Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 1ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 22
Todo Mundo Odeia a Prisão


Notas iniciais do capítulo

Desculpe outra vez a demora....
Please, não me deixem...
Eu não vou parar de escrever, tá.
Vou continuar com uma segunda temporada, acompanhem....
Este é o penultimo cap. dessa temporada aqui.
Aproveitem.... as coisas estão esquentando...



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POV. CHRIS (Brooklin - 1983)

Quando eu era moleque no Brooklin, sempre achei que viajar fosse coisa pra gente rica. Conhecer lugares distantes sempre foi um sonho meu, mas era um sonho tão oculto que nem eu sabia que era sonho. Então, quando a Srta. Morello disse que nós íamos pra Washington em uma excursão, eu quase desmaiei. Eu nunca tinha saído de Nova York, então no mínimo ia valer a pena, mesmo que o Caruzo me enchesse a viagem inteira. Mas como tudo o que é bom tem que ter uma condição, pra gente viajar precisávamos vender 30 caixas de biscoitos. Eu nunca tinha vendido nada e tava rezando pra ser bom pelo menos nisso.

Eu levei a permissão pra minha mãe assinar, mas na manhã seguinte era ela quem ia ficar feliz. Na verdade era aniversário deles de casamento e meu pai tinha comprado ingressos para um show na Broadway. Ela só faltou derrubar a casa com os gritos. Sinceramente, eu sinto um zumbido no ouvido até hoje por causa dos gritos dela. Tava tudo indo bem até que a Tonya aparece com catapora. Dizem que só se pega isso uma vez e eu nunca tinha pegado, então resolvi ficar bem longe dela.

Eu tinha levado as caixas de biscoitos pra casa e eu tinha planejado de tentar vender com a Lizzy. Era bem cedo, mas a gente resolveu ir logo pra ver se acabava logo com isso.

“Chris, que caixas são essas?”

“São os biscoitos que eu tenho que vender pra ir numa excursão pra Washington, pai. Será que o senhor podia levar algumas pro trabalho e tentar vender pra mim?” Ele fez uma cara...

“Ah, Chris, não vai dar. Eu já vendi cosméticos pra sua mãe, papel de embrulho pra Tonya e barras de chocolate pro Drew.” Abaixei a cabeça. Nunca podia fazer nada por mim. Ah, esquece. “Mas eu posso comprar duas.” Sorri.

“Valeu, pai.”

Minha mãe tinha mandado a gente ficar longe da Tonya, mas já era tarde pro Drew. Ele tava todo se coçando quando eu saí pra encontrar a Lizzy. Fiz uma nota mental pra lembrar de dormir no sofá e saí. Ela tava me esperando na calçada com as caixas dela.

“Oi.” Ela sorriu.

“Oi. Pronto pra dar uma de vendedor ambulante?” Fiz uma careta.

“Talvez. Só quero ir na excursão.” Ela riu.

“Se eu não conseguir vender todas, vou ficar com elas e dar o dinheiro.”

“Boa ideia. Ou talvez a gente devesse vender em um lar pra gente obesa.” Descemos as escadas gargalhando.

Engano nosso pensar que ia ser fácil. Seria mais fácil vender drogas. Ninguém queria comprar biscoitos. A gente até teve sorte. Eu vendi 5 caixas e ela vendei 6, mas foi só. Voltamos cansados de tanto andar e nos sentamos na calçada.

“Droga. Não pensei que seria tão difícil.” Ela amarrou o cabelo e descalçou as botas. “Ai. Parece que eu corri uma maratona.”

“Eu também. Pensei que todo mundo gostasse de biscoito, mas acho que só as obesas gostam.” Ela riu, mas parou de repente. Olhei pra ela. “O que foi?”

“Até que não é uma má ideia.”

“Eu tava brincando.”

“Mas eu não to. Amanhã depois da aula a gente sai de novo, mas eu tenho uma ideia.”

“Qual?” As ideias dela sempre eram boas e, o melhor de tudo, davam certo.

“Amanhã eu te conto.”

“Ah, qual é! Me diz, vai.” Ela fez que ‘não’ com a cabeça, sorrindo. “Por favor?” Ela levantou e veio na minha direção. Sentou do meu lado e falou no meu ouvido.

“Amanhã.” Me arrepiei até o último fio de cabelo.

Ela pegou as botas e as caixas e entrou em casa. Resolvi entrar também.

No outro dia eu e a Lizzy quase damos um sacode no Greg. Ele tinha vendido 12 caixas. Mas o problema não era esse, é que ele não parava de dizer que a gente tinha que se apressar. Cheguei até a ver a Lizzy fechar os punhos, mas ela se controlou. Outra coisa ruim era que na excursão todo mundo dependia de todo mundo. Se eu não completasse minha cota, ninguém ia pra viagem. E se ninguém fosse, eu ia levar a surra mais linda da minha vida, da sala inteira.

À tarde eu saí pra esperar a Lizzy na calçada, mas ela não apareceu. Esperei por uma hora e ela não veio. Fiquei com raiva e subi pro quarto; fechei a porta e me joguei na cama. De repente me dei conta que eu tava sendo infantil e que podia ter acontecido uma coisa séria. Ia me levantar pra ir na casa dela quando vejo um papel no buraco que a gente usava como comunicador. Puxei o papel e abri; dizia assim:

Chris, desculpa não poder ir com você hoje, mas aconteceu uma coisa séria. Uma amiga minha dos tempos de orfanato me ligou hoje. Ela tava desesperada chorando e pediu pra eu ir à casa dela. Ela foi adotada na mesma época que eu, e meus pais são muito amigos dos pais dela. Pedi pra eles me levarem lá e eles disseram que iam. Não consegui falar com você pra te avisar, mas espero que você encontre isso e me desculpe.

Beijos,

Lizzy...


Me senti um idiota por ficar com raiva dela. Ela tinha ido ajudar uma amiga assim como me ajudava. Essa era a Lizzy que eu conhecia. Sorri lembrando das coisas que a gente já tinha feito e das vezes que ela tinha me ajudado. Desejei fazer alguma coisa pra ajudar ela também.

Desci e vi o Drew se coçando na parede.

“O que é isso?” Perguntei, rindo.

“Você ri por que não é com você.” Ele parecia que tinha um comichão. Ri ainda mais. “Chris, coça minhas costas?”

“De jeito nenhum. Pede pro papai.”

“Mas ele tá ocupado com a Tonya.” Dei de ombros com uma cara ‘fazer o quê’. Ele saiu correndo atrás de mim, mas eu desci as escadas correndo e escapei dele.

Lá fora eu resolvi ir vender as caixas, mesmo sozinho. Talvez eu conseguisse vender algumas das da Lizzy... Mas antes, eu precisava de uma estratégia. Fiquei parado um tempo olhando as pessoas que vendiam alguma coisa e notei que a maioria das pessoas só queria comprar se a mercadoria fosse roubada. Decidi fazer um experimento.

Comecei a dizer que os biscoitos tinham ‘caído do caminhão’. Quando a notícia se espalhou, eu vendi que nem um louco. Tinha tanta gente ao meu redor que eu mal conseguia respirar. Passou um tempo e eu fiquei só com 3 caixas. Foi quando chegou um cara perguntando se era eu que tava vendendo os biscoitos.

“Sou eu. Caíram do caminhão hoje cedo. Vai querer quantos?”

“Nenhum. Você tá preso.” Ferrou!!!

A única coisa que eu sabia sobre ir em cana era o que eu tinha visto na TV. Eles iam me dizer que eu tinha o direito de permanecer calado (não disseram) e que tudo o que eu dissesse seria usado contra mim no tribunal (também não disseram). O pior é que eu tava com medo de ficar lá, mas tinha mais medo de ligar pro meu pai. Ele ia me matar ou no mínimo arrancar meu couro.

Eu contei pros policiais que os biscoitos não eram roubados, que eu tinha ganhado na escola pra vender pra uma viagem a Washington. Eles não acreditaram (ô novidade!), mas foram verificar se a história batia. Quando confirmaram, eles disseram que eu podia ir, mas só se um responsável viesse me buscar. Com as mãos tremendo eu peguei o telefone e liguei lá pra casa, rezando com todas as forças pro meu pai atender. Por que se fosse minha mãe, eu ia preferir ficar em cana.

“Alô?”

“Pai? Pode vir me buscar?”

“Você tá aonde, Chris?”

“Na delegacia.”

“O que foi que você fez, moleque? Não fala nada! Tudo o que você disser vai ser usado contra você no tribunal!” Ele tava se achando O advogado. “Eu chego já ai.”

Respirei fundo. Pelo menos ele não parecia que queria me matar, mas talvez ele não deixasse eu ir pra viagem.

Ele chegou lá com a Tonya e o Drew e todo mundo se afastou; ninguém queria pegar catapora. Quando eu ia saindo, um policial perguntou se eu tinha mais alguma caixa de biscoito. Eu só tinha três, mas não era só ele que queria. Então eu tive uma ideia.

“Posso fazer outra ligação?”

“Pode.”

Peguei o telefone e liguei pra casa da Lizzy. Sorte desgraçada: foi ela que atendeu.

“Lizzy?”

“Chris? Onde você tá? Acabei de bater na sua casa e te chamar no buraco da parede e você não tava.”

“Eu encontrei um jeito de vender todas as caixas de biscoito.” A voz dela veio animada.

“Como?”

“Traz os seus biscoitos pra delegacia.”

“Você foi preso?”

“Só faz o que eu to dizendo, por favor.” Ela suspirou.

“Tá bom. To indo.”

Em 15 minutos ela chegou lá. Falem mal dos policiais, mas uma coisa não dá pra negar: são como formigas. Em pouco tempo a gente já tinha todo o dinheiro e mais nenhuma caixa. Depois o meu pai levou a gente pra casa. Ele subiu com o Drew e a Tonya e eu fiquei na calçada com a Lizzy.

“Então, me conta essa história direito. Você foi preso?”

“Foi.” Acabei contando pra ela a história toda e ela ficou rindo da minha cara.

“Queria ter visto sua cara quando eles disseram que você ia em cana.” Fingi raiva.

“Pode rir. Não foi com você, né?” Ela parou de rir um pouco.

“Devia estar feliz. Fez o que sempre quis.”

“O quê?” Ela sorriu daquele jeito....

“Me ajudou.”

“Pra você não dizer que eu nunca fiz nada por você.” Ela riu e chegou um pouco mais perto.

“Obrigada, Chris.” Pode até ser uma coisa idiota, mas eu não conseguia desviar os olhos dela.

Num impulso, ergui a mão e fiz um carinho no rosto dela pela primeira vez. Ela inclinou levemente a cabeça em direção à minha mão e fechou os olhos. Fiquei parado e pasmo, com medo de me mexer e ela sair correndo. Mas foi exatamente o que aconteceu. Ela abriu os olhos de repente, eu percebi que ela tava um pouco vermelha.

“Eu tenho que ir.” E subiu correndo. Subi as escadas lá de casa, pensando e, com um sorriso enorme no rosto.

POV. LIZZY

Fechei a porta do meu quarto e me sentei na cama, ainda sem fôlego. Eu tava odiando o fato de que a falta de ar não era só pela corrida na escada. Chris. Ele é tão carinhoso, se preocupa comigo... Um sorriso bobo começou a se formar no meu rosto.

NÃO! Ele é meu AMIGO! Meu melhor amigo! E eu não vou estragar isso por uma besteira! Se ele descobrir ele vai se afastar de mim... ou talvez não... mas eu não quero arriscar. Não vale a pena. E além disso, a gente ainda é criança. Eu devo estar confundindo. É isso! Eu sinto uma amizade tão grande por ele que eu estava confundindo com... Ah, esquece!

...

Por: LivyBennet



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Notas finais do capítulo

Comentem e digam o que estão achando....
PF... ^^