– Então... Então era você seu delinquente! – diz Stephanie.

                – Era eu o quê? Você está maluca? – pergunta Luke sem entender.

                – Não se faça de bobo. Era você quem estava me ameaçando!

                – Eu não estou fazendo nada disso. Nem o seu número eu tenho!

                – Mas a pessoa me disse que estava aqui fora. Ela até trancou a porta! E na hora que ela abriu era você quem estava aqui! Como pode explicar isso?

                – Eu recebi uma mensagem da Karen dizendo que alguém havia a trancado na biblioteca da escola. Não tinha certeza se era ela, mas vim aqui conferir. E nisso dei de cara com você saindo daí.

                – Vai ser difícil acreditar nisso baseando-se no que aconteceu agora.

– Não tinha ninguém aqui quando cheguei, e a porta estava aberta. Afinal, como você saiu daí de dentro então? E vendo bem... Foi você quem fez esse estrago aí?

                – Cale-se! Aliás, eu estou indo embora daqui agora!

                – Espere! – Luke coloca a mão direita no ombro de Stephanie – Isso só pode ser uma armadilha. Eu aqui nesse lugar te encontrando depois de você ter feito essa bagunça. Como é que você veio parar aqui uma hora dessas?

                – Eu... Eu...

                – Se não me contar fica difícil! Quer correr o risco de sair daqui e encontrarmos algo pior lá fora?

                – Tudo bem! Eu estou recebendo ameaças pelo meu celular desde o final da aula. A pessoa ameaçou contar a todos a respeito de um segredo meu e eu tive que seguir algumas instruções.

                – Isso só pode ser algo armado. Eu encontrei um cara no caminho que sabia meu nome e me atacou. Com certeza ele deve ter alguma relação com essa tal pessoa que está enviando essas mensagens.

                O celular dos dois vibra. Era uma mensagem que dizia:

                “O que acharam do encontro? O que vocês fariam se imaginassem que essa seria a última pessoa que estaria vendo?”

Stephanie e Luke não entendem muito bem e mal tem tempo para pensar, pois uma pequena explosão ocorre dentro da biblioteca e algum tipo de gás começa a percorrer o local.  Os dois percebem que aquele gás poderia ser mortal e correm para bem longe daquele corredor.  Os dois chegam no pátio do colégio e de repente escutam um grito abafado de uma garota.

— Só pode ser a Karen! — diz Luke.

— Como pode ter tanta certeza que é ela? Pode ser algum truque!

—Dessa vez eu não posso estar enganado! Tenho certeza que é a voz dela.

O grito parecia vir de dentro do ginásio. Luke empurra a porta e consegue entrar. Realmente era Karen quem estava amarrada e com uma fita ao redor da sua boca. Ela fica impressionada ao ver Luke que rapidamente retira a fita de sua boca e começa a desamarrá-la.

— Você está bem? —pergunta Luke.

— Sim. Obrigada por me ajudar!

— Quem foi que fez isso com você?

— Eu ainda não sei. O que me recordo é que eu ia procurar o clube de jardinagem depois da aula e notei que alguém estava me seguindo. Eu olhei para trás pra ver quem era e não vi nada. Quando me virei para frente vi um cara encapuzado que colocou um pano com alguma substância em meu rosto. Só fui acordar agora pouco e a minha primeira reação foi tentar gritar por socorro.

—Provavelmente é a mesma pessoa que nos trouxe até aqui — diz Stephanie — Eu pensei melhor e vou embora daqui agora! Se eu fosse vocês dois faria o mesmo.

Stephanie se dirige até a porta e a mesma se fecha e é trancada por fora. Ela se desespera. Seu celular toca e a garota vê que é do tal número desconhecido. Ela então atende.

— Para onde a senhorita pensou que estava indo?

— Eu...

— Queria mesmo que seu segredo fosse revelado? O que acha de eu começar revelando aos dois colegas que estão aí dentro?

— Não! Não faça isso!

— Quem dá as ordens aqui sou eu, lembre-se disso. E eu preparei uma surpresa para vocês três. Aproveitem!

A pessoa desliga. Luke e Karen pareciam não entender muito o que estava acontecendo e Stephanie estava começando a ficar nervosa. De repente um barulho muito alto de vidros se quebrando é ouvido. Um homem estranho entra aos gritos dentro do ginásio. Luke se coloca na frente de Karen e pede para que ela e Stephanie se afastem.

—HAA! Boa noite! São vocês quem vão experimentar do meu espetáculo hoje? Aquele vigia não ficou de pé para assistir até o final... Que triste!

— Quem é você? —pergunta Luke com um olhar nada amigável.

— Eu? E o que isso importa? Todos os três vão morrer aqui. Porque querem saber meu nome?

—Morrer? —Karen pergunta assustada.

O homem usava uma jaqueta de couro e tinha algo estranho em suas costas. Parecia um extintor de incêndio ou algo do tipo. Ele retira um tipo de mangueira de dentro da sua jaqueta que em frações de segundos lança fortes chamas de fogo para o alto. Karen e Stephanie estavam assustadas. Luke no entanto, sorri.

— Qual de vocês vai ser o primeiro a virar churrasco? Será que vou ter que fazer um sorteio?

— Quem vai virar churrasco aqui vai ser você! —diz Luke e parte para cima do homem.

— Luke! Não! —grita Karen.

Várias chamas surgem no meio dos dois e para a surpresa das duas garotas e do homem, Luke estava soltando chamas de suas mãos. Stephanie fica impressionada e pensa:

— Esse garoto... Ele tem dons como eu. Será que...?

— Ora, ora... Então quer dizer que o garoto estressadinho tem chamas debaixo da manga também, não é? Isso deixa tudo mais interessante!

O homem para com as chamas e desvia facilmente de Luke. Quando ele percebe, sente uma forte dor no estômago. O homem havia batido nele com o “extintor”o deixando machucado e estático por um tempo. Agora o homem estava indo na direção de Karen e Stephanie. As duas correm para o outro lado do ginásio. Karen tropeça e ele se aproxima.

— Acho que já escolhi qual das duas vai ser a primeira!

— Não... Por favor, não! — implora Karen.

Luke se levanta com dificuldade e corre o máximo que pode para evitar que o homem matasse Karen. Mas não seria possível. Chamas começam a sair da máquina e várias plantas surgiram na frente da garota, para a surpresa do inimigo. Luke continuava correndo e percebe que Karen havia usado algum tipo de poder. Ela tenta conter as fortes chamas, porém todas as plantas estavam queimando. Stephanie estava apavorada e mal conseguia se mover. Luke estava quase chegando, porém sente um forte puxão na perna e cai. Ela estava amarrada por um fio forte e transparente. 

— Essas plantinhas não vão suportar as chamas da minha máquina potente. Desista garota!

Karen não tinha mais forças e já sentia o calor das chamas. O homem gargalhava. Luke estava desesperado tentando se soltar do misterioso fio. De repente, um forte jato de água apaga todas as chamas e joga o homem para longe. Um garoto se aproxima do local. Era Max.

—Max! —diz Karen com um sorriso no rosto.

— Representante, aqui estou eu! Mas o que está acontecendo aqui?

— É uma longa história, mas no fim todos fomos atraídos para essa armadilha. Estão tentando nos matar!

— Então aquele cara com o ‘extintor de fogo’ é realmente malvado. Ainda bem que não economizei água nele —diz Max enquanto ria.

Luke consegue quebrar o fio e se levanta. Ele se aproxima de Karen e pergunta se ela estava bem e pede desculpas por não tê-la salvo. Max percebe que Stephanie também estava ali. De repente, o homem surge furioso.

— Quem foi o idiota que ousou me molhar e acabar com meu espetáculo?

— Eu? —pergunta Max.

— Você mesmo! Vou te fazer torrar até não servir nem como cinzas! Essa sua ‘águinha‘ é lixo perto do que eu posso fazer —diz o homem enquanto muda a potência da máquina para o máximo.

Luke diz que iria acertar as contas com o homem e Max diz que era melhor deixar que ele resolvesse o problema. Luke se irrita.  O homem mira na direção de todos eles.

— É tudo ou nada. Essa chama máxima vai consumir toda a carga ainda restante, mas será suficiente para acabar com os quatro de uma vez. O chefe com certeza vai ficar feliz! Adeus, babacas!

Várias chamas começam a sair da mangueira e Max pede a todos que se tranquilizem. Ele se concentra e quando as chamas estavam se aproximando, faz surgir um campo de água que protege a todos. Logo em seguida faz um movimento com as mãos e esse campo se move na direção do homem. A água apagou as enormes chama, entrou dentro da máquina e a destruiu completamente.

—Nunca subestime a força da água! —diz Max.

O inimigo estava caído não sabia o que fazer perante aquela situação. Ele estava sem a sua “arma” e começa a correr para as arquibancadas. Luke tenta persegui-lo, porém o homem sente algo estranho e desmaia. Luke nota que ele estava amarrado por vários fios transparentes e tentava entender de onde eles estavam surgindo. Karen vai até Max e o agradece por tudo. Stephanie fica meio distante e não fala muito. Max sorri e diz:

                —Não foi nada! Mas como devem ter percebido, eu não sou um ser humano como os outros. Acredito que vocês não sejam também, né? Por isso estamos aqui nessa situação agora.

                —Quer dizer que você também é como nós, Stephanie? —pergunta Karen.

                Stephanie fica nervosa ao ver os três a observando e não sabia o que dizer.