Capítulo 3 - Confissões

POV Apolo

Desde que aquela filha de Hades surgiu, eu não sou mais o mesmo. Não vejo as outras mulheres da mesma forma que as via antes.

Eu me apaixonar em plena guerra contra os Titãs não é algo sensato. É loucura e das grandes...

– Afrodite, o que você fez comigo? - eu me perguntei pela milésima vez naquele mesmo dia.

– Nada, querido Apolo... Você só encontrou alguém para amar de verdade. Alguém por quem você irá lutar com todas as suas forças, alguém para você proteger... - ela respondeu pela primeira vez naqueles três anos que eu vinha fazendo a mesma pergunta.

– Por que você resolveu responder hoje? - eu perguntei a fuzilando com os olhos.

– Porque ela vai sair em uma missão e como você bem sabe, ela irá morrer sem a sua ajuda. Você tem perturbado as noites dela através de sonhos, Apolo. Ela não pode continuar vivendo dessa forma. Ou você deixará ela morrer, ou lutará para salvá-la e ficar com ela. - Afrodite falou saindo logo depois me deixando sozinho com meus pensamentos.

POV Annabelle

Eu acordei na manhã seguinte com a luz do sol na minha cara.

Resmunguei e virei para o outro lado, onde a luz não me cegaria, erro meu.

– Nico, fecha essa cortina! - eu falei irritada para meu irmão.

– Ele não está mais aqui. - uma voz conhecida respondeu.

Me sentei com um pulo na cama e fuzilei o deus com os olhos.

– Apolo... O que faz aqui? Onde o Nico está?

– Você perdeu o café da manhã. - ele falou simplesmente olhando ao redor.

– Isso não responde nenhuma das minhas perguntas. - eu falei pegando um robe e colocando sobre minha camisola fina.

– Precisava te ver. E Nico já saiu para treinar. Isso responde as suas perguntas? - ele perguntou sorrindo de lado, mas ainda estava sério.

– Me ver? Por quê?

– Vai sair em uma missão amanhã, não é? Sua vida depende de mim. Você morrerá se eu não te salvar, não é mesmo?

– Se quer se livrar de mim para seguir sua vida de deus galinha do Olimpo, pode me deixar para a morte. - eu falei dando de ombros.

– Não fale assim comigo, Annabelle. - ele falou em tom de ameaça e vi a fúria em seus olhos.

Mesmo sabendo que tinha irritado o deus do sol, não abaixei a cabeça.

– Você ficaria feliz em me ver fora da sua vida, não é mesmo? Ficaria feliz em me ver morrer. - eu falei encarando o deus.

– Não fale isso. - ele falou. Por incrível que pareça, senti dor nas palavras dele.

– Não estou mentindo. Aposto que ficaria realmente feliz em me ver longe daqui. - o que estava dando em mim? Eu não queria morrer hoje.

– Não fale isso! Nunca mais, Annabelle! Está me entendendo. - ele falou atravessando o quarto vindo na minha direção. - Só não volte a falar isso. - ele murmurou respirando fundo enquanto segurava meus braços e me prensava na parede.

– Então por que me atormenta todas as noites? Por que não deixa eu ter uma noite sem sonhos em que eu me vejo morrendo? Sei que é você quem faz isso. Por quê? - eu perguntei tentando me soltar do aperto dele.

– Já cansei de lutar contra isso. - ele murmurou mais para si mesmo do que para mim.

– Está me machucando, Apolo. - eu falei tentando me soltar.

Ele parecia estar em um transe e não me soltava, senti minha pele começar a queimar sob as mãos dele. Em segundos meu corpo inteiro.

– APOLO! - eu gritei em agonia.

Ele pareceu sair do transe e me soltou. Tudo escureceu e eu desmaiei.

Acordei na minha cama, o sol em meu rosto e uma mão quente em minha testa.

Tentei abrir os olhos mas a claridade me impediu.

– Fique de olhos fechados por mais alguns segundos. - ele falou, então a intensidade da luz diminuiu e eu consegui abrir os olhos.

– O que aconteceu? - eu perguntei olhando para o rosto do deus tão próximo ao meu.

– Eu quase matei você. - ele falou com raiva. - Me perdoe. Se você não tivesse me tirado de meu transe, eu provavelmente teria te matado.

– Por quê?

– Já decifrou o enigma, eu acho... - ele falou sorrindo fracamente.

– Sim.

– Então eu posso responder essa pergunta. Porque eu te amo. Fiquei em um debate interno sem saber se eu falava ou não, sem que eu percebesse comecei a me transformar, te machucando.

– Pensei que você não soubesse o que deveria sentir por mim. Que queria me amar, mas não sabia como, e que eu era uma pedra no seu sapato. - eu falei.

– Eu estava errado. Você não é uma pedra no meu sapato. E sim, eu quero te amar, mas não sei como fazer você sentir o mesmo por mim. - ele falou segurando meu rosto.

– Que horas são? - eu perguntei abaixando a cabeça.

– Daqui a pouco já é o almoço. - ele respondeu calmamente me soltando e se afastando.

– Por que eu, Apolo? - eu perguntei e ele entendeu.

– Não sei. Deveria fazer essa pergunta para a Afrodite. Ela é a única culpada nisso tudo.

– Vai deixar eu morrer nessa missão? - eu perguntei temendo a resposta.

– Se eu permitir tal coisa, eu mesmo me jogaria no Tártaro. - ele falou sorrindo. - Vá se arrumar. Você precisa comer alguma coisa.

Com isso, ele desapareceu me deixando sozinha no chalé.

Horas mais tarde, eu estava discutindo com Stefan, filho de Afrodite. Ele tinha me pedido em namoro fazia uma semana, e queria uma resposta naquela hora, antes que eu saísse para a missão.

Eu enrolei ele e voltei para meu treinamento sem dar nenhuma resposta para ele. Não sei se foi impressão minha, mas eu podia jurar que escutei Apolo rindo.

Mas como nem tudo são flores, o idiota do meu irmão fez o favor de se machucar em pleno treinamento e não poderia ir na missão amanhã.

– Eu vou no lugar dele, Quíron. - Stefan falou.

Percy e Annabeth olharam para mim. Eu queria socar a cara daquele retardado, mas como eu não podia fazer isso, me limitei a dar de ombros.

– Belle, desculpa. - Nico falou quando eu entrei na enfermaria da Casa Grande. Nico era uma das poucas pessoas que me chamavam de Belle.

– Tudo bem Nico. Só vou ter que aguentar o Stefan durante essa missão.

– Você não vai aceitar namorar com ele, vai?

– Não. Nunca! - eu falei horrorizada com tal idéia.

– Tome cuidado nessa missão e volte inteira. - ele falou sério.

– Pode deixar. - eu falei piscando para ele antes de sair do quarto e indo para o chalé.

– É bom que não aceite mesmo. - Apolo falou em meu ouvido assim que eu fechei a porta do chalé de Hades.

– Meu pai sabe dessa sua invasão aqui? - eu perguntei divertida.

– Não.

– O que acontece se eu aceitar?

– Não faria isso. - ele falou convencido.

– Como pode ter tanta certeza disso?

– Não tenho, mas confio em você e sei dos seus sentimentos por mim. - ele falou se aproximando.

– Eu te odeio. - eu falei sem olhar nos olhos dele.

– Não odeia.

– Eu preciso dormir. Amanhã vou acordar cedo para sair nessa missão. - eu falei colocando uma mão sobre o peito do deus para mantê-lo afastado.

– Por que não dormir nos meus braços? - ele perguntou sem parar.

– Não disse que iria aceitar os seus sentimentos por mim, assim como não disse se iria aceitar namorar com o Stefan. - eu falei quando ele conseguiu me prender entre a parede e seu corpo.

– Sensato. - ele murmurou inclinando na cabeça para os meus lábios.

– Apolo... - eu murmurei antes que ele grudasse seus lábios nos meus.

Sua língua pediu passagem e eu dei. Eu estava totalmente entregue nos braços do deus do sol. Então alguma parte do meu cérebro voltou a pensar racionalmente e eu o empurrei para longe de mim.

– Não... faça isso novamente. - eu falei arfando.

– Vai dizer que não gostou... - ele falou com um sorriso brincando nos lábios.

– Só... não faça isso novamente. - eu falei ruborizando.

– Tudo bem. Só vou te beijar novamente quando você pedir. - ele falou sorrindo. - Boa sorte amanhã. - ele falou dando um beijo leve em meu pescoço antes de sair do chalé.

– Desgraçado. - eu praguejei e escutei ele rir.

POV Hades

Minha filha não ficaria nas mãos do Apolo, nunca!

Perséfone me observava divertida enquanto eu praguejava em todas as línguas possíveis.

– Apolo cuidará dela. - ela falou simplesmente enquanto via o que estava acontecendo no meu chalé.

– Ele só vai se aproveitar dela! Assim como ele se aproveita de todas. - eu rosnei para a minha esposa.

– Você sabe bem que dessa vez é diferente para o Apolo. - ela retrucou.

– Ele nunca muda, Perséfone. Nunca mudou em dois milênios e meio, por que vai mudar agora?

– Porque a Annabelle é especial. - Sophie que respondeu.

– Sophie! A quanto tempo. - Perséfone sorriu para o espírito da mãe da minha filha.

– Olá. Lady Perséfone. Lorde Hades. - ela falou se curvando para nós dois. - Annabelle é especial, meu senhor. Ela já mudou o coração de Apolo.

– Ele irá se aproveitar dela, Sophie. Ele vai se aproveitar da nossa filha! - eu gritei. Será que era tão difícil para elas compreenderem isso?

– Eu desisto. - Perséfone falou se levantando. - Quer tentar você, Sophie? Fique a vontade. - e saiu.

– Hades, ela mudou o Apolo. Ele a ama de verdade. Annabelle está imune a todos os encantos dos deuses. Principalmente aos encantos do Apolo. - Sophie falou.

– Como?

– Coisa da Afrodite. Apolo morrerá se ela morrer nessa missão. Ele nunca deixaria isso acontecer com nossa filha. Ele a protegerá com todas as forças que ele tem.

– Ele a machucou hoje de manhã, Sophie.

– Mas ele mesmo cuidou dela! Ele se sentiu tão culpado que tirou a dor dela. Ele nunca fez isso com nenhuma outra mulher, fez Hades? - ela perguntou para mim.

– Não. Eu vou dar apenas uma chance para ele. Se ele machucá-la ou apenas usá-la, eu mesmo acabo com ele. - falei me dando por vencido.

Discutir com Sophie era a mesma coisa que discutir com Athena, eu nunca conseguia ganhar.