Clato - Quase vitoriosos escrita por Érika


Capítulo 4
Capítulo 4 - "Rumo à Capital"


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/214446/chapter/4

Ao sairmos do edifício de justiça para pegar o trêm com destino à capital nos deparamos com vários fotógrafos, tento manter meu rosto sem expressão, não quero parecer assustado, apaixonado ou até mesmo confiante demais.

Entramos no trem. Brutus me mostra o meu quarto e combina a hora pro jantar. Meu quarto não é muito grande, mas me lembra muito meu quarto no distrito 2, paredes azul claro e todo o resto da mobília e das roupas de cama brancas.

Eu tomo um banho rápido, o chuveiro é igual ao do acampamento, então não tenho difículdades para usá-lo. Visto uma camisa azul de gola polo e uma calça cinza de moletom, eu fico impressionado como em pouco tempo eles conseguiram roupas que servem direitinho em mim.

Resolvo da uma volta pelo trêm, já que ainda falta muito tempo pro jantar e eu não estou nenhum pouco afim de ficar parado. Após conhecer quase todos os comodos do trem (exceto os quartos e a cozinha) resolvo voltar para o meu quarto e ver se encontro algo pra fazer, revistas pra ler, algo do tipo. Mas quando eu passo pela sala de estar, encontro uma Clove emburrada, sentada no sofá com o cotovelo apoiado no joelho e uma cara de ódio, misturado com tristeza. Ela andou chorando, percebi isso pelos seus olhos inchados. Ela não notou minha presença, então decido dar a volta pelo canto da sala e a abraço por trás.

–O que você tem na cabeça? - Pergunta Clove com um tom de voz não muito amigável. -Por que se voluntariou? Eu sei que você fora treinado pra isso a vida toda, mas podia simplesmente deixar o Walt ir pra arena comigo, ele tinha condições de ir pra arena e isso seria bem mais fácil.

–Meu plano nunca foi esse, eu sempre pensei em me voluntariar aos 18, vencer os jogos, ir para casa, no ano seguinte você faria o mesmo, e nós levaríamos uma ótima vida (sem contar com os disturbios mentais causados pela culpa de matar crianças inocentes, mesmo que isso fosse necessário para a minha sobrevivência) - Eu digo enquanto sento no sofá.

–Você sabe muito bem que eu não seria capaz de te matar na arena! Você sempre foi o meu melhor amigo, sempre foi o meu protetor, sempre serviu de exemplo pra mim! -Diz Clove, agora soluçando com a cabeça apoiada em meus ombros.

–E quem disse que você vai precisar me matar, pequena? -Eu digo enquanto tento abraçá-la, mas acho que a garotinha do chalé de Ares entendeu errado, porque assim que eu digo isso, ela olha pra mim com ódio, mas recupera a calma e diz:

–Então você pretende me matar antes que eu te mate? Isso não faz sentido saindo da boca do garoto que prometeu fazer de tudo para me proteger, assim como eu prometi fazer de tudo para te proteger, lembra?

A fala da garota me faz voltar no tempo, uma pequena missão a procura de alguns campistas desaparecidos, quando eu tinha apenas 14 anos e Clove 13, a noite estava fria e Clove estava se recuperando de um machucado causado por um minotauro, sua febre estava piorando, a garota estava tremendo de frio, eu deixei Lucy (uma filha de Apolo que fora com a gente) dormir um pouco enquanto eu cuidava da pequena Clove, eu havia tirado minha jaqueta e colocado em Clove, mas isso não adiantou muito, então resolvi fazer uma fogueira para aquece-la, mas eu sou péssimo em fazer fogueiras.

–Cato, - A pequena Clove dissera

–Shhh, vai ficar tudo bem pequena -Eu disse

–Obrigada por sempre cuidar de mim -Disse a garota, eu apenas abri um sorriso e disse:

–Eu sempre vou cuidar de você, eu sempre vou te proteger pequena, até mesmo quando você não for tão pequena, eu prometo -Eu respondi enquanto colocava para trás da orelha uma mecha de cabelo que estava caída sobre seu rosto.

–Por mais que você nunca precise da minha ajuda, eu sempre farei o possível para te proteger, eu prometo, um amigo como você é difícil de encontrar, e agora que eu encontrei não quero perder tão fácil -Disse Clove enquanto me abraçava, ela estava fervendo, e por mais que ela não demonstrasse frio, dava pra ver que sua febre estava aumentando, então eu cuidadosamente tirei seus braços, dei um beijo em sua testa e disse:

–Que tal se esquentar um pouco? Essa febre ta acabando com você.- Eu peguei pedras e comecei a tentar botar fogo na base de fogueira que eu havia iniciado antes.Ela deu um pequeno sorriso e disse:

–Você é realmente péssimo com fogueiras, deixa eu fazer isso! -Ela pegou as pedras da minha mão e logo fez uma fogueira, assim nós passamos uma das minhas noites preferidas: Só nós dois (e uma Lucy dormindo), abraçados, em frente à fogueira, caladinhos, só curtindo o momento.

Logo eu volto à realidade e respondo Clove:

–Promessa é promessa, e lembre-se: mesmo grande você continua sendo minha pequena- Eu me levanto e dou um beijo em sua testa. Acho que essa ultima coisa que eu disse mostrou a ela que pode confiar em mim, mas a deixou confusa.

Eu me levanto e vou até a mesa me servir, alguns avox estavam colocando a mesa. Eu faço um prato de arroz de manjericão com uma costeleta de porco com um molho bem escuro e algumas batatas para mim, e para Clove eu coloco um filé com ervas (ja que eu sei que ela adora filé com ervas) batatas, e arroz de manjericão, sem contar com a pimenta (Clove adora pimenta).

–É melhor não se acostumar com esse luxo, ele não vai durar pra sempre. -Digo eu colocando o prato de Clove na mesa de centro, acho que não existe regra sobre não comer na mesa de jantar.

–Obrigada grandão! Não se preocupe com isso, quando o assunto é comida eu não sou exigente. Falando nisso, você caprichou hein? Colocou tudo o que eu adoro!-Ela diz enquanto dá um beijo na minha bochecha, o que é muito estranho, Clove não é o tipo de pessoa que sai por aí dando um beijo na bochecha de cada um que faz um favor para ela, mas se bem que ela andou chorando hoje, outra coisa que não é normal. Não posso culpá-la ela acredita que ou irei matá-la, ou ela terá que me matar, já que ela não sabe que eu a amo e que o verdadeiro motivo de eu ter me oferecido como tributo foi a proteção dela.

Logo Brutus, Enobaria, Lune, Amy e Luke sentam na mesa de jantar e parecem não ver problema em eu e Clove comermos na sala de estar (na verdade a sala de jantar e de estar é uma só). Após o jantar vem as sobremesas, Lune nos chama para assistir às colheitas dos outros distrito, para conhecermos melhor os nossos oponentes. Eu fico impressionado com o número de semideuses na edição desse ano. A primeira semideusa anúnciada é Glimmer, do distrito 1, filha de Afrodite, ao ver que Glimmer vai participar dos jogos Clove abre um sorriso, apesar de Clove se dar maravilhosamente bem com todo o chalé de Afrodite, ela nunca foi muito com a cara de Glimmer, a garota do 1 é meio convencida, mas admito que já tive uma quedinha por ela, seu companheiro é um mortal, mas parece ser bem preparado. Depois tem eu e Clove, e uma filha de Hermes, não lembro ao certo o seu distrito, mas lembro que ela sempre era de grande ajuda na caça à bandeira no acampamento e que Clove a chamava de "raposa". Quando eu penso que os semideuses dessa edição dos jogos acabaram, aparece Rue, uma filha de Deméter do distrido 11, este fora o seu primeiro ano no acampamento, eu lembro que eu sempre a ajudava na arena de esgrima.

–Esse ano não vai ser fácil, geralmente tem um, as vezes dois de nós na arena, mas esse ano são cinco, você tem noção do que é isso? -Diz uma voz de trás de mim, era Amy, filha de Apolo e vencedora da antepenultima edição dos jogos, ela estava certa, geralmente, quando tinha um semideus na arena, ele vencia, mas dessa vez haviam cinco.

–É verdade, as edições que tiveram três semideuses em uma arena foram muito sangrentas -Digo, mas nossa atenção é tirada quando a repriese da colheita do 12 está passando e uma garota se voluntariou, pela primeira vez na história dos jogos. Inicialmente eu não entendi porque a garota se oferecera como tributo, eu pensei que finalmente os perdedores do 12 cansaram de perder e resolveram treinar e se voluntariar quando chegasse a hora certa, mas depois entendi que ela se voluntariou para proteger a irmã, de apenas 12 anos. O tributo homem do 12 tinha a mesma idade dela e tambem estava em ótima forma, não sei se eleseram muito amigos ou se odiavam, porque ele olhava para ela o tempo todo, mas sempre que ela olhava na direção dele ele desviava o olhar.

–Temos mais uma coisinha a acrescentar a nossa lista de problemas- Disse Amy.

–Algum deles é semideus? Só se forem filhos de Hipnos, porque eu nunca vi nenhum dos dois no acampamento -Disse Clove.

–Não, mas a garota é algo do tipo eu lembro que uma vez eu estava andando pelas fronteiras do 14 para me certificar do trabalho da névoa, quando eu vi uma menininha correndo e rindo de alguma coisa, a menininha sem querer esbarrou em mim, e logo ouvi o seu pai gritando "Katniss, Katniss, cadê você filha?" e ela respondeu "aqui papai, perto do lago" quando o seu pai apareceu eu não pude acreditar, era meu irmão mais velho por parte de pai, ele logo me reconheceu e me contou que havia casado com uma mortal, teve uma filha e não voltaria para o acampamento, pois preferia manter a familia que formara, longe do lado mágico da família, pois isso poderia interferir profundamente nas vidas delas. Muitos anos depois, eu vi a garota, já com uns 14 anos, acertar um coelho no olho, com apenas uma flecha, e a uma boa distância, no inicio eu pensei que ela fosse uma caçadora de Artemis, mas logo apareceu um menino mais velho do que ela, correndo e gritando "Katniss, Katniss, olha o que eu consegui com a armadilha!!" então eu lembrei da minha 'sobrinha' -Diz Amy, já nos alertando que a garota é boa tanto em correr quanto em usar o arco-e-flecha.

Depois disso cada um vaii pro seu quarto dormir. Eu logo adormeço, e como todo semideus que se preze, eu tenho um pesadelo. Eu estava em uma arena toda de barro, junto de Clove, Glimmer, Marvel e os tributos do 4 (era assim que costumavam ser as alianças de carreiristas), então a terra começava a nos engolir, mas Clove havia encontrado um galho de uma árvore que ficava pra dentro da arena (mas seu tronco ficava fora da arena), então, vários cachorros-humanos surgiam da terra e começavam a corre atrás de nós, enquanto a terra nos engolia, eu conseguira subir na árvore, mas a mochila ficou presa na ponta do galho, Clove estava machucada e não conseguia subir, eu tentava pegar a mochila, porque lá que estava o remédio para o machucado de Clove, mas a garota não conseguiu subir no galho e fora atacada pelos bestantes, logo um paraquedas que geralmente vem com presentes, caiu, nele havia um longo tecido enrolado, com um bilhete que dizia "aprenda a definir suas prioridades, um erro pode custar caro, nesse caso custou a vida dela e o resto da sua" o bilhete queria dizer que eu não dei prioridade ao que importava, assim Clove morrera e eu perdera a razão de viver, ja que todos passariam a me odiar por ter trocado a menina pela mochila, eu mesmo não conseguiria viver sabendo que quebrei minha promessa e que perdi a única menina que eu realmente gostei. Eu puxei o bilhetinho com raiva do que eu mesmo fiz, então eu o amassei e joguei dentro do redemuinho, mas isso só fez com que o tecido se desenrolasse, então eu vi que era um longo tecido dourado com a gravura de um javali e uma lança, ao tocar no chão, a ponta da mortalha começou a pegar fogo, queimar a mortalha da pessoa é uma tradição grega realizada quando alguem morre, e eu sabia que aquela era a mortalha da Clove. Quando a mortalha terminou de queimar, anunciaram "Senhoras e senhores, o nosso vencedor da 74ª edição dos jogos vorazes, Cato Middleturn!".

Eu acordei gritando, e ao mesmo tempo agradecendo por aquilo ter sido apenas um sonho, digo, pesadelo. Eu tomei um banho e fui tomar café da manhã. Todos já estavam tomando café quando eu cheguei, eu percebi que Clove e Brutus tambem não tiveram uma boa noite de sono, ninguem deu uma palavra durante o café da manhã. Depois do café chegamos à capital, pois os distritos 2 e 3 são os mais próximos da capital, assim que chegamos fiquei impressionado com a modernidade do lugar e com como Lune parecia normal no meio de tantas criaturas coloridas.

Era aqui, nesse lugar moderno e colorido que iria começar a preparação de minha morte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Sugestões? Duvidas? Comentários? Críticas? Eu preciso muito da opinião de vocês!
Espero que tenham gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Clato - Quase vitoriosos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.