What It Was To Cry escrita por MalikManiac


Capítulo 3
My home




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O dia foi normal, o mais normal que um dia entre os dois irmãos poderia ter sido. Cheryl estava recostada contra a janela do quarto, olhando o vento forte que batia lá fora. Como o clima havia mudado de forno micro ondas para congelador ligado no máximo? Ela pensou sozinha. Ela ouviu um barulho de sinos e caminhou até o celular, o som dos sinos a lembrava de Oxford, que, por muito tempo, havia sido a sua casa.

Bem... ela pensou Por mais que seja um internato frio, com regras rígidas e pessoas desconhecidas, era lá que eu me sentia em casa. E era lá que deveria estar.  Ela pensou, segundos antes de atender o telefone.

- Alô? – ela disse, equilibrando o celular entre o ombro e o rosto, dobrando os lençóis da cama o melhor que podia.

- Filha? – a voz grossa de Simon soou do outro lado da linha, trancando os movimentos de Cheryl. – Será que poderia vir até aqui rápido?

- Fora o fato de eu desconhecer a localização do seu trabalho, também não sei como chegar até aí. – ela disse, se esforçando o máximo o sarcasmo em sua voz, Simon juntou todas suas forças e ignorou a ironia da filha.

- Gregory já está te esperando na garagem com o carro, quando chegar aqui te explico tudo.

Simon desligou o celular antes que a filha o fizesse mais perguntas, o caminho até a gravadora foi quieto, o suficiente para fazer com que Cherry suspeitasse sobre milhares de coisas. Ela jamais havia ido ao trabalho do pai, e nem ao menos sabia o nome da gravadora em que ele trabalhava. Na verdade, ela desconhecia qualquer fato sobre a vida do pai, só o fato de que ele a havia abandonado e provavelmente a odiava.

Gregory subiu com a irmã até a sala de Simon, sem rodeios, adentrou a sala encontrando Simon tenso com os meninos, todos sentados em uma mesa de granito negro. Todos se endireitaram ao ver Cheryl entrando. A garota se sentou, mesmo sem ser convidada em uma cadeira, o mais longe possível do pai, e Greg se manteve de pé, atrás da irmã.

- Para que você me trouxe aqui, Simon? – ela perguntou. Temia a resposta, mas se sentia feliz por finalmente conhecer um pouco mais sobre o pai.

- Eu queria lhe revelar a verdade... – ele disse, massageando as têmporas e respirando fundo, fez uma contagem mental até 10 e continuou. – A verdade é que... eu a trouxe aqui, para ajudar com os meninos e para me ajudar. A gravadora vem pedindo que eu arranje um sucesso a alguns meses, e, logo assim pensei em você. – Simon disse, olhando no fundo dos olhos azuis de Cherry. A filha era tão bonita e lembrava tanto a mãe. A garota, já não tão serena, explodiu e uma onda tranquilizante de ódio percorreu seus olhos.

- Eu sabia... – ela disse, mais para si mesma do que para o pai, revirou os olhos com desprezo e se levantou. – Sinto nojo de você e da forma como me trata. Realmente pensou que poderia me descartar durante toda a minha vida e me usar quando eu fosse útil?! – ela riu sem humor e controlou as lágrimas que insistiam em querer escorrer. – Gregory, por favor.

Sem falar nada, o irmão simplesmente seguiu a garota durona de minutos atrás, que agora parecia extremamente frágil. Assim que chegaram no carro, Cherry desabou em um choro de mágoa e fúria, batendo com força contra os painéis. Gregory a olhou de relance e puxou seu pulso, com mais força que pretendia, fazendo a irmã gemer baixo.

- Cheryl, já tentou suicídio? – ele disse, puxando as mangas do cardigã da irmã até os cotovelos, vendo marcas roxas que escureciam sua pele branca como gotas de sangue em uma imensidão de neve. Ele tocou as cicatrizes com as pontas dos dedos e levantou o olhar para irmã, que tentava se afastar dele o máximo possível. – O que aconteceu naquele internato, Cherry?

Ela tentou reprimir os sentimentos mas as lágrimas romperam as barragens. Ela se abraçou e secou as lágrimas. A verdade era que sempre se sentia a pior das piores quando pensava em relação a sua família. Se sentia como um bebê desprotegido quando os pais dos outros alunos apareciam pelo campus. Os pais de Victoria sempre a tratavam de forma carinhosa. Tudo que ela queria durante o tempo que estava presa lá dentro, era sair e interagir com sua família. Se focou tanto nesse desejo, que não parou para pensar que talvez não tivesse família, que sua família agora eram Victoria, Ren e seus pais.

- Eu quero ir para casa. – ela disse entre lágrimas para o irmão, que ia começar a dirigir até ela pousar a mão quente sobre seu ombro. – Oxford, quero voltar para casa.


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