POV Thalia Grace

Acabamos por levantar e ir para o café. Nos sentamos e fizemos nossos pedidos passando o tempo conversando. Nico pediu várias vezes para ver minha câmera, eu obviamente não deixei e me diverti tirando fotos de suas expressões emburradas. O fotografei falando sem parar, em silêncio e brincando com os guardanapos. Foi muito divertido. Mesmo não estando sozinha, não consegui me controlar e tirei algumas fotos da biblioteca lá embaixo e das pessoas ali em cima. Nico me ajudou com algumas.

Conversamos sobre tudo que se pode imaginar, foi uma noite muito legal.

Depois que a comida chegou começamos a comer como se não houvesse amanhã. Sem ele ver tirei uma foto sua enquanto tomava seu café olhando para a biblioteca, sem expressão no rosto; sereno e calmo.

Enquanto comíamos e conversávamos recebi uma ligação.

Cause I remember every sunset

Porque eu lembro de cada pôr do sol

I remember every word you said

Lembro-me de cada palavra que você disse

We were never gonna say goodbye

Nós desejávamos nunca dizer adeus

Singin' la-da-da-da-da...

Atendi antes que Nico me zoasse por causa do toque.

—Alô? Falei lembrando-me que nem tinha visto o número.

—Thalia? Aqui é o David... O amigo de seu pai. Estou em casa agora e o advogado dele está aqui para acertar a data e os preparativos para a leitura do testamento. Você poderia vir aqui agora? Desculpe a hora, mas o dia hoje foi lotado, temo que só tenha essa hora livre... Mas se você não puder, marcaremos outro dia. -Lembrei-me de David na hora. Ele havia falado no enterro de meu pai, já quase havia virado meu amigo.

—Claro que vou. Só me passe o endereço... E, ah... Vai demorar muito? -Perguntei já pegando uma caneta com Nico e surrupiando um guardanapo.

—Ótimo! Não, será bem rápido. Ah... Rua Northwest número 302. —Me respondeu e eu anotei agradecendo e desligando.

—Desculpa Nico, tenho que ir. Vou passar na casa do David pra gente acertar as coisas da leitura do testamento. -Falei já recolhendo minhas coisas.

—Tudo bem, eu vou ficar mais um pouco. A gente se vê. Cuide-se. -Falou e eu sorri lhe dando um beijo na bochecha.

—Ok. Não vá embora muito tarde. -Dei uma de mãe e saí rindo enquanto o ouvia rir junto.

POV Annabeth Chase

Levamos Silena para casa, pedi que Percy me esperasse na sala e fui para o quarto com ela.

—Você não precisava ter me trazido. -Me censurou já tirando os sapatos e o vestido.

—Primeiro amigas, depois namorados. -Respondi alcançando o pijama para ela. Ficamos um momento em silêncio enquanto ela lutava com as mangas do pijama. -Como você está? -Perguntei enfim, sentando em sua cama. Ela sentou-se ao meu lado me olhando.

—Muito melhor. Acho que dei uma exagerada básica, eles poderiam ser velhos amigos se reencontrando e eu ali, dando um ataque de ciúmes. Eu não devia ter ido embora, ela deve ter ficado com uma má impressão de mim. Tenho que tentar parar com essa mania de desconfiar de tudo e de todos. -Desabafou, mas estava sorrindo, o que me alegrou.

—Você já passou por muita coisa, eu te entendo. -Sorri para ela que concordou com um aceno. Silena já havia sofrido com relacionamentos. Longa história.

—Obrigado Annie, mas não é por isso que tenho que surtar quando vejo qualquer menina chegar perto do Charles. -Deu uma risada gostosa e eu a acompanhei. -Amanhã eu falo com ele, agora vai lá fazer sala pro seu namorado. -E por favor, usem o quarto da Thalia qualquer coisa... Eu estou aqui e não admito agarramentos no meu quarto. -Falou divertida e eu abri a boca em um "O" perfeito.

—Quarto da Thalia? Jamais. Eu te jogo pela janela, mas venho pra cá. -Respondi entrando na brincadeira e rimos.

—Nada disso! Agora vai lá vai... E obrigado Annie, por tudo. -Me agradeceu e eu lhe dei um abraço. -Ahh, se você quiser muito, eu me escondo no banheiro enquanto vocês estão aqui. -Riu sonoramente e eu lhe dei um tapa.

—Ok, ok... Vai dormir vai, boa noite Si. -Beijei o topo de sua cabeça e fechei a porta do nosso quarto indo para a sala. Encontrei meu namorado brincando com um ursinho jogado por ali, suspirei abrindo um sorriso ao vê-lo. Era incrível o que ele fazia comigo, eu podia estar preocupada, nervosa ou irritada, chegar perto dele me fazia esquecer tudo e apenas prestar atenção ao nosso mundo. Lembrei-me do primeiro dia de aula, quando nos conhecemos, ele estava tão lindo e eu tão envergonhada. Não sei como ele acabou se tornando tão importante para mim, e em tão pouco tempo, mas eu sabia que estava completamente apaixonada por ele e que isso não mudaria. Eu sentia isso em cada célula de meu corpo.

—Você pode por favor parar de me tarar? Sei que sou gostoso, mas não precisa encarar assim. -Fui tirada de meus devaneios por Percy, que estava tentando se tapar com as almofadas. Comecei a rir e me joguei ao seu lado.

—Bobão. -Falei rindo.

—Seu bobão.

—Meu bobão. -Lhe dei um selinho. -Agora vamos meu bobão, me conte tudo.

—Tudo? Tudo o que? -Estreitou os olhos se fingindo de desentendido. Cruzei os braços.

—Porque você está estranho desde que Silena falou da Bianca? -Fui direto ao ponto. Eu havia percebido que ele ficou quieto e meio distante, mas resolvi não comentar com Silena por perto. -Pode começar a falar Jackson.

—Meu sobrenome fica muito fofo na sua voz sabia? -Tentou mudar de assunto sorrindo para mim. Se ele não parasse de sorrir assim eu ia ter um ataque.

—Não mude de assunto! O que houve? -Perguntei estreitando os olhos para ele que levantou as mãos se rendendo.

—Ah... Eu conheço Bianca. -Respondeu simplesmente achando que ia ficar nisso mesmo.

—E daí? Não foi isso que perguntei. Responda apenas as perguntas que eu fizer da próxima vez, Jackson. -Falei grossa com ele que me olhou surpreso. É, eu aprendi algumas coisas com Thalia. Vendo que eu não desistiria ele suspirou e me encarou.

—Bianca foi a última namorada do Charles. Eles se conheceram na nossa antiga escola e namoraram por dois anos, eles eram muito felizes, até que na formatura do terceirão ela contou pra ele que seria modelo e para isso teria que se mudar para Paris. Eles terminaram e ela foi pra lá... E ele, bem, ele passou alguns meses em depressão, foi num médico e tomou por algumas semanas uns remédios pesados. Quando se recuperou, voltou a falar com a gente desde que não tocássemos no assunto Bianca, continuou sua vida e fomos para a faculdade. Ele conheceu uma garota incrível, vulgo Silena e eu nunca o vi tão feliz. Ele deu um anel lindo para ela que nunca pensou em dar para Bianca, eles estavam super felizes até ela aparecer do nada no shopping, deixando Silena com ciúmes e Charles... Hm... Vai saber?! -Soltou tudo assim e eu fiquei loucamente espantada, ele deve ter percebido por que me trouxe para perto e falou suavemente. -Não se preocupe, eu conheço Charles, ele nunca faria algo para magoar ela. -Olhei fundo em seus olhos azuis e me deixei perder neles por um instante.

—Tudo bem então. -Tentei soar mais confiante do que estava e ele não percebeu.

—Você está preocupada né? -Ok, talvez ele tenha percebido.

—Sim. -Despejei e me aconcheguei em seu peito, apenas queria esquecer tudo e poder relaxar um pouco. Tinha que parar de me preocupar tanto, se Percy disse que está tudo bem, está tudo bem... Não é?!

Ele pareceu perceber minha confusão por que passou seu braço pela minha cintura e me ajudou a me aconchegar em seu peito, acho que dormi enquanto ele brincava com meus cabelos.

POV Thalia Grace

Passei em casa rapidamente e tomei um banho rápido, mas bom. Antes lavei a camisa do Nico e coloquei ela atrás da geladeira, concluindo assim uma mandinga da minha avó, coloquei uma roupa decente, mas confortável. Quando passei na sala para ir para a porta me deparei com uma cena fofa porém irritantemente horrível, Percy e Annabeth dormiam abraçados. Sim, eu estava com ciúmes dela, qual é? Ele pensa que é quem para aparecer e roubar uma de minhas irmãs?

"Para de mentir, você queria era estar no lugar dela."

"Consciência, praga infernal... Como vai?" Respondi a acusação mental com ironia de sobra.

"Ahh, vai me ignorar é? Enquanto você esta idiotamente discutindo com sua consciência ela esta ali, agarrada num homem."

"Percy? Percy... Um homem? KAKAKAKAKKAKAKAKAK NÃO SABIA QUE VOCÊ FAZIA PIADAS! Agora já pode ir embora, querida." Não se fazem mais consciências como antigamente.

Como boa pessoa que sou...

"Não."

Joguei um cobertor por cima deles e saí de casa me dirigindo ao endereço que David havia me passado. Cheguei em mais ou menos quinze minutos, e não, eu não estava acima do limite de velocidade... Ok, talvez estivesse um pouco.

Bati na porta uma única vez e David já me atendeu.

—Que bom que veio Thalia, entre. -Me cumprimentou com um abraço e eu entrei em sua casa, o cômodo em que estávamos era a sala, onde dois garotinhos fofos jogavam videogame. Eles sorriram para mim e eu fui levada para a cozinha por David. Uma moça estava lá secando uns pratos enquanto um homem de terno estava sentado na mesa.

—Esta é minha esposa, Joanna. -David nos apresentou e ela me abraçou.

—Olá Thalia, David me falou de você, sinto muito pelo seu pai, era um homem excepcional. -Sorriu carinhosa para mim. -Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, conte conosco ok? -Perguntou segurando minhas mãos.

—É um prazer Joanna, claro que sim, digo o mesmo. Obrigado. -Agradeci e ela me beijou a bochecha.

—Me perdoe por sair assim, mas dois garotinhos por aí precisam ir pra cama. -Falou meio alto e ouvi alguns 'Nãããoo' vindos da sala. Dei-lhe boa noite e a segui com os olhos enquanto ia para a sala, observei David enquanto a olhava com amor e divertimento para com as crianças. -Deem boa noite para nossa visita. -Joanna pediu aos meninos na porta da cozinha.

—Boa noite Thalia. -Falaram juntos e saíram correndo envergonhados.

—Boa noite garotos. -Falei um pouco alto e ouvi seus risinhos. Me virei com um sorriso no rosto para David que me encarava.

—Bem, este é o advogado de seu pai, Marcos. -David me apresentou ao homem de terno que se levantou me surpreendendo com um abraço.

—Sinto muito Thalia, seu pai era realmente inigualável. -Me soltou e eu lhe devolvi o sorriso bondoso. -Mas vamos acabar com isso rápido, já está tarde. -Nos sentamos na mesa e ele me passou um papel. -Isso aqui é só um documento que prova que conversei com você para marcarmos tudo, pode ler e aqui está uma caneta, qualquer dúvida fale comigo.

—Precisa de documentos para isso? -Falei incrédula e ele assentiu rindo. Peguei o papel e li rapidamente logo assinando. Lhe devolvi a caneta e o papel e esperei.

—Estou aqui mais com a finalidade de marcar um dia para a leitura do testamento, vocês dois devem comparecer lá. Então preciso que entrem em um acordo. -Me virei para David e ele segurava um calendário.

—Eu posso todos os dias, agora é com você David. -Brinquei e ele sorriu largando o bloco dos meses.

—Sexta agora, está bom para você? Estou com os dias meio cheios. -Soltou uma risada pelo nariz e eu assenti me virando para Marcos.

—Sexta?! Tudo bem, pode ser pela manhã? Umas 08h00min? -Assentimos e ele anotou algumas coisas num papel. -Ok, será no tribunal Highbury Corner, norte de Londres, conhecem? -Assenti mesmo não sabendo onde era, afinal, google maps serve pra que? -Ótimo, preciso do número de sua mãe Thalia, para avisar quando é e ver se ela poderá ir. -Marcos pediu e eu soltei um riso sarcástico para mim mesma.

—Ela irá. Tenha certeza disso. -Respondi simplesmente e passei o número dela para ele, que estava há muito tempo esquecido na minha agenda.

—Acho que é só isso. Dispensados. -Sorriu, lhe dei um abraço e agradeci. David me levou até a porta e o abracei também.

—Obrigado David, até sexta. -Sorri e ele retribuiu. -A propósito, você tem filhos lindos. -Ele sorriu para mim e seu olhar se tornou distante.

—Obrigado Thalia, até sexta. E se cuide mocinha. -Rimos e eu fui para meu carro.

Coloquei um de meus CD's do Red Hot e fui cantando pelo caminho mais longo. Posso admitir, eu não estava nem um pouco contente por minha mãe estar lá na sexta feira. Temo que não seja um reencontro amigável, por ambas as partes.

Estava parada no sinal vermelho quando um carro à minha esquerda me chamou a atenção. Eu conhecia aquele carro. Eu conhecia aquela placa. E eu conhecia o garoto que estava se embebedando no balcão do bar.

Nico.

POV Charles

Tanto tempo que eu não via Bianca! Ela estava mais bonita do que eu conseguia me lembrar. E mais sedutora também.

Pensei em Silena;

Pensei nos garotos;

Pensei na minha vida;

Pensei em tudo que passei;

Pensei em Silena.

Mas com Bianca me jogando na cama e espalhando beijos pelo meu rosto foi difícil chegar em alguma conclusão.

POV Thalia Grace

Estacionei o carro e fui lá dentro do bar, pude ouvir alguns comentários maliciosos, mas os ignorei e fui até Nico que bebia compulsivamente.

—Você é retardado? Vai acabar tendo um coma alcoólico. -Retirei o copo de suas mãos.

—Me deixa. -Me respondeu com a voz enrolada e eu senti o cheiro de álcool impregnado nele.

—Ok, quanto ele deve? Perguntei para o garçom, ele me respondeu e eu lhe dei a quantia. -Vamos lá garotão, vamos embora. -Ele tentou protestar, mas estava tonto demais para falar alguma coisa com nexo. Coloquei um de seus braços ao redor de meu pescoço e ele se apoiou em mim. Com um esforço incrível cheguei até meu carro. -O que você pensou que estava fazendo? -Briguei já furiosa. Ele tentou falar alguma coisa, mas enrolou a língua e eu me enfureci. -Ok, cala a boca. Me espera aqui que eu tenho que dar um jeito nuns negócios. -Ele se apoiou em meu carro e eu voltei para dentro do bar. Avistei o garçom que me atendeu e me prostrei em sua frente com a mão estendida.

—Quer pedir alguma coisa? -Me perguntou com um sorriso falso.

—Devolva, agora. -Falei tentando parecer calma.

—Devolver o que florzinha? Que eu saiba não te devo nada, a não ser se você quiser uma noite de sexo selvagem, que tal? -Deu um sorriso amarelo e se aproximou mais de mim. Vi pelo canto do olho Nico quase dormindo apoiado em meu carro. Ele não podia dormir. Joguei todo meu auto-controle para os ares e soquei a cara do garçom gordo e bêbado, que caiu no chão. Algumas conversas cessaram e o garçom tentou se levantar, chutei sua barriga e me agachei, pegando as chaves do carro de Nico.

—Muito obrigado. -Balancei as chaves em seu rosto sorrindo e saí rapidamente dali. Encontrei Nico quase inconsciente deitado no capô do meu carro. Como eu estava altamente irritada dei um tapa em seu braço e ele rapidamente se levantou, caindo em cima de mim. -Oh deuses, o que eu fiz? -Perguntei sozinha olhando para o céu.

Abri meu carro e o joguei delicadamente no banco do passageiro.

—Coloque seu cinto. -Mandei, mas ele nem mesmo sabia de que lado ficava, revirei os olhos e coloquei o cinto nele. Fechei a porta e fui dirigir. -O que diabos você estava pensando? Hoje é segunda! Pessoas normais não bebem nas segundas! -Ralhei com ele, mas logo que olhei para o lado ele estava dormindo. Dei um tapão em seu braço e ele acordou gemendo de dor, mas nem conseguiu alcançar o braço com a outra mão. -Não me ignore enquanto estou brigando com você! -Falei alto fazendo uma curva fechada. -Quero explicações Nico. -Olhei brava para ele quando estacionei na frente da casa dele, mas não pude conter um sorriso ao vê-lo brincando com uma mecha do cabelo que lhe caía nos olhos.

Desci e o ajudei a entrar em casa, me deparando com Connor e Travis na sala jogados como se não houvesse amanhã. Ao me verem sorriram, mas estes sorrisos desapareceram ao olharem para Nico.

—Onde é o quarto dele? Pedi já quase caindo no chão por ter que aguentar boa parte de seu peso em meus ombros.

—Venha cá. -Travis levantou e Connor veio me ajudar com Nico. Adentramos a casa, não era muito organizada, mas eu também já vi piores. O pior momento foi a escada, Nico não subia de jeito nenhum, então eu e Connor o carregamos para cima. E um único pensamento habitava minha mente: Gordo, gordo, gordo, mil vezes gordo!.

Travis abriu uma porta para nós e entramos no quarto de Nico, não era organizado, mas era legal. Senti um arrepio percorrer o corpo do moreno em meus braços e corri com ele para a porta lá dentro que eu implorava para que fosse o banheiro. Pelo menos isso os deuses me concederam. O ajeitei delicadamente no chão e ele logo já estava agarrado à privada. Connor e Travis nos encaravam da porta.

—Rua vocês dois. -Mandei e eles obedeceram, ajudei Nico a se ajoelhar direito e o deixei ali, indo pro quarto onde os gêmeos me encaravam preocupados.

—O que aconteceu com ele? -Travis indagou ouvindo os gemidos de Nico no banheiro.

—Não sei, o encontrei assim em um bar. Ele tinha ido jantar com o pai, depois ele me achou numa cafeteria, tive que sair e depois o encontrei assim. -Apontei para o banheiro onde ele colocava as refeições diárias para fora.

—Então foi isso. -Travis e Connor concordaram e permaneceram em silêncio.

—Isso o que? -Perguntei exaltada.

—Ele só bebe assim quando encontra com o pai, ah... Longa história. -Assenti e ouvi mais alguns murmúrios vindos do banheiro.

—Ok, Connor você vai lá no bar trazer o carro dele pra casa, e sim, é agora e não, eu não me importo de você estar de pijama. -Dei o endereço para ele que saiu rapidamente praguejando. -Travis você vai me arrumar café quente sem açúcar, uma toalha e uma camiseta. Agora. -Falei e ele saiu prontamente, logo voltando com a camiseta e a toalha e saindo novamente para preparar o café. Tomei a liberdade de abrir o armário de Nico e de lá tirei uma calça de moletom preta e uma regata branca. Deixei tudo em cima da pia do banheiro. Voltei para o quarto e tirei parte da minha roupa, colocando a camiseta e levantando minha calça jeans até a metade das minhas coxas. Tirei meu all star e a meia indo para o banheiro logo em seguida.

Entrei no box e coloquei no modo frio, Nico iria me perdoar, mas era preciso. Abri o chuveiro e fui para junto dele que estava se acabando na privada.

—Calma... Só coloca tudo pra fora, ok? -Me sentei ao seu lado e acariciei seus fios negros. Quando vi que ele já quase estava dormindo o ajudei a se sentar na tampa da privada e tirei seus tênis e sua camisa. -Vem, levanta. -O puxei e o coloquei delicadamente embaixo da água fria. Seus olhos estavam perdidos e arrepios passavam pelo seu corpo. -Você vai ficar bem ok? Só tenta se manter em pé sozinho. -Falei mas ele continuava mole na minha frente. -Como você está? Tem que falar comigo Nico. -Já estava preocupada com seu silêncio e quando olhei para cima me assustei com o que vi, Nico estava chorando.

—É tudo minha culpa... Ele não me quis porque sou um inútil... Eu não deveria ter nascido, só trago vergonha pra ele... -Cheguei perto dele e o abracei o deixando chorar. Murmurava essas coisas e eu sentia seu corpo ser violentamente chacoalhado por soluços. E lá estava eu, abraçada com meu melhor amigo debaixo de uma água que congelava até os ossos.

—Não Nico, você está enganado. Isso não é culpa sua, ok? Você comprou essa casa sozinho, e o carro também... É responsável... E... Bem, é meu melhor amigo. -Sussurrei me separando dele. -Agora acaba esse banho, tá? -Ele assentiu e eu saí do box. Logo ele fechou o chuveiro e eu lhe passei a toalha e as roupas. Quando saiu estava pálido, com olheiras e os cabelos desgrenhados. -Vem cá. -O chamei para um abraço e ele veio. Quando nos separamos ele sorria fraco.

O levei até a cama e o cobri. Travis chegou com o café e o ajudei a tomar.

—Agora você tem que dormir. Conversamos sobre isso quando você estiver melhor. -Falei já levantando, mas ele me puxou.

—Fica Thalia, por favor. -Me pediu e eu tirei a roupa molhada no banheiro recolocando a minha e deitei atrás dele. Acariciando seu cabelo.

Logo ele dormia. E eu também.

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