Leka: Ciudad Sin Fe escrita por Scorpion


Capítulo 9
Nove.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas... Não tenho muito o que dizer, só que eu acho que a fic não ta agradando muito ):
Aproveitem.



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9.

Vivemos por nossa respiração, não pela dos outros.

I

Os primeiros Gerard se tranca, mas deixa a porta de seu quarto aberta.

Se fecha em seu mundo, em seus pensamentos e em sua dor. Não quer ouvir Mikey falar sobre o que é ter um namorado na prisão, se Frank é bom ou mau. Se faz de surdo toda vez que sua família discute acreditando que ele está dormindo.

Frank é simplesmente a melhor coisa de sua vida, e não tem porque julga-lo.

Tem que crer.

Tem que lhe apoiar.

Os primeiros dias passam. Decepção atrás de decepção.

Gerard se dá conta que as visitas diárias são incapazes de se cumprir, que terá de ir a cada mês. Não importa suas suplicas, ou seus argumentos, os policiais dizem “não” e ele sempre volta com seu caderno em baixo do braço. Se sentia só. Triste, mas não derrotado. Ao contrario, era como se uma força interna lhe empurrasse para continuar a lutar e espera-lo.

A vida não era justa, e talvez nunca seria. A vida é como uma maldita montanha russa, com suas curvas, suas subidas e descidas. As vezes está muito para cima, mas outras vezes cai e é uma virtude dos valentes se levantarem. Não podemos viver com medo, nem nos afogarmos em nossa solidão. Vivemos por nossa respiração, não pela dos outros.

Gerard Way entendeu. Viveria sua vida por si mesmo, e depois estaria com Frank.

É o momento de tentar subir.

Quatro anos não se passavam voando, nem sequer um mês, mas tampouco um amor some como o fogo, é só questão de preservar-se.

II

Primeiro mês.

Gerard estava ansioso. Suas mãos tremiam ligeiramente, e não podia estar nesse lugar. Se colocou de pé e deu voltas na sala, que a essa hora da manha estava completamente deserta.

O mesmo policial de pele escura trouxe Frank mais uma vez.

Os olhos do de cabelos negros quase abandonaram as orbitas ao vê-lo

Era Frank. Um magro Frank com barba. Gerard sorriu porque era como se vesse um garotinho disfarçado de pai.

Quando as esposas se foram, Frank avançou com o passo decidido até ele, mas quando apenas alguns passos os separavam o homem parou e sorriu nervoso. Gerard estava nervoso também, tinha suas vontades crescentes de vê-lo, mas agora que estava em frente a ele o estomago se encolhia e a cabeça começava a doer. Havia passado muito tempo.

–Hey. –Frank disse apenas.

–Hey. –Respondeu. –Você está com barba.

–Gostou? -Sorriu.

–Nem com um saco na cabeça você poderia estar mal.

Então Frank encurtou a distancia e deram um enorme abraço.

Ambos podiam desejavam que sua relação fosse mais romântica. Que houvessem tido mais cenas românticas, no lugar de encontros sexuais e poucas palavras de amor. Talvez lamentassem que pela primeira vez que confessaram seus sentimentos houvesse sido na prisão, mas nenhuma historia de amor poderia se comparar a deles.

E o que é único é belo.

–Quer que lhe traga aparelho de barbear escondido?

–Por Deus, sim! Você não sabe o quão vigiados nós somos. Acham que vamos cortar a cabeça ou algo assim.

Ambos riram.

Se separaram e se sentaram nas cadeiras. Um em frente ao outro, com sorrisos nos rostos e novidades, e ficaram a aproveitar a melhor meia hora do mês.

III

Mikey tentava ganhar a confiança de seu irmão a cada novo amanhecer. Lhe sorria mais, e agora que procurava trabalho tentava o ajudar em tudo possível, lhe dando recomendação e conselhos para poder ser contratado. Ele continuava estudando e trabalhando, mas não era em um fardo e sim uma satisfação quando seu irmão mais velho agradeceu com os olhos cheios de lagrimas e lhe prometeu crescer. Lhe disse que o Mikey mais velho iria, e agora ficaria o Mikey-irmão-mais-novo. Mikey sorriu, acreditou e abraçou seu irmão.

Continuava firme em sua postura sobre a maldade de Frank. Não importa se seu irmão já havia lhe dito que o estava defendendo. Não entrava em sua cabeça que esse vendedor de Obat fosse bom para Gerard. Não, não podia, mas poderia tentar.

Tentar entender, porque para a mudança que seu irmão sofreu em um mês só pode haver duas explicações, a primeira seria um milagre, que as preces de sua mãe haviam sido escutadas, uma áurea branca havia coberto Gerard e o havia feito mudar, ou isso é o que o mundo chama de “o poder do amo” e então tudo seria por causa de Frank. Porque quando algo é obvio se esquecem as perguntas.

Seria imparcial. Daria uma oportunidade para ambas as teorias, sem duvida a balança da objetividade se inclinava para a segunda opção, e não sabia como reagir a isso. Tentaria.

Por Gerard.

IV

Segundo mês.

No segundo mês Frank continuava com sua barba, porque os pacotes que Gerard enviavam eram interceptados. Os registravam perfeitamente em cada visita, mas não podia levar consigo nenhuma lamina ou algo parecido, mas Frank sabia que logo os teria. Gerard era decidido e agora mais que nunca.

Havia mudado, mas sendo o mesmo.

Era estranho. Diferente para quem não o conhecesse, só mostrando sua face mais profunda para ele.

Os olhos brilharam quando ele falava de seu trabalho. Não era o melhor trabalho. Era só um trabalho em uma fabrica de calças, mas era a porta para a independência, e também, para apoiar sua família.

–Logo eu e Mikey poderemos juntar dinheiro para ter um computador e internet. Mikey disse que podemos tirar fotos de meus quadros e vende-los pela internet, também serviria para anunciar e, se Deus escutar as preces de minha mãe, talvez alguém famoso queira me incluir em alguma exposição, ou algo assim.

–Diabos, Gerard, eu poderia ter te dado mais telas.

–Não se preocupe, -Sorriu. –tenho suficientes para comer, e comprarei aos poucos.

–Estou tão orgulhoso de você. –Sua voz estava carregada de emoção e era completamente sincero ao dizê-lo. Realmente lamentava não estar ali, compartilhando a experiência com Gerard.

Gee lhe beijou o dorso da mão com suavidade.

–Por Deus, Frankie, -Sussurrou. –queria que esse homem se fosse, para eu te beijar.

Frank lançou um ligeiro riso. Esse policial sempre lhes acompanhava. Sempre, o que era bastante irritante.

–Te amo, Gee.

–Te amo, Frankie.

Sorriram e seus dedos se entrelaçaram, mas o grito do policial os interrompeu.

–Acabou Iero.

Então, sem dizer palavras, disseram “adeus” e “até o próximo mês”.

V

A cela em Leka não era tão boa como deveria ser. Não haviam programa para que os internos pudessem se distrair, tampouco salas de musica, ou que alguns deles pudessem ler. E isso não podia surpreender Frank, afinal de contas, se não havia programas de alfabetização para crianças, muito menos á adultos que deviam algo para a sociedade.

Ele não se sentia um delinquente cruel. Mas tampouco tinha a consciência limpa. Ele havia apertado o gatilho, carregado a arma, e vendia drogas em primeiro lugar. As coisas sempre se pagam, e melhor antes do que depois. Melhor pagar agora, para poder continuar e mudar.

–---------X----------

No sexto mês descobriu que o nome de seu companheiro era Ray, e foi de uma forma estranha.

Havia chegado nessa manha um novo preso. Ele parecia altivo e realmente culpado. Como se a policia houvesse capturado finalmente alguém culpado para que a mídia falasse bem, mas logo iria. Talvez em meses, talvez em semanas, mas certamente o cara de nome Sebastián seria um problema para a quantidade de pessoas tristes e inocentes na prisão.

Frank assim pensou, e o comprovou ao terceiro dia de sua chegada. O cara era moreno, alto, de feições elegantes, gostava de ter a mesa onde comia exclusivamente para ele, e não falava nem sequer para tirar sarro de algum dos presos.

Frank é invisível e estando a meses ali pode fazer um ou outro amigo. Um deles é Bob, que é loiro e sério. Maduro quando fala e prefere ter a ultima palavra do que discutir todo o dia. É mais velho que ele em seis anos, e tem uma condenação de um ano por roubo, que ele não cometeu, mas esteve no lugar errado na hora mais errada.

Nesse dia Frank lhe encontraria na ultima mesa. Bob devorava a comida que, mesmo que não fosse nada boa, era a única que havia, e morrer de fome não era uma boa opção.

Com sua natural falta de jeito Frank escolheu um momento ruim para deixar o purê cair no chão, pois a vasilha com purê de batatas e um pouco de frango caiu diretamente sobre a cabeça do mafioso.

Sebastián se colocou de pé, muito irritado.

Bateu em Frank sem se importar coma voz do de cabelos negros dizendo “desculpa” uma e outra vez.

Os presos se colocaram de pé um a um, até que os policias chegaram e os separaram. Ou melhor dizendo, separaram Sebastián do corpo de Frank que tinha uma careta dolorida e um filete de sangue escorrendo do canto dos lábios.

–Já chega! –Gritou o policial que sempre acompanhava Frank em suas visitas.

–Já foi o suficiente desde o primeiro soco, policial –Disse Frank. –mas parece que ele tem o pau nas mãos e quer ter contato com outro corpo, constantemente.

Dizer que Sebastián ficou vermelho de fúria era pouco. Tentou se jogar sobre ele mas a policia o parou. O homem de pele escura, que sempre lhe acompanhava, o levou até a enfermaria, não sem deixar de rir pelo comentário.

–---------X----------

A partir de então houve uma boa rotina. Em cada refeição Sebastián lhe olhava como se quisesse lhe assassinas, depois ele se colocava de pé, e o moreno também, e terminava com o olho roxo.

Um dia, no pátio, enquanto caminhava com Bob para exercitar os músculos um soco veio direto contra sua mandíbula.

–Hey! –Disse Bob. Frank levantou um braço.

–Deixe-o Bob.

–Você é um covarde. –Por fim Sebastián, o mafioso, abriu a boca para compartilhar sua sabedoria com o mundo.

–Não sou eu que bate em alguém que, obviamente, é mais forte que eu, fisicamente falando.

Sebastián levantou novamente o punho.

–Quando você sem forças nos punhos o que vai fazer? O que mais você tem, ou o que mais você é? –Sebastián lhe pegou novamente pela mandíbula e Frank escutou o estalo em sua mandíbula. –Você é um nada, escondido atrás de sua fama de mal.

Felizmente o oficial Jones chegava novamente até eles.

–Outra briga Iero. –Disse em um tom que tentava ser rude, mas soava mais divertido.

–Nãoacho que classifique como “briga” oficial. –Respondeu sentindo dor ao falar. –Eu nunca lhe respondi á um golpe. Então podemos chamar de entretenimento com um saco de pancadas, ou algo assim.

O oficial Jones riu.

–Porque você nunca se defende Frank?

–Estou esperando.

–Esperando o que?

–Que ele entenda e decida mudar. Que tente usar seu cérebro antes de suas mãos, e se ele precisa que eu o enfrente, dando minha cara todos os dias para que ele use como saco de pancadas, está bem, mas vou fazê-lo mudar.

Jones o deixou com a enfermeira.

Frank não sabia, mas depois desse momento havia ganhado o respeito de um policial.

–--------X----------

Quando voltou pra sua cela o homem de cabelo despenteado já estava ali.

Como sempre não se falaram. Frank subiu em sua cama e fechou os olhos tentando dormir. Horas mais tarde se viu interrompido por um movimento brusco.

Abriu os olhos e viu o rosto do afro ao lado do colchão. Frank não disse nada, mas o outro, finalmente, falou.

–Você estava falando no meio dos sonhos, e está com muita febre. Eu falei a um dos guardas. Pode descer?

Frank sorri levemente e toca seu rosto. É verdade.

–Meu nome é Frank. –Disse ainda sorrindo. –E você?

O afro levantou uma sobrancelha e fez uma cara de cético. Segundos depois relaxou e correspondeu igualmente ao sorriso.

–Te pegou de jeito, heim? Meu nome é Ray.

–Muito prazer Ray.

Para esses dois então, e apesar da febre, as coisas na prisão de Leka pareciam melhoras.

No próximo...

10.

Frank Iero, na cadeia ou não, havia nascido para mudar o mundo.

Então Liam estendeu o braço, pedindo ajuda.

Gerard sorriu e lhe ajudou a se colocar de pé.

Talvez, a partir desse momento, Gerard havia mudado a vida de uma pessoa.

Gerard Way ia mudar o mundo.

Era uma promessa.


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Notas finais do capítulo

Que orgulhinho dos dois. ♥