A Noite Morta escrita por Déborah Dias


Capítulo 2
Capítulo 2




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“Ei, tá tudo bem? Por que foi embora daquele jeito ontem? Eu fiz alguma coisa que você não gostou? Por que não queria minha companhia? Se fiz algo, me fala, por favor.” Era o que estava escrito em uma mensagem que chegou no celular de Oscar. Lana estava preocupada com o amigo por causa de seu comportamento estranho na noite anterior. O garoto respondeu que encontraria com ela na mesma praça mais tarde para conversarem e tomarem alguma coisa.

Oscar abriu a janela de seu quarto naquela fria manhã e deixou a brisa gelada invadir seu quarto. Acendeu um cigarro e pensou na garota que conheceu na noite anterior. A menina não aparentava ter mais que 16 anos, seus cabelos vermelhos e suas roupas pretas combinavam com aquele ar sombrio do cemitério. Por que uma pessoa iria para um lugar como aquele apenas para observar a lua? Oscar viu que seu maço de Marlboro estava acabando e que não tinha dinheiro. Teria que economizar cigarros até conseguir dinheiro ou esperar que Arthur desse alguns para ele.

_Oscar, a Lana ligou para você. _ anunciou Sharon, mãe do garoto, enquanto o mesmo descia as escadas.

_O que ela falou?

_Perguntou se você estava bem. Que horas você chegou ontem?

_Cedo. Antes da meia noite.

_Vai sair agora? Seu pai queria que almoçássemos todos juntos.

Oscar respirou fundo e se sentou no sofá. Podia ficar sem cigarros naquela manhã. Ele simplesmente adorava quando a família se reunia para um almoço, ainda mais porque Edgar, seu pai, passava o dia todo trabalhando e raramente tinha tempo para a família.

Durante o almoço, Edgar e Sharon conversavam sobre trabalho, política e drogas, enquanto Oscar permaneceu calado. Ainda estava pensando na menina do cemitério, que de tão misteriosa não falou nem ao menos seu nome.

_Vou à casa da Lana e depois vamos sair _ disse Oscar cortando o assunto dos pais.

_Meu filho _ Sharon pegou na mão do garoto _ Cuidado com suas escolhas.

Oscar se levantou da mesa sem dizer nada, escovou seus dentes e pegou mais um casaco. Na verdade, ele não foi ao encontro da amiga, mas estava andando sozinho pela cidade. Encontrou um homem em um beco e perguntou discretamente:

_Tem da boa?

_Claro, jovem, quer quanto? _ se aproximou o homem.

_Só uns 20 gramas, posso te pagar depois?

_Tá, mas vê se não demora. Vai querer pó?

_Não, hoje não.

_Então, vaza daqui _ disse o homem entregando um pacote.

“Me encontre na praça às 20 horas. Preciso falar com você”. Oscar mandou essa mensagem para Lana, passou em uma lanchonete para pegar uns guardanapos e foi para casa.

_Não ia à casa da Lana? _ perguntou Sharon quando o filho entrou em casa.

_Eu fui, mas ela não estava _ respondeu.

_Então, por que ela ligou te procurando? Onde você realmente foi?

_Eu já disse... Na boa, me deixa em paz!

_Oscar, volte aqui que precisamos conversar... _ mas os gritos de Sharon foram em vão. Oscar se apressou em direção ao seu quarto e trancou a porta.

Ligou uma música qualquer, pegou os guardanapos e a maconha que pegou com o homem do beco e preparou um cigarro. Oscar se sentou perto da janela que ainda estava aberta e começou a olhar a paisagem sem um ponto fixo para fixar. Quando olhou para uma árvore quase em frente a sua casa e viu que debaixo dela, a mesma garota do cemitério estava olhando para ele. “Eu estou vendo coisas, só pode!”. Fechou a janela e passou o resto da tarde na internet.

Por volta das 20 horas, Lana chegou à praça e Oscar já estava a sua espera. Teriam pouco tempo para conversarem até Arthur e Jonathan chegarem. Os quatro haviam combinado de se encontrarem por volta das 21 horas, mas Oscar e Lana preferiram ir mais cedo para conversarem.

_Fiquei preocupada com você _ começou Lana _ Nunca te vi daquele jeito.

_Calma, Lana, tá tudo bem. Aquela menina é muito estranha e aquilo meio que me fez mal, por isso fui embora _ Oscar pegou na mão da garota.

_Oscar, fiquei sabendo que você está devendo o Chris, pra quê? _ os olhos da menina transmitiam preocupação.

_Eu tava nervoso e não tinha dinheiro...

_Ah, Oscar, quero sair dessa vida. Comecei pra mostrar para o Jonathan que eu também era “legal”, mas agora eu não tenho certeza nem dos meus sentimentos.

_A gente vai sair dessa então _ disse o rapaz sorrindo. Assim, Lana o abraçou com toda força e carinho que aparentava ter.

_Tem como soltar minha namorada? _ ouviram a voz de Jonathan.


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