Izabella

 - Tudo bem, tudo bem! – Annabelle tenta manter a calma de todos. – 2º ano, entrem todos no ônibus! – Nós obedecemos.

Estávamos fazendo um passeio, pra ser mais específica, estávamos indo para um parque de diversões. Faltavam dois meses para o dia de ações de graças e como não passávamos junto com o colégio, eles retribuíam isso dois meses antes, já que estávamos perto de acabar o ano letivo.

Todos nós subimos no grande ônibus amarelo, exclusivo do colégio, e sentamos em qualquer lugar, não importava qual, só tínhamos que estar com os amigos.

Não demora mais de meia hora para chegarmos ao parque. Poderia dizer que todos nós estávamos animados, parecíamos crianças. Afinal, fazia sentindo, estamos presos em um colégio, obrigados a ver as mesmas caras de sempre e então ganhamos um passeio, como não ficar animado?

- Olha... Eu sinto que o café da manhã vai querer brincar também. – Niall sussurra ao olhar para grande montanha-russa a nossa frente. Eu rio.

- Vão em frente, podem aproveitar! – Annabelle diz e só bastaram essas palavras pra maioria sair correndo. É, realmente a gente parecia mesmo crianças.

- O que vocês acham da gente ir à casa de terror primeiro? – Liam sugere para mim e seus amigos.

- É, eu acho que seria divertido! – Harry diz, olhando maliciosamente para Alice. Aham, eu sei por que seria divertido.

- Então vamos! – Zayn fala e nós entramos.

Ok, eu não sou aquelas garotas que morrem de medo dessas coisas. Muito pelo contrário, eu amo assistir filme de terror, amo casas de terror, é divertido, simplesmente divertido.

Liam segura minha mão assim que entramos na casa. Dou um leve sorriso. Assim que começamos a andar na casa, um esqueleto aparece em nossa frente. Alice grita, abraçando Harry em seguida. Niall para em frente do esqueleto com expressão de confuso.

- Será que era homem ou era mulher? – Ele pergunta.

- Cala essa boca, Nialler. – Liam dá um tapa em sua cabeça, fazendo-me rir, então voltamos a andar.

Nós vimos à garota do exorcista, um boneco representando um demônio, cabeças, cérebros e olhos dentro de garrafas... Nada demais. Não para mim, não para Liam. Na verdade, estávamos começando a ficar com tédio, então a coisa começou a melhorar. Eu e Liam fomos parar numa sala secreta. Estava tudo escuro, provavelmente algo iria aparecer pra nos assustar, mas isso não importava, não quando o Liam me olhava maliciosamente.

Liam se aproxima mais de mim, encostando-me na parede. Ele cola seu corpo no meu, fazendo com que eu o sinta bastante. Sua mão esquerda vai à parede e a outra, que estava desocupada, vai para minha cintura. Ele aperta a mesma. Passo meus braços envolta do seu pescoço e me inclino para beijá-lo. Concedo espaço para sua língua. Logo nós estamos explorando a boca do outro. Eu poderia afirmar que nenhum beijo seria como os de Liam. Eu sentia calor e ao mesmo tempo um certo carinho, sentia mais vontade, e o melhor, tinha um gosto bom. Gosto de ‘’quero mais’’. E era isso o que acontecia toda vez que nos beijávamos e muitas dessas vezes, as coisas esquentavam. E pra falar a verdade... Eu gostava.

- Acho que foi uma boa hora pra gente vir parar nessa sala. – Liam sussurra. Aproveito e recupero o fôlego antes de beijá-lo novamente.

Liam desce sua mão para minha perna, apertando a mesma. Mordo seu lábio inferior como resposta. Ele sorri entre o beijo. E aquele calor começa a reaparecer. Eu aperto com um pouco de força a nuca de Liam, recebendo em troca o seu corpo imprensado no meu. Estava começando a ficar mais quente aquele lugar, até que mesmo de olhos fechados, eu consigo sentir a claridade em meu rosto. Abro os olhos parando o beijo em seguida. A porta havia sido aberta. Todos os nossos amigos estavam nos olhando.

- Mas vocês são muito safados mesmo, hein!  - Louis comenta fazendo todos rirem, inclusive nós.

Louis, Laís, Niall, Lorena, Alice, Harry... Todos olhavam para nós e riam...

Espera... Dereck?

Meu semblante fica sério assim que percebo Dereck no meio deles. Ele não ria, ele estava sério.  Ele tinha um olhar assassino no rosto. Meu corpo recebe um leve choque pelo medo que começou a me invadir. Eu não gostava desse olhar dele. Toda vez que ele fazia esse olhar era porque queria me... Me maltratar.

Seguro com força a mão de Liam e o puxo dali, seguindo em diante junto com os garotos. Mas eu andava apressada. Louca pra sair daquele lugar.

- O que foi? – Liam pergunta enquanto eu o puxo. Não digo nada, não até sair daquela casa.

Ofegante e já respirando o ar de fora, eu olho para Liam. Suspiro pesadamente. Ele percebe e aperta minha mão como se quisesse que eu soubesse que ele estava ali. Ali comigo. Eu o olho nos olhos.

- Liam, o Derick...  Ele...

- Calma, fale com calma. – Liam alisa meu rosto. Respiro fundo.

- Ele estava olhando pra gente com um olhar assassino, sei lá, ele parecia macabro.

- Onde ele estava que eu não vi? – Junta as sobrancelhas.

- Estava atrás dos garotos, só eu vi. Parecia que ele queria fazer algo comigo. – Engulo em seco.

- Ei... – Liam me abraça forte. – Ele não vai fazer nada com você, deve ser só impressão sua. Ele pode estar só com ciúmes ok? – Balanço a cabeça afirmativamente. – Você está comigo, amor.

Eu me solto de seus braços e olho novamente em seus olhos castanhos. Permito-me sorrir. Rapidamente seu olhar ganha um brilho. Como se meu sorriso tivesse causado esse brilho.

- Amor?

- Sim, que foi? Te incomodou? – Ele morde a boca, meio apreensivo. Sorrio de lado.

- Não... – Aliso seu rosto. – Eu gostei. Nenhum garoto tinha me chamado assim. Não com esse brilho nos olhos. – Liam sorri para mim e deposita um beijo em meus lábios. Só como resposta.

- Vem, vamos pegar um urso pra você.

Fomos até uma barraca de tiros. Eu juro, eu tentei, mas eu sou péssima nessas coisas. Porém, Liam em uma só tentativa, acertou uma garrafa, acertando novamente nas outras tentativas. Eu o abracei quando todas as garrafas haviam caído.

- Pode escolher o urso pra sua namorada. – O cara da barraca dá um suspiro, como se odiasse todos os casais que iam ali. Mordo a boca um pouco envergonhada. Não éramos namorados, mas o cara não sabia. Óbvio que não sabia.

Liam escolhe um urso grande da cor marrom. Era lindo.  Ele me entrega o mesmo e eu dou-lhe um selinho como agradecimento.

- Ei! Estávamos procurando vocês! – Niall diz ofegante. – Vamos à montanha- russa?

- Vamos! – Digo animada.

Eu havia pedido para o segurança que comandava a fila, segurar meu urso. Ele não fez uma cara muito boa, mas concordou.

Resumindo: gritos e risadas. Gritos de nós garotas, e risadas dos garotos, porém uma se destacava entre todas: Niall.

Quando saímos do brinquedo, cada um estava de um jeito. Mas Harry e Niall foram os que se destacaram mais.

- Eu nunca, nunca mais na vida vou nesse troço. – Harry diz quase chorando. Acho que ele tinha medo de montanhas-russas.

- Eu acho que... Acho que o café da manhã quer dar um alô... – Niall vira-se e abaixa o corpo, vomitando em seguida. Faço cara de nojo. Todos fazem.

- Que nojento, Niall! – Louis diz.

- Vai beijar seu namorado agora, Lorena. – Harry brinca.

- Me ajuda, Lorena! – Niall consegue dizer depois de vomitar. Ainda estava com o corpo abaixado.

- Olha amor, eu te amo, mas não encosta em mim enquanto não lavar a boca. – Lorena faz cara de nojo e vai até o namorado, nós rimos.

- Hazza, vamos à roda gigante? – Alice faz beiço. Harry suspira.

- O que não faço por você? – Eles sorriem. Olho para o Liam, apertando seu braço de leve.

- Quer ir também? – Ele pergunta. Assinto.

Nós andamos até a roda gigante. Começo a ficar mais animada do que já estava. Eu nunca tinha ido a uma. Seria divertido como nos filmes? Romântico como nos filmes? Eu estava apostando que sim.

- Podem ir naquele. – O rapaz aponta para onde devíamos sentar.

Harry e Alice sentam atrás de nós. Eu me acomodo no banco, se é que poderia chamar aquilo de banco. Um outro rapaz vem em nossa direção, fechando a grade um pouco em cima de nossas pernas. Fazem o mesmo com Harry e Alice. Sorrio assim que a roda gigante começa a se movimentar. Como precaução e involuntariamente, levo minha mão à grade que nos protegia. Assim que seguro no mesmo percebo que havia algo errado. Parecia estar solto.

- Liam?

- Sim, amor? – Ele sorri, colocando seu braço direito sobre meu ombro. – A vista é bonita. Ele diz assim que estávamos parados no meio. – Melhor ainda com você aqui.

Eu esqueço totalmente sobre a grade que parecia estar solta e apenas sorrio. Poderia ser besteira minha, já que era minha primeira vez em uma roda gigante. Poderia não... Era besteira minha. O melhor agora seria aproveitar esse momento com o Liam.

- Você é tão lindo, sabia? – Eu sorrio para ele. Ele faz o mesmo.

- Eu acho que esse seria o momento certo.

- O momento certo para que? – A roda sobe mais um pouco, mas não ligo.

- Pra dizer... Dizer que eu – Liam põe a mão sobre a grade e olha-me nos olhos. – Apaixonado por você. – Então a roda sobe mais uma vez. Um sorriso tenta se formar em meu rosto, mas é quebrado pela minha expressão de assustada, que surge logo depois.

A grade abre. Liam cai.

Um grito escapa da minha garganta. Percebo que eu havia me segurado a tempo no ferro ao lado, mas Liam não. Ele estava ali. Caído no chão. Com os olhos fechados. Meu corpo todo treme. Sinto meu coração ficar apertado.

- LIAAAAAAAAM! – Ouço Harry gritar.

De repente todos que estavam por perto, olham para o local. Tudo se passa rapidamente em meus olhos. Era como se eu estivesse fora do meu corpo. Apenas observando a situação.

Desceram a roda gigante para que eu pudesse sair segura. Em segundos eu estava ajoelhada do lado de Liam. Debaixo da sua cabeça havia uma poça de sangue. Ele estava inconsciente. E eu estava longe disso. Estava ali. Acordada. Sentindo tudo aquilo que desejei não sentir nunca mais.

- Liam! – Eu grito, sacudindo-o. Sinto a mão de alguém em meu ombro. – Liam!

- Eu vou chamar uma ambulância! – Ouço a voz de Alice.

Eu estava desesperada demais para fazer isso. Parte de mim ainda não acreditava que Liam estava deitado no chão e inconsciente. E agora? Será que ele ia ficar bem? Será que poderia ficar numa péssima situação? Ou será que... Que ele iria morrer?

Não! Não podia pensar isso. Eu não suportaria perder mais ninguém! Eu não iria perder Liam, eu não iria!

Logo todos chegam ao local. Os garotos ficam desesperados ao verem seu amigo no chão. Lágrimas começam a escorrer nos rostos deles, assim como já escorria no meu.

Olho ao redor e percebo a multidão que ali estava. Um rosto em particular chama-me a atenção. Derick sorria para mim. Ele tinha maldade em seus olhos.

A raiva me sobe. Eu respiro fundo e levanto. As lágrimas não paravam de descer.

- FOI VOCÊ! – Aponto em direção ao Dereck. – VOCÊ QUE FEZ ISSO COM O LIAM!

Como não pude perceber? Havia algo errado. Desde que ele me viu com Liam no corredor do colégio, nunca mais me olhara como antes. Ele só tinha maldade nos olhos, ele parecia macabro. Como nunca desconfiei que algum dia ele poderia fazer mal a nós? Quero dizer... Todos estavam seguros. Exceto eu e Liam. Ou era eu ou era Liam. Um de nós tinha que cair dali.

Olho rapidamente para o rapaz que prendeu nossa grade. Ele engole em seco. Mais lágrimas escorrem dos meus olhos. Derick havia pagado a ele. Só podia ter sido isso. Como não percebi? Como pude ser tão burra?

- EU VOU TE MATAR, DERICK! – Grito. Todos me olhavam. – SEU FILHO DA MÃE! EU VOU ACABAR COM VOCÊ! – Eu tento ir à direção dele, mas alguém me segura. – ME SOLTA! – Grito mais uma vez. - POR FAVOR... - Fecho os olhos e deixo meu corpo perder a força que o sustentava.

- Calma Iza! – Harry me segura. Eu choro. Choro alto. – Calma! Vai ficar tudo bem... – Ele me vira, abraçando-me. Eu o aperto contra mim. Fechava meus olhos com força na tentativa de apartar as lágrimas, mas era impossível. – Eu prometo que vai. – Harry alisa meu cabelo. Eu soluçava.

Ouço o barulho de uma sirene. Ambulância. Solto-me de Harry para olhar. Alguém havia chamado antes de Alice. Como se soubesse que algo de ruim estava prestes a acontecer. Ou como se já tivesse armado para isso.

Corro para perto de Liam. Os paramédicos o carregam, levando em direção à ambulância. Observo tudo parada, até que me dou conta. Eu quero ir com ele.

Corro em direção à ambulância. Os garotos vêm atrás.

- Alguém tem que ir com ele. – Um dos paramédicos diz.

- Eu! – Grito. Ele me olha desconfiado.

- Não! Ela é menor de idade, tem um responsável aqui. – A voz de uma mulher soa. – Eu.

O paramédico assente e deixa Annabelle entrar na ambulância, fechando as portas em seguida.

- Mas eu quero ir com ele! – Grito. O paramédico não me dá atenção. Apenas entra na ambulância e liga o carro. – Eu quero ir!

- Iza, – Harry puxa meu braço, fazendo com que eu olhe para ele. - vamos dar um jeito de ir, ok? – Não respondo nada. Fico parada vendo a ambulância partir. Todos do parque olhavam para nós.

- Vamos de táxi para o hospital. – Niall sugere.

- Estamos sem dinheiro para táxi. – Zayn diz.

- O jeito é ir de ônibus. – Louis conclui.

[...]

Todos nós estávamos na sala de espera. As garotas tinham ido de volta para o internato. O dinheiro não daria, então elas cederam o delas. Somente eu de garota estava ali. Eles entendiam.

Eu estava aconchegada em Harry. Seu braço estava sobre meu ombro. Ele estava sendo compreensivo comigo. Estava me ajudando. Não sei porque, mas estava. Era o que mais tentava me dar forças.

Meus olhos estavam inchados de tanto chorar. Provavelmente estavam vermelhos também. Suspiro. Como será que ele estava?

- Vocês aqui. Já era de suspeitar. – Annabelle aparece. Desencosto minha cabeça do ombro de Harry.

- Como ele está? – Sou a primeira a perguntar.

- Ele vai ficar bem? – Niall pergunta em seguida.

- Podemos ver ele? – Harry faz o mesmo.

- Olha... – Annabelle suspira. – Acho melhor vocês perguntarem isso ao médico.

Um médico aparece na sala de espera, como se já soubesse que estávamos lá. Ele segurava uma ficha, anotava alguma coisa, mas logo tira sua atenção da mesma e olha para nós.

- E então...? – Zayn olha apreensivo.

- Liam Payne, certo? – Assentimos. – O caso dele não é bom. Eu sinto muito, mas... Ele está correndo perigo.

- Ham? – Meu coração dispara. – Ele não vai ficar bem?

- Temos que esperar que ele acorde, só que há um probleminha... – O médico suspira pesadamente. Não gostei disso. – Ele não irá acordar tão cedo.

- Como assim? – Louis levanta do sofá. Faço o mesmo.

- O paciente está em coma.