Sabe quando você morre de orgulho de alguém? E quando esse alguém já te pertenceu? E quando esse alguém, depois de anos, ainda desperta em você os mesmos sentimentos?

Há sete anos comecei a namorar o menino de quatro olhos, que usava aparelho e gel no cabelo. Que morava numa cidade pequena, que era bagunceiro, gostava de ser um galinha, mas quase não pegava ninguém. Há sete anos, eu namorei o Luan Rafael Domingos Santana.

Foram os três anos e meio de namoro mais felizes que já tive. Namoramos dos 14 até os 17 e apesar das brigas e da zoação da galera – eu era considerada uma das mais bonitas da classe, mas não ligava muito pra isso e Luan, o quatro olhos, sabe como é – Nós éramos felizes! E muito. Enganasse quem pensa que primeiro amor nunca dá certo. O nosso deu, mas acabou por opção dos dois. Não podíamos cancelar os sonhos do outro por causa dos nossos. O Luan queria viajar pelo Brasil, fazer shows em todos os cantos desse mundão. Já eu... Bom... Eu queria fazer faculdade de Psicologia. Queria ouvir as pessoas e entender melhor elas. Queria ajudar o próximo, pois nem sempre temos ao nosso lado as pessoas necessárias para ouvir nossos desabafos.

Depois que terminamos (umas duas semanas depois mais ou menos) ele iria para Curitiba, fazer um show - morávamos em Maringá/PR – e eu recebi a notícia que meu pai havia sofrido um acidente de carro em Joinville/SC. No mesmo dia saí em disparada para lá com minha mãe. Meu pai havia ficado paraplégico. Tanto eu, quanto Luan, não conseguimos dizer nenhuma palavra a mais no telefone, depois que lhe dei a notícia. Antes de dar o último tchau, ele me disse:

– Sinto muito mesmo... Vocês vão superar essa! Eu sei disso! – Sorri involuntariamente.

– Brigada Lubs! – Ouvi uma leva gargalhada do outro lado da linha, sorri novamente e me despedi. Despedi-me sem saber que ficaríamos durante três anos, sem se falar...

E nesses três anos tantas coisas aconteceram...

Luan cresceu, amadureceu, conquistou milhões de pessoas. Milhões de coisas. Mas eu sabia que faltava algo ainda a se conquista... E eu intercalava entre estudos e cuidados com o meu pai. Quando consegui entrar na faculdade, eu tinha dezenove anos. Não sei como, mas na noite do dia que recebi a notícia de ter passado, recebi uma ligação de Londrina. Achava que era a faculdade, pois me mudaria para lá, mas não, não era... Era Luan. Com sua voz mais grossa, mas ainda reconhecível, eu dei berros abafados pela minha mãe e lágrimas de saudades talvez, escorriam pelos meus olhos. Ele ligará para me parabenizar.

E hoje, com vinte e um anos, estou começando o último ano da faculdade e Luan o seu 5º ano de carreira. Depois da tal ligação de Luan, dois anos atrás, nós viemos mantendo mais contato. Até porque me mudará pra Londrina e nos fim de semana meu programa era qualquer coisa a ver com shopping e Bruna Santana. Cinema, lojas, passeio, sapatos, roupas, lanchonete, fofoca...

Você acha que eu via o Luan? Não, era impossível. Mas a Bruna arranjou um jeito disso acontecer. E hoje não sei se agradeço ou se dou uns pontapés nela. Ou até, tudo junto; se agradeço e dou uns pontapés nela.