Capítulo 16 - Fim do Verão - Parte II

POV Annabelle

– Onde estamos? - eu perguntei depois de olhar várias vezes ao redor tentando me localizar.

– Não estamos muito longe de Washington, estamos há alguns quilômetros mais ao norte. - ele respondeu se sentando na grama.

– Onde a parte das roupas quentes entra? - eu perguntei me sentando ao seu lado, no mesmo momento um vento frio soprou fazendo com que eu me abraçasse para manter o calor em meu corpo.

– Estamos perto do topo de uma montanha, Anna. O tempo por aqui é instável, um minuto pode estar agradável, no outro... isso. - ele falou indicando o redor, o vento soprava forte. - Venha cá. - ele abriu os braços para mim e fui até ele, o calor de seu corpo me invadiu imediatamente.

– Por que me trouxe até aqui? - perguntei quando eu estava protegida do frio pelos seus braços.

– Não gostou?

– Não estou dizendo isso. - eu o olhei indignada. - Apenas quero saber o que essa clareira tem de tão especial?

– Olhe para cima. - ele falou sorrindo.

Obedeci. A lua cheia brilhava acima de nós e a quantidade de estrelas no céu acima de nós era incrível. Uma faixa colorida começava a tomar conta do céu entre a lua e o chão, era a aurora boreal.

– Não estamos tão ao norte para vê-la, estamos? - perguntei apoiando a cabeça no ombro de Apolo enquanto observava as luzes dançarem.

– O frio anormal nessa área trouxe-a para cá, é uma coisa rara de se acontecer e eu fiz um acordo com Bóreas, acima de tudo. - ele deu de ombros enquanto um sorriso maroto surgia em seus lábios.

Ele se deitou no chão sobre a grama úmida e me puxou junto, seus braços passaram ao redor de minha cintura de forma possessiva, mas ainda assim carinhosa. Ele brincava com meus cabelos enquanto eu observava a aurora boreal correr pelo céu, eu precisaria agradecer muitos deuses quando voltasse para o Acampamento.

– Anna... - Apolo me chamou depois de algum tempo, ergui a cabeça para encará-lo. - Você está feliz ao meu lado? - ele perguntou sem olhar em meus olhos.

– O que quer dizer, Apolo? - perguntei sem compreender onde ele queria chegar.

– Eu só quero saber se estou fazendo você feliz da mesma forma que você me faz.

– Sim, você faz. - eu respondi me esticando até sua boca.

Ele me beijou com desejo e carinho, em questão de segundos, ele estava por cima de mim, me arrepiei ao sentir a grama úmida contra minhas costas. Seus beijos passaram para mais urgentes e logo ele espalhava beijos por meu pescoço, suas mãos penetraram minha blusa e senti um choque passar por meu corpo. Minha pele estava gelada, mas por onde suas mãos passavam deixavam um rastro de fogo. Ele ia abrir o zíper de minha jaqueta para ter mais acesso ao meu corpo quando um raio caiu bem perto de onde nós estávamos deitados.

Apolo olhou para cima parecendo irritado, olhei para o lado onde o raio tinha caído e me surpreendi ao ver uma flecha prateada, Ártemis.

– Obrigado, maninha. - Apolo resmungou irritado. - Foi um aviso para nós pararmos. - ele se deitou ao meu lado e me abraçou. - O que foi?

– Estávamos mesmo fazendo isso aqui? - eu perguntei surpresa com a minha audácia.

– Ártemis não deixaria. - ele falou acariciando minha cintura por cima da blusa. - Ela disse que enquanto você for virgem, ela pode continuar tendo esperanças de que você entre para as caçadoras. Sabe, não entendo ela. Em um momento está me apoiando para que eu pudesse ficar com você e agora quer nos separar! Não vou perder você para minha irmã.

– Não pretendo entrar para as caçadoras. - murmurei.

– Escutou, maninha? - Apolo gritou para o nada. Revirei os olhos e reprimi um bocejo. - Cansada?

– Um pouco. - respondi. - Que horas são?

– Já passa das duas horas. Não é para menos que você esteja cansada. Venha, vamos voltar para casa. - ele me puxou junto quando se levantou.

– Vamos voltar da mesma forma que viemos? - perguntei quando ele puxou meu corpo para junto do seu.

– Sim. - ele respondeu. - Posso carregá-la, se quiser. - sugeriu.

– Acho que posso suportar mais uma vez. - voltei a esconder o rosto em seu peito e fechei os olhos com força. A sensação de meu corpo estar queimando voltou junto com tudo, eu não acreditava que estava viajando novamente daquela forma tão cedo.

Apolo continuou com os braços ao redor de minha cintura mesmo quando o chão estava de volta sob nossos pés. Ele não tentou me soltar dessa vez, ele se sentou comigo em seu colo e murmurou algo em grego antigo, me senti um pouco melhor e abri os olhos.

– Como se sente? - ele perguntou me olhando preocupado.

– Cansada, com sono e enjoada. - respondi, parecia que meu estômago tinha resolvido virar uma bola de pingue-pongue.

– Vamos descansar e dormir então. - ele sorriu passando um braço sob minhas pernas e o outro pelas minhas costas me pegando no colo. Não protestei dessa vez, apoiei a cabeça em seu ombro e deixei que ele me carregasse para dentro da casa e depois escada acima. - Acho que não vai aproveitar muita coisa do terceiro andar essa noite. - ele falou no meio da escada.

– O que tem nele? - perguntei sonolenta.

– Nosso quarto. - ele respondeu sorrindo.

– Nosso?– ele assentiu e continuou subindo a escada.

O terceiro andar era um único cômodo, um quarto enorme. Não era muito diferente do quarto de Apolo no Olimpo, onde eu tinha passado um tempo depois de minha missão no começo do verão. Mas era muito mais aconchegante do que o dele, sem contar com o toque feminino que o quarto possuia, era parecido com...

– O meu quarto na casa onde eu morava com minha mãe. - eu murmurei.

– Presente da Sophie e da Athena. - ele me colocou sobre a cama com cuidado e tirou meus sapatos. - Precisa de alguns minutos como uma humana normal? - ele perguntou enquanto eu tirava a jaqueta.

– Poderia me deixar sozinha por alguns minutos? - perguntei incerta se queria mesmo ficar sozinha.

– Volto assim que estiver pronta. - ele me deu um beijo antes de sair me deixando sozinha.

Fui para o banheiro e me amaldiçoei por não ter pego uma roupa no closet no andar de baixo, saí enrolada na toalha e me lembrei de Apolo ter falado algo sobre o closet ser ligado a esse quarto, abri a porta que deveria estar sobre o closet e me supreendi ao ver uma quantidade enorme de roupas de dormir.

Peguei uma calcinha preta e uma camisola da mesma cor de seda. Era como eu dormia quase sempre.

– Se sua vontade é me enlouquecer, devo dizer que está conseguindo. - Apolo falou encostado na porta do quarto quando eu saía do banheiro depois de ter me trocado e escovado os dentes. Meus cabelos estavam molhados mas desciam por minhas costas em cachos praticamente perfeitos.

– Não quero enlouquecê-lo. - eu respondi sorrindo e indo para a cama.

– Sabe, vou precisar de muita força de vontade para não agarrá-la essa noite. - ele veio para a cama e se sentou ao meu lado. - Droga Belle, você sem dúvida nenhuma me enlouquece. - ele falou depois de me olhar de cima a baixo. - Vamos dormir antes que eu prefira fazer outra coisa essa noite. - ele me olhou com desejo nos olhos e eu engoli em seco. - Não farei nada que você não quiser, minha querida. - ele puxou a coberta para nos cobrir depois que estávamos deitados.

– Apolo, você me contaria se me traísse certo? - estava com a cabeça apoiada em seu peito.

– Deseja isso? - assenti, achava melhor ficar sabendo através dele do que de outra forma. - Então contarei.

– Posso pedir uma coisa?

– Até duas, meu amor. - ele brincou.

– Me beije. - pedi.

– Anna, não sei se vou conseguir parar se fizer isso. - ele falou puxando meu rosto para cima.

– Faço você parar. - falei confiante, queria sentir seus lábios sobre os meus uma última vez essa noite para que então ela pudesse terminar realmente perfeita.

Ele hesitou antes de aproximar seus lábios dos meus, mas me beijou depois de forma suave, carinhosa mas todo o desejo estava ali. Ele inverteu nossas posições ficando por cima. Fechei os olhos quando ele passou os beijos para meu pescoço e arfei quando ele colocou sua mão por dentro de minha camisola. Precisava afastá-lo antes que as coisas ficassem mais sérias, mas eu não conseguia fazer isso. Estava completamente entregue nas mãos dele.

– Chega, Annabelle. - ele se afastou arfando antes que suas mãos se apossassem de meus seios. - Se eu fizer mais alguma coisa não serei capaz de parar e eu vou machucá-la. - ele falou olhando em meus olhos. - Acho melhor não me provocar mais hoje. - avisou se deitando e puxando meu corpo para si delicadamente, mas eu podia sentir sua respiração entrecortada em meus cabelos, assim como ele podia sentir a minha. Dormi com ele afagando meus cabelos.

POV Nico

Depois que Belle saiu com Apolo, nós começamos a organizar as coisas para a última noite da fogueira, no domingo ou seja, amanhã à noite.

Fui chamado para uma reunião de última hora algumas horas depois do jantar, todos os conselheiros de cada chalé estavam presente na varanda da Casa Grande.

– O que aconteceu? - perguntei. Era o último a chegar.

– Nico, nós ainda não decidimos qual será o desenho da conta desse ano. - Percy falou.

– É esse o assunto dessa reunião? - perguntei incrédulo, eles só podiam estar brincando.

– Nico, todos nós concordamos que a coisa mais estranha e surpreendente que aconteceu esse ano foi o início do namoro da Anna com o Apolo. - Annabeth falou.

– Estamos querendo usar isso na conta desse ano. - Christina, filha de Afrodite disse animada.

– Vai nos ajudar?

– Por que vocês precisariam da minha ajuda? - perguntei.

– Queremos fazer uma surpresa para a Belle. Por isso resolvemos conversar sobre as contas desse ano agora, já que ela não está aqui. Na verdade, foi ótimo o Apolo chamá-la para sair. - olhei feio para Katie, ela só podia estar brincando, certo?

– Nico, poderia nos ajudar a manter a questão das contas em segredo da Anna? - Annabeth perguntou antes que eu pudesse falar alguma coisa mal criada para Katie.

– Vou ajudar. - disse dando de ombros. - Era só isso?

– Sim. - Percy respondeu. - Nico, a Anna tem o direito de ser feliz. Nem que seja com o Apolo. - ele segurou meu braço e falou baixo apenas para que eu escutasse.

Eu sabia disso, mas não gostava de ver minha irmã com um cara que provavelmente acabaria magoando ela.

POV Apolo

Domingo acordei tarde. Dormir com ela nos meus braços foi melhor do que qualquer coisa. O cheiro de seus cabelos me acalmava.

– Annabelle. - afastei o cabelo de seu rosto e beijei seus lábios de leve.

– É bom ser acordada assim. - ela sorriu enquanto se espreguiçava sob meu corpo.

– Dormiu bem?

– Muito bem. - ela sorriu.

– Vamos ver o que temos para comer. - puxei ela para fora das cobertas e ela estremeceu quando saiu do calor que elas ofereciam. A abracei e ela se aconchegou em meu peito.

– Não podemos continuar na cama? - ela perguntou de forma manhosa.

– Preciso levá-la de volta para o Acampamento antes das cinco. Quero aproveitar as minhas últimas horas com você antes de devolvê-la para o Acampamento e depois precisar perdê-la para uma escola mortal. - fiz uma careta ao falar a última parte. - Precisa mesmo ir?

– Sabe que sim. - ela me puxou até a porta que ligava o quarto ao closet e quando a abriu, uma variedade de blusas e casacos finos estavam ali. - Deixe-me adivinhar. Esse "closet" nos dá tudo o que precisamos no momento?

– Sim. Desde que esteja dentro do campo de roupas da Afrodite, ou seja, qualquer coisa. - ela pegou uma blusa fina de algodão e colocou sobre a camisola. - Podemos ir? - ela assentiu e descemos para a cozinha.

A mesa estava posta e um cartão estava sobre ela.

– "Espero que a noite dos pombinhos tenha sido boa.

O café da manhã é por minha conta.

Démeter"– ela leu o cartão e sorriu. - Cereais não...

– Acho que a Démeter não faria isso hoje. - como eu disse, tinha uma enorme variedade de frutas, sucos, pães e é claro os cereais de Deméter.

– Anna, prefere voltar para o Acampamento em cima da hora usando meu método, ou voltar agora usando o carro? - perguntei algumas horas mais tarde.

– Desde que eu tenha um pouco mais de quinze minutos para me recuperar depois de chegar no Acampamento, pode ser do seu jeito. - ela respondeu.

– Como você vai fazer amanhã, quando todos forem embora do Acampamento?

– Sally vai buscar Percy e eu e Annabeth vamos pegar uma carona com ela. Ela vai nos levar para nosso apartamento.

– Algum plano para o resto da semana?

– Me acostumar com o apartamento, comprar as coisas que faltam e me acostumar com o fato de que eu estarei voltando para uma escola depois de um ano. Athena cuidou de tudo para mim voltar para a escola, então, bom... Eu ainda tenho mais três anos, de qualquer forma. - ela sorriu sem graça.

– É melhor Percy e Annabeth ficarem de olho em você por mim. Não quero nenhum garoto olhando a minha mulher. - falei possessivamente.

– Terá que falar isso com eles. - ela sorriu tranquila.

Algumas horas mais tarde, ela me abraçava e escondia o rosto em meu peito para que pudessemos voltar para o Acampamento. Me abaixei com ela no colo assim que coloquei os pés no topo da Colina Meio-Sangue, ela parecia mais pálida do que no dia anterior.

– Annabelle, você está bem? - perguntei preocupado. Ela apenas assentiu mas não fez menção de se levantar.

Levou quase cinco minutos para que a cor voltasse para seu rosto e mais cinco para que ela se levantasse sem cambalear.

– Me lembre de recusar qualquer idéia de usar teletransporte se tiver outro meio de transporte. - ela falou quando descíamos a colina na direção do refeitório.

Fui me juntar à mesa principal com Dionísio, Quíron e Rachel. Observei Annabelle conversando com Annabeth, Nico e Percy, depois ela pegou uma quantidade extremamente grande de comida e se levantou indo para a fogueira. Ela levou longos três minutos para fazer sua oferenda à provavelmente metade do Olimpo e depois voltou para a mesa de Hades.

Depois do final do jantar, fui com ela para a última fogueira desse verão. Ela também ganharia uma nova conta para o colar e pelo que ela me disse no caminho até ali, Nico e os outros tinham se recusado a contar a ela qual seria o desenho da conta desse ano, por causa disso a curiosidade foi despertada em mim também.

– Hora da entrega das contas desse ano! - Quíron anunciou depois de um pouco de música e alguns beijos trocados entre Annabelle e eu. As contas foram distrubuídas e Nico trouxe a dela. - Annabeth, poderia explicar o significado do desenho desse ano?

– É necessário mesmo explicar? - Annabelle murmurou para mim mostrando a conta.

Um sol brilhava junto com um elmo. Eu e Hades, mas tinha um anel e uma rosa negra também, o anel que eu tinha dado para Annabelle e a rosa negra era um símbolo de união entre alguém do Mundo Inferior com alguém do mundo mortal ou do Olimpo.

– O namoro de Apolo com a Annabelle é sem dúvida a coisa mais surpreendente e...

– Estranha? - Clarisse, de Ares, sugeriu fazendo todos rirem.

– Acho que "estranha", serve. - Annabelle falou rindo junto com todos.

– Que tal um beijo? - Christina, filha de Afrodite sugeriu.

Olhei para Anna e ela deu de ombros. Puxei seu rosto para mim e selei nossos lábios em um beijo terno e delicioso, pedi passagem com a língua e ela concedeu. Nos beijamos até o ar faltar, encostei minha testa na dela e sorri junto com ela quando éramos aplaudidos e alguns assoviavam. Até mesmo Nico aplaudia.

A última noite do verão foi animada e eu troquei mais inúmeros beijos com ela, minha namorada. Era tão estranho dizer isso...