(dont) Sail Away Sweet Sister escrita por Mary May Bailey Kiefer


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Segunda fic do Guns, espero gostem porque... bem,... eu gostei! =D



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Me chamo Amily Bailey mas todos me chamam de Amy e tenho uma coisa a dizer que provavelmente você já deve ter ouvido: irmãos são uma benção mas também podem ser um baita problema.

Eu, Stuart e William tivemos uma infância muito difícil. Stu era o caçula e não viu muita coisa pois nossa maior preocupação era protejê-lo de cenas lamentáveis e que podiam vir a traumatizá-lo mais a frente; eu sempre fui quieta mas quando papai estava realmente furioso e não haviam mais ossos a serem quebrados no frágil esqueleto da mamãe, sobravam uns safanões e outros abusos para mim que prefiro esquecer; Bill sempre foi o que apanhou mais, em parte por não ser filho biológico do velho e em outra parte por tentar defender nossa velha. Na verdade ele também era meio perturbado, tinha umas crises estranhas de  vez em quando e vivia enfrentando-o. Era ótimo irmão e doía muito vê-lo sendo agredido daquela maneira, ser xingado e humilhado mas eu não conseguia fazer nada a respeito pois não tinha a mesma coragem.

Me lembro do dia em que ele saiu de casa, aos dezessete anos. O vi descendo a rua mas não pude imaginar o motivo. Cheguei em casa e tudo estava revirado como se houvesse (e, de fato, houve) uma briga feroz; havia alguns respingos de sangue nas paredes e mamãe chorava compulsivamente acuada em um canto da sala. Estava suja também, toda rasgada e vários ferimentos e hematomas marcavam sua pele branquíssima.

- O que houve aqui Sheron?

- Bill tentou me protejer de novo e Charlie quase o matou... Ela pôs-se a chorar mais.

- Ele se machucou? Acabei de vê-lo, muito nervoso, indo lá pra baixo.

- Foi minha culpa. Seu irmão saiu de casa porque eu pedi para ele deixar Charlie em paz. Minha mãe engoliu em seco e desviou o olhar de vergonha - Amily, eu não quero que ele tenha raiva de mim, só quis acalmar as coisas, Oh, minha florzinha...

- Mãe, você por um acaso é louca? Como pode pedir para alguém deixar o Charlie em paz se é ele quem faz disso aqui um inferno!? Me virei, perplexa, para a porta escancarada e pensei que poderia ter impedido há alguns minutos atrás meu irmão mais velho de nos abandonar.

Depois desse dia nunca mais tive notícias até que ficou famoso para surpresa da família Bailey e de nossos vizinhos de Lafayette. Sua banda Guns n' Roses fez um sucesso estrondoso e o pequeno Bill Bailey se tornou Axl Rose, até seu amigo de escola Jeff Isbell estava na banda e agora se chamava Izzy... Stradlin. Com o passar do tempo terminei meus estudos e também fui para Los Angeles, reencontrei meu irmão e mantivemos contato. Quando não estava drogado ou em turnê nos encontrávamos, passávamos dias juntos e eu até cozinhava para ele. Também servia de analista quando tinha suas crises ou estava se sentindo carente, ou seja, quase todo tempo.

O Guns já tinha um EP (disco com 4 músicas) lançado e agora estavam trabalhando duro em seu primeiro álbum de estúdio, "Appetite for Destruction", e o futuro era promissor. Estava muito orgulhosa por Bill que mostrava um brilho desconhecido nos olhos a cada vez que falava sobre o novo projeto.

Certa noite tinha acabado de chegar no meu apartamento e checando os recados na secretária eletrônica ouvi um em que meu irmão, com a voz embargada por um porre daqueles, dizia para eu ir encontrá-lo na gravadora. Ele não me pareceu preocupado ou algo assim mas eu temia quando se tratava dele, sempre foi muito sensível e com esse tipo de pessoa nunca se sabe.

Várias coisa terríveis já haviam se passado pela minha cabeça mas eu tentava afastá-las a qualquer custo. Entrei no prédio arfando, suando e percebi que os caras da banda: Izzy; Steve; Duff e Slash, acompanhados por Steve Thompson, o engenheiro de som, já estavam desligando as luzes e fechando tudo por lá. Slash era bem bonito até mas eu tinha nojo dele porque vivia me olhando como se estivesse pronto para me devorar. Passei por eles e os cumprimentei com um aceno de cabeça nervoso e pude ver sua mão se precipitando em direção à minha bunda. Andei mais rápido, evitando a intimidade. Relevei pois ele estava visivelmente drogado, e eu, muito preocupada com meu irmão.

O corredor do segundo andar estava bem quieto e escuro. A penúltima porta a esquerda estava escancarada. Na saletinha tudo estava revirado; muitos papéis, garrafas, embalagens e uma quantidade razoável de camisinhas espalhadas por toda parte e isso não me acalmou nem um pouco. Um grande sofá de couro preto gemeu. Bill gemeu por trás do encosto. Suado e mais vermelho do que o normal, seus olhos estavam saltados e a respiração acelerada e vacilante.

- Calma, calma... Respira e depois fala. O que você aprontou aqui?

- Eu não sei... o dis(arroto)co finalizzz... ou - Meu irmão completamente bêbado e cheirado apertou meu rosto entre suas mãos - Aí a gente chapou mana (outro arroto), o resto - Bateu as mãos uma contra a outra - Não faço ideia!

- Aham. Eu percebi.

- Depois... rá, mana? Lembra daquela minha ideia para "Roquet Queen"? - Eu lembrava mas poderia esquecer sem maiores problemas - Então, hehe, eu transei com a Adriana aqui no estúdio...

- Adriana é aquela stripper do Tunes, né?

- A própria. E o Steve gravou tudo e colocou na música. Ele é foda! E aquela vadia grita pra porra! Ele sorriu.

- Nossa... que... bom. Foi o que consegui dizer. Sinceramente aquela ideia de usar gemidos como base para uma canção era meio esdrúxula porém pudesse funcionar com aqueles "fãs" malucos e groupies com excitação crônica.

O pequeno Bill Bailey, como eu o enxergava naquele instante, assentiu com a cabeça bamba e projetando-se para frente soltou o peso de seu corpo sobre as minhas pernas finas. Ele me lançava olhares ternos de agradecimento e deixava escapar sorrisos bobos me fazendo sorrir de volta e relembrar os poucos bons momentos de nossa infância em Louisiana.

- Durma bem Bill.

Deu um último resmungo antes de desabar em um sono tão pesado quanto osintegrantes do The Fat Boys.

- É Axl, agora.

Na manhã seguinte pude observar melhor o pardieiro que estava aquele lugar. Afastei com cuidado a cabeça atormentada de meu irmão e me levantei apoiando-me nos cotovelos. Uma camisinha usada, e bem usada, pendia na barra do meu jeans, sacudi a perna quase que sem pensar, desgrudando aquele gogo. Desci correndo para a rua na tentativa de encontrar algo para o café e para nossa sorte (?) havia uma lanchonete fuleira no final da rua onde comprei cappuccinos bem fortes e algumas rosquinhas que pareciam banhadas em óleo de máquina.

Voltei ao estúdio e William não tinha movido um músculo. O mais carinhosamente possível diferi alguns chutes fracos em seu abdômen que fez com que ele despertasse e dirigisse a mim certos palavrões, nada cortês.

- O que você tem aí, Amy?

- Cafeína e gordura hidrogenada.

- Parece delicioso... Aaahr, que porre do inferno! Parece que minha cabeça vai cair.

- Tenho aspirinas. Informei dando uma grande mordida em uma das roscas - Ei, Sr. Axl Rose, comportou-se muito mal ontem.

- E você me resgatou, Amy, como sempre. Ele passou seus dedos compridos por meus cabelos louros e tentou cacheá-los em vão. Me sorriu e estapeou o lado esquerdo da minha cabeça - Eu posso ser a última pessoa com quem Deus se interessaria em levar um papo mas quero que a senhorita saiba que, agradeço a Ele todos os dias por ter uma irmã linda como você. 

Uma lágrima correu por minhas sardas até pingar no carpete.

- Tá, tá. Levanta essa bunda e vamos andando pra casa e esperar pelo sucesso do disco novo, que tal?

- Ficou um puta disco, mana. Vai sair rasgando o rabo de quem não acreditou em nós.

Pensei: "O que isso quer dizer?" 

- Quer parar de falar merda! Mas sim, ficou incrível.

Axl me acomodou num abraço um pouco mais apertado do que o normal. Saímos juntos e cambaleantes, o chutei no traseiro para provocar, como um cumprimento amistoso e fraterno, enquanto ele trancava as portas. Fomos para casa.

Muitas e muitas bebedeiras aconteceram mais tarde mas eu gosto de recordar esse dia, embora Axl tivesse esquecido do meu aniversário o fez especial por fazer eu ver que ele ainda dependia de mim, e o jeito como pareceu frágil aninhado em meu colo, adormecido, me tranquilizava e podia singnificar que eu poderia cuidar dele para sempre.

Tinha razão! Isso foi há 25 anos e até hoje nada mudou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado dessa! *-* Deem reviews