A decisão foi tomada só faltam as consequências.

— O que? – Bella perguntou me olhando assustada.

— Nós vamos adotá-la.

PDV - EDWARD

Andava de um lado para o outro, minhas mãos tremiam tanto que duvidava poder pegar algo com elas, se fosse um pouco mais pesado minhas pernas já não aguentariam meu peso, minha cabeça rodava tão rápido com tantos pensamentos e lembranças ao mesmo tempo que ficava difícil raciocinar algo, era tão difícil que não posso dizer se minhas atitudes até esse momento foram tomadas com a razão ou simplesmente o calor da emoção, mas isto perto de toda a situação era apenas um detalhe.

Já haviam se passado quatro dias desde que a decisão foi tomada, mas pareciam ter passado séculos. O peso em minha costa não me largava de jeito nenhum. Parecia que carregava toneladas o dia todo e a noite parecia tudo estar vazio, mesmo tendo Bella em meus braços, mesmo sentindo ela junto a mim, até mesmo ao ouvir o seu choro no meio da noite me sentia sozinho, incompleto. Talvez estivesse elevando a situação a um patamar muito mais alto do que deveria, claro, o ser humano em si tem tendência a exagerar e dramatizar tudo ao seu redor, mas quem se importa? Ás vezes não é um simples drama é algo além disso, quero dizer, quantas vezes uma pessoa passa por uma situação extremamente complicada, sofre até não aguentar mais, mas depois tudo passa e nesse momento você olha para trás e vê que muitas das suas reações eram exageradas, poderá ser cômico até daqui a alguns anos, mas você precisa passar por aqueles momentos complicados. E eu estou passando por um deles, mas sei que irá passar.

Provavelmente só estava pensando na situação por este lado, pois alguém precisava ser forte por Bella já que ela não conseguia ser. Conversei com meu pai sobre isso, ele tinha pouca experiência com psicologia, mas se arriscou em "diagnosticar" a minha namorada e o resultado não foi nada bom.

FLASH BACK ON - Um dia depois da decisão

Meu pai tinha acabado de nos chamar para uma reunião em família, mas pediu para que deixasse Bella em casa, pois ela não poderia ouvir o que ele estava prestes a dizer. Achei um pedido estranho e me preocupei com aquilo, mas não deixaria de fazer o que ele me pediu.

Após sair da casa dos Swan's deixando uma Bella completamente triste para trás voltei para minha casa e lá encontrei meus pais e Alice sentados no sofá. Carlisle segurava alguns papéis, seu olhar vagava muito além das paredes em que ele mantinha o olhar fixo. Esme parecia tão nervosa quanto ele, ela estava praticamente em estado de choque algo que me preocupou um pouco e quando olhei em direção de Alice fiquei paralisado, ela estava com as mãos em seu rosto e se aninhava em si mesma algo que sempre fizera quando pequena era um sinal de que ela estava triste, mas triste ao ponto de desabar. Como sempre que isso acontecia corri para o seu lado e a abracei, não disse que "tudo ficaria bem", pois além de não ter certeza ainda não sabia o que estava acontecendo.

Parte de minha mente já trabalhava tentando adivinhar o que estava por vir e a outra estava tentando se desligar de toda aquela situação, afinal, eu sabia que noticia boa não era e nos últimos tempos como tudo tem dado errado não seria surpresa mais uma bomba cair sobre nossas cabeças.

Vi quando Carlisle respirou fundo e se posicionou ao lado de Esme apoiando uma de suas mãos no ombro dela que retribuiu olhando na direção dele e sorrindo fraco.

— Bom... Edward. – Começou ele parecendo analisar cada palavra antes de coloca-la para fora. – O que tenho para te dizer é grave... Nós não tomamos o cuidado que deveríamos ter tomado com Isabella. – Fez uma pequena pausa, apertei mais meus braços em volta de Alice lutando para segurar as lagrimas.

— O que isso quer fizer? – Perguntei quase sem voz.

— Você sabe que Bella teve um caso grave de depressão, certo? – Assenti, fechando os olhos com as lembranças ruins que insistiam em voltar em algumas ocasiões. – Quando você e ela se acertaram todos nós achamos que ela tinha melhorado, mas nenhum de nós percebeu que isso era meramente impossível.

— Como assim pai?

— Edward, meu filho, nenhuma pessoa deixa de ser depressiva de uma hora para a outra, Bella chegou a tomar remédios, lembra-se? – Assenti novamente. – E por mais que ela tenha sido liberada deles isso não quer dizer que ela melhorou. – Fez mais uma pausa antes de suspirar. – O que estou querendo lhe dizer é que Bella continua mal e esse problema esta fazendo tudo voltar.

— Ela continua com depressão. – Não era uma pergunta e sim uma afirmação feita mais para mim mesmo do que para os presentes naquela sala.

— Nunca deixou de ter, essa é a questão.

— Mas não entendo... – Sussurrei.

— Vou tentar te explicar da melhor forma possível. Desde quando vocês começaram e ela começou a parecer melhor resolvi fazer algumas pesquisas e aprofundar-me nessa questão apesar de não ser da minha área. Uma pessoa é considerada depressiva quando fica no estado “triste” por mais que vinte e um dias, sendo não só tristeza, mas sim a junção de desanimo, baixa auto estima entre muitos outros fatores. Não querendo te acusar de nada, mas colocando as cartas na mesa, o que você fez com Bella afetou e muito seu psicológico e isso gerou conseqüências negativas para ela, sim, ela entrou em depressão profunda em menos tempo do que imaginávamos ser possível, mas isso também varia perante o tamanho da dor e impacto em cada pessoa. Quando vocês se acertaram aparentemente essa tristeza foi substituída por uma sincera alegria, mas isso não quer dizer que ela foi anulada, ou seja, o que “sobrou” de tristeza ainda estava dentro dela e ela continuou vivendo assim, ela não tinha se recuperado completamente, pois isso demora anos para acontecer e em alguns casos nem acontece, as recaídas podem vir a qualquer instante e não apenas recaídas, mas a depressão voltar igual ou pior do que antes, entende? Bella acabou se apegando a Carlie por se colocar no lugar dela e separa-las é a pior coisa a se fazer nesse momento, porque será extremamente negativo para as duas, mas para Bella isso será muito pior. A pessoa com depressão tenta encontrar apoio em tudo aquilo que a faz esquecer da tristeza e quando esse elo é quebrado as conseqüências não são boas...

Fiquei sem reação tentando digerir tudo o que ele tinha falado. Podia ouvir o choro de Alice e de minha mãe também. Podia ver a preocupação nos olhos do meu pai, mas nada disso parecia fazer sentido. Não fazia sentido porque parecia que eu não estava ali, não estava junto com eles, estava longe, na casa de Bella, tentando achar uma solução para tudo.

Mas não estava em condições de ir até lá realmente ou ficar ouvindo a lamentação dos meus familiares. Não sei quanto tempo tinha se passado, mas parecia apenas alguns segundos, soltei meus braços de Alice e subi correndo para meu quarto trancando a porta e caindo em um choro desesperado ao som dos gritos de minha mãe.

Parecia que tudo estava desabando.

E estava.

FLASH BACK OFF

Naquele dia chorei tudo o que tinha que chorar. Horas depois abri a porta e fui recebido por um forte abraço de minha mãe. Jasper, Emmett e Rosalie estavam lá, meu pai havia conversado com eles também que prometeram dar todo o apoio para nós. Rose me abraçou fortemente e junto com Alice tiveram uma longa e seria conversa comigo enquanto os meninos conversavam com meu pai tentando entender melhor toda aquela situação.

As garotas me abriram os olhos para o que deveria ser feito, todos nós deveríamos cuidar de Bella. Alice repetia que amava muito ela e que não queria mais vê-la sofrer e que lutaria muito por isso, Rose concordava com ela completamente e é claro que eu também, então decidimos não deixa-la muito tempo sozinha e tentar distraí-la, claro, nem sempre daria certo, mas deveríamos tentar, afinal, cada um de nós amava muito ela e não permitiríamos deixa-la sofrer... Não outra vez.

Ouvi o barulho de um carro estacionando e deduzi ser os meus pais com Bella, eles tinham combinado de busca-la para terem uma conversa seria conosco, estava completamente ansioso para saber o que seria. Segundo minha mãe era uma chance de fazer tudo dar certo e só isso encheu meu coração de esperança.

Era obvio que isso tinha algo haver com Carlie... Carlie, minha garotinha que não via a quatro dias. Kate tinha pedido para darmos um tempo para ela digerir tudo o que estava acontecendo, era o melhor a se fazer para que ela não sofresse ainda mais com o que pudesse acontecer e tivemos que concordar mesmo a contragosto. Só concordei quando ela prometeu conversas com o casal que queria adota-la e isso foi um pequeno alivio pois nos daria mais tempo para conseguirmos achar uma solução.

— Edward, chegamos. – Ouvi minha mãe gritando ao pé da escada.

Não foi preciso que ela me chamasse mais uma vez, sai do meu quarto tentando manter a expressão calma e desci as escadas em uma velocidade razoável, ao chegar no penúltimo degrau pude ver Bella olhando para o vazio... mais uma vez. Essa visão me preocupou como sempre e fez com que suspirasse alto. Bella olhou em minha direção e sorrio fraco, esse sorriso nunca preenchia seus olhos, mas já era algo. Andei até onde estava e me sentei ao seu lado depositando um beijo demorado em sua bochecha, segurei sua mão fazendo círculos imaginários em uma e voltei minha atenção para os meus pais que olhavam a cena sorridente.

— Então? O que querem nos falar? – Perguntei tentando esconder o nervosismo em minha voz. Bella apenas encarou eles demonstrando curiosidade, mas nada disse.

— Desde que tudo aconteceu eu e o seu pai começamos a conversar sobre o assunto, queríamos deixar vocês resolverem tudo sozinhos já que a vida é de vocês, mas percebemos que talvez seja melhor interferir. – Minha mãe disse vagarosamente.

— E achamos a nossa própria solução. – Meus pais se olharam por alguns segundos antes de voltar o olhar para nós.

Meu coração perdeu uma batida, mas logo voltou freneticamente batendo rápido e minha respiração ficou desregulada assim como a de Bella. Eles não podem ter feito isso.

— Qual a solução? – Bella fez a pergunta que eu não tive a coragem de fazer.

— Vamos adotar Carlie... para vocês! – Falaram juntos.

E então meu mundo parou de girar.