Eu ouvi a sirene de longe, a uns dois kilometros do hospital. Eu tinha um ouvido bom, melhor que o da maioria, portanto, já que eu sabia que algum caso repentino estava chegando antes de ser avisada sobre isso, me botaram na emergencia e na UTI. Eu me levantei e corri para o portão de entrada, devia ser algo realmente urgente, pois a ambulancia estava muito acima do limite de velocidade.
Eu gritei por reforço quando os paramedicos desceram correndo com ele.
Acompanhei até a UTI, e me prontifiquei a atende-lo.
Eu conhecia aquela pessoa. Eu estudei no mesmo lugar que aquela pessoa.
Eu não via a muito tempo aquela pessoa.
Eu fui apaixonada por aquela pessoa.
Até o dia que eu fugi.
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Por ter sido a primeira a atende-lo, eu fiquei com o seu caso. Eu cuidei da sua saude, ainda que me culpando por está ali, por não ter pedido para que outro assumisse, por estar me machucando cada dia mais.
Ninguem veio visita-lo.
Eu tinha avisado à familia, que deve ter avisado aos amigos, eu me perguntava onde estava aquelas garotas que ficavam atras dele o dia todo.
Admito que eu gostava da exclusividade, pois quando ele foi meu namorado, pouco era o tempo que ele tinha para mim.
Eu sou uma pessoa muito egoista, isso é totalmente ao contrario do que eu aprendi pelos meus pais e minha religião, mas eu não deixava de desejar ser monetaria dele, embora impossivel.
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Era um dia de chuva.
Eu estava fazendo exame rotineiro nos meus pacientes, e quando acabei, fui para o quarto dele, como sempre.
Eu não gostava de dias chuvosos, me lembrava do pior dia da minha vida, que foi, de um jeito extremamente cliche, um dia de chuva.
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- O Ronan vaigostar, tenho certeza, ele adora chocolates belga.- Saltitando feliz, ia a menina boba que eu era, atras do inedito e inesperado namorado.- Oito horas da noite, ele deve estar me esperando. - Corri até a rua comercial, um lugar cheio de lojas, restaurantes e , o meu objetivo, cinemas.
Eu parei na porta do cinema e esperei, era uma sessão tarde, mas eu não me importava, eu ia encontrar com ele, então estava feliz.
Seu cabelo longo e azulado, reconhecivel no meio da mutidão, me chamou atenção. Levantei a mão e acenei:
- Ronan, Ron... - Lentamente abaixei a mão, a cabeça e voz. Era ele, com certeza era ele, ele e uma loira, uma loira que ele beijava.
Eu me aproximei a passos lentos deles e parei do lado.
- É chocolate belga, espero que você goste. - Falei e joguei a caixa nele, meus pés se moveram instantaneamente para longe dali, o mais rapido o possivel.
Assim, sem explicações, sem despedidas, sem um fim ditado e sem meu guarda-chuva que eu perdi no caminho, eu fui embora. Mudei de escola, casa, telefone.
E me esqueci dele, supostamente.
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Isso foi a um ano , o acontecimento recente ainda doía no peito, mas eu me torturava a cada dia que passava. Ele foi o namorado que perdi, o amor que eu não alcancei, o futuro que eu deixei. Eu parei ao seu lado e observei o que os equipamentos evidenciavam, seu coração mais acelerado, voltando ao normal, assim como sua respiração.
Eu acariciei seu cabelo e sorri.
Ele estava perto de acordar.
Meu pulso foi envolvido com força, eu olhei assustada para baixo.
Sua mão envolvia lentamente a minha, segurando-a com força. Ele levou-a até os lábios e beijou levemente.
- Eu te procurei por tanto tempo. A voz estava rouca, mas ainda era inconfundível para mim, seu tom doce, palavras carinhosas, aquele era o garoto por que me apaixonei.
- Você... você ainda não devia ter acordado. - Sussurrei Ele riu, o som suave do riso ainda me encantava do mesmo jeito.
- Eu acordei no primeiro dia. - O sorriso permaneceu em seu rosto após a risada, o sorriso divertido quando ele fazia alguma brincadeira.
- Oh! Seu... Seu ... Eu fiquei preocupada essa semana inteira por nada!
- Então você se preocupa comigo?
- Não... Não foi o que eu quis dizer - Resmunguei.
- Claro que foi. - Ele retrucou, mas antes que eu pudesse reclamar de novo, Ronan continuou: - Bem, tenho certeza que outras pessoas também se fingiriam estar desacordadas, se vissem o quanto perfeita você fica quando esta cuidando de mim. Eu senti minhas bochechas esquentarem e me afastei um pouco.
- Você... Não devia dizer coisas assim - sussurrei .
- Uh? Mas é a verdade.
- E a loira que você estava beijando aquele dia?
Ele me encarou.
- Então foi por isso? - Sussurrou triste - Foi por isso que você sumiu?
Eu concordei com a cabeça.
- Maldição! - Ele estava exaltado, eu me afastei. - Ela me atacou! Eu a empurrei, e te procurei, eu te procurei em todos os lugares, mas você tinha sumido. - Ele me olhou e me puxou pela mão de volta. - Eu nunca consegui te esquecer. - Ronan levantou seu corpo e me puxou para perto dele. - Eu não quero te perder mais de vista, eu sofri de mais sem você. - Sua mão tocou na minha bochecha e aproximou meu rosto do dele. - Fique comigo, Lin, não fuja mais.
Eu estava sem reação, meu coração disparando, meu cérebro parecia ter derretido, minha garganta era inultil.
- Eu te amo, Lin.
Seus lábios tocaram levemente os meus, incentivando-os para um beijo mais longo em seguida. Eu senti as lagrimas descendo, a felicidade dominava meu peito.
Tinha sido um engano, mas ele veio conserta-lo.
- Hey, hey, pode não parecer mas isso ainda é um hospital.
Nós nos sobressaltamos ao ouvir a voz do meu chefe, que encarava a cena com um sorriso discreto no rosto.
- Se quiserem continuar com isso, dê alta ao seu paciente e procure um motel.
Eu corei totalmente e vi Ronan tendo a mesma reação.
- Nã-ão é isso, é que...
- Procurem um motel! - Meu chefe gritou de longe e diversos olhares e risadas foram direcionadas a nós.
- A gente bem que poderia seguir o conselho dele.
- Ronan!
- Que foi? É uma boa idéia.
Eu ri. Eu amava aquele idiota