In Search Of The Old Neopia escrita por SoraHalloween


Capítulo 5
Capítulo IV --- Gabriella Hiukset Gwallt




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A Kyrii Cinza escovava seu pelo macio, que descia até suas costas. Não que isso mude alguma coisa, pois sempre que ela escovava, não mudava absolutamente nada. Era um vício. Um dos muitos vícios que tinha.

Seus olhos vermelhos cansados e com olheiras não a impediam de prestar atenção em cada fio de seu pelo.

Nem ela mesma sabia por que vivia nos Bosques Assombrados. Há anos que ninguém visitava os Bosques. Mas tudo mudou essa noite. Uma Kau verde - com uma pelagem muito mal escovada, na opinião da Kyrii - apareceu por lá. Junto com ela, havia um Aisha Fada - com um penteado muito ultrapassado, na opinião da ser cinza.

Eles estavam com pressa, e vasculharam tudo que podiam, mas não a notaram. Será que foi o seu cabelo, que estava feio? Ou foi a sua aparência? Ou ainda, eles a ignoraram porque a acharam chata demais? Ela não sabia. Agora, eles estavam dormindo, deduziu ela, dentro da Editora Neoviana. Foi uma péssima ideia, pois o estabelecimento fora abandonado há muitos anos atrás, e estava prestes a desabar.

"Que bobos.", disse a Kyrii cinzenta, ainda escovando seus cabelos, detrás de uma árvore. "Vão morrer instantaneamente. Se isso não acontecer, vão morrer sufocados, e se tiverem muita sorte, podem morrer de fome."

Já estava muito tarde, era provavelmente umas 02h00min a.m. NST, mas a pequena criatura não sentia sono, pois tinha passado o dia todo dormindo, com tédio.

"Acho que devo acordá-los, pois dois corpos mortos não seria uma boa decoração para os Bosques."

A Kyrii pegou uma pedra, que estava perto de sua pata traseira, e arremessou na direção da Editora Neoviana. A pedra atravessou a janela, que se espatifou em vários pedaços.

"O resto é com eles", depois disso, desapareceu por trás das árvores.

O impacto não foi tão forte quanto o esperado, mas Aswyna acordou rapidamente. Procurou com os olhos o que tinha acontecido, e viu a janela despedaçada. Levantou-se do sofá, sem fazer barulho, para não acordar Colle. Percebeu que a única opção possível seria a que alguém tinha arremessado a pedra. Mas os Bosques não estavam vazios?

Aswyna ficou realmente perturbada, mas, na mesma hora, ouviu ruídos estranhos. Era um barulho muito assustador, como se algo estivesse rachando, bem próximo a ela.

A Kau pegou a sua bolsa, recolocou-a nas costas e cutucou Colle, que só se mexeu um pouco.

"Colle, acorde, logo.", e olhou para o teto, que estava rachando. "Vamos sair daqui, rápido!"

"Hm? O que? Como?", o Aisha Fada estava sonolento, mas logo entendeu do que se tratava, e saiu em disparada, em direção à porta.

Mas uma das estantes caiu bem a sua frente, e tampou a passagem da porta. Aswyna apontou para a janela, e pulou por ela, aterrissando na grama.

"Venha logo, antes que tudo desabe!"

Colle, vendo que era sua única chance, começou a bater suas asas. Logo, estava voando em direção à janela, mas antes que conseguisse passar, a imensa estante de livros de história se partiu em duas, e ambas as partes caíram. Uma, na frente da janela, a outra... Aswyna não conseguiu ver, pois a janela tinha sido tampada.

"Colle!", e tentou empurrar a estante da frente da janela, mas ela não se moveu nem um centímetro.

Ele ainda estava lá dentro, e provavelmente, a estante tinha caído em cima dele. Desesperada, correu em direção à porta, e começou a empurrar com toda sua força. Infelizmente, sua força pareceu não ser suficiente. O teto desabou de uma vez só, fazendo um barulho infernal. Logo, as paredes caíram, uma de cada vez, como em um efeito dominó. A poeira fez a Kau esverdeada não conseguir enxergar um palmo a sua frente, mas mesmo assim ela correu em direção aos destroços, procurando pelo Aisha. Jogando pedaços de madeira para os lados, só conseguiu achar folhas soltas, dos livros da Editora.

Debaixo dos destroços, o Aisha se protegia, com suas asas, fazendo um escudo. Tentou gritar, mas sua voz saiu abafada. Sentiu que alguém estava tirando os materiais de cima de seu corpo, então empurrou com força, ajudando a derrubar o resto dos itens. Ficou surpreso quando percebeu que não era Aswyna, e sim uma Kyrii cinza, que parecia muito triste. Depois de se levantar e tirar o pó de suas asas avistou Aswyna, perplexa com a garota. A Kau não percebeu que a Kyrii tinha aparecido, muito menos resgatado Colle.

"Quem é você?", Aswyna estava nervosa. "Foi você quem jogou a pedra, não foi?"

"Por favor, agora não é hora.", a Kyrii segurou uma das asas de Colle, como se estivesse procurando ferimentos. "Eu pensei que vocês iam morrer."

"Eu pensei que já tinha morrido!", disse Colle, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

"Sim, fui eu quem jogou aquela pedra.", e começou a pentear seu cabelo com as patas. "Vocês deveriam saber que esse lugar ia cair. Ele está todo cheio de rachaduras."

Aswyna não percebeu isso porque estava muito cansada. Ela só pensava em achar um lugar para dormir.

"Enfim, obrigada pela ajuda.", e aproximou-se da Kyrii. "Mas você ainda não me disse quem você é."

"Quem eu sou não importa muito.", mesmo conversando, ela não parava de escovar seu pelo. "Quer dizer, vocês não ligaram para mim antes, porque ligarão agora?”
 “Porque você salvou minha vida, é claro.", o Aisha estava esticando suas asas, como se quisesse saber se elas ainda funcionavam. "E eu não me lembro de ter visto você antes.”
 “É porque nós não a vimos antes.", a Kau fez uma pausa dramática. "Ela está mentindo."

A garota cinzenta suspirou, como se já estivesse acostumada a lidar com isso o tempo todo.

"Eu estava perto da casa, perto das árvores, à direita.", e olhou diretamente para Aswyna. "Vocês não perceberam porque entraram correndo na casa, como se estivessem com medo dos Bosques."

Aswyna se ofendeu profundamente, e desabou a falar, dizendo que não estava com medo, e sim cuidadosa, que agiu com cautela porque não conhecia o local, etc.

“... E foi por isso que eu entrei na casa.", e dirigiu-se para Colle. "Ela não vai falar quem é, vamos embora, estamos perdendo tempo. Nós agradecemos sua ajuda. Vamos."

"Tudo bem, tudo bem." parou de escovar o cabelo. "Eu vivo há bastante tempo. Faz uns cinco anos, eu acho. Conheço quase tudo daqui, por isso sei que as coisas por aqui estão prestes a desabar."

"Cinco anos?", Aswyna, que já estava se retirando, prestou mais atenção. "E antes? Não me diga que você morava na Central de Neopia."

"Não, não. Eu morava em Shenkuu." e apontou mais ou menos para o norte. "É mais ou menos pra lá, mas é praticamente impossível chegar lá a pé. É muito longe."

"E como você veio parar aqui?”
 “É melhor eu contar a história desde o começo, não é?", disse, tentando lembrar-se dos detalhes. "Foi mais ou menos assim...”.

Como já era esperado, ela recomeçou a pentear seus cabelos, mas dessa vez, só as pontas.

"Eu morava em Shenkuu. Meu sonho era se tornar uma lutadora de artes marciais famosa. Então, eu resolvi treinar. Mas eu não sabia como começar. Eu perguntei a todas as pessoas que eu pude, mas nenhuma delas sabia nada sobre artes marciais. Eu até pensei em viajar para outro local, para entrar em uma escola de treinamento, mas os preços não ajudavam. Então, resolvi ir para os Bosques Assombrados, onde, diziam as pessoas, que havia muitos seres estranhos, que faziam o mal. Essa era minha chance de treinar, então eu resolvi vim para cá. Eu me preparei psicologicamente, pois sabia que a jornada para os Bosques não seria nada fácil. E não foi, eu passei por vários imprevistos. Na metade, descobri que a passagem para os Bosques tinha sido fechada. Havia guardas em todos os cantos. Eles não me deixaram entrar. Então, eu tentei voltar para Shenkuu, mas não consegui, pois não tinha recursos suficientes. Tive que entrar escondida nos Bosques. Meus primeiros dias aqui foram pavorosos, pois tudo me assustava. Mas depois de um tempo, percebi que tudo estava praticamente abandonado. Todos tinham morrido. Eu só consegui viver porque até os guardas daqui morreram, e eu consegui achar frutas nas árvores aos arredores. Eu prometi a mim mesma que não voltaria para Shenkuu enquanto não aprendesse artes marciais. Na verdade, prometi que não sairia dos Bosques. E se eu vou viver aqui por muito tempo, tenho que saber tudo sobre o local, não é?"

"Eu estava pensando, você não quer vim com a gente?", perguntou Colle, impressionado com a história. "Você pode aprender no caminho.”
 “Não, não.", recusou gentilmente. "É melhor eu ficar aqui."

"Mas aqui não tem ninguém, como você vai treinar?", perguntou Aswyna, sem entender.

"Não tem ninguém vivo.", e riu. "Você está se esquecendo dos fantasmas. Daqui a pouco eles aparecem, tenho certeza."

"Então devemos partir logo, não queremos mais problemas. E eu estou à procura de minha mãe, Anna. Você viu alguém passar por aqui, alguma vez?", Aswyna estava esperançosa.

"Ah, Anna. Eu a conheço. Ela passou aqui, há uns dois anos." e tentou lembrar-se das palavras. "Ela disse que estava indo para o Mundo das Fadas."

Dois anos? Aswyna ficou sem saber como reagir. Dois anos é muito tempo. Onde sua mãe estaria agora? Como eles achariam a salvação de Neopia, se não sabiam nem onde sua mãe estava? Será que ela já partiu do Mundo das Fadas? Ou está morando lá? Muitas perguntas invadiram a mente dela. Colle, percebendo que Aswyna estava confusa, resolveu pedir informações:

"Para onde é o Mundo das Fadas?"

"O Mundo das Fadas é bem perto daqui. Ou pelo menos, o que restou dele.", disse. "Dizem que ele foi destruído, mas é só um rumor. Ele está em algum local por ali."

A pata dela apontou para a esquerda deles. Se sua mãe ainda estivesse viva, talvez alguém do Mundo das Fadas soubesse alguma pista sobre ela. Ou melhor, ainda, se eles soubessem onde ela está? Definitivamente teriam que partir o mais rápido possível.

"Antigamente, o Mundo das Fadas era uma imensa nuvem. Agora, ele fica localizado em terra, mas é um local bastante alto, se não me engano.", disse a Kyrii. "Ah, eu nem disse meu nome! Eu me chamo Gabriella. Gabriella Hiukset Gwallt. Gostei de conhecer vocês, mesmo em um momento tão perturbador."

"Tudo bem, não tem problema.", disse Aswyna. "A propósito, me desculpa por ter sido tão grossa antes."

"Deixe isso pra lá.", ela riu. "Agora, é melhor vocês irem, se não quiserem ver os fantasmas.”
 “Mas como chegaremos lá mesmo?" perguntou Colle. "Existe uma estrada, ou algo assim?”
 “Na realidade, eu não lembro.", disse. "Mas vocês vão perceber quando estiverem perto, pois o Mundo das Fadas está localizado em um local mais alto que o normal."

Depois de se despedirem, Gabriella prometeu que aprenderia artes marciais, e que se eles quisessem, poderiam voltar lá qualquer dia, para vê-la.

"Suas asas estão melhores, Colle?", perguntou a Kau, caminhando em direção ao imenso portão de pedra, que levava a saída dos Bosques.

"Estão sim, bem melhores. Acho que posso voar, agora.”
 “É isso que vamos fazer agora, então.", e subiu nas costas do Aisha, se equilibrando para não cair. "Eu não sei voar, então você precisa me levar."

Colle sabia que era verdade, então não reclamou. Quando estava prestes a levantar voo, Aswyna disse algo que ele nunca se esqueceu:

 “Desculpa por aquilo de antes. Por eu ter sido grossa com você. Eu só estava nervosa, eu acho.”.

Ele só riu, e em pouco tempo, estavam sobrevoando Neopia.


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Notas finais do capítulo

Sim, o nome Gabriella foi utilizado por causa da minha amiga Gabs, podem culpá-la por qualquer coisa. -n
Hiukset significa cabelo em finlandês, e Gwaltt significa pêlo, mas em galês. Não preciso dizer porque o nome dela é assim, não é?