Digimon Adventure 03 - O Brasão Lendário escrita por Caelum


Capítulo 18
Capítulo 17 - Impotência


Notas iniciais do capítulo

E, trezentos milênios após a última atualização.... ^^"

Ah, que sensação estranha de postar aqui nessa fic novamente. Estranha e, admito, muito satisfatória - ainda que não completamente.
Há coisas a se falar, mas deixarei isso para as Notas Finais. Peço-lhes que se preparem, por favor, e, importante: forrem-se de compreensão para ler esse capítulo, sim? Muito, muito obrigada!

Aproveitem! ♥



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Mundo das Trevas - Castelo de Devimon:


O Demônio sentia-se realizado, o poder das Trevas pulsava em seu coração negro que já parara de bater há tempos, sua alma queimava em puro ódio e satisfação com seu feito.



Cravou seus olhos vermelhos sanguinários em suas garras negras pontiagudas, onde se encontrava um pequeno Digimon em um sono intranquilo, e sorriu, maquiavélico. Era Patamon. O Digimon parecia estar sofrendo em silêncio, seus olhos desesperadamente desejando abrir, mas a Força das Trevas esforçava-se em dominá-lo, não o deixando despertar e mantendo-o prisioneiro na agonia de seu pesadelo.


Finalmente, capturara seu antigo inimigo, o maldito anjo que o destruíra na Ilha Arquivo.

Porém, seu ódio foi maior, e ele conseguira retornar, dominando um mundo inteiro com seu poder devastador. Gargalhou diabolicamente em seu imenso trono, localizado em seu bizarro castelo repleto de distorções causadas pelas Trevas.

Capturara, também, a Esperança dos Digiescolhidos, e, assim, eles jamais venceriam.

Jamais.

Novamente, sorriu com ambição.

As telas de sua sala de Observação mostravam uma realidade tétrica e sem vida que começava a se arrastar pelo Mundo Digital, devastando-o e dando-lhe um prazer indescritível; a Esperança fora literalmente arrancada dos corações dos Digimons.

Sua vitória se aproximava, e a Escuridão reinaria sobre a Luz.

Luz; a palavra era detestável até mesmo em pensamento. Ironicamente, em uma das telas que mostravam a situação do Digimundo, a Criança da Luz apareceu, andando sozinha por uma floresta nevada. Mesmo estando em mundos diferentes - porém que se aproximavam cada vez mais -, Devimon conseguiu ver a Luz poderosa que rondava a jovem menina.

A única Luz que poderia destruir suas Trevas.

Hikari Kamiya precisava ser destruída.

–Venham até mim! - Rosnou furiosamente para o nada.

Sim, Mestre.– Um coro foi ouvido apenas um segundo depois, o exército maligno do Demônio surgira das trevas que habitavam o castelo, pronto para receber as ordens de seu mestre.

–Mandem um Digimon bem poderoso para a Digiescolhida da luz e qualquer um que estiver com ela. Se necessário for necessário, quero que vocês mesmos a destruam!

–Sim, Mestre! - Repetiram em uníssono, desaparecendo logo em seguida.

Outra gargalhada maquiavélica preencheu o ar.

A vontade do Demônio era matar todos os treze, e em seguida o resto dos Digimons e da humanidade, porém tinha planos em mente, de fazê-los sofrer antes da morte.

Ainda havia a Criança da Esperança, sua prisioneira, para qual foi reservada pelo Demônio uma tortura especial.

Patamon rosnou novamente, suas asas rígidas por causa do pesadelo no qual Devimon o aprisionara. O pequeno Digimon sofria em suas próprias Trevas, as que existem no coração de todos, contendo os medos de cada um - justamente o que os Digiescolhidos deveriam vencer para reativar seus Brasões e uni-los num só com poder supremo. Mas aquilo não iria ocorrer, claro.

–Ah, não fique tão bravo. - Devimon zombou, e algo se materializou em sua mão. - Eu tenho planos especiais para você, garanto que seu parceiro irá adorar!

Em seguida, avançou com a Engrenagem Negra para Patamon.

***

Alguns minutos antes:

Digimundo:

–Matt! - Kari gritou novamente, insistente.

Ela jamais sairia de perto do irmão e dos outros sozinha como agora, mas realmente precisava falar com Matt. De repente, ouviu um estranho farfalhar de folhas atrás dela, e seu corpo ficou rígido. Amaldiçoou-se por não trazer Salamon consigo, e, quando estava preparada para gritar, dois vultos conhecidos saíram de trás das árvores.

–Kari. - Matt franziu a testa, confuso e surpreso. Gabumon estava ao seu lado, com a mesma expressão. - O que você está fazendo aqui?

A menina não respondeu, tentando encontrar as palavras certas para o que ela tinha a dizer.

–Olha, - O loiro começou, aparentando ainda estar irritado - se for para me convencer a não ter raiva do Tai, desista. Ele falhou comigo. - Iria se virar e ir embora, mas seu parceiro o impediu.

–Deixe-a falar. - Disse Gabumon, calmo, ganhando um olhar agradecido de Kari.

–Gabumon. - Ela disse suavemente. - Poderia, por favor, nos dar licença? - Pediu, hesitante.

–Claro. - Ele respondeu, indiferente. - Verei se acho algumas frutas, estou com fome. - E, com isso, entrou na floresta, dando um último aviso que não iria muito longe, caso precisassem dele.

–Então?

–Bem, Matt. - A menina suspirou. - Eu queria dizer que eu te entendo agora.

–Entende? - Ele arqueou uma sobrancelha, bastante cético. - Por acaso seu irmão foi capturado por um Demônio que deseja se vingar dele?

–Não, mas eu te entendo mesmo assim. Entendo como está preocupado com TK, acredite, eu estou também. Mais do que você pode imaginar. Eu... Acho que nunca sofri tanto na vida. - Admitiu, desolada. Uma lágrima desceu por sua bochecha esquerda. - Eu... Acho que morreria se qualquer coisa acontecesse com ele.

O menino mais velho a olhou com surpresa. Sua expressão se suavizou um pouco; Kari parecia estar sofrendo mais do que nunca por TK não estar ali, assim como ele próprio. Os dois não poderiam viver em paz se algo acontecesse com ele, e Matt sentiu que Kari naquele momento era realmente a única que o compreendia - talvez com a exceção de Cody-, mesmo que seus amigos estivessem preocupados, também.

–Você realmente o ama, não é? - Matt perguntou de repente, sem pensar.

–O quê?! - Kari tomou um susto com o rumo da conversa, corando violentamente por um segundo, então se recompôs. - Claro, hã, ele é o meu melhor amigo.

–Uhum. - Ele assentiu, conseguindo lutar contra a vontade de rir com a reação dela, sabendo perfeitamente que, se ele perguntasse a mesma coisa à TK, ele coraria e responderia da mesma forma. - Era apenas isso que você queria me dizer?

–Não apenas isso. - Falou. - Eu queria pedir pra você voltar ao grupo, por favor. Nós precisamos de você para resgatar TK! Precisamos bolar um plano. Ele não gostaria de saber que você foi embora. Se ele estivesse aqui, diria para nós termos esperança de encontrá-lo, e realmente precisamos ter, se não vamos ficar aqui sofrendo para sempre enquanto ele ainda está longe de nós!

Matt surpreendeu-se mais uma vez com a menina mais nova, decidindo que seria melhor ouvi-la e voltar ao grupo.

–Kari... - Ele franziu a testa, admirado. - Você está certa. Eu aprendi muito sobre amizade esses anos todos e não pretendo me separar do grupo novamente. Eu confio no meu irmão, juro que confio. Sei que ele cresceu, sei que TK está mais forte e que não é mais apenas meu irmãozinho. - Um pequeno sorriso de orgulho brotou em seu rosto antes de ser substituído por uma careta: - Mas não sei se posso perdoar o Tai tão rápido...

Antes que Matt pudesse continuar, um grito ensurdecedor irrompeu no ar, quebrando o silêncio um tanto sombrio da região nevada:

–LANÇA-CHAMAS!

Por um momento breve, o tempo pareceu se movimentar mais lentamente, antes de acelerar intensamente, e uma grande explosão foi ouvida.

Então, uma parede de chamas ergueu-se de forma abrupta e no ar. As labaredas de tom azulado e púrpura corromperam os troncos das árvores e suas folhas em uma velocidade assustadora, deixando Matt e Kari sem ação por um segundo interminável, sem saber o que fazer.

As chamas estavam a centímetros dos dois, e morte era quase certa. Porém, MetalGarurumon surgiu de repente com um uivo irrompendo por sua garganta metálica, apanhando-os em um movimento rápido e logo em seguida lançou-se ao céu. Quando eles conseguiram se equilibrar sentados no lobo de metal, as chamas vorazes já haviam destruído quase tudo a baixo deles, e a floresta estava literalmente em combustão, em menos de cinco segundos.

AAH! - Kari recuperou o fôlego, muito trêmula, segurando-se no Digimon de Matt, que voava tentando escapar do fogo abaixo deles, que ficava cada vez mais alto. MetalGarurumon ia mais rápido que podia. - O-o que foi isso?! Q-quem nos atacou?!

–Eu não sei! - Matt gritou. - E não pretendo ficar aqui para descobrir! MetalGarurumon, voe de volta para os outros! Agora!

–KARI, MATT! - Os dois viraram suas cabeças na direção da voz, era Tai. A floresta ficara um tanto mais longe deles, mas não tanto assim para não se preocuparem. O resto dos Digiescolhidos encontrava-se poucos metros a baixo deles, recuando por causa do fogo. Tai tinha um olhar de desespero no rosto, que Matt e Kari não compreenderam até que Yolei berrou:

–CUIDADO, ATRÁS DE VOCÊS!

Os dois olharam, de olhos arregalados, um Digimau avançando rapidamente pelas cinzas e pelo incêndio, na direção deles.

–É SkullMeramon! - Kari apavorou-se com a visão do Digimon meio humanoide, com correntes de metal em volta do corpo também de metal e uma cabeça com intensas chamas azuis.

–LANÇA-CHAMAS! - Repetiu o ataque.

Os dois quedaram-se paralisados enquanto MetalGarurumon foi obrigado a parar a fuga alucinada para desviar do imenso fogaréu que irrompeu no ar. Ele rodopiou, ágil, e conseguiu escapar do ataque. O Digimon retornou a ser Gabumon, perto do chão, e os três aterrissaram na neve com um baque surdo.

–Matt! Kari! - Sora engasgou, horrorizada, enquanto Tai e Davis ajudavam-nos a levantar e os outros olhavam, nervosos, para Skullmeramon que chegava cada vez mais perto. - Meu Deus, vocês dois estão bem?

–S-sim. - Kari sorriu fracamente a uma Salamon assustada. Ela, junto com Demiveemon e Minomon, não havia digivolvido após chegar do Mundo das Trevas, como Koromon, Tentomon, Lopmon e Terriermon - a Digimon parecia ter sido muito afetada.

–Temos mais coisas para nos preocuparmos! - Joe apontou para o Digmon maligno. Gomamon preparou-se para o combate, assim como Palmon e Hawkmon, que, por não terem ido ao território de Devimon, estavam ligeiramente mais fortes.

–Gomamon Digivolve para...Ikkakumon!

–Palmon Digivolve para... Togemon!

–Hawkmon Digivolve para... Aquilamon!

Os três na fase campeão lançaram-se em cima de Skullmeramon com toda a vontade que tinham, mas ele, dando um imenso rosnado que pareceu ressoar por toda a floresta, fez com que fogo saísse de seus punhos prateados, lançando-o neles que recuaram com labaredas lambendo seus corpos. Berros de dor escaparam de suas bocas.

Muita dor. E impotência.

–Aquilamon! - Yolei perdeu o fôlego, de olhos arregalados.

–Hora para digivolver, Demiveemon! - Gritou Davis. Os óculos brilharam em seus cabelos espetados.

–M-mas... Davis... - O pequeno chiou em desespero. - Eu perdi muita energia do Mundo das Trevas!

–E você não pôde digivolver muito lá. - Ken lembrou-se de que naquele mundo, Paildramon não pudera tornar-se mais forte, ele ficara aprisionado nessa forma. - E Wormmon só pode chegar à fase adulta.

–Quanto a isso. - Izzy disse de repente, alternando o olhar entre o ex-gênio e seu Digimon enfraquecido. - Eu tenho uma teoria...!

–Agora não, Izzy! - Mimi gritou. Reprimiu sua vontade de ordenar que alguém fizesse alguma coisa, mas não pôde evitar olhar para Tai de forma incisiva, como se estivesse incentivando-o a tomar uma atitude salvadora.

Mas Tai Kamiya já havia sido e ainda era o líder, e sabia o que fazer.

–Escutem. Eu tenho um plano. - Apertou os punhos, extremamente sério. Uma onda de tensão rondava-os, enquanto SkullMeramon batia, com seus punhos ardentes, várias vezes seguidas em Ikkakumon, Togemon e Aquilamon, que tentavam ser ajudados pelos outros, mais fracos. Aquela força não era normal.

–Tentomon digivolve para... Kabuterimon!

O imenso inseto deu várias voltas no ar para escapar das várias bolas de fogo lançadas incessantemente por Skullmeramon. Ele avançava cada vez mais pela neve que derretia, obrigando-os a recuar. As chamas atrás dele contrastavam com sua silhueta tornando-o mais demoníaco.

–Electro Choque! - O raio refletiu no Digimau, indo em direção ao céu e cortando as nuvens.

Segundos depois, faíscas choviam sobre os impotentes Digiescolhidos.

–Lopmon, Terriermon! - Willis gritou e apertou o D-3 dourado. - Vocês têm força para Digivolver, não têm? - Como resposta, eles começaram a brilhar, mas, antes que pudesse fazer alguma coisa, Tai os interrompeu:

– Não, PAREM! Eu quero que todos poupem suas energias, menos Gabumon! - Diante do olhar perplexo de Matt, Tai tratou de esclarecer: - Nós precisamos de Ominimon!

Ominimon...– O loiro sussurrou, aturdido. Gabumon e Agumon entreolharam-se.

A dúvida de perdão via-se claramente através dos olhos azuis.

De repente, Skullmeramon socou violentamente Kabuterimon quando este foi tentar detê-lo, fazendo-o voltar a ser Tentomon e ergueu suas mãos:

Longas correntes de ferro saíram delas, cortaram o ar e se dirigiram à Mimi no intuito de arrancar seu pescoço.

–MIMI! - Joe, Izzy e Togemon gritaram ao mesmo tempo.

– ASCENSÃO CELESTIAL!

Em um segundo, SkullMeramon estava morto e havia virado resquícios de dados.

Um suspiro de assombro coletivo escapou dos lábios dos Digiescolhidos.

–O que aconteceu?! - Davis piscou ao lado de Ken e Yolei. No entanto, a preocupação predominante era com Mimi, que continuava olhando para um ponto fixo a sua frente com os olhos arregalados, como se ainda aguardasse o ataque que lhe resultaria na morte certa.

–Crianças Escolhidas...

Um Digimon de aspecto divino e imensamente poderoso pairava sobre eles emanando luzes magníficas que quase cegavam. Uma armadura azul-escura e prateada que parecia ser impenetrável contrastava com as faixas douradas que a envolviam com inscritos sagrados. Ele tinha quatro pares de asas e uma máscara com uma espécie de estrela de quatro pontas da mesma cor das faixas sem qualquer abertura para os olhos.

–Você é... - Todos os Digimons presentes sussurraram em tom complacente e meio submisso. - Seraphimon!

Izzy pisou e deu um passo vacilante para frente, com Tentomon em seus braços.

–Um dos Três Digimons Arcanjos, certo? - A curiosidade falou mais alto do que o choque. Um único ataque - uma sucessão impressionante de relâmpagos luminosos - havia destruído o Digimau que eles estavam desesperados para derrotar, tal demonstração de poder que deveria ser, ao menos, temida.

–Exatamente. – Tom era mesclado tanto com serenidade quanto urgência autoritária. – E chegou a hora.

–Hora de quê? – Willis murmurou, mas não foi respondido. Terriermon espiava por trás das suas pernas, e Lopmon estava em seus braços.

–Você... Está aqui para nos ajudar como fez Ophanimon? – Joe analisou-o cautelosamente, enquanto uma Mimi trêmula ao seu lado gaguejava agradecimentos sinceros e um Gomamon atordoado acolhia-se contra sua camisa.

–Vejo que têm muitas perguntas. – O Anjo pousou no solo. – Pois responderei mesmo as que vocês não pensaram em fazer. As Trevas de Devimon continuam se espalhando, substituindo o Digimundo pelo Mundo das Trevas, e elas estão corrompendo suas placas perdidas e desejam chegar ao Santuário Sagrado dos Brasões. Se isso acontecer – e pelo visto acontecerá, e logo -, é o fim de tudo.

–Espera aí. – Estressou-se Yolei. Aquilamon, após ter algumas penas queimadas, voltara a ser Hawkmon e estava ao seu lado. – Já estamos ficando sem tempo assim?!

–Sim. – Foi a resposta apreensiva, seguida por uma frase inesperada: - Vocês, nossos salvadores, estão enfraquecidos demais.

Silêncio.

–O quê?! – Davis reagiu, com os punhos cerrados. Tai assumiu uma expressão pensativa. – Como você pode dizer isso?!

–Estamos muito fracos no momento, Davis. – Concluiu o antigo líder com a expressão mais grave de sua vida. – Seraphimon teve que nos salvar, agora. Nossos parceiros estão sempre sem energia e muito debilitados, não temos como combater nem um Digimau que nos ataca. – Apertou o Digivice com força e olhou para Agumon: - Devimon fica mais forte a cada instante. Não conseguimos reagir rápido o suficiente contra SkullMeramon, ficamos sem fazer nada e ele quase matou a Mimi.

–Isso, foi culpa minha. – Matt os surpreendeu. – Eu deveria ter aceitado a fusão de Gabumon e Agumon, mas... – Calou-se.

–Não está sendo como nas últimas aventuras, não percebem? – Continuou Tai. – Nós estamos falhando com nosso dever. Estamos falhando com tudo. – Todos abaixaram a cabeça, envergonhados, cansados, exaustos – por um momento, apenas adolescentes que desejavam paz.

“E eu estou falhando na liderança...” Davis pensou. Uma ideia repentina se formou na sua cabeça.

–Eu sei o porquê disso e como reverter esse quadro, Tai. – Izzy finalmente podia lhe contar sua ideia. – Todos os nossos Digimons precisam digivolver para a fase Mega. Todos, mesmo, inclusive os da segunda geração, uma vez que a Digievolução de DNA não é poderosa no Mundo das Trevas. – Todos assentiram, tentando adotar posturas determinadas... Ou quase:

–Ai, Deus. – Mimi gemeu. – Estamos perdidos.

–E mais atrasados do que imaginamos. – Disse Kari, de repente. – Nossos medos. Nós não enfrentamos nenhum deles ainda!

–É isso que farão agora. – Decretou, aturdindo-os. – Vim aqui, após meu castelo ser quase que inteiramente destruído, para convocá-los para enfrentar os maiores medos que assolam seus jovens corações.

–Nós não encontramos todas as placas ainda. – Willis protestou.

–Estou aqui para conduzir apenas os que as encontraram aos seus medos. – Disse o Anjo, referindo-se a Kari, Ken, Sora e Yolei. - Vocês os enfrentarão, e, sim, poderão fracassar e tentar de novo num momento em que se sentirem mais confiantes. Mas devo lhes alertar que vocês jamais estiveram em situação tão delicada, e isso irá atrasá-los de forma fatal.

–Certo. – Cody franziu a testa. – Mas e quanto ao TK? – A frase atraiu a atenção de Matt e Kari de imediato. O loiro mais velho dirigiu-se ao Digimon Arcanjo:

–Um Digiescolhidos, meu irmão, ficou no Mundo das Trevas! - Gabumon, ao ver que ele tremia de leve, tentou reconfortá-lo abraçando suas pernas por um breve momento.

–Eu sinto muito, mas não há nada que possamos fazer agora. - Foi Izzy quem tomou a palavra. Diante do olhar quase assassino de Matt, contido por Tai e Sora, logo explicou: - Gennai, antes de... morrer, fechou o portal. Infelizmente, teremos que confiar nele, e encontrar nossos brasões o mais rápido possível para ter força o suficiente para resgatá-lo.

–E logo ele estará mais perto. - Sora acrescentou, tentando consolar o loiro. - Com os mundos se juntando, logo poderemos achá-lo. - Por mais que Matt quissesse esganar Devimon com suas próprias mãos, acabou assentindo, contrariado.

A impotência era como um peso de mil quilos: um amigo estava preso num outro mundo, e não haveria nada, por enquanto, o que fazer para alcançá-lo.

–Com certeza, o Takeru está vivo. - Wizardmon disse de repente. - Pois, se um de vocês morrer, nem que seja apenas um, todo esse mundo acaba no mesmo segundo.

–E quanto a vocês, nobres guerreiros mortos, o que pretendem ajudando os Digiescolhidos? - Seraphimon olhou-os.

–Nós... - Leomon respirou fundo. Eles vinham mantendo isso em segredo por um bom tempo, mas era a hora de revelar: - Estamos a procura de um modo de voltarmos a vida.

–O quê? - Assustou-se Ken, assim como todos dos outros adolescentes. - Isso seria possível?

–Sim, pi! Há uma estranha energia rondando o Mundo dos Mortos, e pretendemos revertê-la em Luz, para que nossos dados sejam reconstituídos, pi! - Pickemon disse-lhes.

–Certo! - Tai bateu seu punho esquerdo em sua outra mão em sinal de determinação e coragem. - Iremos encontrar nossos brasões, enfrentar os nossos maiores medos e salvar este mundo! Ficaremos mais forte e todos nós chegaremos a fase extrema! Todos de acordo?

–SIM! - Foi o coro.

–Seria mais eficiente nos dividirmos em dois grupos de novo, acharíamos as placas mais rápido. - Opinou Willis. Todos concordaram, e, quando estavam começando a decidir a divisão, Seraphimon ergueu ambos os braços sem aviso algum, e quatro bolas de energia branca surgiram no ar, engolindo Kari, Yolei, Sora, Ken e seus Digimons.

Todos iriam enfrentar as próprias trevas, e vencer - ou perder, condenando os mundos à desgraça eterna.

***

–Elecmon... - TK repetiu, boquiaberto, em sua prisão no castelo de Devimon.

–Você cresceu. - Comentou quase que com diversão. Elecmon, por sua vez, não havia mudado em nada: os mesmos olhos azuis elétricos, a mesma pele vermelha com listras roxas dispostas nas suas costas e as mesmas orelhas retorcidas em forma de raios.

A única diferença é que ele estava morto.

–É. - O loiro sussurrou com dificuldade. O sangue ainda escorria por alguns dos seus ferimentos expostos por causa das roupas rasgadas. Não lhe pareciam tão grave, mas estava preocupado. - Mas isso me impediu de ser capturado. Como você chegou aqui, Elecmon?

–Eu morri, na floresta. - TK arregalou os olhos, lembrando-se: a floresta destruída, o pedido de socorro, o Gotsumon apavorado, os buracos negros e a fina camada de areia cinza no Digimundo. Aquilo parecia ter sido há tanto tempo! - Eu quero escapar, TK. Esse lugar me assusta, e eu deixei os bebês sozinhos na Cidade do Princípio.

–A Cidade do Princípio deve estar toda destruída agora. - O loiro sussurrou, e ele pôde ver uma mistura de choque, raiva e tristeza atravessando os olhos de Elecmon numa faísca. - Sinto muito. - Como o Digimon apenas deu de ombros, numa tentativa falha de mascarar sua tristeza, o Digiescolhido falou novamente: - Há algum modo de escapar daqui?

–Não com essas amarras no seu pulso. - Sua pata vermelha apontou para as correntes que prendiam TK a uma parede de tijolos negros. - Mas, se conseguirmos nos livrar delas, eu prometo que te ajudarei a escapar, TK.

Seus olhos já haviam se acostumado com o breu do local, mas o fato de estar suspenso com os braços amarrados o incomodava, ainda que o pequeno resquício de adrenalina amenizasse seu sofrimento; tantas emoções intensas haviam esmagado-o naquele dia que ele parecia estar completamente esgotado.

–Obrigado. E... Têm mais... fantasmas– a palavra lhe soava estranha - aqui?

–Sim. Shuumon, Pupikmon, Gotsumon, BlackWargreymon... - Ele suspirou ao ouvir o nome de seus antigos amigos. Isso o lembrou de Gennai. Morto. Pelo Demônio, literalmente. E não sabia a localização de Patamon, não sabia se seus amigos tinham como resgatá-lo ou se sairía vivo dali.

Estava tudo perdido– não, era necessário esperança.

–Takeru Takaishi.

A menção de seu nome inteiro o sobressaltou, a voz repentina pareceu ter vindo do nada. Elecmon piscou e tentou enxergar um pouco além do que a espessa escuridão os permitia, mas não teve sorte. O ser oculto falou novamente, suas palavras tão frias quanto o ar viciado da grande sela:

–Estou aqui para matar você a mando de meu soberano.

Um calafrio percorreu a espinha do loiro quando ele notou que reconhecia aquela voz. Pelo canto do olho viu uma pequena movimentação de eletricidade na cauda retorcida de Elecmon, mas os raios eram quase transparentes e para nenhuma defesa lhe serviriam, ainda que o companheirismo de Elecmon deu-lhe um mísero conforto.

–Quem está aí? - O pequeno exigiu numa voz fraca. De repente, assustou-se, balbuciando: -... P-patamon?

TK engasgou quando um anjo de asas negras entrou em seu campo de visão.

–Holy... Angemon? - Arquejou e sentiu que ia desmaiar. Havia uma enorme engrenagem negra nas costas de seu parceiro. A brilhante máscara antes roxa estava preta e opaca, assim como as faixas que eram cor de ouro. As botas, antes brancas, estavam tão cinzentas quanto a roupa por baixo de sua armadura celestial.

DarkHolyAngemon. - Corrigiu-o. Ergueu uma espada que estava acoplada a um bracelete com um malévolo brilho escurecido e apontou-a para o coração do loiro.

–N-n-não...

–Espero que lhe agrade sua morte.

E pressionou a ponta da espada no coração de Takeru.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu tenho consciência de que está muito longe de ser meu melhor capítulo. Avisem-me se algo ficou perdido ou confuso!!
Preciso ser sincera com vocês: estou aberta a qualquer tipo de crítica sobre esse capítulo, fiquem a vontade. Ainda que eu preferisse que as críticas tivessem como intuito principal me ajudar a melhorar a história. Pois, Brasão Lendário se perdeu durante esses seis meses - as ideias sumiram da minha mente, espremi seus resquícios para continuá-la por ser muito importante para mim. Agora, sendo mesmo sincera, gostaria que vocês, os melhores leitores do Nyah!, ajudassem-me com ela: quero fazê-la até ter um fim digno, mas, para isso, preciso do auxilio divino de vocês. Fiquei com receio de postar esse capítulo, mas, pensei: "O que tenho a perder? Melhor fazer do que ficar se perguntando como teria sido se eu não tivesse feito." E, por favor, gostaria que levassem em conta que não escrevo no gênero Aventura há MUITO tempo, mesmo. E, também, o Hiatus em si: Foi NECESSÁRIO algo parado para a contextualização, entendem?
Tive que inserir todos os personagens novamente, mostrar suas ideias, os problemas do capítulo anterior, a ideia da fic, tudo, tudo novamente para que ficasse mais fácil a leitura. Foi muito complicado, mas, essencial. Ainda coloquei dicas de Takari :)
Então, esse capítulo foi o gancho para a verdadeira continuação.
Considerem-no como o "segundo prólogo", por causa da pausa.
Espero que compreendam tudo que eu disse aqui, e milhões de agradecimentos a todos os leitores que me incentivaram! ♥
Alguma opinião sobre a nova capa? Qual vocês acham que foi a ideia do Davis? E os medos de cada um, quais serão? E, OMG, e o TK? 0_o hahahaha ^^
Abraços! Espero sinceramente que tenham gostado, ainda que só da iniciativa da continuação. Até o próximo capítulo! :)
B. Star Fic