo.
- Ah amor, está tudo bem. Não tivemos problemas ontem.
- Que horas ele chegou?
- Tarde, mas não incomodou. Apenas deitou na cama e dormiu. Ele tem alguns hematomas no rosto, acho que se meteu em brigas de novo. – Suspirou.
- Ah, isso nunca vai para. Bom, se a senhora está bem eu fico mais tranquilo. A gente se fala mais tarde okay? Beijos.
- Beijo filho. Até.
Suspirei e coloquei o telefone no gancho. Levantei e segui para a cozinha, onde Ray já estava tomando café com seus pais. Ele é rápido hein!
- Bom dia Sr. “eu mexo no celular dos outro porque eu gosto de incomodar”. – Falou com uma voz engraçada.
- Bom dia Ray, bom dia. – Me sentei ao seu lado rindo, pegando alguns biscoitos e leite.
Terminamos de tomar café e pagamos nossas coisas, saindo de casa e indo para a escola. Hoje eu não vou chegar atrasado, que milagre. Estávamos caminhando e conversando sobre coisas idiotas quando um carro preto parou ao nosso lado.
- Tchau pai, a gente se vê em casa. – Gerard desceu do carro junto ao irmão.
- Ah, tá de brincadeira com a minha cara? – Falei sozinho e continuei a caminhar, diferente de Ray, que parou para esperar os amiguinhos.
- Frankie, espera ai! – Ouvi Ray falar. Eu apenas continuei caminhando.
- Fraaaaaaaankiiiiiie! – Ouvi Gerard gritar desafinado, fazendo Ray rir. Eu apenas apertei o passo, andando mais rápido.
- Frank Iero, pare de caminhar agora mesmo! – Ray disse sério.
Ai eu parei né, e o medo de apanhar do Ray?
- O quê?! – Virei para eles.
- Oi. – Mikey disse.
- Oi Mikey. – Sorri para ele. – O que vocês querem? – Virei para o Gerard e o Ray.
- Queremos a sua companhia ué. – Gerard sorriu.
- Pois eu não quero a sua. – Cruzei os braços, voltando a caminhar.
- Mais é fresco, credo. – Ray disse rindo.
- Gostei da sua camiseta Mikey. – Ignorei os dois e virei para o Mikey, que usava uma camiseta do Lanterna Verde e sorriu.
Estávamos na seguinte ordem: Gerard, Ray, eu e o Mikey, e eu ignorava completamos os outros dois a minha esquerda. Alguns minutos depois nós já estávamos na escola, e chegamos dez minutos antes de tocar o sinal. O guarda da escola até me olhou surpreso. Frank Iero? Chegando cedo na escola? Isso era realmente um milagre.
- Frank! Ray! – Lyn veio correndo na nossa direção e nos abraçou. – Eu estava com saudades. De você Ray, porque o Fran eu vi ontem. – Mostrou a língua pra mim.
- Também te amo Lyn. – Falei emburrado. Ela riu e me abraçou.
- Eu sei que você me ama. Quem são esses aí? – Apontou para o Gerard e o Mikey descaradamente.
- São uns amigos meus de Newark que vieram morar aqui. – Ray respondeu. – Esse é o Gerard e esse é o irmão mais novo dele, o Mikey.
- Bem vindos garotos. – Ela sorriu. – Bom, eu vou indo lá, tenho que pegar algumas folhas na diretoria. – Ela beijou meu rosto e acenou para os garotos, saindo em direção a diretoria.
- Ela é sua namorada Frankie? – Gerard me cutucou.
- Não Way, ela não é minha namorada. – Revirei os olhos.
- E ela tá solteira? – Olhei sério para ele. – Ui, tá bom, desculpa. – Levantou os braços.
- Vamos para a sala? – Ray perguntou e nós assentimos.
Fomos em direção as escadas e Mikey se separou de nós, ficando no segundo andar, enquanto a nossa sala do terceiro ano ficava no terceiro andar.
Chegamos à nossa sala e eu fui para o meu lugar de sempre, com Ray ao meu lado. Como eu sentava encostado na parede, porque eu gostava de dormir assim, Gerard se sentou na minha frente, assim podia conversar com o Ray e me incomodar, como ele estava fazendo no momento.
- Frankie? – Se debruçou sobre a minha mesa. – Hoje você vai me mostrar à escola tá? – Piscou os olhos rápido.
- Por que você não pede para o Ray te mostrar a escola? – Perguntei sério, enquanto tirava o material da mochila.
- Porque você disse que ia me mostrar a escola. Eu quero que você faça isso. - Sorriu. - Na hora do recreio okay? - Piscou pra mim e virou para frente.
- Era só o que faltava mesmo...
Ao contrário de todas as aulas, essa passou incrivelmente rápido. Quando eu vi, a professora já estava apagando o quadro e meus colegas já corriam em direção à porta. Levantei e me espreguicei, esperando todos saírem da sala.
- Vamos? – Gerard parou na minha frente.
- Onde? – Ray parou ao nosso lado.
- O Frank vai me mostrar à escola. – Gerard sorriu.
- Uh, entendi, vocês querem ficar sozinhos. – Ray riu. – Eu vou procurar o Mikey.
- O quê?! Não, Ray, volta aqui! – Falei, mas a palmeira não me ouviu e saiu da sala.
- Em primeiro lugar, me mostre o banheiro. – Gerard sorriu e pisco pra mim novamente.
- Eu já disse que não gosto de você né? – Falei indo em direção à porta.
- Já! – Ele me seguiu.

Infelizmente eu tive que mostrar escola para o Gerard. O levei ao refeitório, onde Ray, Mikey e Lyn lanchavam, ao ginásio, onde as torcedoras ensaiavam, e Gerard insistiu para que ficássemos lá, mas eu o arrastei para fora. Mostrei também a biblioteca, a diretoria, laboratório, sala de informática, e por ultimo, o banheiro.
- Esse é o banheiro masculino, Gerard. – Falei entrando no mesmo.
- Uh, agora eu não vou mais fazer nas calças. – Sorriu pra mim e eu revirei os olhos, segurando um sorrisinho.
- Ah, eu vi um sorrisinho ai. – Apontou para o meu rosto.
- Não sei do que você está falando. – Virei para o espelho, arrumando a minha franja.
- Olha quem está aqui Freddy. – Kyle Marsh entrou no banheiro com Freddy Michael. – Veja se não é o Frank Iero.
- Frank, nós vimos o seu pai ontem à noite. – Freddy disse ficando ao meu lado. – Ele estava jogado na sarjeta enquanto um homem dava socos na cara dele.
- Eu não quero saber. – Tentei sair do banheiro, mas Kyle me segurou pelo braço.
- Calminha Iero, você não tem culpa de ter um pai que alcoólatra que apanha em bares e depois desconta a sua raiva em casa, nos móveis, no filho... – Chegou perto do meu ouvido. – Na esposa.
- Me larga! – Tentei me soltar dele. – Me solta Kyle! – Puxei o braço com força.
- Larga ele cara! – Gerard segurou Kyle pelo braço e o puxou.
- Olha Kyle, o Frank tem um namoradinho agora. – Freddy disse se aproximando de Gerard e Kyle e separando os dois. – Cuidado viu garoto novo, o Frank pode beber demais algum dia e deixar um bela marca roxa na sua cara, assim como o pai dele fez com ele uma vez. – Os dois idiotas riram.
- Vocês não tem nada a vez com isso! – Saí correndo do banheiro, batendo em todo mundo no meio do caminho para a área verde no território da escola.
- Frank! – Ouvi Gerard gritar. – Frank espera!
Só parei quando cheguei perto de uma arvore mais distante. Eu não sou o tipo de pessoa que se importa com as palavras que os outros vomitam, mas esse assunto me abala. Eu não gosto de falar sobre o bêbedo do meu pai. É um assunto meu, os outros não têm que se meter nisso.
E todos insistem em falar que eu vou terminar como ele. E eu não quero terminar como ele.
Sentei em baixo da árvore e bufei, pois a única coisa que eu queria fazer era ficar sozinho, mas Gerard logo se sentava ao meu lado. Ele suspirou e me olhou como se pensasse o que falar.
- Quer conversar? – Perguntou.
- Não.
- Sinto muito. Esses caras são uns babacas, não liga para eles.
- Eu não ligo.
- Não é isso que parece. – O olhei bravo. – Desculpa.
- Eu só quero ficar em silencio Gerard.
- Eu fico em silencio com você, mas não vou te deixar sozinho. – Me olhou sincero. – Um dia você me conta essa historia?
- Talvez. – Olhei para frente.
- Eu espero. – O olhei e ele olhava para frente, encarando o nada. Fiz o mesmo. – Mas eu vou ter que esperar muito?
- Gerard!
- Tá bom! Já fiquei quieto!
- Seu babaca... – Falei rindo. Ele me olhou e sorriu, abaixando a cabeça.
Ótimo, se verem essa cena, além de me chamarem de futuro bêbedo, eu vou ser o futuro bêbedo gay.
Mas foda-se os outros também.