Demi POV on

Seguia em passos lentos e controlados rumo ao inferno, isso soa exagerado, mas quando se trata do meu colégio se torna um nome muito bem apropriado. É um lugar totalmente miserável. Não em sua estrutura, isso não. Aquele colégio era perfeito, em relação á estrutura. Mas sim em que estuda lá, quem se salva ali mesmo? Oh, acho que a ruiva que me olha com pena durante as agressões que eu sofro. Ela nunca me soltou uma palavra, mas porque falaria comigo? Isso acabaria com a reputação que ela não tem. E eu definitivamente me pergunto por que as pessoas são tão cruéis com as outras? eu quero dizer, julgar alguém pela roupa que veste, por não seguir um padrão idiota de beleza, isso para mim significa ser idiota. eu nunca gostaria de uma pessoa porque ela veste uma roupa, ou melhor, porque ela não veste, esse é o caso dos garotos do meu colégio, idiotas! Eu definitivamente não me encaixo naquele lugar, eu queria pensar em algo realmente valesse a pena passar pelo que eu passo, porque atualmente palavras são como facas para mim, elas me ferem como uma arma não faria. As agressões verbais a que sofro são exatamente muito humilhantes. Mas o que poderia fazer, eu realmente sou o que eles dizem: Nerd, feia, gorda, mal-amada... Mas, enfim, isso não vem ao caso né.

Avistei aquele lugar, respirei fundo seguindo caminho até o meu armário, era só mais um dia qualquer na droga da minha vida e definitivamente não havia nada que eu pudesse mudar nela, não podia me transformar numa modelo magra e bonita mesmo. Eu poderia deixar de ser uma nerd idiota. Mas, que vantagem isso teria? Se é nos meus estudos que eu me escondo. Aquelas líderes de torcida me olhavam com desgosto, talvez por minha bunda ser 10 vezes maior que as delas? Não. Elas nunca invejariam nada em mim, isso era definitivamente um fato. Balancei a cabeça me dispensado dos meus pensamentos idiotas, segui para minha primeira aula, ela Biologia, eu particularmente, adorava. Sentei no meu lugar, terceira fileira, segunda cadeira atrás do John, um garoto nerd, presidente do clube de xadrez, ele não trocava nenhuma palavra comigo, assim como qualquer outro aluno ai – a não ser para servir de chacota, é claro. Mas por alguma razão eu sentia que ele não falava comigo, porque não havia aceito seu convite para participar do clube, mas para que diabos eu entraria nesse clube se nem ao menos sei xadrez ?

O professor, Joseph, esse era seu nome, eu gostava dele, não dessa forma, mas sim, o admirava, como ele conseguia nos "dominar" com tanta facilidade, não deixando sua aula chata e ainda nos divertindo, ele realmente tinha meu respeito e além de tudo, me tratava bem e sempre falava "Demetria, se você tem problemas no colégio, sabe que há pessoas que podem te ajudar. Eu sou uma delas, certo ?" Enfim, ele sempre fora muito gentil comigo.

– Bom dia turma. - Ele disse tirando os óculos escuros que usava, dando-lhe um grande charme. – Posso dizer que teremos um projeto extracurricular, fora do colégio. – Isso me fez sorri, lembro ano passado, fizemos um projeto incrível.

– Senhorita Lovato, posso ver o seu sorriso de expectativa. Como disse é extracurricular, para alunos que precisão de notas. A senhorita me ajudou ano passado, mas sinto lhe informar que não poderá nos acompanhar esse ano, pois não precisa de notas para o semestre, na verdade, você tem a melhores notas da escola. – Abaixei a cabeça, essas frases dele sempre me deixavam em pior situação, ficava vermelha.

– NERD! - ouvi uma voz em sopro vindo do fundo, mas não me atrevi a olhar.

– Sr. Misha, se tem algo a falar sobre as notas da Demetria, fale auto, ou tem vergonha de comparações com a sua? Porque nesse caso, é uma negação. – todos na sala começaram a rir, incluindo os amigos idiotas dele, ele é Dean Misha. Eu o olhei de relance, ele estava todo vermelho.

O resto das aulas foram chatas, afinal, os outros alunos faziam bullying contra mim. Cheguei em casa, joguei minha mochila do lado do sofá. Eu morava com meu irmão, mas ele nunca ficava em casa mais de 4 dias, enfim. Subi as escadas parecendo um furacão, entrei no meu quarto, bati a porta com força, voei de barriga na cama. Começei a pensar em tudo. Sentei e olhei pra cima, fazendo com que as minhas lágrimas teimosas não caíssem, mas tudo foi em vão. Várias e várias lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Será que eu vou ter que viver assim pra sempre? Com as pessoas me julgando a todo lugar que eu for? Oh meu Deus. Quando é que vai acontecer um milagre ou algo que me surpreenda?