O Coração de um Caçador escrita por Joanna


Capítulo 13
A Entrevista de Katniss


Notas iniciais do capítulo

Eu separei as duas entrevistas e mesmo assim, o capítulo ficou um absurdo de grande, tentem não cansar de ler. Eu vou viajar no feriado então não esperem capítulos até terça pelo menos. Eu deixei a melhor parte pro capítulo que vem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/213088/chapter/13

Ainda tem mais um dia até a entrevista de Katniss, então eu teria que me contentar com reprises da colheita e do desfile. Depois de outro dia na escola, eu arrasto Rory até a floresta. Ele é pequeno, então passa por baixo da cerca fácil. Eu já tentei ensinar ele antes, mas faltava a agilidade. Ele achava a caça, mas não era rápido o bastante para atirar antes dela fugir. Mas era bem razoável com armadilhas.

Eu e ele subimos até o meu ponto de encontro com Katniss e eu digo a ele todos os truques que eu aprendi. Com o meu pai, com Catnip, minha mãe. Tenho que admitir que ele aprende rápido, comemos algumas amoras e vamos procurar por caça.

Eu só tenho um arco, então eu e ele nos revezamos. Rory tem dificuldade em segurar a flecha, deve se esperar o momento certo. Nós dois seguimos e eu vejo um esquilo. Ele atira, mas o esquilo sobe em uma árvore e a flecha fica presa no troco. Eu ensino a ele como retirar a flecha sem quebrar a ponta. Continuamos andando. Ele faz tanto barulho quanto eu, o que é bom, ele não vai precisar de prática com isso. Ele atira em um coelho que estava saindo do seu buraco. Ensinei o básico a ele, agora ele terá de aprender sozinho.

Vamos até o lago e ele estende uma rede e amarra em um tronco frouxo. Eu perdi tantas redes desse jeito que perdi a conta. Ensino a ele a encontrar lugares fixos nos lagos, e então deixamos a rede lá e vamos atrás das ervas que Prim pediu.

Ele pega as ervas certas e decorou onde encontra-las, apesar de ter demorado uns dez minutos até ter certeza se ia matar alguém ou não com aquilo. É estranho o empenho que ele tem em agradar Prim. Parece até comigo.

Nós terminamos o dia com oito peixes, ervas e dois coelhos. Eu mostro a ele algumas armadilhas e as deixamos lá. Vendo quatro peixes a Greasy Sae, que me dá sabão e gordura. Um coelho a Kyle, e outro eu vendo a Rooba. Nós dois vamos até a casa de Prim e ela atende a porta. Os dois conversam um pouco e Prim prendeu o cabelo em uma só trança, assim como sua irmã. Rory repara e pega a trança, e puxa, só de brincadeira, não para machucar e ela ri. Ele entrega as ervas e os peixes, ganha um beijinho, eu estou só assistindo, completamente invisível. E então ela me percebe e fica vermelha, ri um pouco para disfarçar e entra.

Voltamos para casa e minha mãe cozinhou os legumes, Posy está na cozinha “ajudando” e eu a pego no colo. Rory entrega os peixes á minha mãe e não falamos mais nada.

~*~

Hoje é o dia da entrevista da Catnip. O único assunto na escola é esse e eu não aguento mais. Um telão foi construído na praça perto do Edifício da Justiça, geralmente é mais cedo, na manhã do dia do desfile, mas acho que estavam cansados do pó de carvão no corpo e resolveram adiar a montagem.

Rory prefere não caçar e eu entendo o porquê. Eu fui muito duro na hora de ensinar, acho que eu esperava por um parceiro tão bom quanto Katniss e me esqueci que ele está apenas no começo. Fora isso, eu também aprendi quase tudo o que sei sozinho e sinto uma ponta de inveja dele. Sigo para a floresta e checo as armadilhas que deixei ontem e para a minha surpresa, a armadilha de Rory pega dois coelhos de uma vez. Eu preciso perguntar para ele como conseguiu, acho que golpe de sorte, ele sempre foi mais sortudo do que eu.

Eu retiro o meu arco do lugar onde ele sempre fica e vou até o ponto onde sempre encontro perus selvagens. Cray voltou de uma viagem até a Capital e eu sei como ele adora a comida típica do 12, ou melhor, a falta dela.

Atiro em um. A flecha atravessa o seu pescoço e eu o penduro no meu cinto com os coelhos. Outra armadilha que eu preparei ontem está com mais um, e eu o pego. Já é carne o bastante.

Eu vou até o canteiro de morangos, e colho uma cesta muito cheia, todos estão maduros demais e caso eu não venda vão apodrecer e eu vou perder dinheiro e visitas até a casa do prefeito. Volto para o Distrito e o bebezão está caindo de bêbado, mesmo assim compra os dois perus selvagens. Vou começar a voltar mais cedo.

Caminho até a casa do prefeito e a música invade meus ouvidos. Madge está cantando e os tordos amontoados na janela são o bastante para alimentar toda a população faminta do Distrito 12. Bato na porta.

- Oi, Gale. Que bom que você veio. Quer?

Ela oferece uma coisa que tem na mão, nunca vi na vida, eu vou recusar mas ela lê os meus pensamentos e coloca um pedaço na minha boca.

- Isso é muito bom, o que é?

- Chocolate. Meu pai traz da Capital de vez em quando.

- Então acho que você não vai querer os morangos.

- Ta brincando? Os dois juntos são quase uma visão do paraíso.

Ela entra e quando volta traz o dinheiro nas mãos. Entrego a cesta a ela e ela comenta o presente:

- As flores eram bem bonitas. Sério.

- Eram a parte de cima de uma raiz.

- Ah, que romântico na sua parte lembrar de mim enquanto mexe na terra. Bobão.

Eu dou risada e ela também. Ela me dirige um sorriso e fecha a porta. Entrego um coelho e dinheiro para Prim e ela me entrega leite de cabra. Ao voltar para casa, minha mãe começa a limpar o coelho.

Nós comemos e sentamos em torno da televisão. Ela está chiando, então decidimos assistir no telão. Muita gente decidir ir até lá também. Ao chegarmos na praça, o telão se ilumina com a insígnia da Capital e então Claudius aparece:

- Olá, hoje nós teremos as entrevistas com os nossos tributos da 74° Edição dos Jogos Vorazes! As atenções giram em torno da Garota Quente e a curiosidade apenas aumenta, como será que ela conseguiu a maior nota já vista nos Jogos?

Eu também me pergunto isso. Arco e flecha não é uma habilidade incomum nos Jogos, e alguns eram tão bons quanto Katniss, ela também deve ter jogado algumas facas ou algo assim. A entrevista começa com a menina do 1, que está apenas com uma camiseta e esqueceu de colocar a parte de baixo da roupa. As entrevistas seguem iguais, e a menina do 11 me chama a atenção com um vestido com asas, ela parece um anjinho. A visão dela e a certeza de sua morte me fazem abraçar Posy bem forte.

E então a hora chega. Katniss está nervosa, e mesmo assim está a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida. Não consigo acreditar que ela é real.

“Então, Katniss, a Capital deve ser uma mudança e tanto do Distrito Doze. O que mais te impressionou desde que você chegou aqui?”

“O cozido de cordeiro” – Ela responde. Eu sorrio. Ela não é só a Catnip. Ela é a garota quente de toda Panem.

“Aquele com ameixas?” Ela diz que sim e ele vira para a plateia com uma mão na boca e outra no estômago.

“Agora, Katniss, quando você saiu na cerimônia de abertura, meu coração realmente parou. O que você achou daquele traje?”

“Eu tive de perder o medo de ser queimada viva bem rápido” – A platéia dá risada. Eu só não consigo parar de olhar para ela. "Eu achei que Cinna foi brilhante e foi o traje mais lindo que eu já vi e eu não consegui acreditar que estava usando ele. Eu não consigo acreditar que estou usando isso, tampouco.”

E então ela se levanta e gira. O fogo a consome e quando ela para de girar volta a normal, com apenas o seu brilho sutil. Todos olham para o vestido com admiração.

“Faça isso de novo”, diz Caesar.

“Eu não posso, estou tonta.” Ela dá uma risadinha que eu nunca vi, e ela fica vermelha. Alguém está segurando minha mão e eu não me viro para ver quem é, existe apenas eu e ela.

“Não se preocupe, estou com você. Não posso fazê-la seguir os passos do seu mentor.” – As câmeras focam Haymitch e eu fico ainda mais surpreso. Ele está de banho tomado! Ele apenas dirige um olhar mal-humorado a todos e a câmera volta a focar na garota em chamas.

“Está tudo bem,” Caesar assegura à multidão. “Ela está segura comigo. Então, e quanto à nota do treinamento. Onze. Dê-nos uma dica do que aconteceu lá.”

“Só posso dizer que foi inédito”. Tudo que aconteceu até agora foi inédito. Katniss pegando fogo, uma vez eu e ela estávamos presos do lado de fora do Distrito, a cerca elétrica estava ligada então fizemos uma fogueira e cozinhamos algumas raízes. Na hora de pegar uma delas ela se queimou e uma cicatriz ficou. Ela odeia queimaduras. Só o pânico dela me faz dar um sorriso.

As câmeras estão bem nos Idealizadores, que estão rindo e assentindo.

“Você está nos matando,” diz Caesar como se estivesse com uma dor real. “Detalhes. Detalhes.”

“Não devo falar sobre isso, certo?”

“Ela não deve!”

“Desculpa. Meus lábios estão selados.”

“Vamos voltar então para o momento que chamam o nome da sua irmã na colheita,” diz Caesar. Seu humor está mais silencioso agora.

“E você se voluntariou. Pode nos falar sobre ela?” 

“Seu nome é Prim. Ela só tem doze anos. E eu a amo mais que tudo.”

“O que ela te disse depois da colheita?”

“Me disse para tentar vencer.”

“E o que você disse?”

“Eu prometi que iria.”

O silêncio é enorme. Desconfortável, a platéia que antes era escandalosa está quieta, e quase é possível ouvir a respiração de todos. O sinal toca, e agora é a vez do padeiro, o último entrevistado da noite.

“Desculpa, nosso tempo acabou. Muita sorte, Katniss Everdeen, tributo do Distrito Doze.” O silêncio se quebra e a plateia grita por ela. Ela solta sorrisos e por um instante me permito ciúmes. Ela nunca sorria para ninguém. Só para mim. Aqueles sorrisos só eu posso arrancar dela. Aposto que aquele padeiro nunca nem viu ela sorrindo e fica tentando usar ela nos Jogos. O nome dele é chamado e eu me preparo para ver a entrevista de Peeta Mellark.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vish, xingamentos em 3...2...1...