Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 33
Capítulo 33 - ESPECIAL - POV EDWARD


Notas iniciais do capítulo

Oiee, voltei ^^
Boa leitura
Valeu pelas 2 recomendações ^^
Foi meu melhor presente de fim de ano :)



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POV Edward


“Em tempos de guerra, quando tudo desmorona ao nosso redor, tudo o que podemos fazer é proteger aquilo que amamos. Mesmo que para isso, o que nós amamos tenha que ficar longe de nós"



Ergui a cabeça e o céu cinzento me recebeu.


Sentia meu corpo doer, meu rosto queimar, minha alma arder.

Mas para quem nasceu para o inferno, aquilo era normal.

Sem pensar, uma música tocou minha alma e eu lembrei: “Amor foi quando eu te amei”.

–Merda!

Chutei para longe um pedregulho, estava com tanta raiva, com tanto ódio, com tanta vontade de explodir o mundo e ver tudo ser consumido pelo fogo…

–Droga!

E mais um pedregulho foi para longe, bem longe. Mas não tão longe quanto ela.

Parei de chutar pedras, aquilo não adiantaria nada. Eu tinha que encarar a realidade e enfrentá-la: ela tinha feito sua escolha, e novamente esta escolha não me incluía.

–Edward?

–Me deixe em paz, Emmet – mandei sem olhar para o rapaz que se aproximava.

–Te deixar em paz? E acaso você sabe ficar em paz sozinho?

Minha vontade foi de dar uma surra naquele intrometido. Depois foi de chorar feito criança. Não fiz nenhum nem outro, apenas me calei.

–Soube que Alice e Seth desapareceram. Tem ideia para onde foram?

–Atrás… dela, eles sempre deixaram bem claro que são fiéis a ela, e não a mim – grunhi, irritado.

–Hum. Ei, isso é meio perigoso, não seria o momento de mudar de local o seu grupo. Quer dizer, se ela estiver do lado deles…

–Ela. Não. Está!

Emmet suspirou, tínhamos tido a mesma discussão poucas horas atrás, na cabeça dele e de Jasper, fugir dali era prioridade, eles acreditavam que ela nos entregaria de bandeja. Eu hesitar, mas Alice e Seth imploraram para ficar no mesmo lugar e quando perguntei o porquê, Alie me encarou profundamente e respondeu:

–Quando ela voltar, como vai nos achar se não estivermos aqui?

Eu não respondi, fazia tempo que aqueles dois andavam me evitando, às vezes parecia que eles sabiam algo que eu não sabia, mas por mais que insistisse, eles nunca me falaram nada.

–Edward, ela não vai voltar – ouvi Emmet sussurrar, olhando para o chão.

Ele sempre fora quase um irmão, sabia que se preocupava comigo e com os outros também. Por isso, perguntei aquilo que vinha me atormentando nos últimos dias:

–Mas, e se ela voltar?

Emmet se aproximou, tocou meu ombro e perguntou, muito sério e com visível pena:

–E por que ela voltaria? O que você tem para dar a ela?

Baixei a cabeça. A verdade, por mais que fosse dura, era certa.

–Nada. Eu não tenho absolutamente nada. Mas a amo, coisa que aquele infeliz…

–Coisa que aquele infeliz também faz – Emmet cortou, meio impaciente – Não tente atenuar a verdade, Jacob sempre fez tudo por ela, como um cachorrinho atrás de sua dona.

–Mas ele não a merece!

–Mas ela o escolheu – Emmet berrou me sacudindo – Será que não dá para aceitar e seguir em frente?

–Não, não dá – gritei exasperado.

–E por que não? – ele berrou em resposta.

–Porque ela é tudo o que eu tenho – sussurrei angustiado.

E antes que me desse conta, estava chorando. Era ridículo, era infantil, era coisa de menininha… Mas quando você vê tudo o que te importa se afastando e você não pode fazer nada, o que você faz?

Fechei os olhos e lembrei…


25 de março de um triste ano…


Um menino de catorze anos caminhava sem rumo, andando por um parque triste. Os cabelos ruivos caiam por seu rosto, escondendo o rosto pálido e magro. Seus olhos eram tristes, ele não sentia nada, não sentia o mundo ao redor, não sentia o calor do sol nem o vento gélido. Sentou em um gramado mal cuidado e fechou os olhos profundos. Tinha perdido os pais. O governo os matara.

Seu pai era um homem decente, um ruivo bonachão e risonho, covarde e encantador. Sua mãe era completamente diferente; ruiva, fria, magra e séria. E uma mulher muito corajosa. O que o governo queria com seus pais? Ele nunca soube, mas viu quando aqueles homens entraram, levaram os dois e…

Fechou os olhos com mais força, tentando esquecer as últimas lembranças.

Foi quando uma mão pequenina tocou seu ombro, fazendo carinho. E mesmo não sentindo nada, ele sentiu aquele toque. Mesmo no inferno ele sentiria aquele toque.

–Bella…

–O que houve? –sua voz de sinos ecoou, preocupada.

Ele a encarou, era encantadora, com lindos cabelos castanhos e um olhar doce. E ele era apaixonado por ela.

–Nada, só estou triste – contei.

Ela sentou ao meu lado, sem se importar se aquilo sujaria ou não seu lindo vestido. Pegou minha mão fria e a segurou entre suas mãos pequeninas, acariciando-a.

–Por que está triste?

–Eu perdi tudo – balbuciei.

Ela me encarou, tocou meus cabelos ruivos e então disse:

–Não, não perdeu. Eu estou aqui.


7 de dezembro, alguns anos depois


Olhei para o chão, sem saber como encará-la.

–Você… Você vai fugir? Por quê?

Seu tom não era acusatório, apenas confuso.

–Eu te disse, não concordo com as coisas do jeito que elas estão, não concordo com o governo e acho que há algo muito podre por trás de todo esse crescimento. Por isso, vou fugir, buscar um lugar que seja seguro para mim. E para os outros…

–Outros? Que outros? – a voz dela se elevou uma oitava acima.

–Há mais gente que concorda comigo. Que acha…

–Já tem mais gente sabendo que você vai fugir, não é? Eu fui a última.

Bella se levantou e começou a andar de um lado para o outro. Droga! Ela estava magoada. Eu era um idiota mesmo.

–Bella, por favor, eu não sabia como te dizer…

–Mas eu precisava ser a última?

E me encarou, os olhos molhados de dor.

–Eu não sabia o que te dizer – revelei – Eu tenho medo da sua reação, mas ao mesmo tempo eu não posso ficar ao seu lado como antes e negar tudo o que eu acredito.

–Então, entre a ideologia e eu, você escolhe…

–Não é uma questão de escolha. Mas sim o que eu acredito, quem eu sou.

–E como fica… nós?

Ela me encarou, os lábios trêmulos. Eu sabia exatamente o que ela queria dizer. Nos últimos meses nossa amizade tinha se tornado algo diferente, um misto de carinho, proteção, ternura, companheirismo… Amor. Claro que havia o Jacob, mas eu sabia que era só uma questão de tempo para ele sair do campo de batalha e eu ganhar.

–Eu acho que nós não pode existir mais.

Bela ficou pálida, temerosa. E então surgiu uma máscara fria em seu rosto, eu conhecia exatamente aquela expressão, ela sempre assumia essa expressão quando tinha que se comportar, como ela mesmo dizia, como uma dama.

–Jacob estava certo – ela disse com uma voz fria – Bem, se queria me informar que você vai, já informou, se queria minha permissão, você a tem. Agora, eu devo me retirar. Mamãe me espera.

E saiu. Baixei a cabeça. Eu sabia que estava caminhando rumo ao inferno, e não poderia leva-la junto.

Foi quando ela voltou do nada e disse, a máscara já desaparecida:

–Mas quando quiser voltar, eu estarei aqui. Pra poder cuidar de você – e sorriu.

–Bella, eu não vou voltar…

–Vai sim – disse com convicção – Sei que vai.

E cumprindo a profecia, eu voltei.


–Edward?


Olhei para Emmet.

–Quer saber a verdade? Um dia, eu abri mão dela para lutar a favor dos anarquistas. Eu a deixei. Assim como ela me deixou agora.

–Você a deixou? Mas, e as vezes que você ia até ela?

–Foi porque eu voltei para ela. Ela me esperou e eu voltei. Então eu tenho que espera-la agora.

Emmet balançou a cabeça, e então voltou para a casa em ruínas. Olhei para o céu. Se ela voltasse… Eu ainda não tinha decidido como agiria, parte de mim queria mantê-la segura, enquanto a outra parte a queria perto de mim.

O que eu sabia é que eu amava.

E que ela era tudo para mim.


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Notas finais do capítulo

Não sei se vocês vão gostar, não era minha intenção colocar um POV do Edward, então espero que gostem.
Os próximos capítulos serão da Bella contando.
Beijos,comentem ^^



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