Mestre e Comandante escrita por americangods


Capítulo 2
Capítulo 1 - Shepard




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“Shepard, aqui é o Almirante Hackett. Eden Prime avistou nos radares algo que parece ser um objeto derelito. Eles fizeram algumas varreduras e detectaram a presença de aço, metal e aparentemete uma grande quantidade de energia escura. Eles pediram ajuda à Aliança para que o objeto fosse investigado. Eles não detectaram nenhum movimento ou sinal de vida”

Isso fora dito há algumas poucas horas atrás.

Eles não detectaram nenhum movimento, pensou Shepard, repetindo as palavras do Almirante. Ou sinal de vida... exceto por nós, disse para si em silêncio.

Era breu total. Pura e simples escuridão, como uma extensão do próprio espaço o qual vagava sem rumo. Ou melhor, de rumo já traçado. Atraído pela força gravitacional de Eden Prime, o objeto gigantesco logo entraria em órbita e caíria no planeta. Já fora calculado o ponto de impacto. Seria bem longe da civilização, mas, depois do que ocorreu a dois anos atrás, eles não queriam correr risco algum.

E com razão. Voltou a dizer em silêncio.

Saren Artenius. O ato de pensar no nome do turian já bastava para fazer um arrepio inconveniente e detestável subir pela espinha de Shepard.

Um monstro genocida e manipulador. Era assim que os canais da extranet chamavam Saren Artenius, o pior exemplar de turian que já cruzou a existência daquela galáxia. Mas Shepard sabia o que realmente acontecera com Saren, o genocída. Ele era, realmente, tudo aquilo que falavam. Mas o que as fontes investigativas, e o que o Conselho jamais ousou disponibilizar publicamente, é que Saren fora vítima de uma Doutrinação por parte de sua própria espaçonave, a Sovereign, também conhecida como Nazara em sua língua original.

Sovereign, na verdade, não era apenas aço, metal e materiais inorgânicos. Não, ela era muito orgânica, diferente de qualquer outra espaçonave. Ela era um ser vivo. Mas um ser que almejava apenas a destruição.

Coube a Shepard impedí-la de seus objetivos. Na verdade, Shepard e toda a armada humana da Aliança, que reverteram o estado de sítio ao qual a Cidadela fora submetida e bombardearam a espaçonave inimiga com quase que metade do arsenal que tinham disponível.

Shepard salvou o dia. Era o que diziam pela extranet. Shepard venceu Saren, Shepard destruiu a espaçonave inimiga, Shepard salvou a galáxia.

Não segura um breve riso, quase inaudível, captado apenas pelo rádio e pela atenção de uma de suas companheiras.

E teve mais. Não só Shepard salvou a galáxia. Também morreu. E depois ressuscitou. E agora, também em alguns círculos da extranet, tornara-se uma espécie de messias. Seria Shepard que conduziria a humanidade para a vitória e a supremacia humana na galáxia. Talvez, fosse até Shepard que conduzisse a vitória contra os Reapers, a lenda recém disseminada de máquinas côncias conquistadoras e destruídoras de vida.

As vezes Shepard se perguntava como era possível que as pessoas tivessem dúvidas ainda da existência dos Reapers. Eram mais do que claras. Saren fora manipulado por um Reaper, Sovereign. Sovereign tentara destruir a Cidadela e acabar com o centro de poder político do Conselho e de todos aqueles que se submetiam a suas normas e as da Cidadela. Sovereign usaria a Cidadela, na verdade um gigantesco portal adormecido, como condutor para o restante de seus seres iguais. E dali eles conquistariam a galáxia.

Como podia alguém se recusar a ver isso? Tudo aquilo que passou, todas as vidas que sofreram e que foram tiradas de sua existência por aquele maldito Reaper, e mesmo assim, com todos os fatos, ninguém acreditava.

Era o que acabou se tornando. Messias de mentiras e falsas promessas, que pregava absurdos e loucuras.

Mas isso não abatera Shepard, não. Isso só cumulara em sua força de vontade, em seu desejo de viver e de preservar todas as coisas vivas, quer acreditassem nelas ou não, e seu desejo de aniquilar todo e qualquer Reaper que encontrasse pelo caminho. Derrubaria um por um, se necessário, para proteger aquele bando de retardados descrentes.

– Shepard?

Aquela voz conhecida. Tali’zorah vas Normandy, sua fiel techie, e a quarian mais corajosa, audaciosa e inteligente que já conheceu. E talvez um dos seres mais altruístas e amáveis que já conhecera. Tali sempre se preocupava com tudo e todos, e principalmente com Shepard.

As vezes se perguntava como aquela menina conseguia perceber aquelas variações de comportamento, nuances de sorrisos e olhares, mesmo com aquele capacete e armadura que a privavam do contato com o mundo exterior.

– Você está bem, Comandante?

Ela volta a perguntar. Shepard apenas vira para ela e assente. Tali não consegue ver o sorriso que lhe foi presenteado por detrás daquele capacete escuro de Shepard, mas sabe que o gesto estava ali. Sempre estava.

– Estou. Desculpem-me, vamos prosseguir.

Parara ainda no início da área de pouso no objeto. Vislumbrara-se com a visão de Eden Prime logo a sua frente. Havia o que parecia ser um gigantesco corte ou ruptura naquele objeto, como se tivesse sido separado pela metade por uma força tão absurdamente forte que fora capaz de ignorar completamente a massa e dureza de metal, aço e qualquer outro componente ali presente. Resolveram seguir pelo corredor logo a sua frente, embora muitas outras entradas e aberturas estivessem disponíveis.

Eles prosseguiram por cerca de dois minutos, deixando a bela visão de Eden Prime para trás. Era um corredor construído por mãos ou máquinas habilidosas. Tali tentou fazer alguma varredura para encontrar algo de diferente com sua omni-tool, mas não apareceu nenhum outro elemento que eles já não soubesse previamente compor aquele todo.

Shepard liderava, como sempre fazia. Em seguida, Tali, a expert em tecnologia e talvez sua maior companheira, e depois Garrus Valkarian, o também turian, mas esse, como bem sabia Shepard, o completo oposto do monstro chamado Saren. Garrus talvez fosse um dos combatentes mais experientes que Shepard já teve o prazer de ter ao seu lado. Não havia quem quisesse ter ao seu lado no maior dos infernos do que o turian. E sabia que o sentimento era mútuo.

Atrás deles vinha o último membro da equipe de exploraçao, Urdnot Grunt. O krogan era a massa que Shepard podia sempre contar para ser lançada em seus inimigos sem freios ou correntes morais. Quando Grunt entrava em batalha, ele só parava quando era ordenado por Shepard. Ainda que preferisse alguém como Urdnot Wrex ao seu lado, Shepard sabia que o gigante krogan apesar de ainda muito jovem, tinha muitas qualidades e era um aliado inestimável.

Foi ele que quebrou o silêncio.

– Shepard – chamou, olhando para algo que acabara de esbarrar em seus pés. Ele solta a mão direita de sua espingarda e segura o que acabava de encontrar. Era uma arma.

Ele joga a arma em direção a Shepard, que demora um pouco para chegar devido à ausência de gravidade.

Shepard analisa o que parece ser um rifle de aparência humana. Abaixo da mira os dizeres em alfabeto romano: Sinoviet Armorer.

– Isso é alfabeto humano. Mas nunca ouvi falar dessa companhia de armamento – disse, embora, sem muita certeza. Virou-se para a quarian – Tali, mande a EDI rodar um diagnóstico com todas as informações que conseguir dessa empresa.

– Certo – respondeu ela.

Shepard continuou segurando e observando o rifle, sem saber o que fazer, até que decidiu que o levaria. Colocou-o sob as costas e se surpreendeu quando sua armadura respondeu o magnetismo da arma e deixá-la em sua superfície.

Eles continuaram andando pelo corredor, mais uma vez, em total silêncio. Nenhuma palavra foi dita, com exceção da troca de comunicações entre Tali e EDI. Continuaram mais cerca de duzentos metros e passaram por elevações e descidas, depois escadas e portas que estavam lacradas, por mais força que Grunt tentasse aplicar nelas.

Chegaram ao fim do corredor, onde uma porta entreaberta se postava. Era automática, mas não funcionava mais, devido a aparente falta de energia no restante do local. Shepard chegou ela, e julgou parecer ser possível que fosse aberta. Tentou fazer força mas nada aconteceu. Grunt se ofereceu e tentou o mesmo. Nada mudou. Já cogitavam dar as costas e mudar de rota, quando algum sinal saltou e começou a apitar na omni-tool de Tali.

– Comandante, estou detectando variações de energia!

– Energia escura? – perguntou, já esperando ser essa a resposta da jovem.

– Não... e-espere – gaguejou ela – S-Shepard... não é energia escura que eu estou captando. É energia elétrica!

Isso está ligado? – perguntou Garrus, surpreso.

– A magrinha está lendo errado – brincou Grunt. Gostava de chamar Tali assim – Não tem luz. Está tudo escuro.

“Comandante.”

Era EDI, a inteligência artificial da Normandy, espaçonave de Shepard.

– EDI, pode falar.

“Procurei em todos os bancos de dado da Terra e da Cidadela. Não existe nenhuma Sinoviet Armorer registrada, como também nenhuma arma de produção de larga escala possui hoje um design parecido com os das imagens que a quarian enviou”

Havia um pouco de interferência no radio, mas eles conseguiram escutar bem.

– EDI, procure nos fornecedores e bancos de dados ilegais.

“Eu acabei de fazer isso, Comandante. Bancos de dados ilegais, mercado negro, piratas, vorchas, batarians, não há nada parecido”

– Isso é impossível.

– Máquina quebrada. Eu avisei que ia acontecer – falou Grunt.

EDI ignorou.

“Embora, o design lembre um pouco alguns modelos de armas humanas do século XX. Mas ainda assim, não encontrei nada exatamente igual às imagens enviadas.”

– É um modelo único, então – concluiu Garrus.

– Mas ela possui número de série. Isso indica produção em massa – lembrou Tali.

– Ela não parece ter acelerador de partículas – disse Shepard, observando a arma de perto. Mexeu um pouco nela – e usa munição tradicional, 40mm. Isso só é usado na Terra, nos países subdesenvolvidos.

“Shepard! Shepard!”

Agora era Joker, o piloto da Normandy. O tom de voz não era característico dele. Parecia estar assustado.

“Shepard! Contornei essa coisa com a Normandy enquanto vocês estavam ai, tem algumas inscrições nela, e é inglês! Isso é uma espaçonave, comandante, só pode ser. E o nome dela é Forward Unto Dawn!”

– Isso é uma nave humana? Impossível. Não há espaçonaves com esse design ou qualquer coisa próxima disso. Todas são padronizadas nos formatos da Cidadela. Nem na Flotilha temos algo parecido com isso – disse Tali, enquanto observava as imagens capturadas pela Normandy no momento que sobrevoara o objeto até pouco tempo não identificado.

Shepard observou a projeção vinda do omni-tool de Tali. Agora era possível imaginar aquilo como uma espaçonave, embora realmente diferente de todos os modelos existentes. Era como se tivesse sofrido um corte abrupto, pois boa parte de sua estrutura parecia estar faltando. Imaginou que aquilo em que estavam era a parte traseira, devido a presença de alguns exaustores e turbinas naquela região. O que faltava então era a parte frontal, onde possivelmente estavam cabines, salas de comando e outras coisas que possivelmente trariam a eles mais pistas sobre aquele mistério.

Mas tinham de se contentar com o que sobrara para eles. Um pedaço de espaçonave desconhecida.

– Grunt, vamos tentar mais uma vez abrir essas porta. Dessa vez eu te ajudo. Garrus, você também! – disse Shepard.

O krogan a segurou de um lado, e Shepard e Garrus do outro, cada um puxou para o seu lado enquanto a quarian observava, e depois de alguns segundos ela começou a ceder.

Quando terminaram, Shepard sentiu o suor escorrer pelo seu rosto dentro do capacete. Sorte sua que essas novas armadura possuiam amplificadores de força, ou então não teriam conseguido. Tão pouco teria conseguido segurar Grunt certa vez, na base dos Collectors. Não fossem os amplificadores, seu braço teria arrebentado tentando puxar o krogan de quase meia tonelada.

Era uma sala ampla, que assim que pisaram nela algumas luzes se acenderam. Realmente o gerador de energia ainda estava funcional. As lâmpadas piscaram um pouco, algumas eventualmente queimaram e não acenderam mais. Parecia que a energia acabaria logo.

Adentraram a sala, que era composta por uma série de cápsulas grandes o bastante para caber um ser de porte médio, como humanos, quarians, turians e muitos outros. Talvez até krogans. Todas as cápsulas estavam intactas, como também empoeiradas. Seguiram até algo que pareceu ser um console. Era cilíndrico e na parte superior possuía teclados e algo que a quarian supôs ser um projetor holográfico, afinal, uma lente podia ser claramente vista após a inspeção minuciosa que ela fez no aparelho.

As luzes todas apagaram enquanto a quarian examinava o console. E acenderam. E apagaram de novo. Um barulho muito alto foi ouvido por todos e as caixas de som pareciam estourar tamanho eram o som que projetavam. A quarian literalmente pulou de medo.

“Afastem-se dele!”


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