O Coração de um Caçador escrita por Joanna


Capítulo 25
O plano.


Notas iniciais do capítulo

Heey 10 reviews que nem eu pedi, GHSAGHASGH se quiserem deixar mais de 10 tudo bem :3 Espero que gostem desse cap



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Deito na cama e imagino como será quando Katniss voltar para casa. O nosso encontro. Eu a abraçaria até que Prim chegasse , óbvio que na escala de preferência não haveria nem como competir com Prim. Mas aquele dia seria feliz. Todos correríamos até a floresta, até mesmo Prim, que se assusta com um galho quebrando, e colheríamos flores na beira do lago. O tipo de programa que eu faço com algumas meninas do 12.

Passo 1: Pegue uma flor. Passo 2: Certifique-se de que não há nenhuma abelha. Passo 3: Coloque no cabelo dela e sinta a mudança de comportamento. Já tentei fazer isso com Katniss, mas ela conhece as raízes então tudo que ela fez foi colher os tubérculos embaixo das flores e colocar na bolsa, comentando o quanto ando distraído.

Mas eu faria aquilo com Prim e seria divertido como Katniss me olharia. Lembrando daquele episódio, talvez eu puxe Rory conosco e toda a família, talvez nós pudéssemos fugir afinal. Pelo mesmo caminho que apontei.

Abro meus olhos, não sei quando peguei no sono. Sei que é de madrugada e aproveito para passar na floresta. Hoje é o dia da visita nas minas, o dia de conhecermos o local onde metade da população do Distrito 12 passará o resto de suas vidas. Inclusive eu. Mas não agora. Agora eu passarei cada instante da minha existência inspirando o ar puro da floresta, o cheiro de Katniss, o cheiro das flores, o som dos tordos repetindo melodias e construindo suas próprias, como uma canção de ninar a seus filhotes. Por enquanto, é o máximo de conforto que posso ter.

Ao caminhar até a floresta, não deixo de imaginar como Katniss estará agora. Talvez porque a arena seja parecida com a floresta do 12. Talvez porque eu me importe com ela. Os dois são argumentos que não consigo negar. Checo minhas armadilhas e sou presenteado por dois coelhos.

Caminhando até o lago, permito-me admirar novamente a paisagem. Depois que Katniss voltar, trabalharei nas minas e perderei o lugar mais lindo que já vira para uma mina escura, que matou meu pai. Às vezes, eu me lembro dele e sinto sua falta. Quando vejo minha mãe chorando. Quando vejo Posy sozinha. Quando Rory e Vick são obrigados a agir como homens desde cedo, assim como eu fui. Meu pai era igual a mim. Os olhos da costura, o nariz grande e liso, as sobrancelhas grossas e, ás vezes, o olhar autoritário, que me davam conselhos e broncas sem uma única palavra. E é assim que eu ajudo meus irmãos, me sentindo pai deles, cuidando de minha mãe, que por mais que finja, já não é mais tão forte quanto antes. Trabalhar nas minas é um risco que assumo por mim e por todos, já que caçar não é uma opção tão boa quanto parece.

Estendo uma rede no lago e procuro por raízes ao longo do mesmo. Ao encher a minha bolsa de tubérculos e flores comestíveis, retorno até o lago e encontro sete peixes comigo. Ainda colho as frutas que estão na rede, e que não por coincidência também guardam um pássaro que tentou pegá-las. Um tordo. Tordos só são bons vivos, a sua carne não é a melhor, então como ele está sem nenhum ferimento apesar de ter passado, talvez horas na rede eu o solto.

Volto para o distrito e troco três peixes com Greasy Sae por carvão. Vendi algumas frutas para Cray, que para minha surpresa não só bebe, mas come também.

Divido o que consegui entre mim e Prim, e então volto para casa. Ao chegar até lá, limpo com os dedos a mesa em frente ao sofá, que sempre junta pó. Assim como tudo no Distrito 12. Assim, imerso em pensamentos, nem ao menos percebo que minha mãe está na cozinha até sentir o cheiro de carne sendo assada. Depois de comer, Posy não se deita. Ela senta no sofá e evita encarar-nos nos olhos, como alguém que fez algo errado e já se punisse por isso. Só de pensar numa menina pequenina feito ela, em uma arena um arrepio percorre todo o meu corpo. Ao ver que o símbolo da Capital aparece, não retiro mais os olhos da tela e de Posy, que hoje finalmente descobrirá o porquê das nossas privações.

Rue e Katniss conversam, com pilhas de madeira verde em seus braços. Um pequeno alerta surge na minha mente, madeira ver de faz muito mais fumaça. Elas fazem duas pilhas, uma perto do lugar onde selaram sua parceria, outra um pouco mais á oeste.

- Vamos dividir as nossas coisas. Se alguma coisa der errado, e nos atrasarmos, não será um problema. – Katniss diz.

Elas dividem tudo, e o saco de dormir fica com Rue. Ela é tão pequena que entraria nele com grande facilidade.

- Não, você vai ficar com frio.

- Eu pego outro saco no lago. Roubar não é ilegal aqui, afinal – Katniss diz, com um sorrisinho travesso brincando em seus lábios.

- Se alguma coisa der errado, quero que aprenda isso. – Ela canta uma melodia suave, de quatro notas, que faz Posy sorrir. – Caso algo dê errado, cante isso e os tordos irão repetir, assim saberemos se a outra está segura.

- Existem tordos aqui?

- Muitos. Não viu os ninhos?

- Não... Mas tudo bem. Se tudo der certo, a gente se vê no jantar.

As duas se abraçam e Posy se aconchega no colo de minha mãe. Talvez não seja a hora para ver tudo isso. Talvez daqui um ano ou dois, talvez eu nunca permita que ela assista a isso.

- Tome cuidado.

- Você também. – Catnip diz, quase sussurrando.

Ela anda até o acampamento carreirista. A sua cautela aumenta a medida que se aproxima, com a flecha posicionada no arco, com os olhos atentos de um dia de caçada. A testa franzida, as bochechas vermelhas do calor e as olheiras típicas da arena. Todos os movimentos são registrados pelos seus reflexos de caçadora.

Cato e Clove procuram freneticamente por remédios em meio as mochilas. Tentam remédios para inchaço, infecções, mas nada parece surgir efeito em meio as veneno das vespas. Os calombos inchados estão aparentes, agora que o remédio enviado acabou. Marvel olha incansável para o Sol e pergunto-me o porquê dele ainda não estar cego. O suor brilha em seus rostos, e todos se escondem embaixo de uma lona improvisada, já que nem mesmo a Cornucópia é capaz de protegê-los do clima intenso proporcionado pelos Idealizadores.

Rue acende a fogueira e corre. A sua velocidade em meio á vegetação é impressionante, embora o seu tamanho tenha grande participação. Ela corre e, ao que parece, existe um prazo a se esperar até a segunda fogueira ser acendida. Ela corta galhos finos, sobressalentes de árvores e os junta com sua mochila. Para a suposta terceira fogueira.

O plano de Katniss está em ação, e uma coisa é certa: Hoje não é o dia da caça, e sim do caçador.


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