Capitol Hunger Games escrita por Azula, AnaCarol


Capítulo 2
Meu avô se transforma em uma cobra.




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A viagem inteira nós ficamos em silêncio. Ao chegar lá Hasse se tranca em seu quarto e eu me tranco no meu. Enfio-me embaixo do chuveiro e choro até desidratar totalmente. Ouço uma batida na porta. Lavo meu rosto rapidamente e me embrulho num roupão pendurado atrás de minha porta.

Estou prestes a abrir a porta quando decido olhar pelo olho mágico. É Hasse.

-O que você quer? – Eu tento pronunciar sem voz chorosa.

-O jantar está na mesa. – Ele fala e se afasta.

Visto uma roupa e saio do quarto. Sinto que meu olho está inchado, mas ignoro. Sento-me do lado oposto de Hasse e admiro o frango assado que temos de jantar.

Ele está me encarando.

–Qual é o seu problema? - Eu esbravejo.

Odeio quando as pessoas me veem chorando. Ou depois de chorar. Ou prestes a chorar. Ou fazendo qualquer coisa a ver com choro.

Meu avô nunca chorava, eu não deveria ser fraca.

Ele ri, mas não fala nada. Estou começando a ficar irritada, tento me conter, mas não consigo

–Eu te fiz uma pergunta. - Eu rosno.

– Você come engraçado. - Ele diz como se não fosse nada demais - Parece que mal abre a boca.

Tento não rir, não posso dar esse direito a ele. Então rebato.

– Já você abre até demais. - Decido que não é suficiente e completo - Isso é falta de etiqueta.

Hasse leva a mão até as costas e toca a gola de sua camiseta.

–Não, não. - Ele diz. - A etiqueta está aqui.


Não resisto e rio, parando instintivamente. Ficamos em silencio por alguns minutos. Talvez Hasse não seja uma má companhia.

–Vá dormir, Snow. Amanhã: Entrevista. Depois de amanhã vou te ensinar a usar um machado. Sabe fazer algo de útil?

–Tenho boa mira - digo

–Está ótimo.

–Boa noite.

–Durma bem.

Voltamos para nossos aposentos em silêncio.

Depois de rolar por horas na cama, finalmente prego os olhos. Queria não ter feito isso. Rosas. Rosas brancas. Quase posso sentir seu cheiro. Estou passeando por um jardim de rosas. Não é o jardim de rosas de meu avô... Eu o reconheceria. É um jardim perfeitamente arrumado, com o céu azul ensolarado acima de mim. Mas algo está errado. O cheiro das rosas. Abaixo-me e sinto o cheiro de uma. Puro, leve, simples. Então o que traz até mim esse cheiro de sangue? Quando olho para frente novamente meu avô está parado a alguns metros de mim. Sinto um instinto de caminhar até ele, pedir para me tirar dos Jogos, mas meus pés estão grudados ao chão. Olho para ele novamente. Ele está tossindo sangue. Sangue, sangue e mais sangue. Suas mãos se sujam e o barulho que ele reproduz me faz colocar as mãos nos ouvidos, sua tosse fica mais violenta. Ele se contorce, e num piscar de olhos se transformou em uma cobra. Sinistra e misteriosa, seus olhos parecem não ter mudado em nada.


A cobra se arrasta pelo sangue, vem até mim, se enrola em minha perna e sibila. Levanto o pé, ele não está mais grudado ao chão. Chacoalho-o com força e saio correndo a toda velocidade. Ela rasteja atrás de mim. Corro por muitos metros até ficar esgotada. A cobra me alcança. Estou louca ou ela sorri para mim?

–Feliz Jogos Vorazes, querida. - uma voz feminina que não reconheço soa em minha mente. Ela é sarcástica, e quase cantarola as palavras. A cobra abre a boca e estou de volta ao meu quarto.

Grito de susto ao ver que Hasse está no meu quarto e ele também grita, pois o assustei.

– O que está fazendo aqui? - Pergunto enquanto me levanto.

– Você estava gritando, pensei que ia acordar o prédio inteiro. - Ele diz passando a mão no cabelo, tentando se recuperar do susto.

Hasse parece realmente ter acordado em um pulo. Seus cabelos estão mais desarrumados que o normal, seus olhos estão vermelhos e ele veste apenas uma bermuda preta. Espero não ter corado, mas a cueca dele está aparecendo.

– Pesadelos? – Ele pergunta, como se me entendesse.

Apenas balanço a cabeça em sinal positivo.

–Vai piorar se você vencer isso.

–Melhor eu não vencer então. - Eu resmungo

Seu rosto parece ficar ainda mais sério do que antes.

–Tenta dormir direito agora – Ele diz e sai.


Não vou durar um dia na arena. Tenho vontade de chorar, mas o sono consegue me vencer.



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