The Bet escrita por StardustWink


Capítulo 20
Os sinos tocam seis horas.


Notas iniciais do capítulo

Me digam.... qual o melhor dia para postar, se não no fim do mundo? :D Olá, pessoal, depois de umas semanas sumida eu voltei com o penúltimo capítulo de The Bet!
Em primeiro lugar, eu queria agradecer à linda da gigibelluco pela recomendação, que me deixou imensamente feliz! ♥ Dedico esse capítulo à você... além das amigas da Lynns que eu acabei viciando na história também, muahaha~
Espero que gostem desse capítulo! Até lá em baixo~ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212119/chapter/20

As coisas não estavam indo muito bem para May Maple.

Como se não bastasse acordar atrasada e pagar um mico na frente da escola inteira, seu rival acabara de se declarar para ela na frente de toda aquela gente.

Claro, se fosse uma garota qualquer, ela teria pulado de alegria com a ideia de mestre que o garoto dera e, depois de se beijarem diante das palmas de todos os presentes, sairiam pelo horizonte de mãos dadas enquanto os créditos do filme romântico rolavam na tela.

O problema é que aquilo não era uma comédia romântica e, além disso, ela sempre achava as tais garotas extremamente idiotas por pensarem que uma confissão assim era romântica.

Por que, por favor, todo o romântico que se preze faria isso numa praia ao pôr do sol. Ou à noite, vendo as estrelas. Ou num jantar a velas! Talvez na chuva, depois de uma briga...

E a sós, sem mais ninguém para atrapalhar.

Mas não, ela tinha de se apaixonar pelo Hayden exibicionista.

Uma parte de May quis revirar os olhos e murmurar “típico”, se todo o corpo da jovem não estivesse paralisado no momento. Presa entre o instinto de corar ou gritar palavrões para ele, a garota encontrou-se levantada e indo a sua direção, sua bolsa e raquete esquecidas no banco.

Chegando mais perto, viu que Drew parecia um pouco nervoso. Ele a encarava como se estivesse em dúvidas do que aconteceria em seguida - May não tinha gritado um “eu também” e corrido até ele, o que achou que ela faria. Ela finalmente parou, à sua frente.

A multidão, que antes sussurrava entre si, silenciou-se.

E, no meio de toda aquela gente, May fez a primeira coisa que surgiu em sua mente.

Ela deu um tapa nele.

O barulho foi tão alto que fez eco ao bater contra o prédio do ginásio, e algumas pessoas se assustaram. Drew deu um passo para trás, dividido entre ficar com raiva ou confuso.

Isso foi por ter se declarado para mim na frente de toda essa gente, - Ela falou em alto e bom som.

A Maple deu um passo novamente na direção dele, ignorando os xingamentos que suas fãs a mandavam, e não deu nem chance de seu rival falar alguma coisa.

...Pois ela pegou-o pela gola da camisa, puxando-o mais para perto e conectando seus lábios violentamente.

Todos ficaram surpresos demais para falar alguma coisa.

Ela se separou primeiro, controlando-se para não rir do rosto que o cabelo verde à sua frente tinha. Abriu um sorriso doce e colocou a mão suavemente sob o rosto dele.

– E isso foi por ter a decência de se declarar antes de mim. - Murmurou.

Na quadra de vôlei um pouco atrás, Blue assoviou alto. Isso pareceu acordar o lado são de May, já que ela deu um passo para trás e fez menção de se dirigir para a arquibancada outra vez.

Isso é, se ela não fosse puxada para trás. Ela estava começando a ficar cansada de se assustar com coisas naquela manhã. May curvou-se para trás, um protesto já a meio caminho andado de sua garganta...

O sorriso de seu rival era tão grande que ela por um momento se esqueceu de respirar.

Drew não perdeu tempo, puxando-a para perto pelo braço que já segurava e a beijando novamente. Os presentes, que dessa vez não se assustaram, começaram a aplaudir.

– É... Eu já esperava por isso. - Brendan murmurou de seu lugar, um sorriso triste estampado no rosto. Levantou-se calmamente de seu lugar, contornando as pessoas felizes e as fãs que xingavam feito doidas e dando uma última olhada para o casal no meio da quadra.

Eu só espero que ele cuide bem dela, pensou com um sorriso.

Mas ele sabia que cuidaria. Brendan reconhecera o olhar que o cabelo verde tivera por sua amiga de infância quando se encontraram pela primeira vez. Que mesmo com toda aquela implicância sem sentido que eles dois tinham...

Drew a amava, talvez até mais do que ele mesmo.

–-- x ---

O ginásio vibrava com a partida que acontecia no momento. Com o intervalo há pouco tempo terminado, o segundo tempo da partida já tinha trazido mais um ponto para o time vermelho.

– Vamos lá Yellow! - Dawn exclamou de seu lugar, não se importando com os olhares que recebera das outras líderes de torcida. Sua amiga acenou de volta, voltando imediatamente a correr atrás da bola.

A partida estava correndo melhor do que a loira esperava. Já tivera a chance de fazer um gol, e ajudara em outro. Estavam ganhando de 3 a 1 no momento, e faltavam poucos minutos do fim.

Ela sorriu, tendo vontade de olhar para a arquibancada. Seu coração bateu um pouco mais forte ao pensar que o garoto que ela gostava estava lá, torcendo por ela.

Será que ele está olhando para cá? Ela se perguntou. Resistiu à sua vontade de confirmar quando viu uma garota vindo em sua direção. Seu primeiro instinto foi procurar pela bola que provavelmente estava próxima, mas ela estava do outro lado da quadra.

Então por quê...?

Quando ela descobriu o que estava acontecendo, já era tarde demais. Yellow sentiu uma pontada dolorosa na perna e caiu, um grito irrompendo de seus lábios no processo.

As jogadoras pararam momentaneamente o que estavam fazendo, confusas. O juiz apitou quase que imediatamente, e Dawn interrompeu sua exclamação de surpresa quando olhou para o lado.

As garotas da torcida estavam rindo. Uma veia brotou em sua testa, e Dawn largou toda a sua decência para avançar contra elas.

– Qual o seu problema?! - Uma das garotas gritou, mas a azulada não estava com tempo para isso. Chegou até o meio do grupinho, que se pusera junto atrás de alguém que ela não conseguira ver direito.

Que se dane que tinha feito as unhas no dia anterior, sua amiga era mais importante que sua vaidade.

– Qual de vocês foi? - Ela falou, alto o suficiente para chamar atenção do público. Yellow, que era ajudada por Crys a andar até um dos bancos, parou. - Qual de vocês armou isso?

– Do que você tá falando, garota? - Uma das meninas bufou, cruzando os braços. - Nós não fizemos nada para a sua amiguinha não! Mesmo que tenha sido bem engraçado-

– Cala a boca! - Ela interrompeu, - Vocês acham engraçado machucar alguém no meio de um jogo? Qual é o seu problema?!

– D-dawn... - Yellow a chamou, receosa. - Tá tudo bem, não foi tão ruim...

– Não foi ruim? Você não consegue nem andar! - Ela exclamou. - Eu já as aguentava falando mal das minhas amigas, mas isso passou dos limites!

– Berlitz. - Dawn olhou para trás, encontrando com o semblante sério de Surge. - Eu agradeceria se você parasse com isso. Apesar do que foi feito ter sido uma injustiça, já expulsamos a garota que machucou sua amiga do jogo - e você não pode acusar alguém sem provas.

– Mas... - Ela tentou retrucar, mas viu-se sem palavras. - Argh!– E saiu pisando forte até o banco próximo onde sua amiga tinha acabado de sentar.

– Treinador... A Yellow... - Crystal começou, olhando para o loiro que chegava.

– Não vai poder participar do resto dos jogos. - Ele suspirou, virando-se para a pequena. - Me desculpe, Groove, mas é para o seu bem.

– Ah... - Ela olhou para baixo. - T-tudo bem, eu... Entendo.

Ela queria continuar jogando. Quem queria enganar, ela estava esperando por esse torneio desde que falaram dele. E agora...

– Seria melhor que você fosse para enfermaria e descansasse sua perna, o hematoma está bem feio...

Ela nem conseguiria ver o Red.

A loira mordeu o lábio, sentindo os olhos encherem-se d’água. Ela queria ficar lá para torcer por ele, comemorar com ele ou até consolá-lo, mas agora...

– Yellow, eu... - Crystal começou, olhando para o rosto triste da amiga.

– Treinador! - De repente, uma nova voz soou entre as garotas. Dawn abriu espaço para ver quem era, e logo todas reconheceram o novo integrante da conversa.

– O que foi Red? - O treinador arqueou uma sobrancelha.

– Deixa que eu levo a Yellow até a enfermaria. - Ele sorriu, indo até a própria.

– M-mas! O seu jogo é daqui a pouco! - A loira protestou, corada.

O moreno sorriu para ela, bagunçando seu cabelo.

– Heh, esse jogo está longe de acabar, Yellow. - Ele piscou para Crystal, - Não é verdade?

A azulada abriu um sorriso confiante.

– Pode apostar!

– Ok... Já demos uma pausa grande o suficiente na partida, não acham? - surge virou-se para as outras jogadoras. - O que estão esperando? Coloquem-se! Falta para o time vermelho!

Diante disso, Yellow olhou para aquilo tudo abismada. Parecia que a injustiça que fora cometida tinha deixado as suas parceiras de time mais animadas para ganhar. Não teve nem tempo de sorrir, pois foi levantada no segundo seguinte.

– O quê- Ela soltou um gritinho de surpresa, agarrando-se ao pescoço do ser que a tirara do chão. - R-red! - Reclamou, ao ver que fora ele que a colocara no colo.

– Assim vai ser mais rápido, não acha? - Ele sorriu. Yellow corou com isso, mas sorriu timidamente em resposta.

– O quê? - Dessa vez, uma quarta voz. Ambos voltaram-se para trás junto com Dawn, encontrando ninguém menos que uma garota de olhos claros e aparência angelical.

– Angel...? - A líder de torcida piscou, não entendendo.

– Por quê? V-você já roubou a atenção de todos no jogo, e agora isso também? - A garota murmurou, se aproximando. - Por que você sempre tem que estar entre nós dois?

– Eu... Quê...? - A loira piscou, confusa. - Do que você está falando, Ang-

Não me chame disso!– A outra esbravejou, para a surpresa dos presentes. - Você e suas amiguinhas estão sempre lá, se dando bem com todo mundo! E principalmente você!

– Eu-

– Você mentiu para a sala- Não, para a escola inteira e eles aceitaram! Ele aceitou! - Apontou para Red, - Como se nunca tivesse feito nada, como se fosse tudo bem?! E você vai lá, com suas mentiras e seu rosto estúpido e olhos inocentes e tira o garoto dos meus sonhos da minha frente!

– Espera aí, Angelique! - A Berlitz abriu caminho e se meteu na frente dela. - O que aconteceu com você? Da última vez não tinha se preocupado com isso, você foi legal comigo, e agora-

– O que você acha, Dawn? - A loira riu sem humor, - Como você acha que eu fiquei amiga de tantas pessoas, que consegui que elas fizessem o que eu queria? A Angel fofinha, bonitinha e gentil, eu a criei há tempos atrás.

– Por quê...? Eu... - Dawn lutou contra as lágrimas que ousavam cair dos seus olhos. - Eu achei que éramos amigas!

– Achou errado! - Angel rebateu frustrada. - Eu nunca seria amiga de você! E nem dessa falsa! - Apontou para Yellow.

– Falsa...? - A azulada murmurou, esfregando um dos olhos com a mão. - A Yellow não é nem um pouco falsa.

Angel não teve tempo de reação, Dawn já tinha dado dois passos até ela - e a segurado pelos ombros.

– Olhe para si mesma, Angel! Você usou pessoas, fingiu ser alguém que não era, e chama a Yellow de falsa? - Gritou. - Ela nunca foi falsa! Foi sempre gentil comigo, escondeu seus problemas dos outros, mesmo quando eles eram sérios...

– Você nunca vai ser igual a ela, Angel. - Falou, por último. - Porque a Yellow nunca quebraria a confiança de alguém como você quebrou a minha.

E largou-a, recuando até Red que ainda tinha a loira nos braços.

– Por que... - Angel olhou para o chão, tremendo visivelmente. Todo o estádio a encarava no momento, entre murmúrios.

– Angelique. - Ela levantou os olhos, e olhou para Yellow.

– O que você quer? Rir de mim?

– Não, eu... - Hesitou, - Não posso dizer que não estou com raiva, eu queria mesmo jogar na olimpíada, mas...

– Você devia parar de agir como alguém que você não é. - Terminou, por fim. Angel olhou para ela de olhos arregalados. Yellow sorriu um pouco, antes de continuar.

–Sabe... Eu também já tive problemas para fazer amigos. - A loira desceu momentaneamente do colo de Red, ainda se apoiando num de seus braços. - Era muito tímida, não me expressava direito, preferia ficar na floresta da minha antiga escola que conversando com os outros...

– Eu até tinha inveja das minhas amigas dessa escola, - Ela pausou, - Quer dizer, todas elas eram tão extrovertidas, e não tinham problema nenhum em falar com ninguém! E eu... bom, eu só era a Yellow, a pequena e frágil e inocente Yellow.

– É diferente... - Angel murmurou.

– Não é não, Angel. - Discordou a loira, - Você não sabia como se comportar ao redor dos outros, e criou uma pessoa que você não é para que falassem com você, mas... Não era o bastante, não é?

– E-eu... - Ela olhou para baixo, escondendo o rosto. - Nunca tive alguém que olhou para mim... Que não era mais falso do que eu, e...

– E você acabou se apaixonando pelo garoto mais honesto da escola, não é. - Ela sorriu, entendendo.

– Ele olhou nos meus olhos, desde a primeira vez. - Angelique olhou para o garoto que estava surpreso. - Você não foi falso comigo... Você me viu.

– Eu... - Red quis começar, mas acabou por não falar nada. O silêncio reinou por alguns segundos.

– Foi você que mandou aquela garota fazer isso, Fay? - Surge cruzou os braços, aproximando-se da garota.

– ...Sim, treinador.

– Muito bem. Vou ter que te levar até a sala do diretor. - Ele suspirou. Antes de levá-la, porém, Yellow a chamou por uma última vez.

– Ei, Angel! - Ela sorriu, - Você não precisa de uma máscara para fazer amigos. Não tenha medo de ser você mesma!

A garota a encarou por um segundo, antes de soltar um risinho, assentindo. Ela saiu com o treinador do ginásio, aos olhares de todos do lugar.

– Então... É melhor nós irmos logo. - Red a levantou com cuidado novamente, e a guiou para a mesma porta.

Todos encararam a passagem por onde eles foram, não sabendo direito o que aconteceu. Foi quando Crystal, que já estava no meio da quadra, bufou.

– O que vocês estão esperando? - Ela cruzou os braços para as outras jogadoras. - Juíz, continua logo o logo.

E ele o fez.

–-- x ---

A caminhada até a enfermaria foi silenciosa, distraída apenas por uma suposta confusão nas outras quadras abertas do lugar. Yellow sentiu uma gota descer pela testa com isso - não podia ter uma coisa normal acontecendo nesse dia, né?

– Ei, Yellow...

Ela olhou para cima, encontrando com olhos vermelhos. Eles a olhavam de uma maneira que ela não pode decifrar... Mas que a deixou corada do mesmo jeito.

– Você foi incrível lá. - Ele sorriu para ela.

– Eu não... - Ela olhou para baixo, um pouco constrangida. - É que... Ela parecia triste, e... Eu estou magoada com ela, mas não queria que ela fizesse mal a mais pessoas...

– Hmm.

Voltaram ao silêncio. Não demorou muito, e os dois já estavam na porta da enfermaria do colégio. Red entrou pela porta, e a mulher que lá estava virou-se para recebê-los.

– Ah... - Ela parou um pouco para olhar os dois. - Parece que carregar pessoas está mesmo na moda esses dias...

Os dois coraram. A rosada riu, levantando-se de sua cadeira.

– Me desculpe, não queria envergonhar vocês. - Ela apontou para uma das camas do lugar. - Por que não deixa sua amiga ali?

– Ah, claro. - Red deixou-a cuidadosamente na beira da cama, e se afastou.

– Agora vejamos... - ela achou o hematoma na perna de Yellow, - Se machucou durante o jogo?

– É... - Ela murmurou.

– Tudo bem. Vou passar algo aí para diminuir a dor, e um gelo para você colocar por cima desse roxo, ok? - Ela voltou-se para o garoto. - Pode fazer companhia para ela enquanto isso?

– Tudo bem!

– Mas, Red, o jogo!

– Como eu disse, temos tempo. Confie em mim. - Ele sorriu de uma forma que a loira viu-se incapaz de dizer não.

Joy logo apanhou os medicamentos, e aplicou-os. Yellow mordeu o lábio, a dor sendo maior do que ela esperava que fosse. Mas, assim que começou, terminou, e ela pôde afundar a cabeça no travesseiro fofinho da enfermaria.

– Bom... Acho que vou indo. - O garoto de olhos vermelhos levantou, e chegou perto da loira. - Descanse um pouco, tá?

– Ah... - Ela sorriu, - Tudo bem.

– Até!

Ele já estava saindo, quando ouviu uma voz.

– Ei, espera! - Yellow sentou-se na cama, aos olhares tanto do garoto quando da enfermeira.

– O que foi?

– Eu não vou estar lá, mas... - Ela abriu um sorriso lindo, que o fez piscar bobamente por um segundo. - Boa sorte, Red.

–... Uh, claro. - Ele sorriu de volta, um pouco atordoado. - Eu... Volto quando terminar, ok?

– Ah, não precisa-!

Ele a parou estendendo uma mão, e continuou a sorrir. Despediu-se da enfermeira e saiu pela porta.

– Ele é um ótimo garoto, não é... - Joy murmurou, fitando a pequena garota pelo canto do olho.

– Ah... Sim... - Seus olhos verdes permaneciam grudados à porta, e o sorriso era o mesmo. - Ele é.

Deitou-se mais uma vez, sentindo o sono invadir seu sistema e deixá-la com uma vontade irresistível de fechar os olhos. Assim ela o fez, deixando que Red e seu sorriso a levassem para o mundo dos sonhos.

– Ela dorme rápido... - A enfermeira constatou, impressionada. Depois, cobriu-a com um lençol e ajeitou o saco de gelo em sua perna. Com um sorriso nostálgico, voltou ao seu lugar na mesinha da sala.

– Jovens de hoje em dia...

–-- x ---

O sol já quase descia pelo horizonte. Depois de um dia um tanto “intenso”, os alunos finalmente comemoravam o fim da olimpíada. Famílias combinavam de jantar fora, amigos saíam em grupo para comemorar, e os times participantes festejavam em grupo.

Red despediu-se da terceira pessoa que o parabenizou e finalmente alcançou a porta da enfermaria. Com um suspiro, ele entrou, olhando para os lados ao não ser recebido pela Joy.

– Ué... Ela saiu? - Perguntou para o vazio. Procurou por um rastro de amarelo em seguida, e achou Yellow deitada na cama, dormindo com feições serenas.

Ele se aproximou em silêncio, não querendo acordá-la. De perto, assim... Yellow parecia um anjinho. Ela sorria durante seu sono, murmurando algo baixinho que ele não pôde ouvir.

O garoto chegou mais perto, curioso.

– Hn... - A garota remexeu-se um pouquinho, - Red...

Ele corou cinco tons de vermelho diferentes, afastando a cabeça para trás.

Ela está... sonhando comigo? Piscou. Observou-a apertar de leve o tecido do lençol com suas mãos e se acalmar. Ficou olhando enquanto sua silhueta frágil movia-se quase que imperceptível no ritmo de sua respiração.

O garoto arriscou ficar ao seu lado outra vez. Viu que uma mecha tinha caído na frente dos olhos da menina, e tratou de tirá-la. Suas mãos teimaram em permanecer encostadas no rosto delicado da loira, traçando levemente os detalhes de sua pele alva.

Ele conteve-se ao chegar a sua bochecha, engolindo em seco.

Era como se algo mais forte que ele desejasse trazê-la mais para perto, para abraçá-la e, dessa vez, não deixá-la ir. Era incrivelmente estranho, e trazia uma dor incômoda ao seu peito.

Só que não era uma dor ruim... Ele não tinha mesmo nenhuma experiência com esses sentimentos.

Talvez se eu falar com a Blue... Ele refletiu, fazendo carinho no rosto de Yellow, Não, ela vai rir da minha cara se eu for contar disso para ela.

Voltou-se para a garota. Mas... Ela podia ter se machucado mais do que isso hoje. Se isso tivesse acontecido...

Ele fechou sua mão livre com força. Yellow era uma garota forte, apesar de tudo, mas ele não hesitaria nem um segundo em protegê-la se fosse necessário.

– Eh...?

Ele voltou sua atenção para a garota, que tinha os olhos semiabertos, ainda sonolentos.

– Red... O quê... ? - O garoto foi rápido em tirar suas mãos do rosto dela, corando. Ele tossiu levemente, tentando se recompor.

– A Olimpíada acabou, e sua prima me pediu para te deixar em casa.

Yellow corou com isso. - Ela pediu? - Estreitou os olhos, não sabendo se estava grata ou irritada por isso.

– É... Você está melhor? Consegue levantar?

– Huh? Bom... - Ela moveu as pernas lentamente, encostando-as no chão. Uma pontada a fez retirá-las, porém. - Ainda dói um pouquinho...

– Certo. - Red chegou mais perto dela. A garota, envergonhada, quase caiu para trás ao se afastar.

– N-não precisa me colocar no colo! E-eu... - Ela hesitou, - Quer dizer...

– Sem problemas! Mas você vai precisar de um apoio, não é? - Ele ofereceu um dos braços.

– Obrigada. - Aceitou, usando-os de base para se levantar. Ela embolou-se para encontrar uma posição boa para se mover e, quando conseguiu, sorriu para o mais velho.

– Vamos?

– Ok. - Ele assentiu, e ambos saíram pela porta. Mal perceberam a enfermeira ao fim do corredor, olhando-os com um brilho desconhecido nos olhos.

– Mas então, quem ganhou a partida? - Ela puxou conversa enquanto saíam para os portões.

– Nós, é claro! - Ele riu. - Consegui fazer um gol no começo! Mas o time do Green empatou, só que aí!

– Aí o quê?

– Ash fez um gol! E ganhamos!

– Ele chegou à tempo? - A loira piscou. Não tinha o visto em todo o tempo que estava lá.

– A cinco minutos do jogo começar, - Riu Red. - Mas sem ele, não teríamos conseguido.

– Eu queria ter visto...

– Queria que estivesse lá, também. - Ele bagunçou o cabelo loiro da menina, - As garotas do futebol precisavam de alguém para levantar a taça delas.

– Q-quer dizer...! - Os olhos de Yellow encheram-se de brilhos. - Ganhamos a Olimpíada?

– Claro! - O moreno sorriu confiante. - O time verde ficou em segundo, e o azul em terceiro. - Ele riu por um momento, - Blue disse que a tal “declaração” a deixou surpresa demais para jogar.

– Declaração...?

– Sua amiga May e o tal rival dela, parece que acertaram as coisas durante a Olimpíada.

– Eeh?! - Yellow piscou, surpresa e um pouco triste por ter perdido o momento. - Sério? Mas o que houve?!

– Depois eu explico. - Ele piscou para ela, que fez bico.

Ambos continuaram a conversar animadamente, acenando para pessoas durante o trajeto. Contaram mais coisas que aconteceram - Misty ficara em segundo na competição de nado, May ganhara (surpreendentemente!) e entre outros.

– E a Blue obrigou o Silver a ir buscar a bola quando ela caiu na árvore!

– Ah, sério? - A loira riu, - Eu não consigo imaginar ninguém além dela para convencê-lo.

– Não sei, deve ter uma pessoa no mundo animada o bastante para conseguir, não acha?

– Hmm... - Yellow curvou-se para fitá-lo. - Talvez.

– Espera... É aqui, não é?

E era. A casa da garota jazia lá, à sua frente. Yellow sentiu-se um pouco triste pelo seu passeio ter chegado ao fim, mas agora seria uma ótima hora para tocar no assunto baile.

Isto é, se Red já não tivesse um encontro.

E, mesmo que o bom senso obviamente dizia o contrário, ela realmente desejava que não fosse esse o caso.

–Ei...

– Hm? - O garoto de olhos vermelhos a encarou com curiosidade.

A loira segurou um pouco mais forte no braço dele, sentindo o rosto esquentar. Ela arriscou olhá-lo, e curvou o corpo em sua direção. Logo, estavam um de frente para o outro.

– Red, você... - Ela começou.

– Eu...? - Ele sorriu. Se não soubesse que suas expectativas estavam sempre erradas, ela teria certeza de que ele tinha chegado mais perto.

– Amanhã... Para o baile. - Ela quis desviar o rosto, mas uma coragem repentina a forçou a manter a troca de olhares.

– O que tem?

– Você tem... Alguém para levar?

– Não.

Seu rosto praticamente explodiu em alegria.

– E-então, - Ela tropeçou com as palavras, - Você... Quer ir, err, comigo... Ou... Huh...

– Yellow.

Olhos verdes encontraram vermelhos.

– Você está me convidando para o baile?

Era impressão... Ou seus rostos estavam se aproximando...?

– Eu... Eu...

A coragem - ou melhor, estupidez– tomou conta de seu ser mais uma vez.

– Sim.

– Se esse é o caso, então...

O pôr do sol ao horizonte trouxe ao casal um brilho alaranjado para cair sobre ambos. Que por ironia era justo a perfeita, harmoniosa união...

– Eu vou.

Entre amarelo e vermelho.

É, eles definitivamente estavam pertos demais.

E, diante daquele momento único...

– Lilian...?

Algo deu terrivelmente errado.

Yellow assustou-se com a voz, afastando-se do moreno e olhando para trás. Seu pai estava lá, estático, olhando-a como se ela fosse outra pessoa.

A garota levou as mãos à cabeça, não encontrando o boné que escondia seu cabelo longo. Red, não sabendo o que fazer, colocou-se ao lado da garota.

– P-pai... - Ela murmurou, não sabendo o que fazer.

Todo aquele esforço que ela teve todos esses anos... Para acabar agora?

– Lilian, você-! - Ele sorriu. - Você está viva! Eu sabia que estava! Nenhum deles acreditou em mim, disseram que eu estava louco, que eu precisava me tratar, mas você está viva-!

Ele fez menção de agarrá-la pelo braço, se a garota não tivesse se esquivado a tempo.

– P-pai, eu não... - Ela protestou. - Eu sou a Yellow, lembra? Sua filha!

– Yellow... - O homem pareceu pensar por um segundo. - Sim...

A jovem sorriu, relaxando consideravelmente.

– Ela tem de saber que você está viva! - E a próxima parte quebrou todas as suas esperanças. - Minha menina nunca disse que você morreu, sabe? Nunca tocava no assunto, como se escondesse algo...

– Pai, eu...

– Vocês se falavam secretamente, não é? Ah, sabia que tinha algo de errado...

– Senhor-! - Red tentou chamá-lo, mas em vão. Ele estava absorvido demais na imagem à sua frente.

– Foi até a Olimpíada dela hoje? Eu não pude ir, tive um problema no trabalho, e...

Pai! – Ela gritou, parando a conversa de vez.

–... Lilian...?

– Não... - Ela levou uma das mãos ao cabelo, e soltou-o do prendedor, deixando-o deslizar pelos seus ombros. Só aí Red viu como era longo - descia até sua cintura.

– Yellow. - A loira declarou. - Meu nome é Yellow.

– Eh...?

– E Lílian, a minha mãe... - Engoliu em seco. - Morreu há anos atrás. Ela não vai mais voltar, papai.

– Não! - Ele fechou os punhos. - Yellow, você também não! - Deu alguns passos para trás, realmente olhar para onde estava indo.

– Sr. Groove, cuidado!

Red tentou avisá-lo, mas já era tarde. Mal pôs os pés na rua, o homem foi atropelado por um carro que passava, voando até bater com tudo no chão.

PAI!

Os sinos tocaram seis da tarde, e o conto de fadas chegou ao fim.

–---- x -----



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Boo, é, cliffhanger, eu os amo. Calma que tudo estará resolvido.... no último capítulo da fic. Deus, é sério que já tá acabando? ...Ou será que não?
Quero avisar algo a vocês, já que estou aqui. Interpretem isso como quiserem ovo A história que eu tenho bolada está longe do seu fim. O que isso quer dizer? Que ainda vai demorar para eu dar um tchau definitivo a vocês e à esse meu crossover um tanto único.
Até o último capítulo, pessoal!