“Não… NÃO!”

–Não!!

Tum.

Caí de cara no chão.

Eu estava totalmente molhada, e por algum motivo, coberta com pelos de cachorro, bem negros. Olhei pro lado, ainda no chão.

Achei que continuava sonhando, já que eu não estava no meu quarto branco e preto. Estava em uma… Enfermaria?

– Acordou, hein?

Olhei para o lado. Um menino de cabelos pretos e olhos fundos penetrantes me olhava. Tinha a pele morena, os cabelos espetados.

– Sou Guilherme. Você é…

– Dani - disse me levantando - Onde estou? Me diga! Não te conheço nem nada…

– Você está no acampamento meio-sangue. Um lugar para pessoas como nós…

– Meio-sangue? Fala sério, nunca fiz pacto de sangue pra estar aqui…

Ele riu.

– Não. Resumidamente sua mãe ou pai é uma deusa ou deus grego, e bem… Conheceu algum mortal e eles tiveram você.

– Não tenho pai - falei diretamente - E agora você me diz que ele é um deus do Olimpo?

– Você entende rápido. Tomara que seja minha irmã, sou filho de Zeus.

– Mesmo se eu fosse filha de Zeus, seria impossível eu ser sua irmã - falei irritada - Não te conheço.

Ele riu novamente.

– Você pode ter vários irmãos. Não sabemos apenas quem é seu pai

Minha cabeça começou a girar. Meio-sangue? Olimpo? Zeus? Eu?

Nesse momento, entraram três pessoas naquela sala. Um menino alto de cabelos loiros com um pequeno topete um pouco bagunçado e olhos azuis de uma pele bem branca e magro com olhos grandes e redondos, com um sorriso lindo no rosto, e aparentava uns quinze anos de idade.

Outro de cabelos castanhos encaracolados e olhos castanhos escuros com uma pele escura. Seus cabelos estavam molhados, como se acabasse de tomar um banho. Era realmente muito bonito, e dava a impressão de que tinha treze anos.

E uma outra menina, de cabelos encaracolados que iam até os ombros, bem magra, e com olhos castanhos-escuros que fixavam em mim, ela não aparentava mais de oito anos de idade. Tinha os olhos grandes e redondos como os do primeiro garoto, e seus dedos ficavam constantemente mexendo em um dos cachos. Todos usavam a mesma camiseta laranja escrita “Camp Half-Blood”.

– Olá - disse o menino de cabelos castanhos castanhos - Meu nome é Murilo

– Eu sou Vinícius - apresentou-se o outro - Muito prazer.

– E eu sou Bruna - falou a menina. Ela tinha uma voz incrivelmente fina

– O que vocês querem comigo? - perguntei.

– O nome dela é Dani - interrompeu-me Guilherme.

– Posso me apresentar sozinha, obrigada - falei, me virando para ele.

– Que gentileza! - retrucou-me ele - Deve ser filha de Ares.

– Bem - disse Murilo - Eu e esse loiro aqui somos filhos de Apolo, viemos ver se você está bem, é claro.

– E eu sou filha de Atena - respondeu-me a outra menina, apontando para ela mesma.

– Só falta descobrirmos de quem você é filha - disse Vinícius apontando e chegando perto de mim. Depois virando-se para os outros - De que deus que vocês acham que ela é filha?

– Só pode ser “deus” mesmo Vini - falou Guilherme - Ela conhece a mãe dela.

– Ah… - lamentou-se Murilo - Deve ser filha de Apolo, bonita assim.

– Não sou bonita! - me senti corando e coloquei as mãos em frente ao meu rosto pra cobrir me. Quando as afastei, olhei meus anéis de caveiras. Elas refletiam a luz do dia - Papai…

– O que é isso? - perguntou-me Bruna olhando para os anéis.

– Ahn… Nada - falei - Presente da minha mãe.

Na verdade, minha mãe me dera aqueles anéis quando eu tinha seis anos, falando que era um presente do meu “falecido” pai.

Então, um menino conhecido entrou na sala: Akihito. Meu amigo da escola. Ele tinha um cabelo liso, que iam até os ombros, olhos puxados e escuros, uma pele bem clara e era bem magro, mas apesar disso, sempre comeu de tudo.

– Akihito! Que… Que lugar é…

– Dani, não se lembra? - então ele deu um longo suspiro - Estávamos indo para os campos de morango…

“Campos de Morango”.

Essas palavras ecoaram na minha mente. Então me lembrei. Akihito queria me levar à um lugar que ele havia conhecido. Chegando lá, avistei uns campos de morango, e algo ao longe… Pareciam dois pilares… Mas de repente, um cachorro negro estava vindo em minha direção… Apesar do meu medo de cachorros, não me importaria se fosse um cachorro normal, mas aquele era… ENORME.

– Ela acordou?

Entrou um menino de cabelos pretos bagunçados e volumosos, olhos extremamente verdes, e não aparentava mais de dezessete anos. Usava a mesma camiseta laranja dos demais.

– Ela está bem? Ah, ela está bem - disse em tom de alívio - Prazer, Percy Jackson, filho de Poseidon. E bem, aquela cadela que te “atacou” - ele fez aspas com os dedos - É… É minha...

– OK Percy, tá tudo bem - então disse com um tom assustado - MAS ELA PARECIA TIPO… ENORME!

Percy e os outros riram.

– Na verdade ela é um cão infernal - falou Percy num tom como se anuncia que seu cachorro é um poodle - Estávamos brincando de pegar, e o pauzinho caiu fora dos limites do acampamento, e foi quando você chegou, sabe? Ela adora novos campistas, mas a Senhora O’Leary é bem mansinha, não se preocupe.

Olhei para baixo. Minhas roupas pretas estavam totalmente molhadas, e meu cabelo também. Agora eu sabia porque: baba de cachorro. Em vez de falar “ECA!” ou qualquer outra coisa do gênero, eu apenas disse:

– “Campistas”? Essa história de acampamento sei-lá-o-quê de novo?

Todos se viraram para onde Guilherme estava, com uma expressão de raiva.

– Eu TENTEI explicar! - disse ele levantando suas mãos para o alto - Mas ela é louca!

– Vamos - disse Murilo, pegando na minha mão - Deixe-nos mostrar o acampamento!