Era só o que me faltava para a minha vida estar completa, o Styles não querer mais falar comigo.

Depois que ele me virou as costas eu subi correndo para o quarto, estava arrasada e sozinha, eu sei que isso não é motivo para desespero e nem para pensar que sua vida acabou, mas é que eu sempre fora tão dependente do Harry, sempre o tivera por perto desde que me entendia por gente e perdê-lo assim daquela forma tão repentina tinha realmente retirado o meu chão.

Caí  na cama imaginando várias teorias para a conversa que Anne e minha mãe tiveram ao telefone, nada! Nada vinha a minha mente porque simplesmente eu não conseguia pensar direito.

Ergui a cabeça e encarei meus braços, elas estavam lá, claras, bem clarinhas, quase desaparecidas, mas presentes. As marcas de uma época difícil, as marcas de uma garota boba e fraca.

Sentei na cama encarando a janela, por que eu me sentia tão dependente do Harry? Aquilo não era normal, eu tinha que saber ficar sem ele, não tinha?

No dia seguinte entrei no ônibus destinada a falar com ele, ter uma conversa de verdade, dizer que se ele queria ficar longe de mim pra mim estava ótimo, eu não ia implorar a amizade dele, mas Harry não apareceu.

-E o Styles? – Aline perguntou quando entrei no ônibus.

-Espera um segundo, vou ver se coloquei ele no bolso essa manhã. – falei irritada, ela me encarou visivelmente magoada.

-Foi apenas uma pergunta Lizzy, não precisava ser grossa.

-E não foi grosseria Aline, foi apenas uma resposta. Não sei onde o Styles se enfiou e quer saber? Nem quero saber.

-O que houve entre vocês dois? – Zayn me encarou, era sério? Até ele?

-Nada e não quero falar disso.

Harry não apareceu na escola, ele estava se escondendo de mim? Isso eu não sabia dizer, a única coisa que eu sabia era que a raiva pela situação estava a cada segundo mais forte.

Aquilo se repetiu durante quase uma semana inteira, Harry simplesmente não apareceu na escola, a cada dia que passava uma vontade louca de ir até a casa dele me invadia, mas eu não ia implorar, eu já tinha decidido aquilo. Ele disse que me ajudaria no lance do meu pai e depois simplesmente sumiu? Eu estava realmente bem servida de amigos.

-Ei não dá pra você ficar perdendo aula dessa forma. – Louis falou quando foi até a casa do amigo em uma tarde.

-Eu não posso ir lá por enquanto. – Harry falou sentado na cama encarando as próprias mãos, Louis estranhou.

-Posso perguntar a razão?

-Lizzy.

-Ainda com isso? Cara essa sua paixão por ela vai acabar te fazendo perder o ano.

-Não é isso. – Harry se defendeu rapidamente. – eu descobri uma coisa sobre o pai dela.

Louis se aproximou sentando ao lado de Harry na cama, o garoto de cabelos cacheados o encarou.

-Me conta!

Harry respirou fundo, aquele segredo estava acabando com ele, ele tinha que dividir com alguém.

-Eu descobri que a Lizzy é fruto de um estupro.

-UM O QUE? – Louis gritou visivelmente chocado, Harry o encarou e fez um gesto de silêncio.

-Cala a boca, quer que todo mundo saiba?

Louis se conteve e encarou o amigo.

-Como assim? Como você sabe disso? Quem te contou? A Lizzy já sabe?

-Para cara, espera está me deixando nervoso, uma pergunta de cada vez.

-Tah certo, desculpe. Ok, quem te contou?

-Minha mãe me contou a história toda, ela estava lá na verdade, conseguiu fugir, mas a Carol não...

-A Lizzy já sabe?

Harry respirou fundo.

-Não e ela nem pode saber que eu sei senão vai conseguir arrancar de mim de alguma maneira.

-Você é tão vulnerável assim a ela?

Harry encarou o amigo com um olhar de descaso, era sério?

-Não seja idiota, estou falando sério.

-Eu também.

Harry não respondeu.

-Olha Harry a gente se conhece a vida inteira, a Lizzy também é minha amiga e eu sei o quanto ela quer encontrar o pai ou pelo menos saber algo a respeito, você não pode esconder isso dela.

-Eu não posso contar a verdade. – Harry falou visivelmente agoniado ficando de pé e começando a caminhar pelo quarto. – ela não suportaria a verdade.

-No máximo ela ficaria abalada, mas o que de pior poderia sair disso? A Lizzy merece saber.

-Você não a conhece como eu conheço, ela voltaria a...

Harry parou de repente encarando o amigo, os estreitos olhos azuis de Louis o encaravam em expectativa.

-Ela voltaria a...?

-Você tem que prometer que não vai contar pra ninguém. – Harry falou se aproximando do amigo, Louis o encarou, aquilo era desespero em seu olhar?

-Claro cara, eu prometo.

-Jura.

-O que?

-Jura, você tem que jurar.

-Eu juro.

-Cruza e beija os dedos.

-O que? Harry você pirou de vez?

-Louis vai, cruza os dedos e beija.

Louis obedeceu com um som de irritação.

-Pronto?

-Mas você não pode mesmo contar isso pra ninguém, só eu sei.

-Fala logo cachinhos e para de embolação.

-A Lizzy bem, no passado ela teve alguns problemas.

-Que tipo?

-Psicológicos.

-Do que você está falando? Faz sentido, por favor.

-A Lizzy ela costumava...

-Ela costumava? – o receio do Harry em falar estava começando a deixar Louis impaciente. – desembucha cara até os dedinhos eu beijei.

-Não conta pra ninguém.

-Vai começar a putaria de novo?

-Ok, desculpe. A Lizzy costumava se cortar.

-Como assim?

-Cortar os pulsos Louis.

-Ela queria se matar?

-Não, não era isso.

-E então?

Harry respirou fundo, lembrar dos dias em que ele me encontrara jogada no banheiro de casa com ambos os braços sangrando fazia com que um arrepio subisse em sua espinha.