E me explicou que nós tínhamos que queimar a melhor parte da comida para o nosso pai divino

Depois que nós jantamos e a louça foi recolhida, Quíron falou as regras da caça a bandeira, as mesas se encheram de tranqueiras de batalha: Armaduras, escudos, lanças, arcos, flechas, espadas.

Carol e Nico apareceram do nada, e Carol me ajudou com a armadura. Nico ficou lá parado, me encarando com uma cara de bobo…. Por Deus, digo, deuses, eu sabia que cara era aquela. Ele vivia olhando algumas meninas lindas da escola assim. Eu costumava revirar os olhos e reclamar que ele era idiota. Mas agora aquela cara era direcionada a mim! Era a cara que eu mais temia que ele fizesse, e a que eu um dia tive certeza que ele nunca a faria para mim. A de bobo-apaixonado.

Bem, a Caça A Bandeira com as caçadoras foi um pouco traumática para a que vos fala, então vou contar resumidamente o que aconteceu:

Flechas prateadas. MUITAS. FLECHAS. PRATEADAS.

Eu correndo pra lá e pra cá atrás do Nico.

Eu grudei no Nico.

Eu quase morri.

Bem, essa foi a primeira parte. A segunda, foi… Bem, leiam e vão saber.

Bem, nós corremos para lá e para cá, pela floresta inteira, até que nos escondemos atrás de uma pedra. Eu estava quase morrendo de cansaço, e as flechas das Caçadoras e dos filhos de Apolo estavam aparecendo de todas as direções possíveis e existentes. Sentei ao lado do Nico, ele tava todo cortado, e eu não imagino que a minha aparência estivesse melhor. Ele estava carrancudo, só dava respostas curtas e com um tom de voz de pura raiva. então eu perguntei:

- Nico, você pode me dizer porque diabos você está tão irritado?

- Nada. - Ele respondeu. Curto e grosso.

- Nico.

- Que?

- Tem alguma coisa.

- Não, não tem. - Ele ficava olhando para o chão, com o queixo apoiado nos joelhos. Andei abaixada até ficar de frente para ele. Levantei seu queixo até que seus olhos ficassem no nível dos meus, para que eu pudesse olhá-los. Sempre eu o olhava nos olhos, ele sabia que eu estava falando sério.

- Sim, tem alguma coisa, e você vai me dizer o que é. Por favor.

- É Ártemis. - Ele fechou os olhos -  Ela está aqui para tentar te fazer se juntar à caçada. E eu não queria que você fosse…. Mas talvez seja melhor….

Minha cabeça começou a rodar. Mas eu não ia para essa caçada, mas nem pensar!

- Eu não vou para essa Caçada.

- Será preciso, eu acho, pelo jeito que Quíron te olhou… - E me olhou com um olhar torturado - Mas a opção é sua. E ela vai conseguir te convencer. Ela fez isso com a minha irmã, Bianca. Eu te contei a história.

- Mas…. - Eu comecei a dizer.

- Antes que ela possa fazer alguma proposta… - Ele olhou para o lado e voltou seu olhar para mim. - … Eu queria que você soubesse, tivesse uma ideia mínima do que poderá perder se você se juntar à Caçada.

E então, me beijou. Nos lábios. Um beijo apaixonado, como se pudesse ser a última vez que ele pudesse fazer isso.

Nico me beijou por mais ou menos um minuto e meio, ou algo do tipo, antes que uma voz feminina dissesse com desdém:

- Awnn, que fofo, um garoto corrompendo uma futura caçadora. Mas não se preocupe, querida, não mencionarei este ocorrido à Lady Ártemis. Não vou acabar com as suas chances de entrar para a caçada. Embora eu queira muito ver a cabeça desse meu irmão com uma flecha saindo da testa…

Quando Nico me soltou e eu abri os olhos, estava uma menina de uns 10 anos, morena de olhos negros, meio parecida com o Nico, parada ali, com um arco prateado na mão, apontando-o para a cabeça de Nico.

- Vou deixar que se despeçam, Até logo. - E saiu rindo.

- A Karinna se acha, e me dá nos nervos sério….- Ele falou sorrindo.

Eu sorri e disse:

- Acho que já acabou.

- Também acho. - Disse ele.

Saímos de trás da pedra, e embora a Caça a bandeira tivesse terminado, as Caçadoras estavam quase todas em volta da pedra onde estávamos escondidos. Exceto duas, uma de cabelos negros e olhos em um tom de Azul-Elétrico, de uns 15 anos e outra era a ruiva que liderava as outras garotas.

- Olá. - Disse a ruiva - Esta aqui - E apontou para a morena - É a minha tenente, Thalia.

- Olá! - Disse a garota, Thalia, animadamente - Como vai Nico? Qual é o seu nome garota?

- Bem, obrigado. - Disse Nico, pegando minha mão e entrelaçando seus dedos nos meus.

- Meu nome é Thayna Furtado, mas pode me chamar de Thay. - Eu disse, dando um leve sorriso.

 - Então, olá Thay!

- Belo nome, Thayna. - Disse a ruiva. - Meu nome é Ártemis. E eu gostaria de falar com você. E, se der, sem o garoto. - E inclinou a cabeça em direção a Nico.

- Ahn, ele pode ficar? - Eu disse. Eu não is ficar sem ele, mas nem a pau, Juvenal!

- Se insiste….

E fomos para o chalé 8. Chegando lá, Thalia me explicou que elas queriam que eu entrasse para a Caçada e me disse as coisas boas de se juntar à Caçada.

- Mas você vai ter que renegar ao amor romântico. - Disse ela

- Isso quer dizer… - Perguntei.

- Sem namorados, ficantes, maridos, ou coisa do gênero.

- E… - Olhei para Nico - O que eu preciso fazer pra entrar

 - Você só precisa fazer o juramento. - E ela recitou o Juramento.

- E então vai fazer o Juramento? Ou não? - Perguntou Lady Ártemis.

- Posso pensar um pouco? - Perguntei.

- Claro. - Disse a deusa.

- Já venho. - E me tranquei no banheiro, por uma hora. Suspirei e pensei:

“É isso. Já decidi.”

Destranquei a porta e Nico estava brincando com um esqueleto de cachorrinho.

Eu me virei para Ártemis e Thalia e disse:

- Já decidi sobre meu futuro.