Secret Love escrita por grazidiasss


Capítulo 21
UM LUGAR




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Eu poderia ter mil reações, poderia ficar zangada, poderia ficar surpresa, poderia ficar com medo. Mas a minha própria reação foi estranho, como se eu esperasse por aquilo. Eu sabia mais do que ninguém que ele estava mentindo, eu podia sentir na forma de como ele revirava os olhos de medo.

      — O que vocês vão fazer com ele? —Perguntei. Meu coração saltitava.

      A detetive deu-me ás costas e eu fui correndo atrás delas. Os policiais seguraram-me pelo braço e eu fiquei de cara com Stefan enquanto ele era levado por eles. Eu senti todo meu corpo doer enquanto seus olhos transmitiam á mim um pedido de desculpas.

      — O que vão fazer com ele? — Repeti a pergunta.

      — Ele vai aguardar julgamento em prisão, e é bom que você e o irmão dele não saiam da cidade.

      Digamos assim: Nem três meses haviam se passado, e olhe então para mim. Tudo que vivi até aqui... cada pedacinho solto do enorme quebra-cabeça. Damon estava vindo á minha direção, certamente já havia trocado uma ou cinco palavras com Stefan, e eu imaginara a meia conversa. “Cuide dela por mim”, Damon remexeria os olhos, com seu velho medo de assumir uma responsabilidade, mas ainda assim dissera “Ah, sim, cuidarei”  Eu tinha certeza de duas coisas: 1° Stefan não matou Katherine. 2. Nem tão pouco Damon.

         Damon pediu que eu fosse dormir quando chegamos em casa, mas a ultima coisa que eu queria era tentar fechar os olhos, haviam detalhes pairando pelo ar que eu não estava captando. Eu o vi cochichando pelo telefone por trás da porta, tentei não ouvir, mas minha curiosidade venceu e eu me vi ridiculamente pondo a orelha na porta e ouvindo os murmúrios que ele soltava irritado no telefone.

          — Não chore, mãe. Stefan sabe o que está fazendo vai ficar tudo bem... mas... claro que não precisa, droga! Mãe, vamos ficar bem, iremos tirar Stefan de lá uma amiga da família de Elena contratou um advogado, vai ficar tudo bem, não precisa se preocupar... não, sim, diga isso a Caroline. — Houve um outro forte suspiro — É mãe, ela está triste, muito... mas vamos sobreviver a isso. Sim, fique calma. Terei que desligar, nos vemos em breve, beijos.

          Eu abri a porta devagar...

          Damon virou para mim com os olhos esbugalhados, sua expressão de susto era evidente. Ele não queria que eu me preocupasse...

         — Estava ouvindo atrás da porta? — Perguntou, enquanto casualmente tomou uma golada de Bourbon e me deu as costas novamente. Eu respirei fundo e cruzei os braços, andei em sua direção e timidamente fiz um gesto positivo com a cabeça.

         — Acha mesmo que sua mãe vai dormir bem sabendo que o filho mais novo se entregou á policia para defender a namorada de um assassinato? — Eu disse, sem freio. Ele sentou em cima da mesa e me deu o mínimo de atenção que pode. Damon fazia-me sentir cada vez mais idiota por se preocupar tanto com a situação. Era como se ele já tivesse uma carta na manga e apenas estivesse esperando para usa-la.

         — Não, eu conheço minha mãe. — Ele penetrou os olhos em mim.  — Eu sei que ela vai passar a noite acordada e chorando, possivelmente na companhia de Caroline e Alaric, sei que Matt vai estar com elas e sei que ele vai culpar Stefan o tempo todo. — Definitivamente ele parecia abalado. — Mas ainda temos uma lacuna.

        — Qual? 

        — Só precisamos acha-la...

        O meu coração batia tão forte com a possibilidade de Stefan estar livre, que só de ouvir que teríamos uma possível chance me deixava mil vezes menos triste.

        — Stefan... sempre se martirizando pelos erros dos outros. — Repetiu melancolicamente o que eu havia de ter a impressão de já ter ouvido antes. A sala da casa de papai era grande e fria.

          Eu dei-lhe um beijo na testa e virei para meu quarto.

          Mesmo coberta com três cobertores, meu corpo se debatia na cama e eu não conseguia pregar os olhos.

         A porta se abriu de repente.

        — Não consigo ficar bem com você batendo os dentes. — Damon atravessou o quarto e ficou na minha frente. — Está com medo?

        — Medo e frio. — Digo. Ele sorri amargo e eu continuo o observando.

        Damon estava com uma camisa preta folgada meio aberta, ele sentou ao meu lado na cama de solteiro.

        — Não quero parecer... indecente... sei que tivemos nossos momentos...  Mas eu posso esquentar você?

        — Tudo bem... Damon, posso ficar sozinha.

        — Só quero lhe dar apoio, eu sei de todas as coisas horríveis que está passando de uma vez só. Eu não seria tão forte quanto você. Se quiser... Pode desabafar comigo. — Pela primeira vez, Damon me estendeu os braços sem querer nada em troca. Foi sem querer quando as lagrimas escorreram por meu rosto, e ele parecia entender. Eu coloquei minha cabeça no colo dele e ele alisou meus cabelos.

        — Pode acontecer algo pior do que tudo isso? — Perguntei, gaguejando. Minha voz parecia um uivo fino que cambaleou por quilômetros de distancias até conseguir chegar á mim.

        Damon riu.

        — Dizem que quando se fala isso, algo ruim acontece.

        — Nada mais pode me acontecer, que me doa tanto quanto estar perdendo meu pai... e Stefan.  — Damon abaixou a cabeça. — Olha eu não quis desmerecer você...

        — Não. Eu já estou acostumado com isso.

     — Com o que?

     — Não se preocupe, Elena...

     — Não... Damon. Você acha que não é importante pra mim, mas você é. — Isso pareceu melhora-lo. — Eu adoro você, de verdade.  Mas eu não posso ficar divida entre vocês dois, melhor, eu não posso dividir vocês dois. Agora eu sou o cabo de guerra.

     — Então você escolherá um de nós dois.

     — Eu não tenho tempo para pensar nisso agora. Eu estou cansada... e com frio. — Fui desligar o abajur, mas ele não estava ligado. Deitei a cabeça no travesseiro enquanto Damon deitou ao meu lado, primeiro ele estava de costas, mas depois virou para mim e me apertou contra ele. Parecia um ponto fraco de mim. Meu corpo todo esquentou enquanto sua mão passeava levemente por minhas costas... eu fiquei calma, e cochilei, quando abri os olhos devagar pela noite pude sentir sua respiração quente e suas mãos fortes ainda me colocando para dormir.

PAC... PAC... PAC...

      O barulho de algo solido batendo na madeira me despertou. Abri vagamente os olhos,  a tempo de ver Damon remexendo no meu guarda roupa e tirando tudo que era meu de lá dentro.

       — EI! — Gritei, irritada. — O que está fazendo?

       — Vamos dar uma volta. — Ele respirou fundo. — Você não quer salvar Stefan da prisão?  Então vá tomar banho,  e coma alguma coisa porque vamos correndo.

       Eu não o questionei, sai andando até o banheiro, escovei os dentes e tomei banho o mais rápido que pude. Corri para o quarto de toalha e Damon ainda estava lá.

       — Se me der licença, preciso trocar de roupa. — Damon revirou os olhos com ironia e ficou de costas. — Se não fui clara o bastante, era pra você sair do quarto.

        — Não temos tempo pra isso, vou dar ás costas.

        Irritada fui até a pilha de roupas minhas que ele jogou no chão, e peguei o vestido roxo de pelinhos esticados. Foi quase um sacrifício para colocar o sutiã por cima da toalha, mas com um esforço eu consegui.

        — Viu? — Damon apontou para mim — Você foi rápida e pratica sob pressão.

        — Porque tá tirando todas as minhas roupas daí?

        — Vamos á um lugar... Você vai ter que colocar suas roupas na mala.

        — Não podemos sair da cidade.

        — Eu e você... não. — Damon tirou duas identidades do bolso e ás mostrou á mim. — Mas o Sr. e Sra. Bakersfield, sim.

        — Comprou identidades falsas? Como conseguiu? Você não conhece ninguém aqui.

        — É ai que você se engana.

       — Consegui identidades falsas com amigos... desse lugar.

       Tentei ignorar Damon, peguei minha mala escura e joguei as roupas lá dentro. Ele fazia piada das minhas coisas o tempo todo, primeiro foi da blusa colorida, depois, das enormes calcinhas transparentes, e eu não podia negar que ele estava se esforçando para me fazer rir.

        — Aonde vamos? — Perguntei enquanto ele fazia questão de colocar minha única mala no carro, e foi educado ao abrir a porta para mim.

        — Tenho uma... — Ele buscava definição, apertou os olhos e ligou a chave do BMW de Stefan. — Amiga em um lugar, que vai nos ajudar.

        Eu não fazia ideia do que Damon estava aprontando, mas eu sabia de uma coisa:  Ele tinha uma ótima carta na manga. E eu relaxei enquanto chegamos no lugar, para minha surpresa, eu nunca esperava que fosse ali.

         — Tome isto.  — Ele me deu uma jaqueta vermelha, que eu nunca usaria. Uma peruca loura e uma lente de contato azul.  — Se quer encontrar algo, precisa vestir o personagem.

          — Porque isso? Porque esse lugar? — Perguntei, tentando imaginar o que faríamos.

          — Foi aqui que mataram Katherine, é aqui que temos que procurar. 


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