Born To Be Together escrita por Julia A R da Cunha


Capítulo 17
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Eu não iria postar o epílogo, e usaria ele como prólogo da parte 2 da fanfic, mas decidi postar aqui mesmo porque senão ficaria sem sentido na parte 2. E esse é o verdadeiro fim da parte 1.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212141/chapter/17

“Três anos”, pensou Jodelle, olhando para o horizonte, sendo esse no momento o Central Park. Em suas mãos, uma foto de Gale e Jodie com Sorciére passando no fundo. “Três anos que saí de lá, fugindo, confusa comigo mesma, perturbada, ao caminho da loucura”.

Já era o ano de 2011, princípio do outono, época que particularmente lhe agradava. Pela janela do edifício podia ver crianças no parque, jogando folhas para o alto e brincando entre si.

Seu aniversário de dezesseis anos fora no começo daquele ano, e com ele, assim como em todos os anos, pensou no Acampamento Meio-Sangue, nos campistas, em Jodie e a pequena Sorciére, suas melhores amigas… E em Gale. Como estaria o filho de Niké que desde o primeiro dia lhe chamou tamanha atenção?

Jodelle sabia que só haviam dois modos de descobrir: Uma mensagem de Íris ou indo até lá pessoalmente. Não achava justo aparecer em uma simples projeção em um arco-íris para pessoas tão importantes, mas não se sentia pronta para voltar.

Remexeu os dedos, batucando no parapeito da janela. A porta do quarto se abriu atrás dela, mas não se virou para dar atenção à quem estava ali.

- Ei, garota! Precisamos conversar! - disse a dona do local.

- Fala - respondeu com indiferença.

A mulher suspirou e cruzou os braços, já perdendo a paciência que era pouca.

- No começo foi pena e um raro momento de misericórdia. Agora o tempo está se esgotando. Ou arranja outro lugar, ou ajuda com nosso serviço.

Jodelle virou-se, encarando a mulher com uma mistura de várias sensações.

- Não vou me vender para aqueles nojentos bêbados e… Tarados!

- Muitos já te olharam com desejo - disse a mulher. - Desde que chegou. Vários vieram querendo só você, e foram embora insatisfeitos com um “não”.

- Não vou ser uma prostituta!

- Jodelle! Faz dois anos que está aqui! Só acolhi porque na verdade, as outras se sensibilizaram vendo sua situação! Passando fome, na chuva e com frio! Só acho que essa caridade não vai durar pra sempre e merecia um troco!

- Não vou fazer isso - falou forte e pausadamente.

- Então deve ir embora.

- Ótimo. Já queria ir mesmo.

A mulher assentiu e ficou parada por mais uns momentos, antes de enfim ir embora. Automaticamente, Jodelle socou os pertences em sua mochila e preparou-se para sair. Levantou o colchão e tirou de lá $100 que guardava escondido. Usaria para comer, comprar uma simples lembrancinha em uma loja qualquer e para o táxi até Long Island.

[…]

Sorciére passava os dedos delicadamente por cima da foto. Havia sido tirada uma semana antes da partida de Jodelle. Agora, com treze anos e cada vez mais realista, ela acreditava cada vez menos que a primeira e melhor amiga retornaria.

Na foto estavam ela, Jodelle e Jodie, amontoadas uma sobre a outra e sorrindo.

- Ela se foi - sussurrou para si mesma. - Esqueça isso.

- Levante os olhos.

Sorciére franziu o cenho e olhou para cima. Lá estava ela, Jodelle. Uma mochila nas costas, parecendo realmente cheia. Ela retirou algo do bolso da jaqueta e colocou no pulso de Sorciére. Só então olhou. Uma pulseira com um pequeno pingente da Torre Eiffel.

- Você podia ter dito onde estava.

Jodelle fez que não com a cabeça.

- Eu precisava realmente ficar sozinha. Afastada. Precisava pensar, esvaziar a cabeça… Onde estão os outros?

- A… Jodie saiu em uma missão e… Gale está no chalé dele. Fizeram novos chalés. O seu é o 13… Ele sentiu sua falta. Muito. E eu também.

- Acho melhor ir lá ver ele.

- Ok. Eu te mostro onde é.

As duas foram andando então, juntas. Sorciére não queria falar, não agora. Ainda estava brava por Jodelle não ter dito onde foi e sumir de repente, mas apenas quis ajudar para que visse todos novamente.

Chegando no chalé, a porta estava entreaberta. Jodelle parou ao ouvir uma voz. Uma garota, andando pelo chalé. Jodelle mesmo sem conhecê-la, sabia que não era filha de Niké. Logo pôde ver Gale sentado em sua cama, com algo na mão. A garota saltitou até ele e lascou-lhe um beijo.

Um beijo. O que precisava para desmoronar a filha de Hades. Sem bater ou qualquer coisa, ela simplesmente colocou a mão na porta e a empurrou devagar, chamando atenção dos dois. A garota pareceu simplesmente curiosa, mas Gale, quando virou-se e olhou, tomou outro olhar. Ficou levemente boquiaberto, olhando-a, surpreso, sem reação.

- Você a conhece, querido? - perguntou a menina.

Não houve resposta a princípio, apenas o silêncio e uma longa troca de olhares. Ele a olhou nos olhos, distantes e chocados. Aqueles olhos azuis e chamativos, cativadores, e que ao encontrarem os dele, sempre revelavam as mais profundas sensações.

- S-Sim. E-Eu já volto - disse levantando-se.

- Não precisa se incomodar - falou Jodelle, virando-se e procurando pelo chalé 13. Queria se enfiar lá e não sair mais, trancar a porta e bloquear-se de tudo.

Logo o localizou e lá entrou, em passos rápidos, quase correndo. Bateu a porta e segurou-a, jogando a mochila sobre uma das camas. Não tardou a ver a maçaneta girar e alguém tentar empurrar a porta, mas ela apenas segurou. Ouviu três batidas e a maçaneta girou novamente.

- Jodelle! - era a voz dele. Bem mais grossa do que se lembrava, afinal, é claro, pois já era um rapaz de quinze anos. - Abre, por favor! Vamos conversar. - tentou empurrar a porta novamente e girar a maçaneta. - Jodelle. Por Zeus, Jodelle, pare com isso!

Ela respirou fundo e por fim, afastou-se e deixou-o entrar. Gale abriu a porta, deu um passo a frente e a fechou atrás de si, olhando-a. Jodelle prestou mais atenção nele. Havia crescido, e bastante. Estava forte, certamente havia treinado bem mais durante esses anos. Os traços de um garoto antes bonitinho e fofo tornavam-se os de um rapaz belo.

Ele também reparou nela. Os traços mais finos, atraentes, mas nada muito mudado. Havia crescido também, mas era menor que ele em uma quantidade significativa, sendo que sempre fora maior na infância. Mas os olhos continuavam os mesmos de sempre.

- Para onde você foi? - ele perguntou.

- Algum lugar - respondeu sem muitas emoções, ou melhor, tentando escondê-las.

Gale olhou-a e se aproximou, abraçando-a. Mas percebeu que ela ficou rígida e não moveu os braços para nada, além de virar a cabeça para o lado, e a soltou. Estava pronto para perguntar o que foi, mas entendeu rapidamente.

- Jodelle… Você se foi de repente e se passaram anos. Eu… Eu…

- Tinha que seguir em frente com a vida - ela completou.

- Pensei que nunca mais voltaria.

Ela assentiu, olhando para um ponto ao longe dele, não querendo mais encará-lo. Gale pegou em sua mão, forçando-a a olhá-lo.

- Você poderá sempre ser… Minha melhor amiga - segurou mais forte e olhou-a nos olhos. Os mesmos olhares da primeira vez. - Pode contar comigo quando precisar.

Jodelle mordeu o lábio inferior, soltou sua mão e procurou por algo no bolso da jaqueta. Retirou e envolveu no pulso esquerdo de Gale. Quando retirou a mão, ele pôde ver o que era. Um fio negro grosso, apertado no pulso mas não incomodava, com um pequeno pingente de ferro no formato de uma caveira com pedrinhas negras nos olhos.

Aquilo o atingiu em cheio como um soco no estômago. Passou um dos dedos por cima da caveira e olhou-a. Pegou do bolso o que segurava antes em seu chalé e entregou-a. Ela olhou. Era um papel retangular dobrado no meio. Ela abriu e pôde ver. Uma foto que a fez não conseguir segurar lágrimas, deixando uma cair sobre o papel. Os dois, com onze e doze anos, um ao lado do outro, sorrindo para a câmera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora sim, fim da parte 1. Continuarei a fanfic, é só procurarem depois por Born To Be Together 2, ou "parte 2", enfim.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Born To Be Together" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.