Capítulo 20

POV. Sophie

Voltei para o castelo, e como eu já previa Alec estava me esperando nervoso.

- Aro está louco atrás de você, já não sabia mais o que inventar pra ele. Mais um pouco tenho certeza de que ele iria te procurar no jardim.

- Obrigado mais uma vez maninho querido, estou te devendo mais essa – Disse o abraçando.

- Você não me deve nada bruxinha, eu faço tudo por você. Eu só quero que tenham mais cuidado. Se os Volturi descobrem... nossa, eu não quero nem imaginar o que possa acontecer.

Meu irmão estava certo, eu estou tão apaixonada que estou me esquecendo dos riscos de ser pega com Edward. É lógico que nada aconteceria comigo, mas Edward seria diferente, Aro o mataria no mesmo momento em que descobrisse. Realmente, precisávamos ter mais cautela.

Fui para o salão central me entender com meu protetor, e assim que entrei percebi que a expressão dos três irmãos não era das melhores. Não disse nada, apenas me dirigi para meu trono de cabeça baixa.

- Será que não me deve explicações, senhorita Volturi, já estou cansado de chegar aqui e não te ver no lugar que deveria ficar na maioria de seu tempo.

- Já sabe que eu estava no jardim, Aro. Eu sempre estou lá, era só mandar alguém me chamar.

- Eu estou pensando seriamente na possibilidade de não te deixar ir mais lá – Caius disse, e ele só poderia estar brincando comigo – Acho que você não entendeu minha querida, então vou lhe explicar mais uma vez. Você é uma Volturi, uma vampira que tem os maiores poderes de todos, você infelizmente é a realeza da nossa raça, não deve se portar de outra maneira a não ser essa. Como podemos impor superioridade se você só sabe agir como uma...

- Uma bruxa? Mas é isso que sou Caius, pelo menos uma parte de mim. Está na minha natureza e eu não vou abdicar disso só por um capricho seu.

- Olha como fala comigo, sua garotinha prepotente, se eu pudesse eu...

- Chegam os dois, isso está se tornando uma discussão sem razão – Disse meu pai – Sophie, o que queremos que entenda é que você precisa passar mais tempo conosco, com sua família.

- Exatamente como era antes, há algumas semanas atrás. Aliás, você percebeu meu amo que essa mudança repentina de comportamento de Sophie aconteceu assim que uma novidade chegou ao castelo?

Agora eu tinha certeza que Jane sabia sobre mim e Edward e estava louca pra contar isso aos Volturi.

- Não entendi o que quis dizer Jane, por favor, se explique – Disse Aro.

- Estou me referindo à chegada do senhor Cu...

- Aro, eu fique aqui com vocês, com o maior prazer, no meu lugar, como uma legítima Volturi – Aro se alegrou ao ouvir isso – Mas com uma condição.

- O que desejar minha querida.

- Que Jane saia daqui – Se eu não fosse imune ao seu poder, há essa hora eu já estaria no chão, gemendo de dor – Não há porque ela estar aqui no salão, ela não é uma Volturi, e em minha opinião se intromete muito em assuntos que não se referem a ela. Se Jane sair, eu fico.

Aro olhou com um olhar de ‘cai fora’ para Jane e eu pude ouvir a gargalhada de Alec do outro lado da porta.

- Como quiser meu amo – E ela saiu batendo o pé.

E depois disso eu tive que ficar o resto da tarde naquele lugar sombrio, ouvindo Aro e Caius discutindo sobre quem eles deveriam ‘destruir’ por causa de pequenos erros cometidos. Aquilo me enojava, como se eles tivessem o direito de decidir sobre a vida de outros vampiros. Eu não concordaria com isso nunca.

Já o meu querido pai tentava controlar a situação, dizendo que na maioria dos casos não era para tanto. Como eu o amava, o universo não poderia ter escolhido pessoa melhor que ele e Didyme para cuidarem de mim.

Já estava cochilando em meu trono quando Alec entrou com um olhar assustado, ou melhor, espantado, olhando diretamente pra mim. Eu tinha certeza que era alguma coisa haver com Edward.

- Meu amo, é... o senhor Cullen está lá fora, e quer conversar com vocês.

- Mande-o entrar então.

O que esse louco estava querendo ali, conversando com meus protetores? E a resposta veio em minha mente. Ah não... ele não iria fazer isso. Ou iria? Contar sobre nós? Só se ele estivesse maluco mesmo.

Edward entrou, olhou rapidamente pra mim, e depois se dirigiu aos Volturi.

- Diga Edward, o que tem de tão importante pra dizer, pra estar nos perturbando desse jeito? – Perguntou Caius.

- Bem senhores, eu estou aqui porque gostaria de lhes pedir a permissão para...

Meu coração disparou e nesse momento Alec fez um aceno leve com a cabeça tentando dizer pra me acalmar, pois estava nítido meu nervosismo.

- Pedir a permissão para voltar a Forks, pra minha mulher e minha filha.

- O QUÊ? – Todos os olhares se fixaram em mim, droga, eu tinha que ser tão expressiva assim? – Digo, por quê? Qual o motivo de sua pressa senhor Cullen – Tentei me mostrar o mais indiferente possível mesmo querendo voar no pescoço de Edward.

- É simples, eu não estou aguentando mais de saudades de minha mulher e de minha filha, as pessoas mais importantes de minha existência.  E me desculpe pela franqueza Aro, mas eu não suporto mais ficar aqui, eu fico o dia inteiro trancado naquele quarto, estou morrendo de sede, não suporto mais. Não há o que, ou QUEM me faça ficar aqui. Se não me deixar partir, então pode me matar de uma vez.

Você pode ter certeza que eu mesma vou fazer isso com minhas próprias mãos, seu, seu... corno. Eu não acredito que Edward Cullen, o homem pra quem me entreguei, que me jurou amor eterno estava falando isso. Eu estava a ponto de cometer meu primeiro assassinato e seria o de Edward Cullen.

- Bem Edward, pra falar a verdade eu já iria te liberar de seu castigo. Acho que você já sofreu o suficiente, mesmo não aparentando sofrer. Se meus irmãos e minha querida Sophie também forem de acordo, você pode ir embora – Disse Aro.

- Pra mim tudo bem, já disse que não via motivos pra isso – Disse meu amado pai.

- Como não havia motivos, querido irmão. Edward foi a vergonha para nossa raça permitindo que sua mulher o traísse com um cachorro, se ao menos fosse com um outro vampiro. Mas tudo bem, eu também o libero, pois eu tenho certeza de que os chifres dele estão bem maiores do que quando chegou aqui – Lógico que quem disse isso foi Caius, mas pela primeira vez eu concordava com ele.

- E você minha querida, o que diz? Edward pode ou não voltar para Forks? – Meu pai perguntou de um jeito diferente, meio que com... pena.

- Por mim tudo bem, o deixe voltar pra mulherzinha dele, eles se merecem.

Era impressão minha ou Edward estava se esforçando para não rir!

- Então está decidido, senhor Cullen, você pode voltar para Forks, à hora que quiser.

- Eu agradeço aos senhores, e a senhorita – Ele me olhou com uma cara tão safada – Partirei amanhã, pois eu preciso resolver algumas coisas pendentes aqui em Volterra ainda hoje – Ele olhou para mim de novo – Muito obrigado novamente, e tenham uma ótima noite.

E ele saiu da sala me deixando cada vez mais furiosa. Depois de um tempo não estava aguentando mais ficar naquele lugar, eu precisava sair dali e falar com Edward antes que ele partisse de vez.

- Pai, será que eu posso me retirar, estou ficando com sono, preciso descansar.

- Tudo bem querida, você já fez demais por hoje. – E eu sai dali o mais rápido que pude.

Estava indo ao quarto de Alec pedir pra que ele desse um recado a Edward, até que fui puxada pra uma sala.

- Você fica linda bravinha, sabia? – E os lábios de Edward encontraram ferozmente os meus.

Consegui escapar de seus beijos e sem pensar lhe deu um tapa no rosto.

- Como ousa me beijar depois de tudo que disse lá dentro? O que ainda está fazendo aqui? Vá embora, volte pra sua mulherzinha.

- Nossa, cada dia eu fico mais apaixonado pela sua inocência – Ele ria – Meu amor, você acha mesmo que tudo o que eu disse era verdade?

- E não era?

- Lógico que não, tudo faz parte do plano para fugirmos.

- Edward, eu não estou entendo, como... – Ele colocou a mão em meu lábio.

- Shiiiii, as paredes têm ouvidos, se lembra? Encontre-me nos fundos do castelo daqui a pouco, tudo bem?

Eu acenei que sim com a cabeça, então ele me deu mais um beijo e saiu.

Esperei algum tempo e me dirigi até os fundos, fiz o de costume, hipnotizando os guardas. Assim que sai do castelo encontrei Edward no volante de um carro, ele saiu e abriu a porta pra mim.

- Edward, você está me deixando ansiosa, me diz qual o seu plano.

- Calma meu amor, já vou lhe contar. Meu anjo está muito curioso ultimamente. Só vou lhe adiantar que o plano não foi meu, e sim de Rosalie.

- Rosalie sabe sobre nós e ainda te deu um plano para fugirmos?

- Não só isso, como também ela disse que te adorou e que está louca pra te conhecer.

Bem, pelo menos alguém da família não me odiava, e estava até nos ajudando.

Permanecemos em silencio até chegar ao chalé da nossa primeira vez. Ele me pegou no colo e me conduziu pra dentro do chalé. Chegando à sala, ele se sentou sobre as almofadas e me colocou entre suas pernas.

- O plano é o seguinte, meu amor: eu vou ‘embora’ pra Forks, fazendo os Volturi acreditarem que eu ainda estou completamente apaixonado por Bella e louco pra sair daqui - Ele fez uma pausa – E depois que eu partir, mesmo eu não querendo, vai ser você que vai tomar as rédeas da situação por aqui.

- Não entendi o que quer dizer Edward. Você vai me deixar aqui? Como vamos nos encontrar depois?

- Você vai ter que se mostrar uma ótima atriz, meu anjo. Assim que eu for embora, você vai se ‘rebelar’ contra os Volturi, vai lhes dizer que não aguenta mais ficar num castelo sombrio e com seres tão cruéis como eles, que você não é assim e está cansada disso. E depois você...foge. Deixe uma carta explicando que quer um tempo para você, mas que deixe a entender que vai voltar, para eles não ficarem muito preocupados.

- Entendi, e mesmo que eles tentem me procurar, nunca me acharão com meus poderes e não vão desconfiar que eu esteja com você, afinal, estará com sua família em Forks. Me procurando, eles vão até esquecer que os Cullen’s existem. Edward é um ótimo plano, mas... como vamos nos encontrar depois?

- Eu vou mesmo pra Forks, explico tudo pra minha família e depois eu volto sem que os Volturi percebam, e no dia em que você fugir, nós nos encontramos aqui e fugimos para algum lugar bem distante – Concordei com a cabeça – Sophie, eu partirei amanhã cedo, e a partir daí você conta cinco dias exatos para exercer seu plano e estar aqui, eu vou estar lhe esperando.

- Entendi meu amor, entendi. Daqui a cinco dias nos seremos felizes para sempre.

- Por toda a eternidade, meu amor. Agora vem cá, me deixe lhe amar para me recordar de cada pedacinho seu durante esses tortuosos cinco dias que ficarei longe de ti.

E foi o que fizemos, nos amamos a noite inteira. Entreguei-me a Edward de corpo e alma, intensamente, como se algo me dissesse que essa seria a última vez.