Entre O Brilho Das Estrelas escrita por Anny Andrade


Capítulo 16
Capitulo 16: Sensações.


Notas iniciais do capítulo

Depois de séculos eu voltei!!!
Ignorem os erros, eu não tenho alguém para corrigi-los e sou péssima em gramatica... Desculpem-me!!!
Aproveitem a leitura!!



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Existem diversos lugares que são tidos como os piores lugares do mundo. Todos eles possuem os motivos certos para serem denominados dessa maneira. Cada pessoa escolhe esse lugar, pode ser um país onde teve a pior experiência do mundo. Pode ser uma casa onde se teve uma infância ruim. E naquele momento aquele era o pior lugar do mundo para Rony.


Frio, silencioso, e com todas aquelas paredes perturbadoramente brancas. Sem ricos, sem marcas, o mais puro branco. Junto com a cor não vinha a paz esperada e prometida. Em troca vinha uma sensação paralisadora, sem conseguir se mexer, sem poder chorar, sem ao menos falar. Uma sensação de morte.


Ele não estava sozinho, mas era como se estivesse. Não queria ouvir as palavras positivas de ninguém, e muito menos queria os abraços, as batidinhas nas costas, o aperto no ombro ou nas mãos. Ele queria só voltar no tempo e jamais está naquela situação.


A sala de espera do hospital central era o pior lugar do mundo para Rony Weasley.


Tudo aconteceu muito rápido. Hermione dizendo que estava gravida e saindo correndo, o barulho, a visão, a voz de Rony parecia que tinha sido roubada a partir do grito dado no impulso. Ele não tinha dito mais nenhuma palavra a não ser com os bombeiros que chegaram para levar o amor de sua vida. As ambulâncias faziam tanto barulho, e o choro do homem velho e cansado dizendo que era tudo culpa sua, Rony ignorou tudo. Ele simplesmente olhava para o rosto desacordado dela.


Ele observou todos os procedimentos, ignorando as palavras complexas que jamais chegaria a entender. Ele queria que ela abrisse os olhos e sorrisse, que dissesse que aquilo era apenas uma brincadeira, menos a parte da gravides. Rony mal sentiu seu coração batendo mais forte de alegria para em seguida sentir a pior dor de todas. Ela não tinha morrido, ainda. Essa era a palavra que todos diziam “ainda”... Ela não tinha morrido, ainda.


Quando chegaram ao hospital Hermione foi arrastada para dentro de uma sala, e vários enfermeiros impediram que o ruivo seguisse em frente. Quando sua mão se afastou da mão frouxa de Hermione ele sentiu como se estivessem a roubando, tirando dele a oportunidade de salvá-la. Mas como ele salvaria? Seria impossível. Ele era apenas um cozinheiro. E ela estava gravida.


O pai de Hermione parecia se culpar por tudo, e suas lágrimas não paravam de cair, suas palavras eram confusas e quando a mãe dela chegou foi preciso tomar conta da situação. Rosa tinha que lidar com a filha atropelada, com o ex-futuro-atual marido completamente perturbado, e com Rony paralisado. Ela era forte. Hermione tinha puxado isso dela, a força de manter tudo sobre controle.


Não foi fácil fazer com que descem um calmante para Philipes, e obter respostas sobre o estado da filha, mas ela conseguiu. Hermione estava sendo operada e não poderiam dar mais detalhes. Ela tentou falar com Rony, tentou ajuda-lo, mas ele parecia incapaz de qualquer coisa, o jeito foi ligar para pessoas que talvez pudessem fazer mais do que ela.


XXX


Ela estava sem sentido, mas ainda assim sua mente trabalhava a mil por hora. Sentia o medo, a dor, e o pior de tudo sentia a angustia. Tudo tinha acontecido de repente. Ela finalmente tinha contado sobre a gravides e foi da pior maneira. Ela não deveria ter gritado, não deveria ter chorado. E não deveria ter saído correndo. Mas ela gritou, chorou e correu.


No momento em que sentiu seu corpo sendo atingido e jogado para longe a dor não foi tão forte, mas agora parecia que seu corpo tinha sido moído, e ela nem se importava. Porque a única coisa que importava era seu bebe. Era estranho pensar dessa maneira, mas era seu filho. E ela não se importava de está toda destruída com tanto que seu filho estivesse bem. Ela não queria ter engravidado daquela maneira, mas agora era dela, era a vida dela.


— M-m-e-e Meu... — A voz dela saiu fraca e cada silaba dita parecia perfurar uma parte nova de seu corpo.


— Está acordada. — Alguém disse ao seu lado. Ela não conhecia a voz e não se importava com isso, só precisava saber se estava bem. Se seu bebe estava bem.


— M-meu...


— Não pode falar no momento. — Um rosto bondoso, mas de expressão séria surgiu em sua vista turva.


— M-mas p-p-preciso s-s-sa-ber s-sobre...


— Querida, não pode falar agora, estamos cuidando de tudo. — O rosto sorriu para ela, mas em seguida algo foi colocado em seu rosto e depois disso Hermione começou a se sentir sonolenta demais, até não conseguir falar ou enxergar nada.


Fazemos escolhas em nossas vidas que desencadeiam consequência. Sempre, e vale ressaltar para que jamais esqueçam, sempre uma ação possui uma reação. Hermione demorou muito para se decidir por algo e quando finalmente decidiu a consequência foi forte demais, e mesmo sem ainda saber seria dolorosa demais. Eles dizem que a vida não é fácil. Ela realmente não é.


Mas sempre vai existir uma compensação. Uma alegria que te faça sorrir novamente. Quando essa compensação chega ninguém sabe, mas é bom não perde de vista por medo, por culpa, ou por qualquer outro motivo. Hermione terá que reaprender a aceitar as alegrias da vida.


XXX


Quando atendeu ao telefone Gina não fazia ideia do que estava acontecendo. Ela já tinha chorado tanto naquele dia, mas parecia que aquelas lágrimas tinham sido só o começo. Primeiro ela pareceu não entender o que Rosa falava, mas aos poucos ela começou a perceber que aquilo não era uma brincadeira e que de repente tudo estava de cabeça para o ar.


Ignorando o aspecto de seu rosto, ela simplesmente saiu correndo do apartamento. Não sabia o que fazer e tocou tantas vezes a campainha do apartamento da frente que não sabia o quanto poderia ser rápida. Ninguém a atendeu. Hora errada de ninguém está em casa. Gina saiu correndo pegando o primeiro taxi que viu pela rua, e usando o celular sem parar.


Ligou para Luna, para Draco, Flavinho, e até mesmo para Harry e ninguém a atendeu. O jeito seria ela, a irresponsável e mimada Gina Weasley, cuidar de tudo e isso significava enfrentar a vontade de chorar e chegar ao hospital forte o bastante para ajudar. Principalmente seu irmão.


A cena que desenrolava na sala de espera do hospital era indescritível. Gina não sabia com quem falar primeiro, mas assim que os olhos de Rony se encontraram com o dela, ela soube. Correu para o irmão e deixou que os braços dele a envolvesse, e foi nesse momento que as lágrimas voltaram a cair. Não as dela, as lágrimas dele.


— Gina... — A voz de Rony estava cheia de dor. — O que está acontecendo?


— Rony, vai dar tudo certo... — Gina o abraçou o mais forte possível, e sentiu o quanto seu irmão estava fraco, triste, o quanto o seu irmão estava perdido. — Tudo vai ficar bem.


— Ela esta gravida... — A voz dele falhou. — Eu vou ser pai.


— Eu sei... — Gina disse sorrindo por ter algo bom apesar de tudo. — Vai ser um ótimo pai.


— Eu queria que não fosse assim... — Rony desabou.

— Eu também, mas Hermione é forte e teimosa e é lógico que vai ficar bem. — Gina disse ainda o abraçando.


E naquele momento era disso que ele precisava. Um abraço. Um abraço de alguém que sempre estaria por perto. Porque eles podiam brigar, ficar implicando e até criticar um ao outro, mas estariam sempre juntos. Porque irmãos são para sempre, e naquele momento essa certeza era muito gratificante.


— Obrigado.


— Nos bons e maus momentos. — Gina disse dando de ombros.


— Tudo vai dar certo né?


— Claro. E eu poderei voltar a brigar com Luna pelo batismo da criança. — Gina quase escutou um riso vindo de Rony, mas naquele momento nada seria capaz de gerar um sorriso de verdade.


E tudo que Gina perguntava mentalmente era onde estavam seus amigos.


XXX


Draco e Luna estavam tendo uma linda noite e decidindo o futuro que lhes esperava. E possivelmente seria perfeito, tirando todas as brigas e todos os momentos ruins. Porque sim, eles sabiam que teriam momentos ruins, e sabiam que iriam discutir e muitas vezes Draco seria chamado de idiota e outros adjetivos parecidos. E isso era o perfeito deles. Os opostos que se completam em cada defeito e qualidade.


Mas seus telefones estavam apitando insistentemente avisando que tinham mensagens de voz. O som se repetiu tantas vezes que não se podia mais ignorá-lo. Decidiram que talvez fosse algo importante. Gina era a responsável pelos recados, e em ambos os telefones. Foi Draco quem resolveu escutar a mensagem de seu celular enquanto Luna continuava deitada olhando para a imensidão do céu.


Existem algumas coisas que não deveriam ser ditas em uma mensagem de voz e uma delas é que um amigo sofreu um acidente e está no hospital. Pior ainda é gritar isso entre o desespero e a insanidade. Gina fez exatamente o que qualquer pessoa normal ão faria. Ela deixou o recado e o gritou.


— O que aconteceu? — Luna levantou assim que escutou a voz de Gina vindo do telefone de Draco.


— Luna... Eu...


— O que foi? Draco?


— Hermione... — Ele começou a falar, mas antes que terminasse Luna já estava andando para junto dele e o abraçando. — Ela sofreu um acidente.


— Como ela está?


— Não sei... Gina não explicou nada... Vamos...


Eles mal pegaram suas coisas e já estavam dirigindo para o hospital. Algumas notícias são tão amargas e cruéis que não se consegue digeri-las rapidamente. É como estar em um mundo paralelo e flutuar por um nada sem sentido e sem destino. É horrível.


Luna estava com os olhos molhados, mas suas lágrimas eram silenciosas. Ela só pensava em como precisava usar todo o pensamento positivo naquele momento e em como seria bom ter algumas plantas como cedro e erva doce para purificar tudo em volta de Hermione. Ela precisaria achar um jeito de consegui-las após chegar ao hospital.


E ela precisava achar um jeito de se manter calma. E de manter as outras pessoas harmoniosas também. Um espirito perturbado pode ser fatal em casos como esses. Paz. Hermione precisava de paz, amor, e harmonia. Luna daria um jeito em tudo isso, e tudo ficaria bem como antes.

XXX


O primeiro beijo trocado com uma pessoa que te faz bem é aquele tipo de beijo que queremos que dure para sempre. Aquele beijo que salva o dia, o ano, que muitas vezes salva a vida. Brian e Katty estavam aproveitando muito os primeiros beijos que trocavam. Porque eles precisavam daquele momento. Precisavam se sentir bem, se sentir especial, e importante.


Nada de trapaças, de truques, não estavam sendo usados, estavam se usando para que se sentissem bem. Se usar mutuamente era algo inacreditavelmente bom, ainda mais depois de tantas decepções e tristezas. Eles mereciam cada segundo, e cada saliva compartilhada. Eles mereciam a felicidade.


É dificil quando a felicidade de alguém vem junto com a tristeza do outro, mas é inevitável. Sempre que alguém estiver feliz, uma outra pessoa em qualquer parte do mundo estará triste e precisando de alguém ou de algo. Infelizmente algumas vezes essas pessoas não estão do outro lado do mundo, estão muito perto e são tão importantes que deixamos nossa alegria para ajudar na tristeza.


Brian e Katty estavam deixando os sorrisos e olhares infinitos de lado. Estavam deixando a vontade imensa de contar o quanto estavam bem, de falar como estavam felizes, de espalhar o quanto tudo estava perfeito. Porque um segundo depois nada estava bem. E ai a felicidade foi temporariamente enterrada para dar lugar a preocupações e esperanças.


Quando Katty viu Rony e Gina juntos pensou em não atrapalhar algo que era familiar, mas como poderia simplesmente se afastar em um momento tão ruim. Então porque se sentir tão preocupada com algo sem importância? Era melhor só dizer que estaria ali para qualquer coisa, e rezar para que tudo ficasse bem o mais rápido possível.


Depois de chegar houve muito movimento, primeiro porque Gina se afastou permitindo que Katty consolasse Rony, e também foi a partir daquele momento que começou a chegar os amigos deles. Harry com o rosto assustado e pálido. Ele era como um irmão de Hermione, e por mais irmãos que Rony tivesse também era um irmão para ele. Depois Luna e Draco e em seguida Flavinho com Leo. A sala de espera ficou cheia, tensa, e com muitas pessoas visivelmente preocupadas.


Horas se passaram deixando um rastro de angustia. E quando finalmente o médico resolveu falar com eles Hermione já estava em um quarto. Salva. Viva. Porém sentindo-se vazia, sozinha e perdida.


Algumas vezes ser salva não é o suficiente.


Precisa-se se deixar salvar.


Precisa-se aceitar ser salva.


E mais que tudo precisa-se seguir em frente.


— Ela pediu para falar com o pai. — O médico disse e indicou o caminho para Philipes. — Posso falar com o namorado dela?


— Sou eu! — Rony disse se afastando de Katty e Gina.


— Podemos ir para minha sala.


Os dois seguiram um caminho oposto o que o pai de Hermione tinha feito. E logo estavam em uma pequena sala tão branca quanto a outra, mas com uma mesa e duas cadeiras para possíveis pacientes. Rony sentou-se em uma delas. E o médico suspirou. Um suspiro desses que dizem mais do que qualquer palavra.


Dessa vez chorar foi a única escolha.


Então Rony chorou.


Chorou.


XXX

Quando Philipes entrou no quarto Hermione estava encostada sobre duas almofadas. Seus olhos estavam vermelhos e profundos. E ela parecia completamente distraída. Ele se aproximou e pegou uma das mãos da garota fazendo com que ela o olhasse pela primeira vez desde que ele entrara no quarto.


— Me desculpe... — Foram suas primeiras palavras, eram as únicas que ele poderia dizer. Era tudo culpa dele. Uma escolha feita há anos atrás sofrendo sua consequência exatamente naquele momento. — Por favor, minha filha!


— Eu perdi... — Hermione disse sem se mexer. Sua mão permaneceu entre as duas mãos de seu pai. Ela voltou a olhar para o vazio. Sem expressão. E as lágrimas provavelmente tinham secado, ou era efeito dos remédios que estavam indo para sua veia. — Eu perdi. Morreu.


— Hermione... — Philipes disse tentando fazer que ela voltasse a olhar para ele, não funcionou.


— Eu perdi meu filho... Eu... — Hermione voltou a chorar. Sua dor poderia ser sentida de longe, quase destruía tudo em volta. Lagrimas que escorrem pelo rosto, e vem da alma que sangra. Lágrimas de quem está vivo, mas se sente morto.


E apesar de tudo que havia acontecido, lá estava Hermione aos prantos e seu pai a puxando para junto de si. Em um abraço silencioso como quando ela era apenas uma garotinha e se machucara andando de bicicleta. As lágrimas dela desciam molhando sua camisa e ele não se importava, apenas passava as mãos sobre o cabelo da filha e quase em sussurros dizia que tudo ficaria bem. Porque querendo ou não as coisas ficam bem, ou pelo menos deixam de ser tão ruins.


O corpo de Hermione não tinha forças, e ela não queria pensar em mais nada. Deixou-se ser abraçada, se deixou voltar no tempo, se deixou ser novamente uma criança assustada, e sem saber o que fazer. Deixou-se ser aquela que tem um pai capaz de fazer qualquer dor desaparecer. Mesmo que aquela dor fosse a maior de todas. Ela simplesmente deixou que as lágrimas descessem e que seus cabelos fossem acariciados. Porque era disso que ela precisava.

Se sentir protegida e deixar a dor escapar pelos olhos.


Seu pai não precisaria mais se desculpar, ele só precisaria nunca mais deixa-la sozinha. Ainda mais naquele momento.


— Eu sinto muito... — Ele disse. — Tudo vai ficar bem.


— Vai?


— Sim...


— Eu te perdoou pai. — Hermione disse afundando o rosto da camisa do pai e sentindo cheiro de menta. — Não me deixe sozinha.


— Você é minha vida, não te deixaria sozinha. — Seu pai a abraçou enquanto também chorava.


É preciso coisas horríveis acontecer para que possamos nos lembrar do quanto a vida é curta e do que realmente é importante.


Com a voz calma Philipes começou a cantar até que as lágrimas de Hermione secassem e ela caísse em um sono agitado, porém que serviria para dar a ela um pouco de paz, um pouco de tempo para se acostumar com a tristeza.


Ou a tristeza se acostumar com ela.






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Notas finais do capítulo

Esperam que tenham gostado. Sei que faz séculos que não posto e nem sei se tenho leitores ainda, mas espero que sim. Esse é o penúltimo capitulo por isso é um pouco triste e bem tenso. Não acho que seja o meu melhor, mas farei o possível para que o próximo seja espetacular... Espero que tenham gostado... Esperarei a opinião de vocês!!!
Beijinhos e obrigada!!!



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